Okkotoshi Puzzle Tonjan!? (Nintendo Entertainment System)

O jogo que cá vos trago hoje é um lançamento curioso da Jaleco para a Famicom, a NES japonesa. É um jogo claramente inspirado por Sokoban e similares, aqueles jogos onde temos de arrumar umas quantas caixas no sítio certo em corredores apertados. Mas em vez de caixas, temos várias peças de mahjong. Felizmente no entanto não é necessário ter conhecimentos de mahjong para o apreciar. Este jogo veio num bundle de vários jogos que comprei algures no final de Janeiro na Mr Zombie, para aproveitar umas campanhas que eles tinham. Confesso que não conhecia o jogo de lado nenhum, mas com um porco como protagonista principal, não podia deixar passar.

Jogo com caixa e manual

O ecrã título mostra-nos logo 3 opções: a de começar um novo jogo e duas de continuar uma partida anterior, uma delas para recomeçar o jogo imediatamente antes do último game over, a outra já nos permite inserir passwords. Mas ao começar a acção, como é que isto funciona mesmo? Ora temos uma área de jogo com vários blocos amarelos a servirem de paredes, objectos circulares brancos a servirem de buracos e uma série de outros blocos de fundo branco, tipicamente peças de mahjong (mas não só) que podem ser movimentados livremente. O objectivo é o de guiar os blocos alvo (assinalados no topo do ecrã) para qualquer um dos buracos disponíveis na área de jogo. Para além de os blocos poderem ficar presos nas paredes tal como no Sokoban, há também muito mais a ter em conta, nomeadamente a informação que nos surge no lado direito do ecrã. Ali vemos o limite de blocos que podemos atirar para dentro dos buracos, bem como quais as peças que nos dão multiplicadores de pontos ou simplesmente pontos extra se as encaixarmos primeiro. O nível termina quando encaixarmos em qualquer buraco todas as peças alvo, ou caso fiquemos sem movimentos disponíveis.

O objectivo é o de empurrar todas as peças iguais à assinalada no topo do ecrã para os buracos circulares. À direita vemos, entre outras informações, o número de peças que podemos empurrar para os buracos para resolver o puzzle (ou obter mais pontos)

Mas há mais a ter em conta. Peças como os peixes magrinhos se forem encaixadas num buraco é um game over instantâneo, as peças com um porquinho dão-nos vidas extra e as com frutas simplesmente nos dão mais pontos. Os controlos são simples, os botões A e B servem para empurrar blocos na direcção pretendida, a diferença entre eles é que um faz com que os blocos se arrastem um espaço de cada vez, o outro empurra-os até embaterem nalguma parede. Start pausa, select reinicia o nível e claro, o direccional permite-nos controlar a personagem de um lado para o outro. De resto convém também mencionar que podemos atravessar os buracos livremente e em certos níveis é mesmo necessário que o façamos. Existem também algumas combinações especiais de blocos que podemos tentar encaixar em sequência para obter mais pontos, mas aí já é mesmo preciso conhecer bem as peças de mahjong. Para mim, completar o mínimo pretendido (encaixar todos os blocos alvo) já foi um desafio considerável.

Para além do limite de peças que podemos encaixar, temos de nos preocupar em não encaixar aquelas peças com um peixe azul, pois dão logo direito a game over

No que diz respeito aos gráficos, bom este é um jogo de puzzle com peças de mahjong pelo que não esperem por visuais super detalhados. O porquinho está bem detalhado e animado no entanto! Entre níveis vamos tendo sempre uma rapariga bonita que nos vai dando mensagens de motivação e/ou passwords, sendo que nos últimos níveis em vez das raparigas temos imagens de um homem que parece ser o boss final (para além de não haverem passwords nesses últimos níveis). As músicas são bastante agradáveis, no entanto!

Entre níveis vamos tendo sempre um ecrã com uma menina bonita que nos encoraja ou nos dá passwords. A excepção está no conjunto de níveis final.

Portanto este é um jogo de puzzle que irá agradar a quem gostar de títulos como o Sokoban, até porque tem mais de uma centena de níveis para explorar (100 + 40 secretos). Apesar de ser baseado em peças de mahjong não é necessário grandes conhecimentos nesse jogo, a menos que queiram mesmo tirar partido das possibilidades de aumentar a pontuação ao encaixar certas combinações de blocos. É também um jogo inteiramente em japonês e que seja do meu conhecimento ainda não existe qualquer patch de tradução, mas sinceramente também não acho que seja necessário.

Saiyuuki World (Nintendo Entertainment System)

Pela capa nunca daria para adivinhar mas esta é mais uma das muitas adaptações de jogos da série Wonder Boy lançadas para sistemas concorrentes ao da Sega. Enquanto que a Sega era detentora dos direitos do nome e personagens principais, o código em si sempre pertenceu à Escape/Westone e é por esse motivo que várias adaptações foram lançadas para sistemas concorrentes aos da Sega, sendo Adventure Island o caso mais conhecido. Este jogo em particular é uma adaptação do Wonder Boy in Monster Land, cuja versão Master System já cá trouxe no passado, pelo que este artigo será então mais uma rapidinha. O meu exemplar foi comprado em Janeiro num lote de vários jogos Famicom na loja Mr. Zombie.

Jogo com caixa, manual e papelada.

Ao contrário do Bikkuriman World (a adaptação da Hudson deste jogo na PC Engine), onde apenas trocaram o nome do jogo, personagens principais e naturalmente a sua história, esta versão Famicom da Jaleco acaba por ir mais longe. Isto porque o jogo é baseado num dos romances chineses mais famosos de sempre, a Jornada ao Oeste, que influenciou grandemente nomes como… sei lá… Dragon Ball. Então para além de terem trocado a aparência da personagem principal, os bosses, NPCs com os quais interagimos e a história, os próprios cenários foram também alterados para melhor representarem a China antiga.

Apesar de ser um exclusivo japonês, felizmente existe uma tradução feita por fãs

A própria estrutura dos níveis mudou um pouco face ao lançamento original mas de resto todas as suas mecânicas de jogo estão intactas, excepto o tempo limite que temos para concluir cada nível, que aqui não existe. Então este é ainda um jogo de plataformas com alguns elementos muito ligeiros de RPG na medida que poderemos visitar lojas e com o dinheiro amealhado com o combate poderemos comprar diferente equipamento como armaduras, escudos ou botas (as armas são-nos dadas como recompensa ao derrotar os bosses), assim como várias magias que poderemos também usar. Apesar de ser um jogo dividido ainda em níveis e não num mundo mais aberto como no Wonder Boy III The Dragon’s Trap, a exploração continua a ser encorajada pois poderemos encontrar portas secretas que nos levam a outras lojas ou mesmo bosses opcionais.

Visualmente o jogo foi também bastante modificado para melhor representar a China antiga

A nível audiovisual este até que é um jogo competente tendo em conta as limitações impostas pelo hardware da máquina de 8bit da Nintendo. Apesar de as cores terem sofrido um forte impacto, os níveis vão tendo cenários bem variados entre si e com um bom nível de detalhe também. As músicas são também diferentes da versão original, tendo agora temas com uma influência mais oriental e que se adequam bem ao contexto do jogo.

Tal como no original este é um jogo de plataformas com elementos muito ligeiros de RPG, onde poderemos adquirir diferentes equipamento e magias com o dinheiro que vamos juntando

Portanto este é, a meu ver, uma boa conversão do Wonder Boy in Monster Land. Apesar de visualmente ser menos apelativa, o facto de decorrer num contexto completamente diferente acaba também por ser um dos seus pontos fortes. A série Wonder Boy e todas as suas variantes sempre a tornaram algo confusa de documentar, mas devo dizer que achei este Saiyuuki World uma boa surpresa. A Jaleco lançou mais tarde um Saiyuuki World 2, mas esse já nada tem a ver com Wonder Boy. É inspirado no entanto pelos Mega Man e também ao contrário deste primeiro jogo, esse acabou por receber uma versão norte americana chamada de Whomp ‘Em.

Exerion (Sega SG-1000)

Fechando a trilogia de títulos que arranjei recentemente para a SG-1000, vamos ficar agora com mas uma rapidinha, mais um shmup e novamente uma conversão arcade. Exerion, tendo sido desenvolvido originalmente pela Jaleco e lançado nas arcades em 1983, primava principalmente pelos seus visuais muito originais e algo arrojados para a época. Infelizmente a transição para a SG-1000 não é de todo a melhor, como iremos ver em seguida.

Jogo com caixa, manual oficial em inglês e outro não oficial em francês, adicionado pelo distribuidor desse país.

E vou começar precisamente por comentar os visuais, mas começando pela versão original arcade. Esta é um shmup onde a câmara está posicionada nas traseiras da nave e o jogo possui uns efeitos gráficos interessantes que lhe davam uma certa sensação de profundidade. Mas ao contrário de Space Harrier ou After Burner, lançados anos mais tarde e que utilizavam a tecnologia super scaler, aqui esse efeito de profundidade é atingido pela forma como a superfície é renderizada com efeitos de scrolling muito interessantes. Basicamente imaginem um cilindro gigante que vai rodando e a paisagem, como montanhas, florestas ou edifícios vão surgindo no horizonte e aproximando-se. Mover a nave para cima ou para baixo também muda ligeiramente a perspectiva, o que também contribui para a tal sensação de profundidade. Ora infelizmente a SG-1000 é um sistema muito limitado, tanto na resolução, tamanho de sprites, limites de cores e scrolling, algo que o hardware não suporta nativamente. Portanto esse efeito gráfico, apesar de notável tendo em conta as limitações do sistema, fica muito aquém do original, assim como o detalhe nos cenários e cores. As naves possuem sprites com muito menos detalhe, cor e animações e alguns dos cenários (particularmente aquele onde vamos ver uma série de estátuas da ilha da Páscoa) também ficaram simplesmente maus. Mas reafirmo, tendo em conta as limitações da plataforma, já foi um pequeno milagre o que fizeram aqui. A nível de som é um jogo francamente mau, sem música e com todos aqueles bips e bops bastante estridentes e que nos fazem logo querer baixar o volume.

Infelizmente as sprites dos inimigos são muito mais simplificadas que no lançamento original

Mas vamos então para a jogabilidade, pois esta é bastante simples. O d-pad movimenta a nave pelo ecrã como é suposto e ambos os botões faciais servem para disparar. O botão 1 dispara um projéctil de cada vez mas tem rapid-fire, pelo que podemos deixar o dedo pressionado no botão para disparar rapidamente. O botão 2 dispara dois projécteis em simultâneo, mas sem rapid fire e não podemos disparar muitos projécteis consecutivamente. À direita temos de estar especialmente atentos ao charge, que representam energia para o rapid fire. Sempre que o usamos, essas munições são rapidamente gastas, a menos que acertemos nalgum inimigo. Por outro lado, o método de disparo normal não gasta energia e a mesma vai sendo recarregada de cada vez que acertamos nalgum inimigo, pelo que teremos de usar ambos os métodos de combate de forma algo inteligente. E sim, como é habitual em jogos arcade desta época, este Exerion não tem fim. A dificuldade vai aumentando gradualmente e o objectivo é o de fazer a melhor pontuação possível.

E pronto, Exerion é um shmup que possui algumas ideias engraçadas, como os seus visuais arrojados, com efeitos pseudo-3D que eram incríveis para os padrões de 1983. No entanto esta adaptação para a SG-1000 deixa muito a desejar nesse campo, apesar de ter sido um esforço notável em tentar replicar o original. A jogabilidade é simples e parece-me estar fielmente representada perante o original arcade.

Robowarrior (Nintendo Entertainment System)

Voltando à NES, o jogo que cá trago hoje é um interessante jogo de acção publicado pela Jaleco, mas desenvolvido pela Hudson. E a mãozinha da Hudson é bem notória pois à primeira vista este jogo parece muito inspirado pelos Bomberman, até porque temos de atravessar níveis repletos de obstáculos que têm de ser destruidos ao plantar bombas, mas na verdade é muito mais que isso. O meu exemplar foi comprado algures no mês de Maio numa Cash Converters, creio que por 6€.

Apenas cartucho

O jogo decorre no futuro e a história envolve algo como aliens que invadem um planeta colonizado por humanos, e a nossa única defesa é lançar um Robo Warrior para combater essa ameaça, até porque o planeta terra está inabitável e a colónia também não ficou em muito bom estado após os aliens terem destruído uma central que controlava o seu clima.

Logo no primeiro nível vemos que temos muito para destruir até encontrar uma saída

Como referi algures acima, o jogo possui algumas similaridades com a série Bomberman, até porque teremos de plantar bombas e rebentar com partes do cenário para desbravar caminho. Mas ao contrário da mascote da Hudson, que pode plantar um número ilimitado de bombas, aqui temos um número limitado das mesmas, pelo que deveremos estar atentos aos itens que os inimigos vão largando para repor o nosso stock. Para além das bombas, o cyborg também pode disparar uma arma com munição ilimitada, mas esta serve apenas para combater os inimigos, não para destruir os blocos destrutíveis do cenário. Já lá vamos para o resto dos power ups!

Entretanto, o objectivo de cada nível é o de encontrar a sua saída, sendo que para isso teremos de abrir caminho com bombas e, no meio de muitos itens e power ups que podemos encontrar, um deles é uma chave que destranca a saída do nível em questão. Para além disso poderemos encontrar várias passagens para salas secretas repletas de power ups, ou cavernas escuras cheias de inimigos e muitos power ups também. De resto, o cyborg precisa de energia para se movimentar, pelo que a nossa barra de vida vai decrescendo com o tempo, para além diminuir com o dano que recebemos. Os power ups que vamos encontrando podem ser pilhas que nos restabelecem parte da nossa vida, ou mesmo energy tanks que podem ser armazenados no sistema de inventário e nos restauram a nossa vida por completo quando os seleccionarmos. Outros itens e/ou power ups que podemos encontrar consistem em upgrades para a nossa arma, escudos que nos dão invencibilidade temporária ou pontos extra. Outros itens que podem ser armazenados em inventário e seleccionados quando nos der jeito, consistem em velas ou lanternas que iluminam as cavernas escuras, botas que nos deixam andar mais rápido, bóias que nos deixam andar sobre a água, mísseis e super bombas que causam bem mais destruição que as bombas e armas normais.

O problema é que ao fim de algum tempo as coisas começam a ficar repetitivas

Graficamente é um jogo competente, dado às limitações de hardware da NES. Os níveis em si possuem detalhe quanto baste, mas os inimigos parecem-me mais bem diversificados e detalhados. As músicas, bom, não há muitas e durante os níveis “principais” vamos ouvindo sempre as mesmas duas músicas vezes sem conta. Felizmente que são boa músicas e com melodias viciantes que rapidamente nos ficam na memória. Fora estas músicas, temos mais algumas que tocam apenas no confronto contra bosses ou quando exploramos uma sala bónus ou caverna. Um outro detalhe que achei interessante é o de quando estamos com pouca vida, a música pára por completo, sendo substituída por um ruído alarmante que nos e que recorda que estamos prestes a morrer. Assim que recuperarmos vida suficiente ao recorrer a algum power up, a música volta a tocar a partir do mesmo segundo em que tinha sido interrompida antes.

Alguns dos bosses deste jogo até que estão muito bem detalhados

Portanto este Robo Warrior até que se revelou um jogo interessante, com diferentes mecânicas de jogo, itens e power ups que poderemos encontrar. O maior problema é que temos 27 níveis pela frente com muita coisa para destruir, inimigos em respawn constante, pelo que as coisas acabam por ficar um bocado repetitivas ao fim de alguns níveis.

Goal! (Nintendo Entertainment System)

A rapidinha de hoje leva-nos de volta à NES para mais um jogo de desporto que infelizmente não resistiu lá muito bem ao teste do tempo. O jogo que cá trago hoje é o Goal! da Jaleco, lançado para a NES algures em 1989, com algumas sequelas lançadas também na Gameboy e SNES, uns anos depois. O meu exemplar veio de uma feira de velharias que fui no mês passado aqui no Porto e custou-me 7.5€.

Apenas cartucho

O jogo dispõe de vários modos de jogo, desde o tradicional versus que nos coloca a jogar partidas amigáveis em multiplayer, bem como o modo campeonato do mundo, onde dispomos de 16 selecções nacionais que poderemos escolher representar. Naturalmente que Portugal não está aqui representado. Este modo Campeonato do Mundo tem duas fases de grupos e só depois a semifinal e final. Temos também o modo torneio onde podem entrar 8 equipas e é jogado por eliminatórias. Para além disso temos um outro modo de jogo que achei original. Intitulado de “Shoot Competition”, é um modo de jogo onde temos vários desafios de, a partir de um lance de bola parada, marcar golo. Se a defesa interceptar a bola o desafio está perdido. Achei um modo de jogo bastante curioso!

A perspectiva é muito estranha e não ajuda nada na movimentação dos jogadores

Mas isto era tudo muito bonito se a jogabilidade fosse boa. Em primeiro lugar vamos para a perspectiva que é vista de cima, mas oblíqua. Não é uma perspectiva isométrica, como nos primeiros FIFAs, mas mesmo oblíqua, o que não ajuda nada para as deslocações com o D-Pad, onde só nos conseguimos mover em 8 direcções fíxas. Depois o jogo é lento, cheio de problemas de framerate e a inteligência articial deixa muito a desejar. É pena, pois para um jogo lançado originalmente no Japão em 1988, até parece ter bastante conteúdo para o que se via na altura.

Ao menos quando alguém marca um golo vemos uma bonita animação de um jogador a festejar

As músicas são toleráveis, e vão tocando ao longo das partidas. Os gráficos já não gosto tanto, principalmente pela perspectiva estranha já mencionada acima. No entanto o jogo possui algumas animações interessantes, nas pequenas cutscenes que acontecem quando alguém marca um golo, ou quando o árbitro tem de intervir na partida. De resto é um jogo que tenta fazer o melhor possível face às limitações de hardware. No fim de contas, se a perspectiva usada fosse mais convencional e a jogabilidade um pouco mais polida, creio que poderíamos estar aqui com um jogo de futebol de peso para a NES. Assim sendo, prefiro antes divertir-me no irrealista Nintendo World Cup.