Daikatana (Nintendo Gameboy Color)

Vamos voltar à portátil Gameboy Color da Nintendo para mais uma rapidinha, agora para a conversão do Daikatana para este modesto sistema. Depois de ter jogado o original do PC, bem como a sua conversão para a Nintendo 64, chegou agora a vez desta versão que é, naturalmente, muito diferente do first person shooter (com uns leves influências de RPG). O meu exemplar foi comprado algures em Fevereiro de 2017 numa loja do Porto, creio que me custou uns 5€.

A nível da história, esta é bastante semelhante à do jogo original, embora hajam algumas diferenças aqui e ali, pelo que não vale a pena estar a repetir-me. A jogabilidade é que é bastante diferente, sendo agora próxima de um action RPG ou um jogo de aventura algo à imagem de Zelda. Os controlos são simples, com um botão para saltar e o outro para atacar ou interagir com objectos, pois ocasionalmente teremos também alguns puzzles para resolver. O botão select leva-nos para um ecrã de inventário, onde poderemos equipar as diferentes armas que vamos encontrando, já o start permite-nos gravar o progresso do jogo. Tal como a versão de Nintendo 64, vamos poder carregar todas as armas que encontramos para os diferentes períodos temporais, embora, naturalmente, só vamos encontrar munições para as armas do período temporal actual. De resto poderemos também encontrar alguns comprimidos gigantes que nos recuperam a barra de vida (mesmo na grécia antiga, a medicina era super avançada) ou armaduras que nos dão “armor points” que por sua vez vão diminuindo com o dano que vamos recebendo. Tal como nos FPS!

A história é essencialmente a mesma da versão original, embora acrescente alguns pontos, como o dojo de Hiro ter alunos no início do jogo

As influências de RPG são muito modestas, pois aqui não ganhamos pontos de experiência, nem temos nada para evoluir com o tempo. Os nossos pontos de vida vão sendo extendidos no entanto, à medida que vamos derrotando alguns bosses. Já os NPCs Superfly e Mikiko marcam uma vez mais a sua presença nesta versão, e aqui até os iremos poder controlar ocasionalmente. Não temos controlo nenhum disso, em certos pontos chave da história o controlo simplesmente transita do Hiro para o Superfly ou Mikiko e depois regressa ao herói principal. Nenhuma destas personagens acrescenta alguma coisa à história, todos partilham do mesmo inventário e barra de vida, se bem que algumas armas não podem ser usadas quer por Superfly, ou Mikiko, o que por vezes nos pode trazer alguns problemas. De resto, e como já referi acima, ocasionalmente teremos alguns puzzles de exploração para resolver também.

Tal como na versão Nintendo 64, podemos carregar e usar as armas dos capítulos anteriores, mas apenas iremos encontrar munições para as armas do capítulo actual

A nível audiovisual estamos perante um jogo bastante simples, mas funcional. As músicas não são muitas, mas confesso que até gostei de ouvir as interpretações 8bit desses temas. A decisão em tornar esta versão um ligeiro action RPG foi muito bem pensada tendo em conta as limitações do sistema. Graficamente é um jogo simples, mas com cenários algo variados e coloridos. Portanto, esta versão do Daikatana, apesar de não ser um jogo fantástico (e ser bastante curto também), acaba por ser surpreendentemente divertida e sem dúvida aquela versão que, a meu ver, melhor resistiu ao teste do tempo, sem intervenção de terceiros.

Daikatana (Nintendo 64)

Depois de ter jogado a versão original deste jogo no PC e ter entendido a razão pela qual o mesmo recebeu muitas críticas quando foi lançado em 2000 (apesar do community patch 1.3 suavizar muitos dos seus defeitos), as minhas expectativas estavam muito baixas para a sua conversão da Nintendo 64. Até porque a mesma foi desenvolvida pela Kemco, um estúdio japonês, que poucas expectativas nos dava visto que o género dos first person shooters não ser propriamente o seu forte. E esta conversão é de facto muito simplificada em relação à obra original, mas também acaba por atenuar muitos dos seus defeitos dessa forma. O meu exemplar foi comprado há já muitos anos atrás, creio que em 2014 ou 2013 a um particular através do facebook. Custou-me na altura uns 15€, foi o primeiro jogo de Nintendo 64 em caixa que comprei.

Jogo com caixa

Ora a primeira coisa em que este Daikatana perde em relação à versão original é precisamente nos seus controlos, pelo que acabei posteriormente por o jogar em emulação. O sistema de controlo não é assim tão mau quanto isso, com o analógico a controlar a câmara, os botões C a controlar o movimento, o trigger do Z a servir para disparar e os restantes botões para outras funções mais secundárias, como o botão de acção, saltar, agachar ou trocar de armas. E se não fosse o facto do analógico e os botões C estarem trocados tendo em conta o esquema de controlo mais habitual em sistemas modernos, até conseguiria ter aguentado jogar mais na Nintendo 64 ao invés da emulação. Mas de resto, tirando o facto dos audiovisuais serem muito inferiores, esta conversão até me surpreendeu pela positiva.

Graficamente é uma versão mais modesta, mas confesso que estava à espera de pior

O primeiro ponto positivo é o facto de nesta versão não termos de nos preocupar com os NPCs. Enquanto a Mikiko e o Superfly vão sendo parte integral da história à medida que avançamos no jogo, eles aparecem apenas nas cutscenes e não no jogo em si, pelo que não temos de nos preocupar com os NPCs. Só isso já retira cerca de 90% das frustrações da versão PC! De resto, apesar do jogo decorrer na mesma ao longo dos 4 períodos temporais, aqui os níveis existem em menor número e são bem mais simplificados que na versão PC, tornando o jogo mais curto. Um outro detalhe interessante é o facto de não perdemos as armas de um certo período temporal quando o abandonamos e seguimos para o seguinte. Isso não acontecia no PC, mas aqui retemos essas armas na mesma. No entanto, nunca poderemos vir a encontrar mais munições para as armas fora do seu período temporal, pelo que estas poderão ficar a empatar num inventário cada vez maior. Um outro detalhe diferente da versão PC são as pequenas mecânicas de RPG. À medida que vamos matando inimigos ganhamos pontos de experiência que, ao subir de nível, nos deixariam escolher evoluir um de vários stats, como o poder de ataque, velocidade, ou barra de vida. Aqui os pontos de experiência estão também presentes, mas ao subir de nível é o próprio jogo que nos evolui os stats automaticamente.

Aqui também ganhamos pontos de experiência, mas os stats são evoluidos automaticamente ao subir de nível

A nível audiovisual, bem, é um jogo que me desperta sentimentos algo mistos. Por um lado é verdade que muitos dos cenários possuem o habitual nevoeiro e/ou texturas de baixa resolução como é habitual na Nintendo 64, mas por outro acho que graficamente, no geral, o jogo até que ficou bem mais competente do que eu estaria à espera. Ainda a nível gráfico, este é também um dos jogos que tira partido do Expansion Pak, ao apresentar visuais numa maior resolução (embora com um frame rate inferior). Já no que diz respeito ao som, nada de especial a apontar aos efeitos sonoros. As músicas infelizmente não têm a mesma qualidade da banda sonora da versão original, bem como a banda sonora em si traz muito menos músicas nesta versão. Mas o que me incomoda mais são sem dúvida as cutscenes com a história. Não existe qualquer voice acting, pelo que as cutscenes são apenas animações simples, acompanhadas de legendas e tipicamente uma música bastante monótona, sem qualquer efeito sonoro. São bastante aborrecidas nesta versão, portanto!

As cutscenes com músicas lamechas, animações simples e sem qualquer efeito sonoro é que são grande seca!

Portanto este Daikatana da Nintendo 64, sinceramente, até que nem é um mau FPS de todo. É verdade que é uma versão muito simplificada do original PC, tanto a nível técnico, como mesmo na jogabilidade. Mas a verdade é que a simplificação forçada de algumas mecânicas de jogo como a falta dos NPCs tornam esta versão muito menos frustrante que a original! De resto sobra-me experimentar a versão Gameboy Color que sinceramente parece-me bastante interessante. Será algo que vou começar muito em breve!

Daikatana (PC)

Antes de Duke Nukem Forever se ter tornado um título ainda mais polémico, havia um outro first person shooter que teve um desenvolvimento notoriamente conturbado, constantes atrasos e no final uma recepção pelo público tudo menos calorosa. Claro que estou a referir-me ao Daikatana, o primeiro videojogo desenvolvido por John Romero (e não só) após a sua saída da id Software. Mas serão as críticas fundamentadas? Claro que sim, mas já lá vamos. O meu exemplar físico foi comprado numa CEX algures no mês passado por 1.5€, sendo uma reedição muito feia e que certamente a irei substituir se um dia me aparecer uma edição big box. No entanto já tinha também o jogo no steam há imenso tempo e foi essa a versão que joguei. Na verdade, ainda lhe apliquei o “patch 1.3”, desenvolvido pela comunidade e que torna o jogo realmente bem mais jogável.

Jogo com caixa na sua edição “Sold Out”

Daikatana leva-nos inicialmente ao ano de 2455 e a encarnar em Hiro Miyamoto, um mestre em Kenjutstu e que se vê “convencido” a infiltrar a base de Kage Mishima, um tirano que governa o planeta, para resgatar a jovem Mikiko Ebihara e também a mítica espada Daikatana, criada por um antecessor de Hiro há muitos séculos atrás, e que também possui poderes mágicos que levaram a Mishima ser o tirano que acabou por se tornar. E inicialmente lá andamos a visitar bases científicas/militares de Mishima, sempre com um setting futurista, mas eventualmente vamos também ter de visitar outros períodos temporais, como a Grécia antiga, a idade média europeia, mas também San Francisco num futuro próximo, em 2030. Cada um destes períodos temporais possui naturalmente arquitecturas de níveis completamente distintas, mas também diferentes inimigos e armas. E para um jogo que começou o seu desenvolvimento em 1996/1997, era de facto um projecto ambicioso.

Os primeiros níveis, com as suas tonalidades escuras são um pouco aborrecidos e os inimigos acabam por ser mais difíceis de detectar

Para além de um grande arsenal de armas diferentes a usar, consoante a época onde jogamos, Daikatana incorporou também algumas mecânicas ligeiras de RPG, com Hiro a ganhar pontos de experiência com cada inimigo derrotado e sempre que subimos de nível temos a possibilidade de melhorar um de 5 stats diferentes (até um máximo de 5 pontos em cada) com o poder de fogo, velocidade, ou a barra de vida serem alguns dos exemplos. Outra das características deste Daikatana é o sistema de NPCs que nos vão acompanhando na maior parte do jogo (Superfly e Mikiko). Estes são NPCs algo autónomos que possuem a sua própria barra de vida e armadura e que poderemos também interagir com os mesmos, ao comandá-los para nos seguirem ou ficarem quietos, mas também indicar-lhes para apanharem armas ou medkits para melhor nos auxiliarem nos combates ou pura e simplesmente se curarem. Até aqui tudo bem, é só boas ideias, mas infelizmente a execução está longe de ter ficado perfeita. Nas versões sem qualquer patch da comunidade, a inteligência artificial destes NPCs é um autêntico desastre, principalmente a da Mikiko. Eles quando combatem vão sempre all-in, mesmo que não tenham armas tentam dar socos em inimigos super poderosos e morrem rapidamente. Ficarem presos em paredes, portas, ou mesmo cairem em abismos são coisas bastante comuns também. Caso um deles morra é game over, e o jogo obriga-nos a ter os NPCs connosco na transição de níveis, onde muitas vezes teremos de fazer imenso backtracking para os procurar e tentar guiá-los da melhor forma, o que é bastante frustrante.

Gostei da variedade de cenários, armas e inimigos (principalmente a partir do segundo episódio)

E o que dizer do sistema de saves? Na versão original apenas poderíamos gravar o nosso progresso no jogo após encontrar um save crystal, sendo que existem muito poucos desses cristais espalhados pelos níveis. Ora isto aliado à inteligência artificial terrível dos NPCs, tornaria a experiência ainda mais frustrante! Logo no primeiro patch oficial (versão 1.1) a Ion Storm incluiu uma opção que pode ser activada de forma a permitir gravar o progresso livremente. Mas o problema com a IA dos companheiros permaneceu. E é aí que entra o tal patch 1.3 feito pelos fãs, onde temos algumas melhorias meramente técnicas como o suporte a resoluções widescreen e texturas HD, mas também muito trabalho foi feito a melhorar a IA não só dos companheiros, mas também de alguns inimigos. Ainda está longe de perfeito, mas adicionaram também comandos na consola que podemos usar para teleportar os NPCs para a saída do nível ou para junto de nós, ou melhor que isso, podemos desabilitar os NPCs de todo. A sua resiliência também foi melhorada, sendo os NPCs invencíveis na dificuldade easy, mas também com mais vida na dificuldade normal. Ainda assim, tendo em conta que muitos dos níveis são complexos, a certa altura cansei-me de estar a fazer constante babysitting dos NPCs e backtracking para os procurar, pelo que acabei mesmo por os desabilitar e o jogo tornou-se bem mais atractivo.

Ocasionalmente temos alguns bosses para defrontar, como é o caso da Medusa e o seu olhar petrificante

Visualmente é um jogo interessante pelo seu conceito e pelo facto de visitarmos diferentes épocas, cada qual com o seu tipo de estruturas, inimigos e armas completamente distintas entre si. Ainda assim é um jogo que utiliza o motor gráfico do Quake II, que apesar de ter sido um jogo visualmente impressionante em 1997, já estava bastante datado em 2000, ano em que o Daikatana saiu finalmente para o mercado. Esperem portanto por gráficos ainda muito “quadrados”, tanto na geometria dos níveis, como no design das personagens e inimigos. Ainda assim, o jogo apresenta níveis bastante diversificados entre si e com um design bastante complexo e labiríntico até, o que só é mau pela estupidez dos NPCs que nos seguem. O primeiro episódio, o tal que se passa no futuro de 2455 acaba por ser talvez o menos interessante, principalmente os primeiros níveis que abusam dos tons verdes, castanhos e cinzentos, cores essas partilhadas por vários dos inimigos, o que dificulta a sua detecção. E a primeira arma que encontramos, um ion blaster cujos projécteis reflectem-se nas superfícies, pode tornar alguns desses confrontos ainda mais frustrantes pois acabamos por sofrer ainda mais dano no processo. De resto, a nivel de som, nada de especial a apontar. Existe algum voice acting que é minimamente competente (embora pessoalmente não tenha gostado nada da voz da Mikiko) e a banda sonora é bastante diversificada e agradável. As músicas do primeiro episódio focam-se um pouco mais em música electrónica com melodias mais orientais, já as do segundo e terceiro episódios são mais acústicas, ambientais ou até algo orquestrais. As do último episódio são músicas bem mais rock, o que me agrada mais.

Uma das armas que podemos vir a usar é a tal Daikatana!

Portanto este Daikatana é um jogo que, apesar de ter sido bastante ambicioso para a época em que foi anunciado, os problemas no seu desenvolvimento ficaram evidentes, particularmente a questão da inteligência artificial dos NPCs que é um desastre e evidencia muita falta de controlo de qualidade. Algumas decisões de design também não foram as melhores (como a questão dos saves limitados) mas graças aos patches (oficiais e não oficiais) algumas dessas limitações foram resolvidas, melhoradas ou foram apresentados workarounds que nos permitam dar a volta (a possibilidade de desactivar os NPCs foi sem dúvida a mais benvinda!). Tendo em conta que o patch 1.3 da comunidade também melhora a experiência em correr o Daikatana em sistemas modernos, porque não dar-lhe uma chance? Para além da versão PC, o Daikatana recebeu também uma conversão para a Nintendo 64, que planeio jogar em breve, mas não prometo que a consiga terminar. Existe também uma versão para Gameboy Color que é muito diferente, parece-me bastante interessante até, e essa sim, planeio jogar com convicção!

Deus Ex Invisible War (PC)

Tempo agora de trazer uma análise à primeira sequela de um jogo de culto, o Deus Ex. O primeiro jogo ficou conhecido pela sua jogabilidade que misturava a acção de um first-person-shooter com a liberdade de escolhas dos RPGs ocidentais, oferecendo ao jogador diversas maneiras diferentes de abordar o mesmo problema, bem como uma árvore de evolução da personagem, onde podemos escolher as skills que melhor nos convém à nossa maneira de jogar. Tudo isto em conjunto com uma história complexa, com um background rico em “lore” e que atende a questões cada vez mais contemporâneas sobre a liberdade humana na era digital. A minha cópia deste jogo faz parte da compilação Deus Ex Complete que inclui também o primeiro Deus Ex e custou-me uma bagatela na Amazon UK.

Deus Ex Complete PC
Deus Ex Complete para PC. É uma idiotice o jogo vir numa caixa tão grossa quando o manual está em pdf…

No primeiro jogo, existiam 3 distintos finais que poderíamos obter, mediante umas escolhas finais que poderíamos optar. Sendo que este Invisible War decorre 20 anos após os acontecimentos do jogo anterior, muitos estariam curiosos sobre qual o final que foi utilizado. Atenção aos spoilers agora, mas a resposta é que o que realmente aconteceu foi uma mescla dos 3 finais possíveis. JC Denton fundiu-se com a inteligência artificial Helios de forma a controlar todas as comunicações mundiais e garantir que a sociedade humana fosse justa e igualitária. As coisas não correram tão bem assim e o mundo entrou no chamado “The Collapse”, onde a sociedade se viu numa grande depressão económica e repleta de conflitos, o que permitiu que várias organizações distintas surgissem e detivessem uma grande parte do poder. O jogo coloca-nos no papel do(a) Alex D(enton), um(a) aluno(a) da Academia Tarsis, com vários implantes nano tecnológicos, capazes de lhe conferir capacidades sobre-humanas. O jogo decorre num período em que várias dessas organizações se encontram em conflitos por motivos políticos/económicos/sociais, onde uma organização terrorista destrói a cidade de Chicago, aparentemente com o intuito de destruir as instalações locais da Tarsus Academy. Com Alex D e alguns companheiros a serem transferidos para as instalações de Seattle, são depois atacados pela organização religiosa “The Order”, que tenta colocar a descoberto as verdadeiras intenções da Tarsus Academy. Após esse ataque a verdadeira aventura de Alex D começa. Largado às portas de Seattle, Alex D vai começando a interagir com a população e algumas das facções envolvidas nos conflitos, descobrindo várias conspirações por detrás das mesmas facções e de outras ainda secretas, bem como o paradeiro dos irmãos Denton originais.

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Os Omar são cyborgs que se especializam em comério ilegal

Tal como o jogo anterior, este Deus Ex tem uma progressão não linear, com o jogador a ter a liberdade de cumprir várias quests pela ordem que bem entender, e utilizando a estratégia que melhor se adequar ao seu estilo de jogo. É para infiltrar um edifício? Porque não subornar o porteiro? Ou utilizar as condutas de ventilação? Ou então deixarmo-nos de mariquices e entrar à Rambo? A maneira como concluímos algumas das quests influencia as relações que temos com algumas facções, mas infelizmente mais uma vez isto pouco interessa para os 4 diferentes finais que poderemos obter. Independentemente das nossas escolhas anteriormente, a forma como abordamos o último nível é que decide qual o final que iremos obter.

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O inventário tem agora este aspecto

Este Invisible War acabou por ser algo criticado pelos fãs por ter sido algo streamlined em relação à versão PC do jogo anterior. Os menus e o inventário ficaram bem mais simples, assim como várias das tarefas que fazemos habitualmente, como o hacking de computadores/ATMs ou o bypassing de equipamentos electrónicos. O sistema de skills também foi simplificado, estando apenas representado pelos biomods que podemos instalar. Temos algumas categorias base, como biomods para as pernas, tronco, crânio, entre outros. Para cada categoria podemos optar entre 2 biomods legais e um outro “black market“, com habilidades mais “agressivas”. Outro aspecto que a meu ver foi demasiado simplificado são as munições. Todas as armas de fogo, sejam simples pistolas como shotguns ou lança chamas, utilizam o mesmo tipo de munições, que não se encontram em muita abundância, forçando o jogador a ser mais cuidadoso nos combates de fogo. Armas melee e não letais também estão disponíveis, mas desta vez não existe qualquer recompensa ao jogador para se desenvencilhar sem limpar o sebo a ninguém.

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Este é o ecrã de selecção de biomods

Graficamente é um jogo competente para os padrões de 2003, utilizando o motor gráfico do Unreal 2. As personagens estão bem definidas, com os programadores a terem um cuidado especial em sincronizar os movimentos da boca das mesmas durante os diálogos. Os cenários estão bem variados, tanto visitamos locais todos high-tech e luxuosos, como visitamos zonas mais rurais como a cidade do Cairo, Trier na Alemanha, entre outros. Infelizmente há uma pouca variedade nos modelos dos NPCs, iremos falar frequentemente com muitas personagens iguais entre si. É certo que é uma característica habitual destes jogos nessa altura, mas ainda assim…

A física do jogo também poderia ter sido um pouco mais trabalhada, todos os objectos, sejam grandes ou pequenos parecem pesar o mesmo, e sempre que pegamos num corpo parece que estamos a mexer numa ragdoll. A inteligência artficial também não é das melhores, com os inimigos a colocarem-se constantemente a descoberto. Mas nem tudo é mau, o voice acting é bem competente, e o jogo continua a apresentar uma narrativa muito interessante, mais uma vez repleta de conspirações entre organizações secretas e os valores da sociedade humana a serem constantemente postos em causa.

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Algumas localidades estão muito bem conseguidas visualmente, apesar de serem pequenas.

Posto isto, Deus Ex Invisible War é um jogo que tanto pode agradar aos fãs do anterior como desagradar. A nível de história continua um jogo excelente na minha opinião, mas o facto de terem simplificado bastante alguns aspectos mais “RPG” da jogabilidade, bem como manter os pequenos defeitos da prequela que, em 2000, seriam desculpáveis, são algumas manchas que marcam esta experiência. Ainda assim a meu ver, foi um jogo que me agradou. Gostos e polémicas à parte, vale a pena experimentar.