Continuando pelas rapidinhas e pela Mega Drive, este Gambler Jiko Chuushinha é mais um jogo de mahjong, desenvolvido pela Game Arts e baseado num manga qualquer dos anos 80/90 e que aparentemente deverá ter sido bastante popular, pois a Game Arts foi lançando vários videojogos desta série ao longo de diferentes plataformas, incluindo o Gambler Jiko Chushinha: Mahjong Puzzler Collection que já trouxe cá para a PC Engine. E tal como o jogo da PC Engine este veio parar à minha colecção um pouco por acidente após ter comprado um pequeno lote de jogos MD japoneses a um particular no passado mês de Fevereiro.
Jogo com caixa e manual
Bom, eu não entendo nada de mahjong, mas neste caso até gostaria pois o jogo tem um modo história com algumas pequenas cutscenes que me parecem hilariantes (o google lens foi uma boa ajuda para as traduzir), mas depois disso já fiquei completamente clueless, pois o objectivo é o de ganharmos cada uma das partidas que eventualmente teremos de participar. Mas para além deste modo história temos também um outro modo de jogo para para partidas livres e outro que me parece ser um tutorial até bem avançado, mas a disposição de aprender a jogar mahjong confesso que não é a maior no momento, e o facto de a cada diálogo ter de usar o google lens para tentar entender minimamente o que se passa também não ajuda.
Bom, este é um jogo de mahjong pelo que quem o souber jogar há-de achar alguma piada. Pelo menos gosto das expressões cómicas dos nossos oponentes!
Visualmente até me parece um jogo interessante, tendo em conta que é um jogo de mahjong, portanto não esperem por gráficos super elaborados. No entanto todas as personagens possuem diferentes caricaturas mediante a maneira como o jogo lhes está a correr e são mesmo esses pequenos detalhes que acho piada. Gosto particularmente deste estilo mais cómico de desenho, tanto que até fui pesquisar o artista (Katayama Masayuki) mas infelizmente não conheço nada do seu trabalho e a maior parte das manga/anime onde esteve envolvido são precisamente baseados em mahjong. De resto nada de especial a apontar aos efeitos sonoros, já as músicas até que são bastante alegres e agradáveis de se ouvir.
Vamos voltar às rapidinhas e à PC Engine para um jogo de acção muito peculiar e com uma curva de aprendizagem considerável. Em parte shmup e jogo de acção/plataformas, este Veigues Tactical Gladiator é um videojogo produzido originalmente pela Game Arts (os mesmos que mais tarde nos trouxeram as séries de RPGs Lunar e Grandia) no final da década de 80 para computadores japoneses. Foi eventualmente convertido para a PC Engine, tendo inclusivamente recebido uma localização norte-americana para a Turbografx-16. O meu exemplar foi comprado num lote de jogos em Novembro do ano passado, tendo este me custado algo em volta dos 12€. Edit: arranjei também recentemente um cartucho solto do lançamento ocidental para a Turbografx.
Jogo com caixa, manual embutido na capa e registration card
Cartucho solto, versão TG-16
A história leva-nos ao cliché habitual onde o planeta Terra foi invadido por uma poderosa civilização alienígena e nós tomamos o papel do piloto onde recaem as últimas esperanças da humanidade. A bordo de um poderoso mecha, cabe-nos a nós enfrentar toda esta ameaça sozinhos e salvar o planeta. E este é um híbrido entre um shmup e um jogo de acção/plataformas mais tradicional mas, tal como o título o indica, é também um jogo um pouco mais “táctico” pois os controlos não são propriamente convencionais.
Estes inimigos mais baixos estão fora do alcance das armas normais. Ou os evitamos, ou usamos os canhões do peito que podem ser direccionados com o d-pad
O d-pad serve para nos movermos pelos cenários mas também para saltar. Pressionando o direccional para baixo faz com que o mecha mude de direcção, enquanto o ecrã faz scrolling constante para a direita. Já os botões faciais servem para usarmos diferentes armas. Um controla o braço esquerdo do mecha, que por sua vez é usado para desferir ataques de curto alcance, socos com algum poder explosivo que causam também dano a curta distância. O outro botão facial controla o braço direito, que poderá ter diferentes armas de fogo equipadas. Pressionando ambos os botões faciais em simultâneo activam pequenos canhões que o mecha possui no seu peito e esse fogo pode inclusivamente ser redireccionado com o d-pad, sendo por isso o método de combate de eleição para se usar contra alvos que estão abaixo do alcance dos nossos braços, por exemplo. No canto inferior direito do ecrã vemos duas barras de energia importantes: vernier (energia dos boosters que nos permitem manter no ar breves momentos após os saltos) e os escudos, que por sua vez vão-se regenerando lentamente sempre que estivermos alguns segundos sem sofrer dano (o que é difícil). No final de cada nível, mediante a nossa performance, somos recompensados com novas armas de fogo que podem ser equipadas no braço direito, bem como outros pontos que poderão ser redistribuídos para melhorar certos aspectos do mecha, incluindo o dano dos socos, escudos adicionais ou melhores boosters que nos permitem manter mais tempo no ar.
Os nossos escudos regeneram automaticamente quando não sofremos dano. Mas com tantos inimigos no ecrã não é fácil não levar pancada!
Graficamente é um jogo muito interessante, com cenários bem detalhados, com uma variedade quanto baste e vários efeitos de parallax scrolling que são sempre bonitos de se ver, particularmente num sistema como a PC Engine cujo hardware não os suporta nativamente. O jogo possui também algumas cutscenes engraçadas na sua recta final, pena que não as tenha também na sua introdução. A sprite do nosso mecha é grande, bem detalhada e com boas animações, o que por outro lado também é um problema por sermos um alvo demasiado grande. Mas com os escudos auto regenerativos poderemos bem aguentar com alguma pancada. As músicas são agradáveis, mas algo discretas e minimalistas para um jogo de acção tão frenético quanto este.
No final de cada nível a nossa performance é traduzida em pontos que podem ser gastos em melhorar o nosso mecha para o nível seguinte
Portanto este Veigues Tactical Gladiator é um jogo interessante, mas algo complexo. Como podem ver, este não é um jogo muito simples nas suas mecânicas e tendo em conta que vamos ter inúmeros inimigos a surgirem de todos os lados, assim como vários outros obstáculos a ter em conta, teremos mesmo de dominar bem os controlos, particularmente nos níveis mais avançados onde o dano sofrido é bem maior. Um detalhe que deixei propositadamente de fora é o facto de, quando pressionarmos para baixo e mudamos de direcção, ficamos invencíveis durante essa transição e isso é a chave para conseguirmos sobreviver nos níveis mais avançados. Por outro lado, quanto mais inimigos destruirmos, maior será a nossa recompensa e melhor conseguimos melhorar o nosso mecha entre níveis.
Continuando pelas rapidinhas, vamos revisitar brevemente a PC-Engine CD para mais um jogo algo bizarro, mas confesso que achava que a barreira linguística fosse mais apertada do que o que realmente foi. Este é um de muitos jogos do Gambler Jiko Chushinha, que aparentemente é baseado numa manga sobre Mahjong. E de todos os jogos que vi por alto desta série, parece ser bastante bem humorada! O meu exemplar veio incluido na PC-Engine Duo RX que comprei no ano passado!
Jogo com caixa e manual embutido na capa
Ora apesar da temática do jogo ser sobre mahjong, felizmente não vamos jogar mahjong. Como o nome indica, este é um puzzle game, onde teremos de unir peças de mahjong que tenham figuras semelhantes, fazendo-as desaparecer. Teremos de limpar o ecrã de peças de mahjong dentro de um tempo limite! Agora não basta seleccionar peças iguais que estejam espalhadas pelo tabuleiro, é necessário que as mesmas tenham um caminho desimpedido entre elas! Bom, na verdade é difícil de explicar, pois não basta que o caminho esteja livre, esse caminho deve ser o mais directo possível. Sinceramente não consegui entender bem quais as regras! Para além disso, há peças especiais que não um têm par igual, o que para quem não conhecer mahjong é certamente um entrave adicional.
O menu inicial onde escolhemos se queremos jogar o modo história ou treino é das pouquissimas coisas em inglês que temos aqui.
De resto temos dois modos de jogo. O modo principal é um modo história onde nós representamos o herói desta série que está algures num mundo fantasioso e em cada ronda iremos enfrentar um oponente diferente. Entre cada nível vamos tendo uma série de cutscenes 100% em japonês, não entendi nada do que se estava a passar, mas pareceram-me bem humoradas, para além de bizarras ou absurdas. O outro modo de jogo é um modo treino, que sinceramente me parece ser ainda mais difícil que o jogo normal, com um tempo limite ainda mais apertado!
Felizmente este é um puzzle game onde teremos de juntar as peças iguais e que tenham um caminho livre entre si. Mas é desafiante na mesma!
A nível audiovisual não há muito a dizer. Durante as partidas temos o ecrã preenchido por blocos com símbolos de peças de mahjong, pelo que não há grande variedade nesse aspecto. Já entre os níveis é que vamos tendo algumas cutscenes que, apesar de não dar para entender grande coisa do que está a acontecer, parecem ser bastante cómicas e possuem voice-acting. As restantes músicas são bastante festivas e em formato cd-audio também.
O jogo de hoje é um clássico da Mega Drive que sempre me despertou curiosidade quando era mais novo, quanto mais não seja pela imponente arte da capa. E na verdade este é um jogo muito interessante (e desafiante quanto baste), resultando de uma cooperação muito interessante entre três empresas distintas. Por um lado temos a Game Arts que esteve por detrás da produção em si do jogo, a Gainax (sim, os mesmos que criaram o anime Neon Genesis Evangelion) desenvolveu a arte e o conceito do mundo do jogo, por fim a Mecano Associates que produziu toda a banda sonora. O meu exemplar foi comprado a um particular em Dezembro por 10€.
Jogo com caixa e manuais
Em Alisia Dragoon somos levados para um mundo que é um misto de fantasia medieval com ficção científica, onde controlamos a jovem feiticeira Alisia na sua luta contra um vilão que aparentemente veio do espaço. Na verdade, a versão ocidental simplificou bastante a história, já no lançamento original japonês a mesma é contada com mais detalhe no manual de instruções. Mas qualquer que seja a opção, o resultado é sempre o mesmo: Este é um jogo de acção/plataformas onde Alisia possui poderes capazes de lançar raios eléctricos contra os inimigos que são lançados até nós. Para além disso vamos poder também controlar 4 dragões de estimação que nos acompanham, cada qual com diferentes poderes também.
É uma pena que tenham adulterado a história nos lançamentos ocidentais, pois o original faria muito mais sentido tendo em conta os cenários.
A jogabilidade é muito desafiante, pois os inimigos surgem muitas vezes em grande número e temos de gerir bem os nossos recursos. Isto porque, para além de uma barra de vida que pode ser expandida, tanto Alisia como os seus Dragões possuem também uma outra barra de energia que se reflete no dano infligido pelos nossos poderes, sendo que a mesma se vai esvaziando à medida que vamos atacando, tornando os nossos ataques cada vez mais fracos. No entanto, se pararmos de atacar, essa barra de energia vai-se regenerando, pelo que teremos de encontrar um balanço entre atacar e esquivarmo-nos dos inimigos, até que os nossos ataques sejam novamente poderosos o suficiente para limpar as ameaças do ecrã. Por outro lado, cada animal possui diferentes maneiras de atacar os inimigos, o que pode ser vantajoso em diferentes cenários ou bosses. Infelizmente não os conseguimos controlar directamente, mas temos de estar atentos à sua barra de vida.
Alguns dos níveis tendem a ser algo labirínticos mas felizmente lá vamos tendo umas setinhas que nos vão indicando a direcção a seguir
Para além disso iremos encontrar inúmeros power ups no jogo, muitos deles escondidos em salas secretas, o que nos obriga também a explorar alguns níveis que por si já são bastante labirínticos. Para além de vidas extra, itens que nos regeneram ou até expandem a barra de vida de Alisia ou dos dragoons equipados, temos outros que nos podem melhorar os ataques (fazendo com que Alisia ou os bichos subam de nível), outros que nos dão invencibilidade temporária, ou a possibilidade de ressuscitar algum dos nossos animais que tenha morrido entretanto.
A mistura entre fantasia e ficção científica foi um dos temas que mais gostei
A nível audiovisual sinceramente é um jogo que gostei bastante. Por um lado as sprites são bastante pequenas, por outro lado há um certo requinte nos cenários do jogo, gosto especialmente quando misturam temas fantasiosos medievais com os cenários futuristas de uma nave espacial acidentada naquele planeta. As músicas são excelentes e muito variadas entre si. Por exemplo, os arpejos clássicos que ouvimos na introdução do ecrã título são qualquer coisa de uma qualidade fantástica! Parece que não é a única vez que a Game Arts colaborou com a Mecano Associates, pelo que vou ter de explorar melhor as suas outras bandas sonoras.
Posto isto, não consigo deixar de recomendar este Alisia Dragoon. É um excelente jogo de acção e a meu ver merecia um remake (em 2D!) em condições. Para além de visuais revigorados, também seria muito benvindo a possibilidade de controlar melhor os animais que nos acompanham, que foi algo que a meu ver poderia ter sido explorado um pouco melhor aqui.
Continuando pelas rapidinhas, deixo-vos com a sequela de um dos meus videojogos preferidos da Mega CD, o Silpheed. Produzido originalmente pela Game Arts, era um interessante shmup espacial que possuia um grafismo original, misturando gráficos poligonais, com backgrounds em full motion video. Muitos anos passaram até finalmente termos direito a uma sequela, produzida pela Treasure, nome que deveria dispensar apresentações a todos os fãs de jogos de acção. O meu exemplar foi comprado algures no mês de Setembro numa das CeX do norte do país, tendo-me custado 6€.
Jogo com caixa e manual
A história segue o cliché do costume, com a humanidade a ser atacada em força com uma civilização alienígena e cabe-nos a nós salvar o planeta e enfrentar um exército inteiro sozinhos, a bordo de uma poderosa nave espacial. No que diz respeito à jogabilidade, o jogo herda alguns dos conceitos base da sua prequela. Inicialmente dispomos apenas de 2 canhões simples como arma, mas à medida que vamos progredindo no jogo e pontuando, poderemos ir desbloqueando várias novas armas. Tal como no seu predecessor, estas armas podem ser equipadas (e disparadas!) de forma independente no lado esquerdo ou direito da nave. Geralmente até as podemos trocar a meio do nível, visto que temos sempre uma nave de reabastecimento que nos visita, regenerando os nossos escudos e permitindo-nos trocar de arma também. E se por um lado isto deixa-nos com várias combinações distintas de armas que podemos equipar, por outro lado sinto também a falta das bombas especiais que limpam todos os inimigos do ecrã em simultâneo.
Tal como no seu predecessor poderemos desbloquear novas armas e equipá-las de forma independente no lado esquerdo e direito da nave
A nível audiovisual este jogo é um festim. É verdade que o jogo foi produzido ainda no início de vida da Playstation 2, mas mesmo assim contem com bons gráficos poligonais, onde visitaremos diferentes ambientes, desde o espaço e gigantescas batalhas espaciais, até às ruínas do nosso planeta, bem como o estranho mundo alienígena e a sua biotecnologia. Também vamos sendo presenteados com belas cutscenes em CG entre cada nível, o que mostram que os seus níveis de produção vão além de um mero jogo arcade. As músicas vão alternando entre o rock, a electrónica e até um pouco de música orquestral para aqueles momentos mais épicos. Também vamos tendo algumas narrações e conversas de rádio que vamos ouvindo ao longo dos níveis, mas estas já não são nada de especial, embora sirvam para dar um pouco mais de vida ao jogo.
Os inimigos são um híbrido de matéria orgânica e tecnologia
Portanto, este Silpheed é um interessante shmup para quem gostou do original e para quem for fã do género. Não é no entanto um dos jogos mais originais ou mesmo exigentes, visto que perdeu algumas das mecânicas de jogo da sua prequela, mas ainda assim não deixa de ser um jogo bem competente.