Soleil (Sega Mega Drive)

Voltando à Mega Drive, vamos ficar com um jogo que sempre tive imensa curiosidade em jogar, mas confesso que no final acabou por me desiludir um pouco. O facto de o chamarem de “The Legend of Zelda da Mega Drive” também não ajuda muito, pois as semelhanças entre ambos os jogos acabam por não ser tantas quanto isso. Produzido pela nipónica Nextech, que fez vários jogos para consolas da Sega como o Cyber Speedway que já cá trouxe no passado, este é um jogo de aventura com alguns elementos de RPG e acabou por ter nomes distintos ao longo das diferentes regiões onde foi lançado. Soleil é o seu nome europeu e o meu exemplar veio de uma CeX na zona do Porto, em Agosto do ano passado, creio que por 35€, estando completo e em excelente estado.

Jogo completo com caixa e manuais

A história leva-nos uma vez mais a um mundo fantasioso que havia sido invadido por monstros. E como manda a tradição da cidade de Soleil, quando os rapazes fazem 14 anos, já estão aptos para serem lançados à aventura e combater os monstros que assolam aquele mundo. E isso é o que acontece com a nossa personagem! Entretanto coisas acontecem e ganhamos a habilidade de falar com animais, sendo que isso irá desbloquear a grande mecânica de jogo central em Soleil: podemos recrutar uma série de animais que nos acompanhem na aventura, sendo que estes nos vão conferindo diferentes habilidades, se bem que apenas podemos ter até 2 animais activos de cada vez.

Olhem lá quem fez uma visita!

Os controlos são simples, com o botão A para atacar com a espada, o botão B para saltar (mas inicialmente temos de “aprender” a saltar, o que é uma das coisas que me irritou um pouco) e o botão C tipicamente é usado para activar as habilidades de alguns animais. Outra das habilidades básicas que tem de ser desbloqueada é a de manter o botão A pressionado durante uns segundos para carregar um ataque e ao soltá-lo atiramos a espada como um boomerang, voltando novamente às nossas mãos. Já as habilidades que os animais nos conferem são bastante variadas, como a de conferir poderes elementais de fogo ou gelo à nossa espada, correr e saltar mais longe, outras aumentam a distância que a nossa espada pode ser atirada, já outro animal até nos deixa controlar a direcção da espada em pleno voo, entre muitas outras habilidades. Confesso que este sistema até achei bastante original, pena que em tudo o resto o jogo acabe por ser bem mais mediano do que estava à espera, a começar pela narrativa que não é nada de especial, nem o jogo tem personagens que sejam minimamente memoráveis. Talvez o cameo do Sonic!

Alguns bosses até ficaram bem conseguidos!

A nível audiovisual confesso que esperava um pouco mais. Não acho que os monstros sejam propriamente muito apelativos, nem a maneira como progredimos nas áreas a explorar. Vamos ter inúmeros interruptores e blocos para activar ou mover e que por sua vez nos vão desbloqueando acessos a outras zonas. De certa forma até me fez lembrar um pouco do Startropics nesse aspecto. As áreas que exploramos estão acessíveis através de um mapa mundo à lá Super Mario World, e não propriamente de uma forma contínua e interligada como nos Zeldas em 2D. Vamos tendo áreas com as mais variadas temáticas a explorar, como florestas, desertos, montanhas, cavernas, ruínas, etc, mas sinceramente nunca fiquei especialmente agradado com a sua apresentação, nem da dos inimigos, com excepção de alguns bosses. Por outro lado as músicas são bastante agradáveis!

Temos um mapa mundo onde podemos escolher que áreas visitar

Portanto este Soleil deixou-me um pouco desiludido. Não é um mau jogo, longe disso, mas todo o hype que por vezes os fãs lhe colocam em cima, deixaram-me com expectativas bem mais altas. As mecânicas de jogo com os diferentes animais que podemos vir a recrutar e as suas habilidades até foram uma boa ideia. Mas a história super desinteressante e algumas decisões de game design algo questionáveis foram de longe o que menos gostei aqui. Por clones de Zelda na Mega Drive, o The Story of Thor é muito, muito melhor.

Cyber Speedway (Sega Saturn)

Continuando pelas rapidinhas, o jogo que cá trago agora é um racer para a Sega Saturn que confesso que me passou completamente ao lado, e é um exclusivo! 1995 foi um ano em cheio para os fãs de jogos de corrida futuristas, com o Hi-Octane de Peter Molyneux, o fantástico Wipeout da Psygnosis (se bem que a Sega Saturn apenas o recebeu no ano seguinte), e aparentemente também tivemos este Cyber Speedway, da japonesa NexTech, os mesmos produtores de Ranger-X para a Mega Drive. O meu exemplar foi comprado num bundle bem grandinho de jogos e consolas algures no mês passado, pelo que me ficou a um preço bem em conta.

Jogo com caixa e manual

A história envolve uma maneira alternativa que uma série de povos arranjaram para por fim às suas guerras intergalácticas. Em vez de desperdiçarem milhões de vidas e recursos em guerras, porque não organizar antes um campeonato de corridas a alta velocidade nos vários planetas afectados? É essa a premissa deste jogo, algo que é bastante notório nas cutscenes entre corridas no modo história.

A única arma que podemos usar são mísseis simples

Antes de passarmos ao modo história, temos também o Free Run, que nos permite participar em corridas individuais seja contra o CPU, contra um amigo ou contra o relógio. No modo história podemos antes de mais seleccionar o grau de dificuldade de standard ou advanced. Aqui iremos percorrer em pistas ao longo de circuitos em seis planetas, sendo que a Terra é sempre o primeiro. Se jogarmos no modo Standard, não temos acesso ao último planeta, o Armasatelles. Os restantes circuitos também diferem mediante o nível de dificuldade escolhido. Antes de começar cada partida no modo história vamos tendo algumas cutscenes um pouco constrangedoras com outros NPCs, incluindo os nossos oponentes aliens e alguns conselhos do nosso mecânico, que nos indica quais seriam as melhores settings para a nossa nave no circuito que aí vem.

Os circuitos urbanos atéque são graficamente interessantes

A nivel de jogabilidade, as coisas são simples, com um botão para acelerar, outro para travar e um outro para disparar mísseis, que podem ser coleccionados ao longo das pistas. Os restantes botões faciais do comando da Saturn servem para alternar entre os ângulos de câmara e os botões de cabeceira servem para usar os boosts esquerdo e direito respectivamente. É com recurso a esses boosts que temos de fazer as curvas apertadas sem ter de perder muita velocidade, mas nem sempre isso é tão fácil assim. De resto  temos também de ter em atenção os nossos escudos durante as corridas, pelo que não convém ter muitos acidentes, e tentar fugir do fogo inimigo ou outras armadilhas deixadas nos cenários.

As cutscenes são imagens estáticas não muito boas e com péssimo voice acting

A nível audiovisual, é certo que o jogo não tem um design tão bonito quanto o Wipeout, aliás, poucos o tinham. Mas ainda assim os circuitos são bastante distintos entre si, com detalhe, a fluidez pareceu-me aceitável assim como a sua draw distance. As cutscenes é que são muito más, não só no design dos NPCs, como pelo facto de serem imagens estáticas e o voice acting ser terrível. As músicas são practicamente todas rock e até que soavam bem. Curiosamente este é mais um dos exemplos da Sega of America mudar as bandas sonoras de alguns jogos nesse continente, pelo que a versão norte-americana possui músicas inteiramente diferentes. Sinceramente prefiro a banda sonora original.

Portanto este Cyber Speedway foi um jogo que me passou completamente ao lado na altura em que saiu, e se calhar percebe-se o porquê. Está longe de ser perfeito, mas também não me parece tão mau quanto isso, no entanto foi completamente obfuscado pela série Wipeout que é bastante superior em todos os aspectos.