Hexen (Sega Saturn)

sega-saturn-hexenA série Heretic/Hexen é uma série da Raven Software em cooperação com a id Software. À excepção de Heretic II, os restantes jogos da série são FPS com temática medieval e com uma enfase bem maior na exploração e resolução de puzzles, do que propriamente a carnificina pura e dura, que era muito popular na altura. A minha cópia foi adquirida no ebay UK no ano passado. Não me recordo quanto custou, mas penso que não terá sido mais de 7€, até porque infelizmente a capa não está em muito bom estado, de resto está completo.

Hexen Saturn
Jogo completo com caixa e manual

Esta série anda à volta dos “Serpent Riders”, uns vilões quaisquer que dominam o mundo e espalham o terror. Existem 3 Serpent Riders: D’Sparil (derrotado no jogo anterior – Heretic), Korax (o vilão deste jogo) e Eidolon (aparece em Hexen 2). Em Hexen as aproximações dos géneros RPG e FPS são um pouco mais evidentes, com a possibilidade de escolhermos à partida uma de 3 classes: Fighter, Mage e Cleric. Como seria de esperar, as diferentes classes têm pontos fortes e fracos entre si. Fighter é a classe com mais pontos de vida, um melhor ataque, mas o grande potencial das suas armas está no combate corpo-a-corpo, embora ainda tenha uma ou outra arma com projécteis. Mage é o oposto, é mais frágil e um poder de ataque pior. Em contrapartida tem as melhores armas mágicas do jogo. Cleric fica a meio termo dos outros 2, sendo uma classse mais balanceada. Cada classe possui um arsenal de 4 armas exclusivas, mas partilham um arsenal ainda maior de vários power-ups que vão sendo adquiridos ao longo do jogo. Desde os habituais regeneradores de saúde, equipamento (armaduras, escudos, etc), “granadas” mágicas, items que teletransportam o jogador ou inimigos, invencibilidade ou até a capacidade de voar. Como disse anteriormente Hexen é um jogo onde se dá grande ênfase à exploração. O jogo está dividido em 5 capítulos (mais um ou outro nível extra), em que cada capítulo consta com um nível principal com portais que ligam esse nível a outros 2, 3 mapas diferentes que podem ser acedidos a qualquer altura no respectivo capítulo (mais um nível secreto por área). Esses níveis principais têm sempre alguns puzzles que devem ser resolvidos de modo a encontrar o respectivo boss e avançar para a zona seguinte. Estes puzzles são resolvidos ao viajar entre os vários mapas de cada capítulo, de modo a procurar objectos, chaves, ou alavancas que façam abrir novos caminhos num outro nível, etc. Este design do jogo obriga realmente a uma exploração exaustiva de cada nível, e sendo alguns dos níveis algo grandes pode-se tornar confuso o que temos de fazer para avançar no jogo. Muitas vezes que corri os mapas a pente-fino para descobrir uma parede secreta ou um interruptor escondido que não tinha visto antes… andar perdido de um lado para o outro é algo comum em Hexen.

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As várias classes por onde se pode escolher

O texto acima aplica-se para a versão original para PC, que foi a versão que eu finalizei há uns tempos atrás. Esta versão é uma conversão directa, não terão alterado muita coisa, a não ser o design dos mapas que foi um pouco modificado. As outras mudanças são mais técnicas. O jogo usa originalmente uma versão melhorada do motor gráfico de Doom, um FPS 2.5D, com inimigos e items ainda como sprites. As modificações ao motor gráfico permitiram olhar para todas as direcções (na verdade já Heretic tinha isto), mais o uso de “scripted events“, como mudanças do terreno quando o jogador adquire um item importante, ou passa por um determinado local. Hexen foi convertido +/- ao mesmo tempo pela Probe Entertainment para a  PS1 e Saturn, e as 2 versões ficaram aquém da original, mas por incrível que pareça a versão Saturn ainda assim é a superior das duas. O framerate é muito baixo, e os próprios inimigos apenas têm a sprite frontal, o que é uma completa estupidez. A versão PS1 retirou algum do gore, que se encontra presente na versão Saturn. Tanto uma versão como outra possuem várias FMVs contando a história do jogo, na introdução, entre capítulos e no final. As músicas são remixes das músicas originais do PC, contribuem bem para uma atmosfera tensa e aterradora. Apesar de ser um jogo antigo, Hexen tem uma temática bastante sinistra que me agrada. Ainda assim é capaz de provocar uma atmosfera bastante tensa nalguns momentos do jogo.

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Um dos inimigos básicos do jogo

Oficialmente o modo multiplayer de PC não chegou aos ports para as consolas de 32bit, pelo menos não para a PS1. A versão Saturn tem um modo para 2 jogadores secreto, acessível apenas através de códigos de batota. Exige o acessório DirectLink, que liga 2 Saturns entre si, cada uma com uma cópia do jogo, e uma TV. Como não tenho essas condições, não cheguei a experimentar este modo. Mas pelos vistos contém um modo de jogo cooperativo e deathmatch.

Finalizando, Hexen não é dos meus jogos favoritos, principalmente pelo layout dos mapas ser algo confuso, num jogo que exige bastante exploração e backtracking. A temática é do meu agrado, pois sempre tive um interesse especial por jogos de fantasia medieval. Ainda assim recomendaria que procurassem a versão PC. Emuladores de DOS como o DOSBox já dão bem conta do recado, e se for necessário existem vários launchers deste jogo adaptados a resoluções mais altas e vários efeitos gráficos melhorados. Se mesmo assim preferirem uma versão para consolas, então diria que a versão Nintendo 64 é a superior, pois tem um framerate decente, gráficos fiéis ao original, multiplayer, mas porém tem as músicas midi e os interlúdios em texto da versão PC (disquete).

Return to Castle Wolfenstein (Sony Playstation 2)

rtcw ps2Return to Castle Wolfenstein é um reboot do “avô” dos FPS (Wolfenstein 3D). Foi lançado em 2001 para o PC, tendo sido convertido para Xbox e PS2 em 2003. A versão PS2 tem o subnome “Operation Resurrection” enquanto que a versão Xbox é “Tides of War”. A minha cópia foi comprada na loja portuense TVGames ainda neste ano, tendo pago uns 3/4€ pelo jogo. Está em óptimas condições.

Return to Castle Wolfenstein Operation Resurrection
Jogo completo com caixa, papelada e manual

Return to the Castle Wolfenstein no PC, apesar de ter um modo single-player competente, foi bem mais famoso pela sua vertente multiplayer, que consistia num modo de jogo guiado por objectivos, e membros de equipa divididos por classes, aspectos que vieram a ser aproveitados posteriormente por muitos FPS modernos. A versão Xbox mantém esta vertente multiplayer, graças à boa qualidade da infraestrutura Xbox Live. Já a Raster Productions, estúdio que tratou da conversão PS2, fizeram um péssimo trabalho em muitos campos. O mais importante foi a não inclusão de qualquer modo multiplayer. Assim sendo, vamos lá focar-nos na vertente singleplayer.

Pelo menos desde Wolfenstein 3D que os jogos da série envolvem o regime Nazi e o seu interesse pelo Oculto. O jogo coloca-nos na pele do agente secreto B.J. Blazkowicz, que enquanto se encontrava no Norte de África a combater as forças de Rommel, recebe uma missão secreta numa qualquer cidadela do Egipto, para investigar umas escavações que estão a ser feitas pelos Nazis. À medida que o jogo vai avançando vamos visitando várias localizações, desde o próprio Castle Wolfenstein, a sua vila, fábricas em ruína, laboratórios secretos na Noruega, etc. Vamos também descobrir que os Nazis planeiam ressuscitar um antigo cavaleiro demoníaco que foi selado uns séculos antes por um herói misterioso. Ao ressuscitá-lo, os Nazis planeiam ter um exército demoníaco ao seu dispor, bem como um outro de criaturas geneticamente (e tecnologicamente) modificadas. Assim sendo Blazkowicz não só tem de enfrentar soldados comuns, bem como vários tipos de zombies e criaturas sombrias fruto de experiências Nazis. O jogo original no PC começa logo no Castle Wolfenstein, com Blazkowicz feito prisioneiro. As conversões para consolas adicionam um episódio novo, logo no início, o tal passado no Egipto, que acaba por explicar como Blazcowitz foi lá parar.

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Sniper rifle - um mimo

O jogo é composto por vários capítulos, cada um separado por cinemáticas que fazem uma espécie de briefing do que é para fazer em seguida. Por sua vez cada capítulo é dividido por uma série de missões, com vários objectivos a serem cumpridos. Objectivos esses que podem passar por procurar documentação secreta, assassinar oficiais importantes, auxiliar membros da resistência, prevenir lançamento de mísseis, etc. Algumas missões também exigem bastante stealth, se formos descobertos é logo game over. Felizmente existem algumas armas silenciosas, desde revólveres, metralhadoras e até sniper rifles. Aliás, armamento é coisa que não falta neste jogo e felizmente podemos carregar tudo ao mesmo tempo. Facas, revólveres, vários tipos de metralhadora, rifles, panzerfausts, granadas, lança-chamas, e as jóias da coroa do exército Nazi – Tesla Gun (arma eléctrica) e Venom (metralhadora pesada).

Mas isto está tudo presente na versão PC (excepto os níveis novos), a equipa que converteu este jogo para a PS2 fez um trabalho mauzinho. A começar pela não inclusão de um modo multiplayer, nem em split screen. Em seguida porque a própria conversão ficou cheia de falhas. Uma coisa que achei mesmo muito má foi a inteligência artificial dos inimigos. Se eles nos ouvirem a fazer barulho, ficam logo alerta e rapidamente nos encontram. No entanto se formos silenciosos, aconteceu-me várias vezes estar a poucos metros dos inimigos e eles impávidos e serenos. Se estiverem 2 soldados a conversar e com um tiro de sniper matarmos um, o outro se não nos vir nem sequer estranha o facto do seu colega ter levado um balázio. Enfim, exemplos de má IA é o que não falta.

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Detestei este gajo - é mesmo melhor dar uso da sniper rifle á distância.

Outro aspecto onde a Raster Productions deixou algo a desejar foi o quesito gráfico. As texturas estão bem mais pobres que a versão PC e Xbox, e o mesmo pode ser dito sobre os modelos dos objectos e os efeitos de iluminação. Mas nada que não nos habituemos ao fim de algum tempo de jogo. A nível de som aí a experiência já está mais bem conseguida. À semelhança de Medal of Honor, em momentos de mais tensão o jogo coloca uma música mais orquestral a condizer com o momento. O voice-acting está competente, mesmo as falas entre os soldados no próprio jogo. Os alemães falam inglês com sotaque alemão, mas preferia mesmo que falassem a sua própria língua e o jogo tivesse legendas. De facto, nenhuma das falas do jogo tem legendas, o que é uma pena, visto haver uma discrepância grande entre os volumes de jogo e das cut-scenes (estas últimas estão bem mais baixas). Para colmatar estas falhas incluiram uma novidade. Return to Castle Wolfenstein possui (à semelhança dos jogos clássicos), zonas secretas espalhadas nos mapas, com munições ou tesouros. Cada zona secreta que se encontra equivale a um ponto na pontuação final do nível. Esses pontos poderão ser trocados por vários bónus, seja uma maior capacidade de armazenamento de munições, mais health points, mais armadura, items restaurativos, etc.

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Yep, zombies da idade média, este jogo tem-nos. Pena que não sejam minimamente assustadores.

Para finalizar, só posso recomendar este jogo a quem não conseguir arranjar a versão PC ou até a versão Xbox. A versão PS2 tem várias falhas, sendo a mais grave a não inclusão da componente multiplayer. Ainda assim, a vertente “história” é competente o suficiente para proporcionar uma experiência minimamente agradável, e tanto esta conversão como a de Xbox têm alguns níveis extra. Fica ao vosso critério.

Quake (PC)

quakeTempo de ir buscar uma outra velharia que tenho cá em casa, o FPS revolucionário Quake da iD Software, jogo original na sua caixa enorme de papelão. A minha cópia foi-me oferecida num Natal (talvez 1996/1997), não fazendo ideia de quanto tenha custado. Apesar de ter vários jogos de PC dessa altura que tenham trazido caixas enormes de papelão, actualmente acabei por manter apenas 2, hoje em dia tenho pena de ter deitado aqueles trambolhos fora. Infelizmente a caixa do Quake já viu melhores dias…

Quake PC
Jogo completo com caixas e manuais. Esqueci-me foi da foto do disco.

Quake foi um jogo da iD Software lançado em 1996, fruto das mesmas cabecinhas que nos trouxeram Wolfenstein 3D e Doom. A iD Software desde cedo que nos seus FPS têm criado uma espécie de diferentes gerações de motores gráficos (acabando até por os licenciar para outras empresas). O motor gráfico de Quake seria da 3ª geração da iD, com a inovação de suportar gráficos completamente poligonais, enquanto que em 1996 a concorrência ainda lançava FPS “2.5D” como Duke Nukem 3D ou Exhumed/Powerslave.

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Carne enlatada, diz o manual.

É curioso que Quake tenha sido um jogo revolucionário para o PC e no entanto, seja uma manta de retalhos. Isto porque inicialmente Quake tinha sido idealizado para ser um jogo com elementos de RPG de fantasia/medieval. Como o desenvolvimento da engine estava-se a tornar muito lento (John Carmack estava a desenvolver a engine e um novo modelo TCP/IP para a vertente multiplayer ao mesmo tempo), o resto da equipa decidiu à ultima da hora mudar o esquema de jogo para um FPS mais tradicional à lá Doom, com alguns elementos futuristas. O que resultou foi num jogo na sua maioria com uma temática medieval, desde os mapas a alguns inimigos, com armas futuristas e um ou outro nível também futurista. Como se misturam as coisas? Bom, a história tem algumas semelhanças com o Doom, bem como a série de ficção científica Stargate. Algures no futuro a humanidade encontra-se a desenvolver tecnologias com portais para teletransporte. Desenvolvem um protótipo a que lhe dão o nome de Slipgate, quando algures numa outra dimensão alguém com a alcunha “Quake” usa os seus próprios portais para invadir a Terra com alguns dos seus soldados. Fazem pequenas invasões apenas para testar a capacidade de defesa dos humanos, suspeitam que brevemente as forças de Quake irão invadir de vez o nosso planeta. Eis que os humanos decidem ripostar invandindo a dimensão de Quake para o derrotar através da operação “Counter Strike”. Claro que as coisas correm mal e Quake ataca primeiro, matando todo o esquadrão deixando o herói (um soldado anónimo) sozinho.

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Cenários ainda com alguma temática satânica pelo meio

Inicialmente somos largados num pequeno mapa para escolher o grau de dificuldade “Easy”, “Normal” e “Hard”, onde para se escolher o modo Hard tem-se de saltar sob um poço de lava. Existe também o modo “Nightmare” mas está oculto. Escolhida a dificuldade somos teletransportados para um “hub” que iremos revisitar várias vezes. A partir deste ponto central podemos aceder a cada um dos 4 capítulos que constituem o Quake. Na versão shareware (gratuita) apenas o capítulo I se encontra disponível. Cada capítulo representa uma dimensão diferente embora sinceramente as diferenças não sejam assim muitas pois os níveis não são muito variados. Cada capítulo tem cerca de 8 níveis e o primeiro tem um boss no final. O objectivo em cada capítulo consiste em capturar uma runa de modo a desbloquear o acesso a defrontar o boss final e terminar o jogo. O primeiro nível de cada capítulo é sempre jogado numa base militar humana futurista até se chegar à Slipgate para sermos teletransportados para a outra dimensão. No final de cada episódio regressamos ao hub. O jogo possui imensas referências a trabalhos de H.P. Lovecraft, desde nomes de níveis como “Vaults of Zin” ou o boss final que não é nada mais nada menos que a “Shub-Niggurath”, da mitologia Cthullu de Lovecraft.

Quake foi um jogo bastante revolucionário. Para além do upgrade técnico de renderizar cenários e modelos completamente em 3D (apesar de ter quase a certeza que não foi o primeiro FPS poligonal, foi sem dúvida o que o popularizou), bem como alguns novos efeitos de luz. Mas o que tornou o Quake num jogo verdadeiramente bombástico foi a abertura por parte da iD de tornar o jogo aberto a modificações por parte dos seus jogadores, através da linguagem QuakeC. Foi aqui que começaram a surgir os mods como Team Fortress ou Counter Strike (este surgiu do Half-Life). Para além de ser possível o desenvolvimento de mapas caseiros, tal como já o era em Wolfenstein 3D e Doom. Para além disso hoje em dia quando falamos em Quake a mim vem logo à memória o multiplayer frenético de Quake III Arena, e em Quake 1 podemos dizer concerteza que foi o percussor do multiplayer dos FPS modernos. Apesar de só ter modo cooperativo da campanha single-player e Deathmatch/Team Deathmatch, este jogo foi o percursor de movimentos especiais como “Strafe Jumping” ou “Rocket Jumping”, usados hoje em dia por muitos viciados por essa internet fora.

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Eh bicho lindo!

No gameplay, apesar de as configurações originais remeterem para um esquema de controlabilidade algo arcaico (tipo o de Doom, mas com a particularidade de se poder olhar para cima e para baixo), é possível atribuir um esquema de jogo tal como o usado nos dias de hoje. Uma coisa que sempre achei piada (principalmente quando era mais novo), é o facto de conseguirmos enganar os inimigos e pô-los a matarem-se um ao outro. O manual bem que refere que eles se detestam entre si quase tanto como nos detestam a nós, mas não deixou de ser uma surpresa quando pus uma série de gajos aos tiros uns aos outros. A banda sonora foi composta por Trent Reznor de Nine Inch Nails, e para além do tema título que é uma faixa mais “industrial metal” as restantes são faixas mais ambiente, contudo contribuem para uma atmosfera bastante tensa ao longo do jogo. Ainda sobre Nine Inch Nails não deixa de ser curioso uma coisa que quando era chavalo nunca tinha reparado: existem 2 armas que disparam pregos, cuja caixa de munição tem o símbolo da banda “NiN”:

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Caixa de pregos com o logo da banda Nine Inch Nails

Concluindo, apesar de o Quake não possuir um modo single player muito variado e a sua engine já ser datada, devido ao facto da iD ter libertado o código fonte do jogo há uns anos, têm sido lançadas várias conversões/adaptações do jogo para sistemas operativos mais modernos, com texturas melhoradas para suportar maiores resoluções. E é sempre um jogo marcante na indústria para quem gosta de FPS. Confesso que não sei quanto custa comprar uma cópia física do Quake 1 para PC hoje em dia, mas indo ao ebay não deve ser caro. Contudo para os preguiçosos este jogo existe também para venda no Steam.

Doom Collector’s Edition (PC)

Foi já no longínquo ano de 1993 que o PC receberia um jogo que para sempre iria revolucionar a plataforma PC para um patamar superior no que diz respeito à jogatana. A iD software já há uns anos que tentava revolucionar o mercado com shooters 3D em primeira pessoa com o lançamento de jogos como Catacomb 3D e Hovertank 3D. Wolfenstein 3D foi o passo seguinte já atingindo um considerável sucesso, mas foi mesmo Doom que revolucionou toda uma indústria, colocando o género de first person shooter como um novo nicho de mercado e influenciando uma série de jogos que lhe sucederam.

Doom Colletors Edition
Caixa, cd e folhetos

Doom é uma das séries de maior sucesso da indústria e os jogos clássicos viram conversões para practicamente todas as plataformas existentes no mercado desde o seu lançamento. Umas conversões melhores que outras, muitas delas (nas consolas) com alguns níveis exclusivos, mas é no PC que Doom realmente brilha. Em 2001 saiu para PC uma compilação dos Doom clássicos lançados nessa plataforma, contendo Ultimate Doom, Doom II e Final Doom. A minha cópia foi comprada numa cadeia de lojas que já não existe algures em 2001/2002, acho que se chamava Inforjogos.

Aproveito para incluir aqui também a jewel case do Doom II, um jogo que me foi oferecido ainda nos anos 90 mas que eu estupidamente deitei fora a sua big box.

Em relação ao jogo em si, acho que não preciso de gastar muito latim, visto toda a gente o conhecer. Basicamente controlamos um Space Marine, que foi enviado para uma base militar em Phobos, uma das luas de Marte. Supostamente seria um castigo para esse Space Marine, tendo ele desobedecido a uma ordem que incluiria matar civis inocentes. As coisas em Phobos em Deimos eram uma seca, essas bases estariam a ser usadas apenas com o propósito de estudar o teletransporte, criando portais entre as duas luas. Infelizmente no dia em que o Space Marine lá chega as coisas correm muito mal. Sem querer abrem um portal directamente do inferno que dizima toda a base e cabe ao infeliz soldado impedir a invasão dos demónios que alastre à terra. Esta é a premissa do primeiro jogo. O Doom original consiste em 3 diferentes “episódios”, o primeiro em Phobos, depois em Deimos e finalmente no próprio Inferno. Doom inicialmente era comprado apenas por encomenda à própria iD, tendo sido lançado finalmente em lojas no ano de 1995, sob o nome de Ultimate Doom, contendo um episódio extra: “Thy Flesh Consumed”.

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Despedaçar zombies com uma moto serra nunca foi tão divertido

Doom é um marco na história dos videojogos. A sua atmosfera aterradora, os monstros assustadores, armas poderosas, violência sem fim, a acção frenética e a introdução de multiplayer por LAN, tornaram Doom num dos jogos mais populares de sempre. Muitos Deathmatches de Doom se jogaram por esses PCs fora…

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Artwork da caixa original

Uma outra coisa que desde Doom tem vindo a marcar os jogos da iD é a sua customização por parte dos utilizadores. Desde cedo que a iD incentivava os utilizadores criar níveis para o jogo, bem como introduzir diferentes artworks e efeitos sonoros, os vulgos “mods” que nos referimos hoje em dia. Isto é possível pois o jogo consiste na aplicação principal, e nos ficheiros WAD (Where is All the Data), que contêm toda a informação relativa aos níveis em si. Dessa forma seria possível iniciar a aplicação Doom com outros ficheiros WAD criados por fãs. Muitos níveis e mods completos foram lançados para Doom, mas isso não está presente nesta compilação (quer dizer, mais ou menos, mas já lá vamos).

Doom II: Hell on Earth foi lançado em 1994 (sim, antes de Ultimate Doom) e ao contrário de Doom teve o seu lançamento directamente nas lojas. Foi também um sucesso, embora não tenha apresentado grandes novidades face à sua prequela, no que diz respeito ao gameplay. Introduziu uma nova arma, alguns novos monstros e uma série de novos níveis. A nível de história, após os acontecimentos de Doom, o nosso space marine regressa finalmente à Terra, mas descobre que os demónios já a tinham invadido. Com as principais cidades em ruínas, a raça humana tenta abandonar o planeta, mas os demónios invadiram também os “aeroportos espaciais”- Os exércitos tentam atacar os demónios, mas acabam todos por ser chacinados. Cabe mais uma vez ao pobre marine salvar a raça humana da extinção.

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Arma nova em Doom 2, caçadeira de 2 canos

Final Doom é uma compilação de 2 expansion packs feitos por estúdios amadores, inicialmente planeados para sairem como lançamentos não oficiais gratuitos, tendo sido posteriormente comprados pela iD e lançados ao público como um jogo comercial. Final Doom contém 2 packs de 32 níveis cada um, o “The Plutonia Experiment” e o “TNT: Evilution”, sendo todos esses níveis baseados na versão de Doom II, introduzindo poucas novas texturas e sons.

Em “The Plutonia Experiment” a história diz que após a invasão do Inferno à Terra, os governos mundiais tentam arranjar maneira de prevenir futuras invasões. Desenvolvem um acelerador quântico que após uma nova tentativa de invasão dos demónios, consegue fechar o portal quase instantâneamente. A investigação prossegue até que ao dia em que  Inferno abre uma série de 7 portais. Os aceleradores quânticos numa hora conseguem fechar 6 portais, até que a invasão se torna demasiado forte, as tropas padecem face ao ataque e os demónios colocaram um guardião a proteger o último portal. Já todos sabemos quem é que entra em acção a seguir… Já em TNT Evilution a acção decorre em Io, uma lua de Júpiter, onde mais uma vez o exército continua a estudar a tecnologia de criação de portais. Claro que a coisa acaba por não correr bem como de costume e o mesmo Space Marine acaba por ter de defrontar as forças do Inferno. O gajo devia receber bem pelo trabalho que tem.

Final Doom shot
O inferno não parece um sítio muito amigável…

Em jeito de conclusão, esta compilação usa a conversão do motor de Doom para Windows e diria que é uma compilação definitiva dos Doom clássicos para PC. Peca apenas em 2 razões, na minha opinião. Não inclui a expansão oficial do Doom 2 (os Master Levels) e inclui os manuais em pdf no cd. Uma edição de coleccionador não deveria ser assim… trás apenas um folheto com instruções de instalação, bah. Infelizmente isso era prática corrente em muitos jogos de PC, actualmente já nem sei bem como é pois esse Doom acho que até foi o último jogo de PC que eu comprei. Se tivesse incluído os mapas exclusivos que existem nas conversões de Jaguar, Saturn e Playstation também seria um bom extra.