Vamos agora voltar para a Mega Drive e o jogo que cá trago hoje é um daqueles que foi mesmo desenvolvido a pensar no multiplayer cooperativo, até porque na sua implementação original arcade, o mesmo está sempre dividido em dois ecrãs, um para cada personagem, mesmo que jogássemos sozinhos. Na Mega Drive as coisas acabaram por seguir a mesma lógica. O meu exemplar foi comprado na feira da Vandoma no Porto no passado mês de Dezembro por 10€. É a versão japonesa, comprei-a porque tinha a ideia errada que o jogo não tinha saído na Europa, pelo que planeio comprar a versão PAL um dia que me apareça a um preço convidativo.
Neste Crack Down tomamos o papel de uma dupla de soldados de elite, Ben Breaker e Andy Attacker (não estou a inventar nomes), cujo papel será o de infiltrar e destruir uma base militar gerida pelo vilão Doctor K, cujo planeava dominar o planeta com um exército de cyborgs, a serem produzidos nessa base. A ideia de cada nível é a de percorrer os mesmos e plantar bombas-relógio numa série de locais pré-determinados e devidamente assinalados no mapa. O problema? Temos imensos cyborgs a oferecerem resistência, cujos vão sendo substituídos à medida que forem eliminados, muitos obstáculos para ultrapassar nos próprios níveis e, as bombas estão todas sincronizadas entre si com o mesmo relógio. Ou seja, temos de garantir que plantamos todas as bombas nas suas localizações e encontramos depois a saída do nível, antes do tempo terminar, caso contrário lá explodimos também.

Acima temos o mapa do nível, sendo que os pontos vermelhos são os locais onde temos de plantar as bombas
Para nos auxiliar na batalha vamos poder atacar com diferentes tipos de munições, desde tiros de metralhadora a rockets capazes destruir todos os inimigos que se atravessem na sua trajectória. As munições são limitadas, mas podemos encontrar itens espalhados pelos níveis que as vão restabelecendo. Também temos um número ainda mais limitado de bombas capazes de limpar todos os inimigos presentes no ecrã, pelo que as temos de usar de forma inteligente. Depois, sendo este um jogo com as suas raizes na arcade, naturalmente que somos frágeis, bastanto levar com um tiro para perder uma vida. No entanto, temos ainda uma mecânica de jogo muito interessante, a de nos “colarmos” às paredes para evitar sermos atingidos. E com os cyborgs a renascerem constantemente (se bem que com alguns bons segundos de intervalo), o desafio do jogo está mesmo em alternar entre uma jogabilidade defensiva e ofensiva, especialmente se jogarmos sozinhos.
Mas o foco do jogo está mesmo no multiplayer cooperativo, pois cada personagem possui uma “janela” no ecrã para si pelo que nos podemos mover de forma completamente independente e combinar forças para emboscar os inimigos de diferentes direcções. Sendo assim, olhando para o ecrã podemos observar: nos cantos superiores temos duas janelas com indicação de vidas e munições de cada jogador. Ainda na parte superior do ecrã, mas ao centro, temos um mapa geral do nível, com as localizações de onde temos de plantar as bombas devidamente assinaladas, bem como o tempo restante. Em baixo temos o ecrã dividido em dois, onde no caso de jogarmos com um amigo, cada uma das janelas corresponde à área de jogo de cada um. Se no entanto jogarmos sozinhos, então um desses ecrãs acaba por ser substituído por uma janela que nos indica o tipo de inimigos presentes no nível e as armas que estes têm equipadas. Portanto, tal como na versão arcade o ecrã está sempre preparado para 2 jogadores, embora um deles seja reaproveitado para apresentar mais informação, caso joguemos sozinhos.
No que diz respeito aos audiovisuais este é um jogo simples, até porque o original foi desenvolvido para o hardware System 24, muito superior ao que a Mega Drive seria capaz de reproduzir. As sprites são pequenas e os níveis também têm de ser muito compactos, de forma a conseguirmos ver o máximo possível nas pequenas janelas de jogo que temos à disposição. No entanto não deixam de ser gráficos competentes para o que se comprometem. Nada a apontar aos efeitos sonoros e música, que até é bastante agradável, embora não seja memorável.
Portanto este Crack Down é um jogo interessante e desafiante quanto baste. Possui excelentes ideias e idealmente deverá ser jogado com duas pessoas. No entanto a adaptação dos controlos não é a melhor pois nem sempre queremos nos colar às paredes. Alguns obstáculos, como atravessar pontes de plataformas que se movem, tornaram-se no meu maior inimigo! Mas ainda assim é um jogo que vale a pena experimentarem se tiverem a oportunidade. De notar também que este jogo nada tem a ver com os Crackdown lançados para as Xbox já neste milénio.