Wip3out (Sony Playstation)

Wip3outDe volta para a primeira consola da Sony, para a quarta iteração de uma série que infelizmente nos dias que correm me parece caminhar para o limbo. Wip3out, ou para os americanos Wipeout 3 – espera lá, não disseste que era o quarto jogo da série, perguntam vocês – sim, pois entretanto tinha saído o Wipeout 64 para a consola da Nintendo. Este jogo saiu já no ano de 1999, altura em que um estúdio competentíssimo como a Psygnosis já não guardava segredos com o hardware da Playstation, sendo o produto final um resultado tecnicamente impressionante e do ponto de vista de jogabilidade também. Foi comprado há coisa de um mês a um particular por cerca de 5/6€, onde infelizmente a caixa apresentava imensos danos e foi eventualmente substituída.

Wip3out - Sony Playstation
Jogo com caixa, manual e papelada

Tal como os jogos anteriores, este Wip3out decorre num futuro onde corridas a alta velocidade com naves que planam pelo ar e com recurso a armas destrutivas são perfeitamente permitidas no meio de grandes cidades e não só. Dispomos de bastantes modos de jogo diferentes, onde poderemos desbloquear uma série de circuitos e naves adicionais mediante a nossa performance nas corridas. Desses temos o Single Race que é auto explanatório e podemos escolher qualquer circuito ou nave que já tenhamos desbloqueado anteriormente nesse modo de jogo, para além de existirem também vários graus de dificuldade. O Time Trial coloca-nos sozinhos (ou contra a nossa nave fantasma) a correr num circuito sem armas ou checkpoints onde o único objectivo é alcançar o melhor tempo possível. Dentro dos Challenges temos 3 tipos diferentes de desafios: O Race Challenge exige que terminemos em primeiro lugar num circuito, o Time Challenge obriga-nos a bater um determinado tempo prédefinido e o Weapon Challenge obriga-nos a eliminar, com recurso às armas que vamos ganhando à medida que navegamos nos circuitos, uma série de oponentes. Por fim temos o Combo Challenge que nos exige tudo dos outros 3 desafios.

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Os menus são completamente minimalistas e funcionais. Ah, e o jogo tem um suporte nativo a widescreen.

Para além do mais ainda temos o Elliminator, que é uma espécie de deathmatch, onde o objectivo é fazer X pontos e o primeiro que o fizer vence a prova. Os pontos são ganhos cada vez que eliminamos um oponente ou completamos uma volta. Por fim temos o Tournament onde o objectivo é fazer o máximo de pontos possível em cada corrida, onde os primeiros 3 lugares dão direito a medalhas de ouro, prata ou bronze. Para além do mais temos ainda a vertente multiplayer, que tanto pode ser jogada no single race, elliminator ou tournament. De resto este é um jogo que começa relativamente fácil, mas rapidamente o grau de dificuldade sobe à medida que nos vamos aventurando por graus de dificuldade mais elevados. Os controlos são bons, mas com a enorme velocidade (aqui excelentemente representada) e circuitos por vezes com curvas apertadas e outros obstáculos, exigem alguma maestria dos controlos avançados, como utilizar os air brakes laterais para curvas mais apertadas ou tirar partido do hyperthrust para andar ainda mais rápido. Para nos ajudar temos ao nosso dispor vários itens que podemos apanhar nas corridas que tanto podem ser armas, como vários tipos de mísseis ou minas, ou mesmo powerups que nos deixam temporariamente invisíveis, com um escudo ou a função de autopiloto, bastante útil em alguns troços de alguns circuitos. De resto, existindo armas é também normal que exista alguma protecção e de facto temos uma barra de energia que vai sendo diminuída cada vez que sofremos dano, sejam de armas ou colisões, podendo ser regenerada ao passar por uma espécie de “boxes”, trechos secundários dos circuitos, como se vê nos F-Zeros.

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Estes rastos de luz sempre me fascinaram desde o primeiro jogo

Enquanto a dificuldade deste Wip3out poderá alienar muitos jogadores, é difícil ficar indiferente a tamanha fluidez, sensação de velocidade e bons gráficos que este jogo nos proporciona. As naves e os circuitos estão muito bem representados e mesmo com as velocidades estonteantes que por vezes corremos, a draw distance porta-se bastante bem. O framerate do jogo não me deixou com razões de queixa, não me lembro de ter havido algum slowdown das vezes que joguei e a sensação de velocidade está muito bem conseguida, bem como a alta resolução a que o jogo corre (e o suporte nativo a widescreen que não sei que mais outro jogo da PS1 suporte). O design aparentemente foi todo renegado para uma empresa profissional da área, resultando nuns menus extremamente fluídos e com um aspecto bastante futurista, algo que não é de todo novo nos WipEout, mas aqui ficou muito melhor. Mesmo a informação presente durante as corridas me parece muito atractiva, e o mesmo pode ser dito dos ícones que representam os powerups/armas que apanhamos, estão muito cuidados e no aspecto visual este é um jogo muito consistente. Os efeitos sonoros também são bons e bastante futuristas, como a voz automatizada que nos informa os powerups que apanhamos. As músicas mais uma vez apostam numa onda bem techno que, não sendo de todo “a minha cena”, tenho de admitir que está mais uma vez uma banda sonora coesa e que se adequa perfeitamente ao estilo do jogo.

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As pistas estão bem desenhadas e são em locais variados

Por fim, e apesar deste Wip3out me parecer ser o melhor da série nesta era Saturn/PS1/N64, para nós europeus ainda tivemos direito a um brinde extra que recomendo a todos a sua compra se a oportunidade vos surgir. Wip3out Special Edition é uma reedição do mesmo jogo lançada em 2000, que contém todo o conteúdo desta versão normal, bem como a reintrodução de 8 circuitos dos 2 jogos anteriores da Playstation (3 do primeiro WipEout, 5 do WipEout 2097), mais 2 circuitos protótipos, alguns melhoramentos ao jogo como um todo e por fim multiplayer para 4 jogadores com recurso a 2 TVs e Playstations, ligadas com o Link Cable.

Wipeout 2097 (Sega Saturn)

Tempo agora de dar continuidade ao post anterior e falar um pouco do 2º jogo da série Wipeout, na sua conversão para a consola de 32Bit da Sega, a Saturn. Conversão essa que mais uma vez ficou a cargo do estúdio australiano “Tantalus” que após uma série de conversões para Saturn (umas melhores que outras) pelos vistos dedicaram-se a trabalhar em crapware de ps1,gba,ds… A minha cópia foi comprada no ano passado na loja Pressplay no Porto, uma casa especializada em retrogaming que me deixa sempre com vontade de assaltar um banco quando lá vou. Está completa e em bom estado.

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Completo com caixa e manual multilingue

Wipeout 2097 é dos poucos jogos cuja versão ocidental é exclusiva de territórios europeus. Uns meses depois acabou por sair uma versão do mesmo jogo apenas para o mercado japonês, sob o nome Wipeout XL (nome esse standard para todas as versões não-europeias do jogo). Saiu na Europa +/- um ano depois da versão PS1, o que deu tempo para a Tantalus fazer um bom port. A versão japonesa chegou a sair em 1998, o que explica o facto de não ter saído em território norte-americano. Em finais de 1997 a Saturn já era uma plataforma em estado de coma, enquanto que no mercado europeu a Sega ainda tinha uma presença moderada.

E como se safou a Tantalus na conversão deste hit da Playstation? Na minha modesta opinião acho que se safaram bem, mas com algumas reservas. A nível gráfico são poucas as diferenças que se nota, apenas os efeitos de luz e transparências são gritantes. Quando era mais novo, sempre me fascinou o rasto de luz deixado por algumas naves durante a corrida, chegava até a desenhar as naves com esse “raio propulsor” (ai o vício…), colocando as 2 versões lado a lado notamos perfeitamente que essa luz traseira das naves na saturn é muito pobrezinha, infelizmente. De resto a versão Saturn tem uma “draw distance” maior, o que pode ser uma vantagem para alguns. Ainda a nível “técnico”, a versão PAL deste jogo é um pouco lenta e o framerate é algo baixo. Vi uns vídeos da versão japonesa para Saturn e era bem superior neste aspecto. Infelizmente nós Europeus muitas vezes temos os jogos mais lentos e nem nos apercebemos. Isso deve-se devido ao sistema PAL funcionar numa frequência de 50Hz e o NTSC a uma frequência de 60Hz, no entanto os sistema PAL permitiria uma maior resolução, o que nem sempre acontece no que é lançado por cá. Para encerrar esta parte mais técnica, mais um ponto positivo para a versão Saturn: os menores tempos de loading (na ordem de 5s a menos que na versão PS1).

ScreenshotO conceito do jogo em si não mudou muito desde o primeiro jogo da série. Somos colocados mais uma vez ao comando de uma nave flutuante supersónica, a correr em circuitos extravagantes sempre a um ritmo frenético. Temos no início as mesmas 4 equipas por onde escolher, cada uma com a sua nave e respectivas diferentes características (aceleração, velocidade de ponta, capacidade de escudo, etc). Pode ser desbloqueada uma equipa/nave secreta com excelentes características em todas as áreas ao fim de alguns desafios (ou através de códigos de batota). A nível de modos de jogo, infelizmente a Saturn voltou a não ter a componente multiplayer, que do lado da PS1 permaneceu apenas através do uso de um cabo para ligar 2 PS1 e consequentemente 2 TVs. Tal como disse anterioremente, apesar de ser uma chatice jogar multiplayer assim, a Saturn também permite uma função semelhante, pelo que poderia ser aproveitada. Wipeout 2097 possui 6 circuitos base mais 2 secretos que podem ser desbloqueados concluindo alguns desafios que mais à frente passo a descrever. Então que modos single player Wipeout 2097 traz? Arcade, Time Trial e Challenge. Num menu à parte podem ser escolhidas as diferentes dificuldades iniciais (vector, venom e rapier). Arcade é uma adaptação do modo Championship do jogo anterior, aqui vai-se jogando um circuito de cada vez em contra-relógio como num jogo arcade, mas com o objectivo de chegar nos primeiros lugares para se ir avançando no jogo. Time Trial é uma corrida “solo” contra o relógio, bom para ir melhorando os tempos. Finalmente o modo Challenge funciona da seguinte forma: Após se ter completado todos os 6 circuitos base numa dada dificuldade com medalha de ouro (1º lugar), surge um Challenge da respectiva dificuldade. Aqui somos confrontados com 3 continues e uma corrida obrigatoriamente armada, e com uma I.A. mais agressiva. Estes challenges acabam por desbloquear novos modos de dificuldade, circuitos e a equipa secreta “Piranha”. Se acabarmos o desafio na 4ª posição ou abaixo, perdemos um continue. Se acabarmos na segunda ou terceira posição mantemos os continues anteriores, apenas se chegarmos em primeiro lugar, o Challenge é vencido.

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Aqui notam-se bem os efeitos de luz mais fraquinhos

A nível de jogabilidade, penso que nesta versão é um pouco mais “travada”, talvez devido ao problema dos 50Hz e ao framerate mais inconstante que mencionei acima. Mas a versão Saturn tem suporte para o comando analógico que saiu juntamente com Nights, enquanto que a versão PS1 não suporta o Dualshock. A nível de som continua excelente com as faixas de Tim Wright (CoLD SToRAGE), embora mais uma vez a versão PS1 tenha 3 faixas exclusivas de outros artistas, incluíndo a mítica “Firestarter” dos Prodigy. Em substituição dessas 3 faixas mais uma vez a versão Saturn tem 3 faixas exclusivas de CoLD SToRAGE, o que não é nada mau.

Para finalizar, apesar de a conversão Saturn não ser má de todo, mais uma vez a versão PS1 encontra-se ligeiramente mais completa com 2 modos multiplayer (que não estou a ver ninguém hoje em dia a tirar partido dos mesmos), gráficos ligeiramente superiores (melhores efeitos de luz e transparências e framerate mais constante). A versão Saturn graficamente é bastante competente, mas é um pouco mais lenta (a versão PAL), contudo ganha em tempos de loading e o suporte ao comando analógico. Para mim, dou-me como satisfeito, mas vou atrás do Wipeout 3 para PS1 e Fusion para PS2.

Wipeout (Sega Saturn)

A Psygnosis sempre foi uma das produtoras europeias minhas preferidas, embora confesso que lhes perdi um pouco o rasto quando mudaram o nome para Sony Computer Entertainment Studio Liverpool, onde para além daa continuação da saga WipeOut, não tenho acompanhado o percurso da empresa noutras áreas. É uma falha que pretendo colmatar, visto ter adquirido uma PS2 (e consequentemente uma PS1 “virtual”) algo recentemente.

Apesar de ter sido adquirida pela Sony em 1993, mesmo após o lançamento da PS1 a Psygnosis ainda lançou vários jogos para as concorrentes, apesar de o foco principal serem as plataformas da Sony. WipeOut foi um desses jogos, que após um grande sucesso na PS1, acabou por receber ports para PC e Saturn, uns meses depois. A conversão Saturn ficou a cargo do estúdio australiano Tantalus, que também foi responsável pela conversão de Wipeout 2097, Manx TT e The House of the Dead, todos para a Saturn.  A minha cópia do jogo foi comprada no eBay, penso que já no início deste ano, e está completa e em bom estado.

Jogo completo com caixa e manual, artwork bem mais bonita que a versão americana

Inspirado em F-Zero, WipeOut é um jogo 3D de corridas futuristas de veículos que flutuam no ar, a velocidades frenéticas. Nos primeiros tempos das consolas 32bit, poucos temas eram tão apelativos como este, pelo menos a mim sempre me fascinou na 2ª metade da década de 90 e sempre que pudesse jogar um jogo da série, era uma alegria! Para além das naves futuristas inspiradas em F-Zero, podemos afirmar que Mario Kart foi a segunda maior inspiração, devido ao uso de város items ao longo da corrida, que tanto podem ser defensivos como ofensivos.

A nível de modos de jogo, infelizmente são todos single-player e consistem em championshipsingle race e time trial. Championship serve para jogar em todas as pistas em vários graus de dificuldade (Venom e Rapier), neste modo apenas é possível avançar para a corrida seguinte se se terminar pelo menos em terceiro lugar, sendo que cada um dos 3 lugares é atribuido um número diferente de pontos. Ao terminar um campeonato em Rapier, é desbloqueada uma nova pista secreta. O modo single race, como o próprio nome indica é um modo para quem quiser jogar uma partida rápida, sem compromisso ou até para treino. O Time Trial é uma vertente mais arcade, onde se joga contra o relógio.

Ecrã de selecção de equipa/nave

A nível de veículos disponíveis, somos presenteados por 4 equipas, cada uma com 2 pilotos, e naves com diferentes características. As equipas e os seus pilotos têm um certo background que pode ser consultado no manual. WipeOut conta com 6 circuitos standard mais 1 secreto, sendo que os mesmos decorrem em diferentes alturas do dia, consoante a dificuldade escolhida. Hoje em dia é um número reduzido de veículos e circuitos, mas em 1995/1996 as coisas não eram bem assim.

In soviet russia, the ships drive you!

Graficamente o jogo é agradável, e não fica muito atrás da versão PS1, perdendo apenas nalguns efeitos como transparências e iluminação, isso deve-se ao facto da PS1 ter suporte nativo em hardware para estes efeitos enquanto que na Saturn isso tem de ser feito por software e se tiverem lido o meu artigo sobre a Saturn, sabem que isso é um autêntico inferno, portanto até que escapa. O framerate também é um pouco mais baixo na versão Saturn, mas nada assim tão incomodativo. Ponto positivo vai para os loadings que são mais rápidos na Saturn. Aliás, pelo que tenho visto em várias comparações de jogos iguais na Saturn e PS1, geralmente os loadings são mais rápidos na consola da Sega. A nível de jogabilidade, na Saturn o jogo é um pouco mais fácil, devido à nave perder apenas uma fracção da velocidade quando embate numa parede, enquanto que na PS1 perde a velocidade quase toda. Outro ponto negativo na conversão Sega Saturn é o modo multiplayer que é inexistente. Modo esse que existe na PS1 através da ligação de 2 PlayStation entre si. Apesar de ser mais desconfortável do que o tradicional split screen, devido a ter de se arranjar 2 tvs, 2 ps1 e o respectivo cabo de ligação, esse modo multiplayer também poderia ter sido transposto para a Sega Saturn, pois a mesma também possui essa funcionalidade de ligar uma consola à outra. A nível sonoro o jogo está repleto de faixas techno e eu, embora sempre fui um gajo ligado ao rock/metal, até que gosto das faixas e representam bem o feel do jogo. A maior parte das músicas foram compostas por CoLD SToRAGE, projecto musical de Tim Wright, na altura funcionário da Psygnosis. A versão PS1 possui também 3 faixas exclusivas de artistas como Chemical Brothers p. exemplo, enquanto que na versão Saturn possui mais 3 faixas extra de CoLD SToRAGE.

Um passeio no primeiro circuito

Apesar de existirem vários outros jogos da série Wipeout por aí, este foi um bom início da série, e a versão Saturn não é muito difícil de se encontrar, nem muito cara. As 2 versões (nunca joguei a versão PC) estão bastante próximas entre si, pelo que poderão perfeitamente optar quer por uma quer por outra, embora pesando as coisas todas acho que a versão PS1 seja algo superior, perdendo apenas para a Saturn na jogabilidade e tempos de loading. Já o modo multiplayer que oferece não é lá grande divisor de águas pois duvido que muita lhe dê uso (e esqueçam-no se estiverem a jogar numa PS2 ou PS3). Eu pessoalmente, não tenho grandes planos de adquirir a versão PS1 deste jogo, visto que a diferença gráfica não é nada de especial e prefiro a jogabilidade da Saturn. Já no Wipeout 2097 a conversa é outra… e espero falar deste jogo no próximo post.