No More Heroes 2 (Nintendo Wii)

De volta à Nintendo Wii para mais um título da autoria de Goichi Suda e do seu estúdio Grasshopper Manufacture, preparem-se para uma aventura repleta de acção, humor e momentos bizarros. Já cá trouxe no passado a versão PS3 do seu predecessor e, apesar de algumas falhas notórias na jogabilidade e de certas decisões de design questionáveis, a verdade é que todo o seu humor e momentos de pura bizarrice fizeram esquecer tudo o resto. O segundo jogo permaneceu exclusivo da Wii durante muitos anos, tendo sido relançado para a Nintendo Switch (e posteriormente para outros sistemas) a partir de 2020. O meu exemplar foi comprado algures em 2014, na saudosa New Game do Maiashopping, por menos de seis euros.

Jogo com caixa e manual

O jogo coloca-nos novamente no papel de Travis Touchdown, um assassino que havia regressado à sua vida normal após os acontecimentos narrados no primeiro título. No entanto, alguém mata o seu melhor amigo e Travis, sedento de vingança, volta a juntar-se à United Assassin’s Association, já que o responsável por tal ultraje é nada mais nada menos do que o assassino que ocupa a posição número um do ranking actual. Desta vez, porém, para chegarmos ao topo teremos de eliminar cerca de cinquenta outros assassinos acima da nossa posição. Certas personagens do primeiro jogo, como a sedutora Sylvia, marcam também o seu regresso e, tal como o seu predecessor, No More Heroes 2 é ultra-violento e profundamente bizarro.

O combate permanece intenso e ultra violento!

As mecânicas de combate são similares às do primeiro No More Heroes, com Travis munido de um sabre de luz que permite desferir golpes horizontais, verticais, bem como socos e pontapés. O uso do sabre (que pode também ser utilizado para deflectir projécteis inimigos) consome energia das suas baterias, que podem ser recarregadas manualmente ao abanar a arma de uma forma muito peculiar. Travis tem igualmente um fascínio pelo wrestling, e quando conseguimos atordoar os inimigos podemos executar toda uma série de suplex, que servem como finalizações particularmente brutais. Por fim, existe uma barra de “êxtase” que vai enchendo à medida que distribuímos pancada e, quando atinge o máximo, podemos activar o Dark Side Mode, onde, de forma temporária, o mundo abranda e os nossos golpes tornam-se devastadores. Sempre que finalizamos um oponente vemos também um mecanismo de slot machine a rodar e, caso surjam três símbolos iguais, é activado um power-up específico, normalmente de efeitos destrutivos. Uma pequena diferença nesta sequela é o facto de Travis poder alternar rapidamente entre diferentes sabres de luz desbloqueados, através do botão direccional.

Os quick time events, se jogado com um classic controller, requerem o uso dos dois analógicos e são simples de concluir com sucesso.

A grande diferença desta sequela em relação ao original está no que fazemos entre as missões principais. No primeiro jogo, a cidade de Santa Destroy podia ser explorada livremente: era possível visitar lojas para comprar novo equipamento, realizar trabalhos temporários ou missões secundárias para ganhar algum dinheiro extra, e ainda visitar o dojo para treinar e melhorar a condição física. No entanto, o mundo aberto era deserto, a exploração aborrecida e conduzir a moto tinha controlos muito pouco práticos. Aqui, todo esse conteúdo opcional mantém-se, mas foi consideravelmente simplificado: todos os pontos de interesse estão agora representados como ícones num mapa, permitindo-nos aceder directamente a cada local. Já não é necessário, por exemplo, ir primeiro ao centro de emprego e depois à localização do empregador: tudo é mais directo, o que é uma melhoria significativa.

Nem sempre jogamos com o Travis e os fãs do primeiro jogo vão ficar contentes de saberem quais são as outras personagens jogáveis.

Os mini-jogos dos trabalhos temporários são tão bizarros quanto variados nas suas mecânicas, e adoptam agora um estilo visual de 8 bits, tanto nos gráficos e som como nos ecrãs de título e menus, que evocam a era inicial da Famicom / NES. Há de tudo um pouco: acção (como exterminar insectos), corridas (entrega de pizzas), puzzles, entre outros. A única excepção é o último emprego desbloqueado, “apanhar escorpiões”, que se mantém semelhante ao original. O ginásio (com um personal trainer muito sui generis) apresenta também dois mini-jogos neste estilo retro. O primeiro No More Heroes já tinha muitas referências a videojogos antigos e isso mantém-se, até porque há ainda mais conteúdo opcional no apartamento de Travis, incluindo um shmup jogável na sua consola.

E porque não também um combate com robots gigantes? Aqui temos de ser bastante reactivos às acções do nosso oponente

Outra novidade interessante é a presença de outras personagens jogáveis, embora utilizadas apenas em algumas missões. Ambas foram introduzidas no primeiro jogo: a jovem Shinobu, única capaz de saltar, protagoniza níveis com algum platforming (infelizmente, de qualidade duvidosa), enquanto Henry é uma personagem bastante ágil cuja habilidade especial é correr a grande velocidade. Há ainda uma secção em que controlamos um robot gigante ao estilo Power Rangers, e outras em que conduzimos a moto de Travis se bem que estas últimas, curiosamente, menos interessantes do que as do jogo anterior.

Os mini-jogos são também apresentados num estilo retro e são tão variados como bizarros!

Devo referir ainda que, apesar de No More Heroes 2 ter sido desenvolvido a pensar nos sensores de movimento do Wiimote e Nunchuck, há que dar mérito à Grasshopper por ter incluído suporte ao Classic Controller, que foi o modo como joguei. Sinceramente, achei que funcionava bastante bem: os botões faciais servem para golpes horizontais, verticais, socos e pontapés; o botão L faz lock-on no inimigo mais próximo (e bloqueia, caso não ataquemos); o R serve para recarregar a katana; o botão “–” activa o Dark Side Mode, enquanto o “+” pausa o jogo. Em suma, os controlos funcionam bem, embora tenhamos que aprender bem os timings dos nossos combos para ter mais sucesso. Apenas os saltos da Shinobu me causaram algumas dores de cabeça.

A Sylvie está também de volta com novas jiggle physics exageradas.

No que toca aos gráficos, o jogo utiliza a mesma técnica de cel-shading para representar personagens e cenários, conferindo-lhe um aspecto algo cartoon, mas tal como na prequela (e, de certa forma, também em Killer 7), a direcção artística mantém-se muito própria e coerente. É um videojogo de estética urbana e moderna, extremamente violento e repleto de referências de cariz sexual. A banda sonora é igualmente agradável, alternando entre temas rock para os momentos de maior intensidade e faixas jazz ou electrónicas para outras ocasiões. Os mini jogos em estilo 8 bits apresentam melodias chiptune muito bem conseguidas. O voice acting é competente, com o mesmo actor a regressar como voz de Travis na versão inglesa, e a narrativa mantém-se hilariante com uma narração bem conseguida no geral.

Em suma, apesar de No More Heroes 2 ter ainda algumas arestas por limar na jogabilidade (algo já característico dos jogos da Grasshopper), gostei bastante da experiência. Depois deste lançamento (que coincide temporalmente com a versão PS3 do primeiro jogo), a série entrou num hiato, sendo ressuscitada apenas em 2019 com Travis Strikes Back, os relançamentos dos dois primeiros títulos e uma nova sequela. Seguramente irei jogá-los em breve!

Ju-On: The Grudge (Nintendo Wii)

Ainda pela Wii, e já que estamos em plena época de halloween decidi pegar num survival horror que também há muito estava aqui em backlog. Baseado na série de filmes de horror nipónicos Ju-On, que eu sinceramente nunca vi, este foi um jogo feito para de certa forma celebrar os 10 anos da mesma. É no entanto um jogo algo frustrante, como irei elaborar mais em seguida. O meu exemplar foi comprado há uns anos atrás numa CeX aqui no norte do país, embora já não me recorde ao certo quanto terá custado.

Jogo com caixa, manual e papelada

O The Grudge é o terceiro filme Ju-On, embora tenha sido o primeiro a ser lançado nos cinemas. Mas como referi acima não vi nenhum dos filmes (muito menos os remakes norte-americanos), pelo que não faço ideia do quão fiel a história do jogo é ao filme. Digamos apenas que um homem japonês, num acesso de raiva, assassinou brutalmente a sua esposa e o seu pequeno filho e até o gato de estimação da família, dando início a uma poderosa maldição que afecta todos os que se aproximem da casa onde ocorreu o violento crime. Ao longo deste jogo nós iremos jogar com 4 personagens distintas, cada qual com um cenário diferente a ser explorado e o objectivo… bom, é mesmo o de sobreviver o máximo de tempo possível em cada um dos cenários.

Resumidamente o objectivo do jogo é, ao longo de quatro (ou cinco) níveis, explorar os cenários e sobreviver aos encontros com esta criatura.

E este é um jogo na primeira pessoa que se controla unicamente com o wiimote. As personagens que controlamos estão munidas de uma lanterna, cuja é controlada com o movimento do wiimote, pelo que se movimentarmos o comando numa direcção, a lanterna e a câmara seguirão esse movimento. O botão B (gatilho no wiimote) serve para andarmos para a frente, o direccional de baixo para andar para trás e o botão A é o botão que utilizamos para interagir com o cenário e apanhar objectos. De resto o + pausa o jogo e mais nenhum botão é utilizado. Até aqui tudo bem, mas o movimento é demasiado lento, certamente propositado para que o jogo nos possa proporcionar toda uma série de sustos de maneira mais convincente. Infelizmente no entanto, algo que não acontece noutros FPS melhores como, sei lá, Metroid Prime 3, a câmara muitas vezes não responde bem aos movimentos feitos. Por exemplo, depois de baixar a câmara para apanhar um item no chão, várias vezes quando a tentei subir o jogo fez algo completamente diferente. Mas pronto, o objectivo é mesmo o de ir explorando os níveis que até são bastante lineares, tendo a preocupação de irmos coleccionando pilhas extra para manter a lanterna a funcionar, pois caso esta nos falhe é game over. Teremos também de procurar várias chaves que nos desbloquearão acesso a outras zonas do nível.

Chaves e baterias extra para a lanterna são os itens mais comuns que iremos encontrar.

Mas sendo este “um simulador de sustos” tal como está referido na capa, como devem imaginar vão haver imensos momentos onde o jogo nos tenta assustar, seja com ruídos abruptos, objectos a cair à nossa volta e claro, as aparições dos fantasmas. Entre a exploração teremos também de sobreviver a várias sequências de acção, que são na verdade momentos com quick time events, onde ou teremos de mover o wiimote em várias direcções indicadas no ecrã, ou manter o ponteiro do mesmo nalgum local específico. Falhar estes QTE, o que pode perfeitamente acontecer pois os movimentos do wiimote são muitas vezes mal interpretados, leva-nos a um game over, forçando-nos a recomeçar o nível de novo uma vez mais. Mas felizmente os níveis são bastante curtos, pelo que nunca se perde assim tanto tempo. Uma outra coisa a saber é que existe um quinto nível que apenas pode ser acedido se encontrarmos uma série de documentos (tipicamente pedaços de artigos de jornais, fotografias, desenhos, etc) ao longo dos quatro níveis normais. Se isso acontecer, desbloqueamos o quinto e último nível, que acaba também por unir os pontas soltas da história dos 4 níveis anteriores, que decorrem todos em locais diferentes e com diversos protagonistas. De resto existe também um modo multiplayer escondido, onde alguém com um segundo comando pode pressionar diferentes botões para activar sustos ao primeiro jogador.

Infelizmente as personagens que controlamos mexem-se mais lentamente que um caracol, o que torna a exploração algo aborrecida também.

A nível audiovisual não há nada de especial aqui a apontar. Como seria de esperar, os níveis são bastante escuros e até que são bastante distintos entre si, decorrendo numa antiga fábrica abandonada, num hospital, num bloco de apartamentos também abandonados ou numa fábrica de manequins também às escuras. O tal quinto nível decorre na famosa casa da maldição. A atmosfera é bastante tensa, não só pelo passo de caracol a que nos movemos, os cenários escuros e ocasionalmente até algo arrepiantes e claro, o jogo aproveita todos os momentos para nos ir pregando sustos, pelo que pelo menos nesse aspecto até resulta consideravelmente bem (se bem que ver uma criança a miar é só bizarro). Quem sabe se os maus controlos não sejam propositados para oferecer uma experiência de terror mais fidedigna? Voice acting é inexistente e a música é apenas ambiental.

Estes QTEs até são simples, os piores é quando nos obrigam a mexer o comando em direções menos óbvias.

Portanto este Ju-On The Grudge é um jogo que apesar de ter algumas boas ideias, acho que a sua execução ficou mesmo aquém das expectativas. A movimentação é extremamente lenta, a exploração é aborrecida, os controlos são maus e os níveis pecam por serem poucos e bastante curtos. É um jogo de 2 horas por aí, que nos obrigará seguramente a uma segunda playthrough em busca de todos os itens necessários para se desbloquear o quinto e último nível, que também não é lá muito grande.

Assault Suit Leynos (Sony Playstation 4)

Vamos voltar à Playstation 4 para ficar com um remake de um shmup muito interessante. A série Assault Suits da Masaya/NCS teve 4 jogos lançados em sistemas de 16 e 32bit ao longo de uma década. Este Assault Suit Leynos é um remake do primeiro jogo da série, lançado na Mega Drive japonesa em 1989. Infelizmente foi um jogo que nunca chegou a sair na Europa, embora tenha saído nos Estados Unidos sob o nome de Target Earth. Este remake foi produzido por um pequeno estúdio japonês chamado Dracue e, tendo em conta que estes haviam desenvolvido os Gunhound, outros mecha shooters fortemente influenciados pela série Assault Suit, pareceram-me os candidatos ideais para trabalhar neste remake. Felizmente a editora Rising Star Games decidiu pegar no lançamento físico e trazê-lo para o Ocidente, não esquecendo a Europa! O meu exemplar foi comprado novo, creio que numa Worten há uns anos atrás por 20€.

Jogo com caixa e papelada

A história leva-nos ao futuro, onde a Terra está sob ataque de uma força militar colossal, liderada por humanos que haviam sido ostracizados pelos líderes terrestres, após uma expedição espacial aos confins do sistema solar que não correu lá muito bem. Inspirações de séries anime como Macross são evidentes, pois para além de haver mechas em todo o lado, vamos estar também envolvidos numa série de conflitos espaciais, com grandes cruzeiros de guerra a atacarem-se uns aos outros em plano de fundo.

Infelizmente os controlos continuam com uma curva de aprendizagem elevada pois o d-pad ou analógico esquerdo servem para mover e controlar a mira em simultâneo na direcção pressionada

Mas antes de falar na jogabilidade desde remake e de todas as suas particularidades, vamos começar com o básico e abordar brevemente a versão original de Mega Drive. Nessa versão o d-pad serve não só para controlar o nosso mecha, mas também para controlar a direcção onde disparamos. E ali tinhamos dois sistemas de controlo que poderíamos optar, o primeiro fazia com que disparássemos sempre na direcção de movimento, o segundo já nos dava algum controlo independente, onde pressionar o d-pad para a esquerda ou direita controla o movimento do mecha nessas direcções, já pressionar para cima ou baixo faz movimentar a mira. De resto, os botões A, B e C servem para disparar a arma actualmente seleccionada, o botão B serve para saltar e activar os boosters se os mesmos estiverem equipados e o botão C poderia servir para ir rodando de arma, se essa opção estivesse activa, caso contrário teríamos de pausar o jogo para aceder ao inventário e seleccionar a arma correspondente. Os níveis vão alternando entre secções à superfície, com alguns elementos ligeiros de platforming, mas também em pleno espaço em situações de gravidade zero, onde teríamos uma liberdade de movimentos muito maior. É um jogo muito desafiante, não só pela jogabilidade distinta, mas também pela grande quantidade de inimigos e projécteis que vamos efrentar em simultâneo. Felizmente que barra de vida se vai regenerando ao fim de alguns segundos sem sofrer dano, pelo que teríamos mesmo de jogar de forma muito cautelosa.

O modo arcade inclui muitos objectivos e bosses adicionais

Ora aqui na PS4 essas bases mantêm-se. Infelizmente a Dracue não decidiu melhorar o esquema de controlo básico do mecha, pelo que tanto o d-pad como o analógico esquerdo servem para controlar o nosso mecha e a direcção da mira em simultâneo. O analógico direito poderia perfeitamente servir para controlar a mira, mas assim sendo, esperem por uma curva de aprendizagem algo longa! De resto, o remake traz muitas novidades para além de gráficos e som melhorados, a começar na possibilidade de o mecha dar socos, o que é muito útil em certas situações. Para além de todas as armas (e armaduras extra) que poderemos vir a desbloquear e equipar antes de cada missão, aqui foram introduzidos uma série de equipamentos novos, incluindo um escudo que já vem desbloqueado de origem e pode ser activado ao pressionar o botão R1. Esse escudo protege-nos da maioria de golpes frontais, mas continuamos expostos a dano que venha de outras direcções, o que irá acontecer principalmente em níveis de gravidade zero. Mantendo o botão L1 pressionado permite-nos trancar a mira na direcção actual, já os L2 e R2 servem para alternar entre as diferentes armas que tenhamos equipado. À medida que vamos progredindo no jogo (e com base na nossa performance) iremos desbloquear novas armas ou equipamentos (como armaduras extra), que poderemos equipar antes de cada missão. Temos 6 slots de equipamento disponíveis e, tendo em conta que apenas a metralhadora (e uma outra arma que não cheguei a desbloquear) possuem munições infinitas, devemos mesmo escolher de forma inteligente o equipamento que queremos levar. Por exemplo, na fase inicial do último nível, temos de proteger a nossa frota dos colossos inimigos, pelo temos de os eliminar rapidamente. Estava a ter muita dificuldade em conseguir destruir esses colossos a tempo, até que decidi equipar a shotgun e ver que rapidamente os desfazia como barrar manteiga num pão!

Algumas das missões decorrem em pleno espaço onde temos muita maior liberdade de movimentos. Esperem por batalhas épicas!

Mas continuando pelo o que o remake nos traz, temos essencialmente dois modos de jogo. O principal é o arcade mode, onde os níveis foram algo refeitos face ao original da Mega Drive: a história foi expandida, vamos tendo alguns objectivos adicionais para cumprir em cada missão, bem como uma série de bosses adicionais que não estavam presentes no jogo original. Escondido nas opções temos também o classic mode, uma versão mais próxima do original da Mega Drive, sem os bosses e objectivos adicionais, mas no entanto é bem mais desafiante devido ao número de inimigos que teremos de enfrentar! Também nas opções temos acesso a um tutorial que nos ajuda a habituar aos controlos, bem como alguns extras que incluíram nesta versão, como artwork tanto do remake como do original, incluindo design documents que naturalmente estão todos em japonês. Um scan do manual da versão japonesa da Mega Drive também está disponível para consulta, mas o que dava mesmo jeito era um manual deste remake, quanto mais não fosse em formato digital. Outra coisa relevante a mencionar é o facto de em cada modo de jogo que jogamos (incluindo o tutorial) vamos ganhando pontos. Pontos esses que, ao visitar o ecrã das opções, nos vão fazendo subindo de ranking e por conseguinte desbloquear uma série de customizações que poderemos activar. Uma das primeiras que desbloqueamos é uma mira laser que é extremamente útil, pois facilita imenso o trabalho de apontar!

Antes de cada missão podemos escolher que equipamento levar, tendo em conta que temos apenas 6 slots disponíveis e a maioria das armas possui munição limitada.

A nível audiovisual estamos perante um jogo competente, até porque a versão de Mega Drive era ainda muito modesta pois saiu no início de vida dessa plataforma. Se virmos o Assault Suit Valken para a Super Nintendo (saiu no ocidente sob o nome de Cybernator), já há uma evolução gráfica bastante evidente! Então este remake é uma evolução gráfica bem grande perante o original, pois os cenários, naves, mechas e inimigos no geral estão muito melhor detalhados, assim como os efeitos gráficos de explosões e afins. Mas não deixa de ser um jogo algo 2D, pelo que se me dissessem que estava a jogar um jogo de PS2 não me admiraria. Para além dos objectivos e bosses adicionais introduzidos nesta versão, a história foi também expandida com mais diálogos, desta vez todos com voice acting em japonês. As músicas foram também refeitas agora com instrumentos reais embora seja possível desbloquear as músicas da versão Mega Drive. Aliás, se optarmos por jogar o classic mode são mesmo as músicas da Mega Drive que ouvimos. Gostaria que tivessem também incluído o lançamento da Mega Drive na íntegra, seria muito interessante!

Este não é um bullet hell shooter, mas tem os seus momentos

Portanto este Assault Suit Leynos é um lançamento interessante. É um shmup algo diferente e que nos obriga a enfrentar uma maior curva de aprendizagem devido ao controlo dos mechas, mas devo dizer que gostei de o jogar. Não deixa de ser um jogo muito de nicho, mas a série Assault Suits já há muito que me despertava o interesse e esta é uma óptima maneira de sermos introduzidos à mesma. Tal como referi acima, seguiu-se o Assault Suits Valken (Cybernator) na SNES, que também acabou por receber um remake anos mais tarde para a PS2. Tanto um jogo como o outro receberam ainda sequelas, o Leynos 2 saiu na Saturn e o Valken 2 na PS1, embora este aparentemente já seja um RPG algo similar aos Front Mission. Será uma série que irei explorar melhor no futuro, sem dúvida!

Swords of Destiny (Sony Playstation 2)

Regressando à PS2, o jogo que cá trago hoje é mais um daqueles muitos exemplos de jogos que acabaram por passar despercebidos a muita gente, tal é a grandeza da opção de escolha do catálogo da Playstation 2. Apesar de não ser uma hidden gem, considero este Swords of Destiny como um hack and slash bem competente, e quem gostar de jogos como Devil May Cry ou God of War irá certamente passar um bom bocado. É também um daqueles exemplos de um jogo que saiu originalmente no Japão e depois teve um lançamento algo despercebido na Europa, deixando o mercado americano de lado. O meu exemplar foi comprado há uns 2 ou 3 anos na Cash Converters de Benfica, tendo-me custado 3€.

Jogo com caixa e manual

A história por detrás deste jogo leva-nos para uma era fantasiosa algures na China, onde o nosso protagonista vê-se obrigado e enfrentar uma série de clichês: vingar a morte do seu mentor, resgatar uma donzela em perigo, e enfrentar um exército de criaturas vindas do inferno. Tal como o nome indica, as espadas são parte crucial na aventura, tanto que antes de termos a nossa vingança, derrotar os líderes por detrás da invasão das trevas e recuperar a miúda, temos de procurar por 3 espadas lendárias, que juntas nos dão imenso poder. Para além disso, podemos apanhar armas inimigas e usá-las sempre que quisermos. Cada arma possui diferentes stats, como a destreza, poder ou o “air time”, ou seja, a quantidade de tempo que podemos fazer combos em pleno ar, mesmo como nos filmes clássicos asiáticos de artes marciais. No entanto, as armas dos inimigos não duram muito tempo, pelo que vamos tendo sempre de andar à procura de substitutas. As armas principais lá são mais resistentes, podendo inclusivamente subir de nível as 3 espadas lendárias que vamos apanhando com o decorrer da história, não só as tornando mais poderosas, mas também é algo que nos vai permitir desbloquear alguns golpes e combos adicionais.

O mecanismo de lock-on acaba por ser muito útil nos bosses, de forma a explorar os pontos fracos.

O único senão de todo este sistema de armas é o facto que, a cada vez que decidimos experimentar uma arma nova, lá temos de levar com um loading gigante, quen não faz sentido nenhum. De resto, a jogabilidade possui algumas ideias interessantes e que me fizeram lembrar o Genji. O botão do quadrado continua a ser aquele que vai ser mais massacrado, com o X a servir para saltar, o triângulo para fazer um sprint a alta velocidade, muito útil quando usado em conjunto com o L1, que serve para fazer lock-on nos inimigos, permitindo-nos que nos aproximemos deles muito rapidamente e com isso continuando uma sequência de combos. O círculo serve para desviar. Ora, o lock-on é também necessário para despoletar algumas técnicas especiais, e que nos vão dar muito jeito especialmente contra os bosses. Isto porque enquanto tivermos um determinado inimigo debaixo da nossa “mira”, essa mesma mira é azul na maior parte do tempo, mudando para vermelha por alguns muito breves segundos. É nesse tempo que os inimigos estão mais vulneráveis, e se lhes conseguirmos acertar nessa altura, o jogo fica temporariamente em câmara lenta, os nossos golpes passam a ser muito mais poderosos e melhor que tudo, os inimigos à volta também ficam vulneráveis, permitindo-nos assim, se tivermos habilidade para tal, despachar um grande conjunto de inimigos de uma só vez. Contra os bosses isto é crítico, pois em muitos deles, ao atacar normalmente não retiramos quase nada da sua barra de vida.

O jogo possui alguns elementos de RPG, como os pontos de experiência que podemos atribuir às nossas armas principais, ou o nível dos inimigos que é maior quanto o grau de dificuldade seleccionado

Existe também um sistema de inventário onde podemos armazenar vários itens desde regenerativos, a alguns feitiços que podemos também usar livremente nos combates. Um deles paralisa temporariamente um inimigo, deixando-o vulnerável e à mercê dos nossos golpes. É bom usar para despachar alguns grupos de inimigos mais chatos! Depois passamos também muito tempo no ar, a fazer combos aéreos, algo que até pode ser um pouco eye-candy, para os fãs do género. Um dos problemas está é na câmara, que no meio destes combos todos fancy, nos pode atirar contra uma parede, ou tapar-nos por completo. Vai acontecer montes de vezes!

A nível técnico sinceramente até achei um bom jogo. Acho que os cenários até que estão bem detalhados, assim como os inimigos. Não esperem por nada muito fora do convencional, com o jogo a levar-nos a montanhas, cavernas e edifícios tipicamente chineses, mas achei os cenários bem feitos, assim como as cutscenes. A música vai tendo aquela toada mais épica, mas não é algo que fique muito no ouvido. O voice acting não acho que seja lá muito bom, e ouvir tanto nome chinês soa-me sempre tão estranho, embora mais estranho seria se as personagens se chamassem Joaquim ou Manuel, pelo que não me posso queixar muito, pois o jogo decorre na China.

Sinceramente até que gostei bastante dos gráficos deste jogo, com os cenários e as personagens a estarem bem detalhados.

Resumindo, este Swords of Destiny até que nem é um mau jogo de todo, os que gostaram de Devil May Cry, God of War ou o Genji irão querer dar uma espreitadela. Não é o jogo mais polido de todos, possui alguns problemas, mas tendo em conta que é um lançamento budget não se pode pedir muito mais.