Vamos voltar à Sony Playstation para mais um jogo que já tinha em backlog há bastantes anos. Vampire Hunter D é originalmente uma série de livros japoneses, inicialmente publicados no ano de 1983. Aparentemente têm sido livros bem sucedidos comercialmente, pelo que como é habitual no Japão sempre que tal acontece, não tardou muito a existirem adaptações para manga, filmes ou outras formas de media. Nos videojogos curiosamente só no ano de 1999, sendo este jogo baseado no filme Vampire Hunter D Bloodlust que até acabou por ser lançado apenas no ano seguinte. O meu exemplar foi comprado algures em Novembro de 2019 numa loja no Porto, creio que me custou uns 15€.
O setting desta série é um futuro pós apocalíptico, onde depois de os humanos se terem morto uns aos outros com guerras nucleares, a raça dos vampiros ascendeu ao poder. Entretanto muitos anos se passam e o balanço entre o que resta dos humanos e vampiros está mais equilibrado. Nós controlamos uma personagem chamada D e é o que o jogo lhe chama de dunpeal, ou seja, um híbrido entre humano e vampiro. Para além disso, D tem ainda um homunculus a viver numa das suas mãos. Sim, temos uma mão falante e com poderes especiais. Mas o objectivo propriamente dito é o de explorar um gigante castelo e resgatar uma jovem mulher que supostamente havia sido raptada por um poderoso vampiro.
O jogo em si tem mecânicas largamente influenciadas por Resident Evil, embora não seja necessariamente um survival horror. Quer isto dizer que o jogo possui tank controls, ângulos de câmara fixos e cenários pré-renderizados. Isso só por si não é necessariamente mau, até porque eram esquemas de controlo bastante populares na época. O problema é tudo o resto, como tentarei explicar. O botão triângulo faz com que D saque ou guarde a sua espada, o círculo é o principal botão de acção, tanto serve para atacar se a espada estiver em punho como para interagir com objectos ou apanhar itens do chão. O botão X serve para saltar e o quadrado tanto pode ser usar algum item que tenhamos equipado no momento, ou a tal mão inteligente que também tem habilidades especiais. O botão L1 serve para forçar D a caminhar em vez de correr, enquanto o L2 activa ou desactiva a funcionalidade de lock-on. O R1 é o botão de defesa e o R2 obriga D a mudar o seu lock-on para um outro inimigo. Antes de explorar melhor a parte das habilidades adicionais, vamos detalhar um pouco o que o jogo tem de mau nestes controlos.

Bom, tirando algumas armas especiais como estacas de madeira ou granadas, D ataca sempre com a sua espada. Ou seja, num jogo com ângulos de câmara fixos e tank controls somos sempre obrigados a colocar-nos em maior perigo ao ter de atacar os inimigos de perto. Depois, os controlos mudam um pouco entre a exploração e o combate. Quando estamos locked-on num inimigo, D move-se em relação a esse inimigo, ou seja o botão cima irá sempre aproximá-lo e os botões esquerda-direita irão nos fazer caminhar em círculo à sua volta. Sinceramente eu gosto disto, mas não transita bem vindo dos controlos normais. E o facto de o jogo nem sempre nos trancar para os inimigos mais próximos também não ajuda. Há pouco referi que havia um botão para salto. D pode executar vários combos incluindo com saltos, mas uma vez mais com este esquema de controlo as coisas muitas vezes não resultam como gostaríamos. Para além de que ocasionalmente teremos alguns momentos de platforming, o que num jogo com ângulos de câmara fixos e cenários pré-renderizados é algo estúpido visto que não temos grande sensação de profundidade. Algo engraçado a mencionar é que os controlos são tão bons que ocasionalmente até os inimigos ficam perdidos e presos em paredes.

O que mais há aqui a referir a nível de mecânicas de jogo? Bom, temos não uma, não duas, mas sim 3 barras de energia a ter em conta. A HP é a barra de vida e esta se chegar a zero perdemos o jogo. A VP é uma barra de energia que se refere a “poderes vampíricos”. Quanto mais alta esta estiver, mais fortes são os nossos ataques assim como poderemos fazer combos mais longos. Em baixo temos uma outra barra de energia, mas esta para os poderes da tal mão esquerda com vida própria. Essa mão possui 3 habilidades distintas que podem ser regenerativas, ataques mágicos ou a capacidade de absorver inimigos enfraquecidos, regenerando assim a sua própria barra de energia. Essa barra de energia vai decrescendo constantemente, pelo que absorver inimigos acaba por ser algo que convém fazermos regularmente. Os ataques mágicos que a mão usa são diferentes, sendo mais poderosos quanto mais preenchida estiver a barra de energia do VP também. De resto poderemos também encontrar vários itens regenerativos para cada uma destas barras de energia, ou as tais armas secundárias que já mencionei acima, como granadas ou estacas de madeira.
A nível gráfico sinceramente achei um jogo interessante. Gosto bastante do design do D e de algumas das outras personagens importantes, com bom detalhe e animações também. Os inimigos gerais já são mais básicos, mas por outro lado, gosto bastante dos cenários, pois o castelo tem uma arquitectura muito própria e característica misturando designs mais antiquados com luzes neon e outras cenas mais cyberpunk, o que resulta estranhamente bem. A banda sonora é discreta mas não a achei má de todo e o voice acting é surpreendentemente decente!
Portanto este Vampire Hunter D é um jogo que até tem algumas ideias interessantes no papel, mas infelizmente a sua execução não é de todo a melhor, principalmente nos seus controlos. Gostei bastante no entanto de toda a sua estética e o pouco que vi dos animes ainda mais interesse me despertou, irei certamente ver os filmes assim que tiver essa oportunidade!

























