Pela capa nunca daria para adivinhar mas esta é mais uma das muitas adaptações de jogos da série Wonder Boy lançadas para sistemas concorrentes ao da Sega. Enquanto que a Sega era detentora dos direitos do nome e personagens principais, o código em si sempre pertenceu à Escape/Westone e é por esse motivo que várias adaptações foram lançadas para sistemas concorrentes aos da Sega, sendo Adventure Island o caso mais conhecido. Este jogo em particular é uma adaptação do Wonder Boy in Monster Land, cuja versão Master System já cá trouxe no passado, pelo que este artigo será então mais uma rapidinha. O meu exemplar foi comprado em Janeiro num lote de vários jogos Famicom na loja Mr. Zombie.
Ao contrário do Bikkuriman World (a adaptação da Hudson deste jogo na PC Engine), onde apenas trocaram o nome do jogo, personagens principais e naturalmente a sua história, esta versão Famicom da Jaleco acaba por ir mais longe. Isto porque o jogo é baseado num dos romances chineses mais famosos de sempre, a Jornada ao Oeste, que influenciou grandemente nomes como… sei lá… Dragon Ball. Então para além de terem trocado a aparência da personagem principal, os bosses, NPCs com os quais interagimos e a história, os próprios cenários foram também alterados para melhor representarem a China antiga.
A própria estrutura dos níveis mudou um pouco face ao lançamento original mas de resto todas as suas mecânicas de jogo estão intactas, excepto o tempo limite que temos para concluir cada nível, que aqui não existe. Então este é ainda um jogo de plataformas com alguns elementos muito ligeiros de RPG na medida que poderemos visitar lojas e com o dinheiro amealhado com o combate poderemos comprar diferente equipamento como armaduras, escudos ou botas (as armas são-nos dadas como recompensa ao derrotar os bosses), assim como várias magias que poderemos também usar. Apesar de ser um jogo dividido ainda em níveis e não num mundo mais aberto como no Wonder Boy III The Dragon’s Trap, a exploração continua a ser encorajada pois poderemos encontrar portas secretas que nos levam a outras lojas ou mesmo bosses opcionais.
A nível audiovisual este até que é um jogo competente tendo em conta as limitações impostas pelo hardware da máquina de 8bit da Nintendo. Apesar de as cores terem sofrido um forte impacto, os níveis vão tendo cenários bem variados entre si e com um bom nível de detalhe também. As músicas são também diferentes da versão original, tendo agora temas com uma influência mais oriental e que se adequam bem ao contexto do jogo.

Portanto este é, a meu ver, uma boa conversão do Wonder Boy in Monster Land. Apesar de visualmente ser menos apelativa, o facto de decorrer num contexto completamente diferente acaba também por ser um dos seus pontos fortes. A série Wonder Boy e todas as suas variantes sempre a tornaram algo confusa de documentar, mas devo dizer que achei este Saiyuuki World uma boa surpresa. A Jaleco lançou mais tarde um Saiyuuki World 2, mas esse já nada tem a ver com Wonder Boy. É inspirado no entanto pelos Mega Man e também ao contrário deste primeiro jogo, esse acabou por receber uma versão norte americana chamada de Whomp ‘Em.