Tempo de voltarmos às rapidinhas para um título curioso da Mega Drive. Sendo uma sequela (ou talvez remake?) do Devilish que já cá trouxe anteriormente na versão Game Gear, trata-se de um híbrido interessante entre Breakout/Arkanoid e uma estética dark fantasy que muito me agrada. O meu exemplar foi comprado em Setembro passado a um particular na Vinted por cerca de 30€.
A história é praticamente idêntica à da versão portátil: um príncipe e uma princesa apaixonados são transformados em duas barras de pedra por um demónio ciumento. O seu reino é invadido por blocos, mas nem tudo está perdido, pois uma esfera de energia desce do céu e ambos usam as suas habilidades limitadas para a guiar através de vários níveis, destruindo obstáculos, inimigos e, por fim, enfrentando o demónio que os amaldiçoou.
A jogabilidade pode ser descrita como um Arkanoid em sidescroller, em que é necessário abrir caminho ao longo dos cenários enquanto controlamos a esfera de energia. Pelo percurso surgem demónios e criaturas grotescas que tudo farão para atrasar o nosso progresso, ao mesmo tempo que recolhemos power-ups coloridos que concedem efeitos temporários: desde causar dano a tudo no ecrã, parar o tempo, aumentar o tamanho das barras, até transformar a esfera num dragão flamejante capaz de devastar tudo o que toca.
Tal como na iteração de Game Gear, controlamos duas barras em simultâneo. A inferior apenas se move horizontalmente, enquanto a superior pode ser deslocada em várias direcções. Com os botões A e C é possível rodar a barra superior, criando formações horizontais ou verticais (em L ou invertidas) em conjunto com a inferior. O botão B permite alternar a velocidade com que ambas se movem no ecrã. É um jogo curto, mas bastante desafiante, tanto pela física algo irregular da esfera (cuja trajectória nem sempre corresponde ao que esperamos) como pelo tempo limite apertado de cada nível. Não é necessário destruir todos os blocos ou inimigos, mas sim abrir passagem o mais depressa possível, culminando sempre num confronto contra um boss e num pequeno desafio adicional antes de desbloquear o nível seguinte.

Visualmente, é um jogo que me enche as medidas. Sou fã assumido da temática dark fantasy e, tal como no Dragon’s Fury, o grafismo é muito competente para um sistema de 16-bit: paisagens decrépitas, inimigos macabros e ocasionais efeitos gráficos bastante interessantes. A atmosfera é reforçada por uma banda sonora de grande qualidade, que tira excelente partido do chiptune característico da Mega Drive.

No fim de contas, Devilish: The Next Possession deixou-me bastante satisfeito. Apesar de curto, conquista pela estética sombria e detalhada, pela óptima banda sonora e por uma jogabilidade que, mesmo com imperfeições, consegue ser envolvente e desafiadora. É uma pena que nunca tenha chegado oficialmente à Europa, pois merecia maior reconhecimento. A série acabou por permanecer na obscuridade, com apenas um terceiro título lançado em 2005 para a Nintendo DS mas, confesso, só de ver a capa genérica dessa versão perdi logo grande parte do interesse.





















