Enslaved: Odyssey to the West (Sony Playstation 3 / PC)

No seguimento da minha maratona de jogar uns quantos jogos de PS3 seguidos, ficamos agora com este Enslaved, um interessante jogo da Ninja Theory que acabou infelizmente por passar algo despercebido no meio de outros lançamentos. O meu exemplar foi comprado algures em 2016 na minha estadia em trabalho na Irlanda do Norte, tendo sido comprado numa CeX por 2,5£. Infelizmente no entanto esse meu exemplar não me levou muito longe, pois estava-me constantemente a dar problemas como crashes ou loadings que nunca mais terminavam, levando-me inclusivamente a corromper o meu save. Não sei se o problema é do blu-ray, ou do patch que o jogo nos obriga a instalar no início. Pelo que li nalguns fóruns, poderá mesmo ser esse o problema visto que o mesmo aconteceu a mais gente. O facto de o patch ter mesmo a versão UK no seu nome pode indicar que apenas essa versão regional terá este problema, ou não. Não me quis chatear muito mais com isto e depois de ver que a versão PC digital estava disponível a pouco mais de 2€ num site legítimo acabei por comprar e jogar antes essa versão, o que até calhou bem, pois a versão PC tendo sido lançada uns anos mais tarde, traz também os DLCs .

Jogo com caixa e manual

E este é um jogo que decorre num mundo pós apocalíptico e repleto de robots hostis reminiscentes de um conflito que dizimou toda a civilização. Para além disso, muitos dos humanos que sobreviveram estavam a ser capturados e escravizados. Nós encarnamos num guerreiro apelidado de Monkey que havia sido feito prisioneiro e estava a ser transportado de avião para a sua prisão. Mas eis que uma jovem mulher, de nome Trip, infiltra-se no avião e causa uma série de problemas, acabando por acidentalmente libertar Monkey. O problema é que o avião está agora prestes a despenhar-se nas ruínas de Nova Iorque e este primeiro nível serve como uma espécie de tutorial para nos ensinar os básicos de exploração e combate. Monkey e Trip acabam por conseguir escapar, com Monkey posteriormente a acordar com uma “coroa” de escravo na sua cabeça, colocada pela Trip. Ela exige que a escoltemos em segurança de volta até casa, numa perigosa viagem de mais de 300 milhas. Se Monkey não cooperar, Trip consegue ordenar a “coroa” para matar Monkey e por outro lado, se Trip morrer, Monkey morre também. E é com este ultimato que começamos a aventura a sério e teremos de atravessar toda uma série de situações de extremo perigo, com a relação entre ambos os protagonistas a acabar por se estreitar com o tempo, até porque ambos vão ter de cooperar muitas vezes para progredir. Uma nota adicional, a história do jogo é baseada no romance chinês “Jornada ao Oeste”, do qual a primeira série do Dragon Ball também se baseia. Não sendo eu um conhecedor da obra literária original, consegui retirar referências óbvias do próprio Dragon Ball. O herói é apelidado de Monkey, está equipado de um bastão que aumenta de tamanho e tem uma jovem que o acompanha para todo o lado. Mais à frente no jogo, entra uma nova personagem apelidada de Pigsy!

O primeiro nível serve como um tutorial dos controlos básicos

No que diz respeito às mecânicas de jogo, eu diria que Uncharted é talvez a influência mais óbvia, não só pela dinâmica de termos duas personagens em jogo, mas também pela vertente exploratória. Monkey sendo um tipo bastante ágil, vai mesmo ser obrigados a escalar superfícies e saltar entre plataformas como se não houvesse amanhã. O combate é naturalmente diferente do Uncharted pois este é mais focado em combates corpo-a-corpo, onde os botões faciais do comando da Playstation nos permitem atacar com os punhos ou com o bastão, com a possibilidade de fazer alguns combos. O X serve para nos desviarmos (ou saltar, fora do contexto de combate) e o círculo serve para activar os focus attacks, assim que tivermos desbloqueado essa habilidade, que são essencialmente combos poderosos e que nos deixam temporariamente invencíceis enquanto são executados. De resto, o R2 serve para activar o escudo. Fora do combate corpo a corpo, poderemos também usar o bastão para disparar projécteis e aí os controlos funcionam como um shooter normal, com os triggers para apontar e disparar.

Tal como nos Uncharted, Prince of Persia ou Assassin’s Creed, o jogo tem também uma forte componente de exploração que nos obriga a escalar paredes e efectuar uma série de saltos algo acrobáticos

Apesar de o sistema de combate não ser vasto como o de muitos jogos hack ‘n slash da época, acaba por cumprir bem o seu papel e teremos mesmo de o conhecer bem para termos sucesso. Evadir de certos golpes e/ou usar escudos para nos protegermos são essenciais, assim como certos golpes capazes de deixar os robots temporariamente atordoados e/ou baixarem as suas defesas. O jogo vai tendo também vários puzzles onde teremos de cooperar com a Trip para progredir, como atirá-la para locais de onde nós não conseguimos chegar, pedir-lhe para manipular alavancas ou interruptores, etc. De certa forma, muitas das secções de combate podem também ser entendidas como um puzzle, visto que se não tivermos os devidos cuidados rapidamente ambos poderão ficar em perigo. Por exemplo, os primeiros puzzles desse género que temos de resolver consistem em atravessar zonas protegidas por turrets, o que nos obrigará a correr de abrigo em abrigo. Trip consegue activar um holograma capaz de distrair temporariamente inimigos e aproveitamos esse momento para nos movermos para o próximo abrigo. Por outro lado, para Trip poder avançar em segurança, teremos de ser nós as cobaias, ao chamar à atenção das turrets e logo de seguida comandar a Trip para se mexer. De resto, convém também referir que o jogo tem um sistema de upgrades que podem ser “comprados” à medida que coleccionamos toda uma série de esferas coloridas que podem ser encontradas espalhadas pelos níveis, ou ao derrotar inimigos.

A nível técnico, certamente o que mais me impressionou foi a qualidade das animações faciais, algo que a Ninja Theory já tinha dominado no Heavenly Sword

Visualmente é um jogo interessante para os padrões da época, particularmente no detalhe e animações faciais das personagens principais que estão muito bons (a Ninja Theory já tinha mostrado um óptimo trabalho nesse aspecto com o Heavenly Sword). Depois do nível inicial que decorre a bordo de um grande avião prestes a despenhar-se, os níveis seguintes levam-nos a explorar as ruínas de Nova Iorque, onde a Natureza reclamou grande parte da cidade e há um grande contraste entre os cinzentos e castanhos do cimento e aço enferrujados das ruínas, com o verde da vegetação que entretanto ali foi crescendo. Os restantes níveis já nos levam para grandes montes de sucata, outras povoações mais remotas ou instalações industriais/militares antigas, sempre com o desgaste, erosão e aço oxidado bem patentes. Mas por outro lado, a nível técnico, já não achei um jogo assim tão bom (tirando o detalhe e animações faciais como já mencionei acima). Do pouco tempo que joguei a versão PS3 a sua performance estava longe do ideal, repleto de quebras de framerate bem notórias. Jogando no PC, consegui aproveitar e jogar o jogo numa resolução ultra-wide superior aos 1080p. Talvez por o ter jogado dessa forma que as texturas me pareceram algo pobres e de baixa resolução e mesmo assim tive alguns problemas de performance. Um detalhe interessante a quem for jogar este jogo no PC: não o joguem em low. Não me tinha apercebido que o jogo tinha mudado as definições gráficas para o mínimo depois de ter mudado de resolução pelo que joguei os 3 primeiros níveis dessa forma. E com os gráficos em low, há um bug que acontece perto do final do terceiro nível que nos impede de progredir: no fim do nível somos confrontados com um boss que entra na nossa sala ao derrubando uma parede. Com os gráficos no mínimo, não há cá superfícies destrutíveis, pelo que a parede se mantém intacta, não nos deixando prosseguir. De resto, o voice acting pareceu-me bastante bom até, particularmente nas personagens principais (também não há muitas mais personagens com as quais iremos interagir, na verdade). Já a banda sonora confesso que me passou completamente despercebida.

A versão PC tem a vantagem de trazer os DLCs, onde se inclui uma pequena prequela com o Pigsy como protagonista, trazendo também diferentes mecânicas de jogo.

Por fim, como referi acima, a versão PC traz já os DLCs incluídos, onde para além de algum conteúdo meramente cosmético que nem me atrevi a experimentar, o jogo inclui também o Pigsy’s Perfect 10, uma pequena prequela onde controlamos o Pigsy, a tal terceira personagem que conhecemos já na segunda metade do jogo. Aqui as mecânicas são consideravelmente diferentes, visto que Pigsy não anda à porrada, mas temos uma rifle com balas infinitas, pelo que teremos de combater à distância. Por outro lado, à medida que vamos progredindo vamos também desbloquear certas habilidades que teremos mesmo de utilizar. Gadgets que nos permitem activar hologramas para distrair robots ou turrets inimigas, granadas de impulsos electromagnéticos que deixam os robots temporariamente inoperacionais, bombas propriamente ditas, ou outros gadgets que tornam qualquer robot dentro do seu raio de acção temporariamente amigáveis e que nos defendem dos restantes inimigos. Portanto há também aqui uma certa componente estratégica nos combates e o recurso a armas de fogo deverá mesmo só ser utilizado para atacar inimigos à distância.

Portanto este Enslaved é um jogo interessante que, apesar de não ser uma obra prima, foi uma agradável experiência e merecia ter tido mais atenção aquando do seu lançamento. Tem uma história interessante e uma boa mistura entre exploração, puzzles e combate corpo-a-corpo satisfatório, sem ser demasiado complexo.

Hellblade: Senua’s Sacrifice (Sony Playstation 4)

Ultimamente, com o calor que se tem feito sentir, a minha vontade de jogar alguma coisa em plataformas mais modernas tem esvanecido, pois o calor gerado pelas consolas ou PC em jogar algo mais exigente também não ajuda nada. Entretanto, como houve aqui uma janela em que as temperaturas baixaram um pouco, aproveitei para pegar neste Hellblade da Ninja Theory, um jogo que sempre ouvi falar muito bem e, não sendo muito longo, foi a escolha perfeita. O meu exemplar foi comprado no passado mês de Junho na Worten do Maia Shopping, depois de muito tempo esgotado, fiquei contente ao ver que voltou a exisitir em stock por 20€.

Jogo com sleeve e caixa

Nem sei bem por onde começar ao falar na história pois não quero mesmo estragar a experiência de quem o vier a jogar, mas basicamente controlamos Senua, uma guerreira de uma civilização Celta algures de uma ilha Escocesa que havia sido invadida por vikings e claro, muita gente morreu, incluindo o seu namorado, o que a deixou especialmente transtornada. Então acompanhamos Senua numa viagem por mundos vikings, onde procura entrar no domínio de Helheim, o reino dos mortos da mitologia viking, e tentar salvar a alma do seu companheiro. Mas o grande selling point do Hellblade era o facto de Senua sofrer graves problemas mentais, nomeadamente psicose, que a levava a ouvir várias vozes na sua cabeça, bem como ter alucinações ou outras deturpações visuais que, naturalmente irão ter um grande foco ao longo de todo o jogo.

Sim, este é um jogo bastante macabro!

No que diz respeito à jogabilidade, podemos dividi-la em duas frentes distintas: a exploração e o combate. Ao longo de toda a aventura iremos explorar diversos locais, como florestas, cavernas, fortalezas e aldeias, tipicamente devastadas pela guerra e repletas de cadáveres em todo lado, representando a violência dos vikings quando invadiam outros povos. Enquanto vamos explorando ocasionalmente teremos uma série de puzzles ou outros desafios para resolver de forma a podermos avançar na história. Muitos destes puzzles giram em torno da maneira “diferente” que Senua (e pessoas que sofrem de psicose) percepciona o mundo. Brincar com ilusões ópticas para mudar o ambiente à nossa volta ou procurar certos padrões visuais nos cenários (como as runas que teremos de encontrar para abrir certas portas) são bastante recorrentes. Mas ocasionalmente lá teremos de enfrentar alguns inimigos, tipicamente representações algo sinistras de guerreiros vikings.

Muitos dos puzzles que teremos de resolver andam à volta de ilusões de óptica e portais que distorcem a realidade

Tanto na exploração como no combate não temos qualquer tutorial que nos explique as mecânicas de jogo, indicação visual do caminho a seguir ou dicas de combate, a não serem as vozes que Senua ouve na sua cabeça, que são muitas vezes conflituosas, mas também nos vão dando bons conselhos, especialmente em combate. Estes decorrem com uma câmara muito próxima de Senua, o que não nos deixa ver se teremos algum inimigo nas nossas costas prestes a atacar, pelo que quando ouvirmos uma voz a avisar Senua que alguém nos está prestes a atacar pelas costas, só temos tempo de fazer dodge. Os botões faciais do comando da PS4 representam então os ataques fracos, fortes, pontapés (muito úteis para desarmar inimigos com escudos) e o tal botão para evadir. Os botões de cabeceira permitem-nos correr, defender ou a tal habilidade de focar, que é sempre necessária para resolver os puzzles de ilusões ópticas e no combate ganha outra importância acrescida. À medida que vamos conseguindo desferir golpes com sucesso nos inimigos, bem como evadir ou bloquear os seus golpes, um counter invisível vai-se acumulando e a certa altura podemos usar a habilidade de focar a nosso favor, ao abrandar toda a acção à nossa volta e deixar os inimigos mais vulneráveis aos nossos ataques. Alguns inimigos podem também ficar envolvidos em sombras deixando-os invulneráveis até que consigamos activar a habilidade de foco em combate, pelo que defender ou evadir são sem dúvida cruciais em todos os combates.

Durante o combate, quando vemos este objecto a brilhar na cintura de Senua, está na altura de activar o focus

No que diz respeito aos audiovisuais, este é um jogo desenvolvido com recurso ao motor gráfico Unreal Engine 4, pelo que poderão encontrar bons gráficos no geral. Mas eu confesso que gosto da mitologia, folclore e toda a cultura viking, pelo que fiquei agradavelmente surpreendido pela forma como a Ninja Theory conseguiu representá-la. Não só pelos seus cenários tipicamente devastados por conflitos, como as tais aldeias, fortalezas ou mesmo o que resta de uma grande batalha marítima, com navios vikings encalhados numa praia. Mas também por toda a narrativa, puzzles onde temos de procurar por runas ou mesmo aquelas pequenas histórias retiradas da sua mitologia que vamos ouvindo sempre que encontrarmos e interagirmos com alguns pedestais espalhados pelo jogo.

As animações faciais bem como o papel que a actriz aqui representou ficou qualquer coisa fora de série

Mas é mesmo na narrativa bizarra e esquizofrénica induzida pela doença mental de Senua que o jogo brilha ainda mais. Logo no início é-nos aconselhado jogar com um headset, pois o jogo inclui som 3D. Infelizmente não o fiz meramente por uma questão de logística pois não tenho nenhum headset wireless, mas percebo perfeitamente como poderia ter feito a diferença. A percepção de onde vêm os sons terá muita importância nos combates, visto que a câmara está muito próxima de Senua, e, como não nos permite ver todos os inimigos à nossa volta, ter a noção através do som 3D da sua localização daria muito jeito. Aliás, o confronto contra o Fenrir tornou-se bem mais difícil por eu apenas usar o som normal da TV. E depois claro, as diferentes vozes que Senua ouve a ecoarem pela nossa cabeça enriqueceria certamente uma experiência já por si muito bem conseguida.

O único coleccionável são estas runas, espalhadas ao longo do jogo e onde vamos aprendendo algumas lendas da mitologia nórdica

No fim de contas devo dizer que fiquei muito agradavelmente surpreendido por este Hellblade. Tal como a Ninja Theory lhe apelidou, é um jogo com os valores de produção AAA, mas com a liberdade criativa de um jogo indie. Não é um jogo que irá agradar a toda a gente, pois há quem se calhar preferisse um foco maior nos combates, já que estes apenas ocorrem em certos momentos da história e não há como voltar a repeti-los. É certo que no início tive alguma dificuldade a familiarizar-me com as mecânicas dos combates, mas na segunda metade do jogo já andava a distribuir pancada mais à vontade. E tanto a  direcção artística, como a narrativa e mesmo o próprio papel da Senua ficaram mesmo muito bem conseguidos. A ver como irão desenvolver a sua sequela, que terá certamente um maior orçamento.

Heavenly Sword (Sony Playstation 3)

Ultimamente tenho tirado algum pó da PS3 e jogado alguns títulos que cá tinha para reduzir o backlog. O que escolhi desta vez foi o Heavenly Sword, um título de acção desenvolvido pela Ninja Theory em exclusivo para a consola da Sony, tendo saído ainda algo no início de vida da plataforma em 2007. Nesta altura jogos como God of War eram o que estava na moda, pelo que este Heavenly Sword acaba por capitalizar um pouco nessa fórmula, ao ser um hack and slash épico, com cenários grandiosos, muitos inimigos para combater e alguns quick time events à mistura. O meu exemplar foi comprado algures em 2017 numa worten, custou-me exactamente 2.51€, era um jogo usado, mas em bom estado.

Jogo com caixa e manual

O jogo decorre num mundo fantasioso, onde um poderoso e tirano rei, Bohan, está a aterrorizar toda a população e exterminar todos os clãs tribais que lhe poderiam fazer frente. Nós controlamos uma protagonista feminina, a Nariko, membro do último clã ainda existente, mas que está agora a ser alvo dos ataques de Bohan, até porque este quer a Heavenly Sword a todo o custo. Esta espada fez parte de uma grande batalha outrora e está agora amaldiçoada, pois cada pessoa que a tente usar, está condenado a ser consumido pela própria, a menos que seja o guerreiro escolhido de uma certa profecia. Nariko nasceu no ano dessa mesma profecia, mas sendo uma mulher e tendo a sua mãe infelizmente falecido durante o parto, nunca foi muito aceite nem pelo seu pai (líder do clã), nem pelos seus restantes colegas. O jogo começa precisamente com Nariko a combater um enorme exército das forças de Bohan e usando a Heavenly Sword, que aparentemente acaba por a consumir e sucumbe na batalha. Aqui Nariko começa então a narrar os eventos que aconteceram há cinco dias atrás e a levaram a usar a espada.

Na sua essência, é um jogo algo similar aos God of War clássicos, com os seus cenários majestosos e ângulos de câmara fixos

Na sua maioria, o jogo é um hack-and-slash com um grande foco nos combos e na agilidade de Nariko. Com os ângulos de câmara fixos (se bem que podemos usar os botões de cabeceira L2 e R2 para rodar temporariamente a câmara) o segundo analógico, que em muitos outros jogos de acção serviria para controlar a câmara, serve para nos auxiliar no combate, fazendo com que Nariko se desvie na direcção pretendida. Os botões faciais, principalmente o quadrado e triângulo servem para atacar, sendo que à medida que vamos progredindo no jogo, novos combos vão sendo desbloqueadas. O círculo serve para desbloquear alguns golpes especiais (assim que tivermos feito combos suficientes), ou para entrar nalguns QTEs que serão obrigatórios para derrotar alguns bosses.

Na última batalha temos mesmo muitos inimigos pela frente, uma demonstração de poder de processamento que a “nova” geração de consolas trazia

Assim que começamos a usar a Heavenly Sword todo o potencial do combate é desbloqueado. Normalmente usamos a pose “speed”, que é a que melhor balanceia a velocidade e dano. Ao manter o botão R1 pressionado, começamos a desencadear golpes na pose “heavy“, que são mais lentos, no entanto bastante mais poderosos. Ao manter o botão L1 pressionado enquanto combatemos estamos a usar a pose “ranged“, onde a espada se divide em 2, estando ligadas por correntes. Isto permite-nos usar alguns ataques de média distância, bastante rápidos porém causam pouco dano. Ao longo do jogo vamos encontrar inimigos que são mais susceptíveis a um tipo de ataques que outros, pelo que deveremos usar estas habilidades de maneira inteligente. Vamos também ter inimigos que estão constantemente em poses defensivas e bloqueiam todos os nossos ataques, pelo que vamos ter de aprender e usar alguns combos capazes de perfurar as suas defesas. Os counters também têm a sua importância, sendo que devemos carregar no triângulo (com a pose certa) uns instantes antes dos inimigos atacarem. Para isso, temos de estar atentos aos seus movimentos, mas a Ninja Theory também nos facilitou um pouco a tarefa, pois antes de atacar, cada oponente ganha uma certa aura. Se for um ataque normal, a aura é azulada, pelo que o counter deve ser normal. Se a aura for dourada, então vão atacar com um golpe poderoso, pelo que devemos pressionar no R1 e triângulo. Se a aura for vermelha, então convém é fugir pois são golpes indefensáveis. Até aqui tudo bem, o sistema de combate exige algum treino e usar bastante o analógico direito para nos conseguirmos esquivar dos golpes inimigos e não quebrar o nosso combo count. Quanto melhor for a nossa performance em combate não só ficamos com alguns golpes especiais disponíveis para gastar, como vamos sendo recompensados com várias coisas, desde desbloquear novos combos, bem como desbloquear uma série de conteúdo adicional como artwork, pequenas animações que contam mais da história, ou partes do documentário de making of do jogo.

A nossa performance é avaliada e vai desbloqueando uma série de extras

No entanto Nariko não é a única personagem jogável, por vezes também jogamos com a pequena Kai. Esta pequena não combate como Nariko, o foco dela é o sniping. Vamos ter várias missões onde teremos de atingir inimigos, alguns longe, outros mais perto pelo que teremos de fugir até chegar a uma distância de segurança e começar a disparar flechas. Para alvos de longa distância, podemos usar a habilidade de aftertouch. Aqui a câmara acompanha a flecha assim que ela é disparada em câmara lenta, e com o sensor de movimento do comando da PS3 podemos desviar a flecha para onde quisermos. Bom, a ideia é excelente, mas para mim foi um martírio controlar estas flechas em condições pois temos de ter o comando em posição neutra só para manter a trajectória e para fazer ajustes muitas vezes as coisas saíam-me ao lado e eram só setas a raspar soldados inimigos. Depois lá me apercebi nas opções que podemos desactivar os sensores de movimento e controlar as setas normalmente, e aí as coisas melhoraram imenso!

A nível gráfico, é um jogo impressionante para 2007, sem dúvida. As caras das personagens principais estão muito bem definidas, cheias de detalhes o que lhes conferem emoções muito fiáveis nas cutscenes. Os cenários, muito influenciados por arquitecturas orientais são também muito bonitos. Mas não deixa de ser um jogo do início de vida da PS3, ainda temos algumas texturas, principalmente nos solos, que são de baixa resolução, mas nada que incomode. As músicas oscilam entre o épico e melodias mais calmas e ambientais, repletas de influência oriental, o que me agrada bastante. A nível de voice acting acho que é um jogo bem conhecido até porque tem alguns actores conhecidos ao representar as vozes das personagens principais. Mas por vezes temos alguns diálogos bastante bizarros, principalmente com os lacaios de Bohan, Flying Fox e Whiptail.

Graficamente as personagens principais estão muito bem detalhadas e possuem óptimas animações faciais

Portanto este Heavenly Sword é um jogo de acção interessante, principalmente para os fãs de God of War daquela geração. Temos um interessante sistema de combate, com alguns quick time events à mistura (se bem que isto já não me agrada tanto até porque o tempo de reacção é muito curto na maior parte das vezes). O sistema de lançamento de projécteis em câmara lenta com recurso ao aftertouch é uma boa ideia, mas a sua implementação com os controlos de movimento deixa algo a desejar, pelo que recomendo vivamente que os desactivem. A história em si é interessante e o mundo que temos de explorar é bastante agradável. É um jogo também relativamente curto, pelo que se o encontrarem a um preço baratinho dêm-lhe uma chance!