Guilty Gear XX Accent Core Plus (Sony Playstation 2)

Vamos voltar à série Guilty Gear para mais uma rapidinha a um dos vários updates que o Guilty Gear XX ou X2 recebeu ao longo dos anos. O último que tinha trazido foi o Guilty Gear XX Accent Core para a Wii, pois foi a única versão que chegou até nós na Europa. Este “plus” foi lançado na PS2, na Europa, já em Dezembro de 2010, muito tarde no ciclo de vida da plataforma. O meu exemplar foi comprado na Cash Converters de Alfragide em Janeiro de 2016 por 3€.

Jogo com caixa e manual. Infelizmente não recebemos o CD de banda sonora que a versão norte-americana possui.

E o que traz de novo este Accent Core Plus? Bom, aparentemente nada de novo a nível de mecânicas de jogo, mas traz algumas novidades. A primeira está escarrapachada na própria contra capa, que é o regresso do Kliff e Justice como personagens jogáveis. As novidades seguintes são a inclusão de vários modos de jogo adicionais, incluindo o regresso do modo história que estava ausente desde o GG X2 #Reload. Este modo história leva-nos por uma série de pequenas cutscenes narradas que vão contando um pouco o background de cada personagem, as suas motivações e relações com as restantes personagens com que se cruzam. Tal como antes, mediante a nossa performance no jogo (e algumas decisões que poderemos tomar nos diálogos) a história vai-se alterando, existindo pelo menos dois finais alternativos de cada personagem. A história é uma continuação da que nos foi apresentada no GG XX, e este é um modo de jogo interessante para explorar melhor o lore de Guilty Gear.

Graficamente o jogo continua a apresentar cenários e personagens muito bem detalhados e animados

No que diz respeito aos modos de jogo restantes…. temos os habituais arcade, versus, survival, medal of millionaire e o Mission que marca também o seu regresso. Este último leva-nos a vários desafios, combates com certas condicionantes como combater com pouca vida, vencer combates só com alguns ataques específicos, entre outros. O versus inclui também um modo que nos permite jogar com equipas de 3 lutadores e por fim temos também um modo de treino. Ao explorar afincadamente practicamente todos estes modos de jogo permitem-nos desbloquear muito conteúdo adicional, desde versões EX das personagens, artwork que poderá ser visto numa galeria própria, arenas extra, entre outros.

Personagens bizarras é o que não falta!

Já a nível audiovisual, sinceramente começo a ficar sem palavras para descrever esta série. As suas personagens são muito diversificadas e algumas bastante bizarras como é o caso do Faust, um “médico” com um saco de papel na cabeça e munido de um bisturi gigante, a A.B.A. que é na verdade uma dupla de uma mulher miserável e uma chave gigante e viva, o Bridget vestido de freira (sim, é um rapaz), entre muitas outras. Todas as personagens estão muito bem detalhadas, com excelentes animações e o mesmo pode ser dito dos cenários que possuem muito detalhe. A banda sonora é excelente tal como vem sendo habitual, estando repleta de músicas mais heavy metal ou hard rock, bastante enérgicas e cheias de guitarradas bem soantes! No modo história vamos tendo algumas cutscenes que, à semelhança do que foi feito no GG XX são bastante simples, apresentando apenas um retrato de quem está a falar, sendo no entanto acompanhadas por voice acting em japonês.

Portanto estamos aqui perante mais um excelente (e visceral) jogo de luta em 2D. A lista de updates ao Guilty Gear X2 já é algo longa mas a Arc System Works ainda lançou um update final, o Guilty Gear XX Λ Core Plus R, mas esse já não chegou até à PS2. Na Europa, em formato físico, temos pelo menos a versão da Vita. Talvez a arranje em breve!

Kotodama: The 7 Mysteries of Fujisawa (Sony Playstation 4)

Ora cá está mais um jogo que comprei 100% às cegas. Às vezes calha bem, outras vezes nem por isso. Vi-o numa CeX daqui da zona do Porto por 10€ e a capa chamou-me à atenção. Ao ler a contra capa vi que era uma visual novel que se passava numa escola secundária no Japão e o protagonista teria de resolver 7 mitos urbanos daquela escola. Ora e depois de ter sido agradavelmente surpreendido por títulos como o Root Letter e por a Pqube por vezes publicar algumas coisas interessantes lá decidi arriscar. Mas desta vez o resultado não foi tão bom assim.

Jogo com caixa

Ora e como descrevi acima nós controlamos um protagonista (cujo nome podemos escolher assim como o sexo) que acaba de ser transferido para uma nova escola e, ao fazer novos amigos, acaba por ser arrastado para um certo clube escolar e a ter de desvendar sete mitos urbanos lá da escola. Lá teremos então de falar com muita gente e passar todas as áreas da escola a pente fino para obter pistas e eventualmente desvendar os mistérios um por um. O nome de kotodama vem do poder especial que o nosso protagonista detém, que consiste em “libertar a mente” dos suspeitos e obrigá-los a contar a verdade. Temos esse poder porque aparentemente fizemos um pacto com um demónio (que assume a forma de uma gata, visível apenas para o protagonista) e que nos vai acompanhando e dando algumas dicas ao longo da aventura. O porquê desse pacto ter existido nunca é desvendado e sinceramente a história acaba por nunca enveredar por essa direcção também.

Infelizmente a narrativa nunca fica tão interessante quanto deveria

E sendo este jogo uma visual novel, esperem por muito texto para ler, muitos locais para visitar e ocasionalmente algumas escolhas para fazer. Mas temos aqui pelo menos duas nuances que valem a pena referir. Uma delas são as viagens no tempo. À medida que vamos avançando na história e alcançamos um dos finais possíveis, os créditos são interrompidos, somos avisados que há mais coisas para descobrir e voltamos atrás no tempo, com todo o conhecimento que tínhamos adquirido até então. Teremos então de tentar novamente e fazer as coisas de maneira diferente para obter outro tipo de respostas. É que a primeira vez que jogamos, os mistérios são simples e resolvidos muito facilmente, mas acabam por não corresponder 100% à verdade e à medida que vamos rejogando é que vamos chegando cada vez mais às verdadeiras conclusões. E isto é um conceito muito interessante, mas a história infelizmente não está de todo a esse nível e acaba por ser uma oportunidade desperdiçada.

À medida que vamos revelando novas pistas, também ganhamos pontos de experiência que serão usados na pontuação ao jogar o mini jogo Kotodama

A outra nuance relevante é o tal kotodama. Quando nós activamos os nossos poderes, somos levados para um puzzle game do género “match 3” onde temos várias esferas coloridas espalhadas num tabuleiro e a ideia é agrupá-las em conjuntos de 3 ou mais (apenas linhas horizontais e verticais) e fazê-las desaparecer, com novas esferas coloridas a surgirem caídas de cima logo de seguida. Se for possível provocar uma reacção em cadeia e fazer uns quantos combos ainda melhor, até porque se conseguirmos um combo forte, poderemos vir a obter algumas esferas especiais que servem como power ups. Estes podem limpar uma linha horizontal e vertical, fazer as esferas de uma certa cor desaparecerem, multiplicadores de pontos, entre outros. Temos um número limitado de movimentos e o objectivo, que era inicialmente o de libertar a mente dos suspeitos e obrigá-los a falar a verdade, acaba por se traduzir numa espécie de strip tetris. Sim, pois as suspeitas (e suspeito, também teremos de fazer o mesmo com um rapaz) vão ficando sem roupa à medida que vamos tendo sucesso no mini jogo. Ora isto é um fan service que sinceramente não faz muito sentido, até porque a própria narrativa do jogo nem sequer é focada no romance, nem nos típicos adolescentes pervertidos que habitalmente são presença assídua em visual novels.

E o tal mini jogo “Kotodama” é um puzzle do tipo match 3 onde as miúdas (e um rapaz) vão ficando com cada vez menos roupa à medida que vamos avançando

A nível audiovisual nada de especial a apontar. Todo o voice acting está em Japonês e as músicas são algo genéricas, com melodias alegres durante a maior parte do tempo e outras um pouco mais tensas ou sinistras quando a narrativa puxa para esses lados. Visualmente é um jogo muito simples como é habitual em visual novels, com muito pouca animação das personagens com as quais vamos interagindo.

Não estava propriamente à espera que fosse um jogo muito forte do ponto de vista gráfico, gostaria sinceramente é que a história acabasse por ter sido mais interessante. A ideia de voltar atrás no tempo e refazer a mesma investigação de forma diferente agradou-me, mas sinceramente achei os mistérios e as personagens sem grande interesse. Não estava também à espera de uma narrativa tão complexa como a de um Steins:Gate ou um Virtue’s Last Reward, mas havia ali potencial para muito melhor. Os puzzle games (que podem posteriormente ser jogados à parte) são bastante divertidos até, mas a cena do strip realmente também não encaixa no jogo.

Root Letter (Sony Playstation Vita)

O artigo de hoje é mais uma visual novel / jogo de mistério e aventura, com algumas semelhanças com a série Phoenix Wright, pois eventualmente, em cada capítulo, teremos de interrogar uma pessoa específica e até lá temos de recolher pistas que possam ser usadas como provas para confrontar essas pessoas. O meu exemplar foi comprado a um particular há uns anos atrás, creio que me custou uns 10€.

Jogo com caixa

O jogo decorre inteiramente na cidade de Matsue no Japão, onde encarnamos num jovem adulto que busca conhecer finalmente a sua penpal dos tempos da secundária, 15 anos depois do seu último contacto. O que é um penpal? Um(a) amigo(a) por correspondência! A única pista que o protagonista tem para descobrir a Aya Fumino, são precisamente os seus colegas da escola secundária que ela foi mencionando nas suas cartas. Mas todos os amigos de Aya que vamos descobrindo e interagindo, nenhum quer sequer remexer em acontecimentos do seu passado e vão estar constantemente na defensiva, até porque vamos descobrindo aos poucos que a história por detrás do desaparecimento de Aya começa a fazer cada vez menos sentido.

A interface é bastante simples, embora nem todas as acções estejam disponíveis logo de início

Lá teremos então de explorar a cidade de Matsue exaustivamente, questionar pessoas e recolher evidências para que posteriormente possamos confrontar os amigos de Aya, um a um, e se tivermos sucesso iremos desvendar um pouco do mistério de Aya de cada vez. A acompanhar a aventura e todos os diálogos que vamos ler, teremos uma interface baseada em menus que nos irá permitir realizar uma série de acções. Ao escolher “Move” podemo-nos movimentar por diferentes áreas do mesmo local onde estamos ou visitar o mapa e visitar locais que já tenhamos desbloqueado. A opção Check permite-nos investigar o cenário em busca de pistas, a opção Ask permite interrogar pessoas à nossa volta, já a opção Inventory permite-nos consultar o inventário e seleccionar algum item e usá-lo com alguma pessoa. A opção Think serve para nos dar algumas dicas do que devemos fazer em seguida (e em certas alturas é mesmo obrigatório usá-la para avançar na história), já o Guidebook deve ser consultado algumas vezes para descobrir onde ficam certos locais (ficando posteriormente disponíveis no mapa). Por fim temos a opção smartphone, que é onde podemos gerir os saves e as opções gerais.

As escolhas que tomamos como respostas às cartas de Aya são o que definem o final que iremos alcançar

Durante os interrogatórios principais, onde devemos ter algum cuidado para fazer as perguntas certas e usar os itens certos como prova do nosso raciocínio, também iremos por vezes activar o “max mode“. Aqui vemos uma frase em destaque no ecrã e um medidor de energia a aumentar, sendo que cada vez que este ultrapasse um certo limite a frase muda também ficando cada vez mais intensa! Uma vez mais teremos de escolher a frase certa para avançar no interrogatório, mas felizmente aqui parece-me que podemos falhar as vezes que quisermos e ainda bem que assim é porque a partir de certo ponto no jogo o tal medidor de energia vai estar constantemente a subir/descer e fica mais difícil escolher a frase que queremos no timing certo. Sinceramente achei uma mecânica de jogo um pouco desnecessária! Os “OBJECTION!” do Phoenix Wright eram bem mais simples!

O max mode foi talvez a mecânica de jogo que gostei menos

Já a narrativa em si, sinceramente até a achei interessante, pois a história vai ficando cada vez mais bizarra à medida que vamos progredindo no jogo. E temos vários finais distintos para alcançar e a maneira como avançamos para cada final prende-se com as escolhas que tomamos nas respostas que supostamente demos às cartas da Aya no passado. Os primeiros 8 capítulos pertencem ao ramo principal da história e é aí que fazemos essas escolhas, já os 2 capítulos seguintes pertencem ao ramo do final que alcançamos. Felizmente, uma vez terminado o jogo pela primeira vez, é possível avançar de capítulo em capítulo até ao oitavo, assim que fizermos as novas escolhas de respostas às cartas. E os finais são bastante distintos entre si, uns bem mais bizarros que outros!

A opção check permite-nos investigar os cenários mais a fundo em busca de novas pistas

A nível audiovisual é um jogo muito distinto. As personagens têm um aspecto um pouco mais realista e não tanto anime, bem como todos os cenários que visitamos aparentam mesmo ser localizações reais da cidade de Matsue e estão representados de uma forma muito realista também. Dá mesmo vontade de visitar aquele sítio! Temos também voice acting para todas as personagens excepto para o protagonista que encarnamos e as vozes estão, naturalmente, em japonês. Já a banda sonora também achei agradável, sendo composta maioritariamente por melodias muito calmas, mas também mais tensas ou enérgicas quando o momento chama.

Portanto devo dizer que até gostei deste Root Letter, apesar de não ter gostado lá muito de um ou outro dos finais que poderemos desbloquear. A história é interessante e o mistério vai-se adensando à medida que avançamos no jogo! Este Root Letter foi também lançado para a PS4 e PC no Steam, se bem que mais tarde a Kadokawa Games produziu uma versão melhorada chamada Root Letter: Last Answer. Aparentemente essa versão, para além de ter conteúdo adicional na história, tem também cenas gravadas com actores reais. Acho interessante, mas não conto recomprá-lo, pois não me agradou tanto quanto o Steins;Gate, onde acabei por mais tarde comprar a sua versão Elite.

Steins;Gate 0 (Sony Playstation 4)

Depois de ter terminado o Steins;Gate original, não perdi muito tempo a começar a sua sequela. A nível de mecânicas de jogo é muito semelhante ao seu predecessor, pelo que este artigo será mais uma rapidinha. O meu exemplar foi comprado numa CeX na zona do Porto, algures no final de Outubro de 2018, tendo-me custado na altura uns 8€.

Jogo com caixa

Portanto este jogo decorre algures num futuro alternativo, onde Okabe falha o seu objectivo principal, se jogaram o primeiro jogo para obter o True Ending, sabem do que estou a referir. Então aqui controlamos um Okabe Rintaro bastante desolado e deprimido, frustrado pela sua impotência em mudar as coisas e torna-se agora uma pessoa mais séria, sem ceder às loucuras da sua persona Hououin Kyouma (só por isso já começo a gostar do jogo!). Decide ir para a faculdade e estudar, mas uma vez mais o destino prega-lhe uma partida. Agora para além de lidar com viagens no tempo ou alterações da linha temporal, também temos uma Inteligência Artificial super sofisticada para lidar e que irá ter um papel fulcral na história. É o máximo que consigo dizer sem spoilar a história.

Estás no jogo errado, Okabe

No que diz respeito à jogabilidade, esta é exactamente igual à do primeiro jogo. Estamos então portanto perante uma Visual Novel com carradas de texto para ler (não é tão longa como o primeiro jogo mas não anda longe disso), onde ocasionalmente teremos de tomar algumas decisões que irão decidir os eventos futuros e levar-nos a um de vários finais possíveis. Essas decisões envolvem uma vez mais as interacções que vamos tendo com o telemóvel ao aceitar/rejeitar certas chamadas telefonicas chave, bem como ler e responder a mensagens. Mas desta vez estas decisões levam a ramificações na história bastante díspares entre si! E se chegarmos ao verdadeiro final, apercebemo-nos que uma sequela deverá estar a caminho.

No que diz respeito aos audiovisuais, uma vez mais para quem jogou o primeiro jogo ou está habituado a VNs já pode ter uma ideia do que esperar aqui. Ou seja, vamos ter várias imagens estáticas das personagens com quem vamos interagindo, com as suas expressões faciais e posturas a mudarem conforme os diálogos vão decorrendo, com algumas imagens mais trabalhadas a surgirem ocasionalmente. É um jogo muito estático e confesso que numa PS4 estava à espera que a 5pb se tivesse esmerado um pouco mais ao incluir mais animações. Mas ainda assim, devo dizer que gostei mais do desenho das personagens neste jogo, excepto o Daru, preferi o Daru anterior. De resto as músicas vão sendo agradáveis e variadas, desde temas bem calmos, outras melodias mais alegres e algumas mais tensas para as situações mais bicudas que iremos enfrentar.

Agora em vez de mandar emails, temos um Instant Messenger para interagir

Portanto é mais uma VN sólida para quem gostar de ler uma boa história. O facto das escolhas que formos tomando mudarem radicalmente a narrativa em cada ramificação é uma boa ideia, mas por vezes acaba por tornar as coisas bem mais confusas. E no geral devo dizer que preferi a história do primeiro jogo, mas esta também está repleta de boas surpresas.

Steins;Gate (Sony Playstation 3)

Voltando à Playstation 3, vamos ficar agora com uma visual novel muito interessante, que já tinha ouvido falar muito bem ao longo dos últimos 10 anos, porém apenas a joguei nestes últimos dias. Se bem que a minha cópia também só foi comprada algures em Setembro de 2018, numas férias que fiz na Polónia. Este meu exemplar veio de uma loja algures em Varsóvia por um preço próximo dos 5€.

Jogo com caixa

Então em que consiste este Steins;Gate? É uma visual novel produzida pelos japoneses da Nitro+ que, pelo que me apercebi, já têm um grande leque de visual novels, todas com temas sci-fi aparentemente, se bem que a maioria dos seus títulos se tenham ficado unicamente em solo japonês. Este Steins;Gate é a primeira destas VNs a sair fora do Japão e percebe-se bem o porquê, pois possui uma história muito interessante e repleta de reviravoltas. Muito genericamente e para evitar spoilers, é uma narrativa que nos coloca nos olhos de Okabe Kintaro e a sua persona Hououin Kyouma, um jovem que parece viver num mundo anime, constantemente a falar como se fosse um super vilão, o que sinceramente até me irritou bastante no início. Mas, em conjunto com os seus amigos e outras pessoas que acabam por se cruzar na sua vida, constroem por acidente uma pequena máquina do tempo e paralelamente descobrem também uma grande conspiração por parte de uma poderosa corporação que planeia dominar o mundo através da tecnologia de viagens do tempo.

Ligar um telemóvel a um microondas para o controlar à distância resultou numa máquina do tempo rudimentar

Inicialmente esta máquina tem a habilidade de enviar e-mails para o passado, coisa que Okabe e amigos experimentam e em cada e-mail enviado que tenha influenciado acontecimentos no passado, o seu presente é todo alterado para comportar as alterações que foram feitas. Curiosamente, Okabe é a única pessoa capaz de se lembrar de como as coisas eram antes de o passado ter sido alterado e à medida que vamos avançando na história, vemos como pequenas mudanças podem ter trazido consequências catastróficas na vida das personagens e não só. Sendo esta uma visual novel algo tradicional, teremos vários finais diferentes que poderemos alcançar mediante as acções que tomamos. Essas acções consistem principalmente em escolhas que fazemos no telemovel, seja ao atender/ignorar chamadas telefónicas dos nossos amigos, ou abrir/ignorar e responder aos seus e-mails de formas diferentes. Mas as escolhas que de facto têm mais peso são as que tomamos perante a máquina do tempo. Na primeira metade do jogo não tomamos muitas decisões importantes pois Okabe e companhia estão entretidos a explorar as habilidades do engenho que criaram, mas a certa altura shit hits the fan e iremos começar a tomar uma série de decisões difíceis, com grandes impactos e sacrifícios, tanto no grupo de amigos de Okabe bem como no futuro da Humanidade no geral.

O nosso telemóvel é algo que nos irá acompanhar de perto ao longo de toda a aventura e poderemos interagir com o mesmo.

A história geral do jogo está de facto muito bem conseguida, pois mistura conceitos científicos bem como questões éticas e filosóficas que nos fazem pensar melhor no conceito fantasioso que temos habitualmente de viagens no tempo e as consequências que alterar a história, por mais pequenas que sejam as mudanças, podem trazer. Como visual novel, este é um jogo muito longo, com muito texto, que nos irá levar dezenas de horas (a menos que queiram ler tudo a correr) para o jogar até ao fim e explorar os seus diferentes finais. Por mim tudo bem, mas confesso que inicialmente a personalidade de Okabe me estava a irritar profundamente. Okabe é um jovem que vive num mundo de fantasia, acha-se um cientista maluco supervilão e todas, ou quase todas as suas falas são exageradamente dramáticas por causa disso. À medida que a história vai progredindo e as coisas começam a ficar apertadas, Okabe também começa a deixar cair um pouco esta máscara no entanto.

De resto, é um jogo com uma banda sonora interessante e eclética, abrangendo diversos estilos musicais para cada contexto e emoções. O voice acting felizmente foi mantido todo em japonês, o que faz todo o sentido, até porque o jogo decorre em plena Akihabara em Tóquio. A nível gráfico, esta é uma visual novel, onde os cenários são estáticos e as personagens também, com algumas pequenas animações nas suas expressões faciais. Sinceramente não sou um grande fã do estilo de desenho do artista, mas o que interessa aqui mesmo é a história e essa, tal como já referi várias vezes, é bastante interessante.

Confesso que não sou o maior fã da arte deste jogo, principalmente pela forma como representam os olhos

Portanto se são fãs de visual novels, este Steins;Gate é de facto um jogo muito interessante e recomendo-o vivamente. Existem vários spin-offs que se ficaram apenas pelo Japão, uma sequela directa que vou começar na Playstation 4 ainda hoje e um remake deste primeiro jogo, completamente animado, que irei certamente comprar e rejogar esta aventura assim que o encontrar num preço confortável.