Psychic World (Sega Game Gear)

De volta às rapidinhas para uma adaptação de um jogo que já trouxe aqui no passado para a Master System e que, curiosamente, considero um dos jogos de acção mais interessantes do sistema. O meu exemplar chegou à minha colecção há apenas algumas semanas, tendo-me sido vendido a um preço bastante acessível por um amigo.

Jogo com caixa e manual

A história coloca-nos no papel de Lucia, uma jovem que terá de salvar a sua irmã, raptada por criaturas misteriosas. Ambas trabalhavam num laboratório secreto dedicado ao estudo de poderes extra-sensoriais, e, para enfrentar a ameaça, o seu patrão entrega-lhe um capacete capaz de amplificar essas habilidades. Na prática, isto traduz-se num jogo de acção 2D, onde vamos adquirindo novas capacidades à medida que avançamos, sendo estas essenciais para superar os desafios que surgem pelo caminho.

Os níveis são consideravelmente diferentes das outras versões, sendo mais adaptados ao ecrã de uma consola portátil

Passando aos controlos, o direccional move a personagem, mas este é um daqueles jogos em que manter o direccional pressionado na mesma direcção durante alguns segundos faz com que a personagem comece a correr, o que pode dificultar a precisão dos movimentos. Fora isso, temos o botão 2 para saltar e o 1 para disparar, começando com uma arma de projécteis fracos e de curto alcance. À medida que avançamos, podemos encontrar novas armas e, sempre que apanhamos um ícone de uma que já possuímos, esta é melhorada. As armas têm afinidades elementais, disparando projécteis de água, fogo, gelo ou som, cada um com características específicas. Por exemplo, a arma de água, além de ser eficaz contra inimigos de fogo, permite criar plataformas temporárias em zonas húmidas, já a de fogo pode destruir blocos de gelo e a de som permite-nos destruir blocos metálicos.

As armas que desbloqueamos vão tendo outro tipo de utilidades como destruir superfícies ou criar plataformas

Além das armas, podemos desbloquear outras habilidades úteis, como um escudo que nos confere invencibilidade temporária, um ataque de explosão que causa dano a todos os inimigos no ecrã, um poder de levitação que permite voar por breves momentos e, por fim, a capacidade de nos teletransportarmos para o início do nível. Com excepção deste último, todos os poderes podem ser melhorados através de upgrades. Diferentemente das armas, estas habilidades consomem energia ESP, visível numa barra no fundo do ecrã. No entanto, alternar entre poderes não é muito intuitivo: temos de pressionar para baixo seguido do botão 2. Isto pausa o jogo e abre um pequeno menu onde podemos navegar entre as opções usando o direccional, mas sem largar o botão 2. Quando o fizemos, ficamos com a arma/habilidade que estaria seleccionada com o direccional nesse momento. Além disto, ao longo do jogo podemos encontrar itens que concedem pontos extra ou restauram a vida e a energia ESP.

A arte da versão da Master System era baseada neste boss, e isso sempre me deixou curioso com o jogo desde muito cedo!

Para além de novas armas, poderemos também ganhar outras habilidades úteis como um escudo capaz de nos conferir invencibilidade temporária, um poder de explosão capaz de causar dano em todos os inimigos no ecrã, um poder de levitação que nos permite voar temporariamente e por fim a possibilidade de nos teletransportarmos novamente para o início do nível. À excepção deste último poder, todos os outros podem também ser melhorados com upgrades e ao contrário das armas, todos estes poderes requerem “munições” na forma de energia ESP que pode ser medida numa barra de energia no fundo do ecrã. A maneira como alternamos entre todos estes poderes é que não é a mais elegante, obrigando-nos a pressionar o botão baixo em seguida do botão 2. Isto pausa o jogo e a barra de vida e energia é substituída por um pequeno menu onde podemos alternar entre todos estes diferentes poderes com o botão direccional. Mas tudo isto sem largar o botão 2! De resto temos também outros itens que podemos encontrar ao longo do jogo que nos dão pontos extra ou nos restabelecem as nossas barras de vida e energia.

As cut-scenes são diferentes entre versões

No que toca ao conteúdo, a versão Master System já era uma adaptação simplificada do original de MSX2 (sendo completamente linear), e esta versão Game Gear vai ainda mais longe, com níveis mais curtos e em menor número. No entanto, a área de jogo foi melhor aproveitada para o ecrã da portátil, permitindo sprites maiores e uma melhor utilização do espaço disponível. As cenas que avançam a narrativa também foram reformuladas, diferenciando-se visualmente das versões MSX2 e Master System, embora a preferência por uma abordagem ou outra dependa do gosto de cada jogador. Já a banda sonora, dentro das limitações do chip de som da Game Gear, cumpre bem o seu papel e tem faixas agradáveis como um todo.

No geral, Psychic World é um jogo de acção e plataformas bastante interessante, apesar de alguns problemas que não envelheceram bem, como a aceleração abrupta da personagem, a ausência de frames de invencibilidade ao sofrer dano e o método pouco prático para alternar entre armas e poderes. Na Master System ainda se compreende este última limitação visto o botão de pausa estar na consola, mas na Game Gear essa desculpa já não é válida. Ainda assim, é um título competente dentro do género, e vale a pena destacar as adaptações feitas pela Sanritsu para esta versão portátil.

OutRun 2019 (Sega Mega Drive)

Mais uns dias de calor intenso, mais uns dias em que a vontade de ligar qualquer fonte de calor é virtualmente nula. Mas lá resolvi dedicar-me a mais um jogo Mega Drive da minha colecção, desta vez a mais uma experiência da Sega com uma das suas franchises mais importantes: OutRun! Bom, na verdade a Sega apenas licenciou o nome OutRun, o trabalho desta vez foi todo da Hertz e Sims. Os primeiros já tinham sido responsáveis pela conversão do OutRun clássico na Mega Drive e os segundos inclusivamente publicaram o jogo no Japão. O meu exemplar foi comprado a um amigo no passado mês de Junho por 5€.

Jogo com caixa

Bom, este é um OutRun futurista, decorrendo no longínquo ano de 2019, onde os carros circulam a velocidades vertiginosas através dos seus motores a jacto. Na verdade, tirando este pormenor futurista, a jogabilidade vai buscar coisas tanto ao OutRun clássico, como ao Turbo OutRun, nomeadamente as suas mecânicas do turbo, mas já lá vamos. Os controlos são simples com o botão A para travar, B para acelerar e o C para alternar entre mudanças, caso tenhamos seleccionado transmissão manual. E então onde entram os turbos? Bom, à medida que vamos acelerando, há uma barra de energia que vai enchendo. Quando esta estiver practicamente cheia, se mantivermos o botão de aceleração pressionado, vamos activar o turbo automaticamente, cujo se vai mantendo activo enquanto não deixarmos de acelerar, travar ou embatermos nalgum obstáculo.

O jogo está dividido em níveis, que por sua vez, apesar de partilharem o mesmo ponto de partida e saída, possuem diveros caminhos alternativos pelo meio

A não linearidade que caracteriza o primeiro OutRun está também aqui representada, mas de forma diferente. Basicamente começamos por ter vários níveis. Cada um desses níveis tem uma série de troços divididos por checkpoints, cujos teremos de atravessar dentro do tempo limite que temos disponíveis. Entre checkpoints, no entanto, vamos poder escolher um de dois caminhos a tomar, que nos levarão a viajar por diferentes cenários. Ainda assim, num determinado troço entre checkpoints podemos continuar a tomar caminhos alternativas, em estradas que se vão bifurcando e unindo novamente mais à frente. Túneis, pontes, rampas com saltos são vários dos distintos tipos de estradas em que poderemos viajar. Os outros carros, tal como no OutRun clássico, são apenas meros obstáculos na estrada. E com as velocidades estonteantes que podemos atingir, são obstáculos que nos podem atrapalhar bastante!

Os visuais não são nada maus, alternando entre cidades futuristas, paisagens naturais e outras localidades mais tradicionais

A nível gráfico não é um mau jogo de todo. As paisagens que alternam entre cidades mais tradicionais, outras repletas de arranha céus, mas também inúmeras paisagens naturais dão uma boa variedade gráfica ao jogo. Para além disso, as estradas desniveladas, os caminhos de terra, os saltos, as pontes transparentes vão sendo também alguns bons detalhes adicionais. As músicas sinceramente não são nada más, tendo na sua maioria uma toada bem rock que me agrada. Não são clássicos como as do OutRun original, mas sinceramente não desgostei.

Quando a barra de energia se enche, é tempo de usar o turbo!

Portanto este OutRun 2019 até nem é um mau jogo de todo. O facto de ser um jogo futurista e com algumas paisagens mais escuras, o que sempre defraudou a mote “blue skies in gaming” pela qual a série era também conhecida, trouxe-lhe alguma má fama ao longo dos anos. Mas sinceramente acabou por ser um jogo bem mais agradável do que as baixas expectativas que tinha devido à sua má fama. É verdade que a série OutRun sempre teve uma conotação algo experimental por parte da Sega, particularmente nos jogos que foram especialmente produzidos para o mercado doméstico de consolas, mas este até nem é nada mau no final de contas.