Billy Hatcher and the Giant Egg (Nintendo GameCube)

CapaUma das razões que me levaram em 2002, escolher a GameCube como a minha consola da geração anterior, foi o apoio da Sonic Team. Eu sempre fui grande fã da Sega e Nintendo old-school, e se a Sega não tivesse anunciado o fim prematuro da consola há uns tempos, provavelmente até teria comprado a Dreamcast, era bem mais barata e vinha com bastantes jogos (mas isso é outra história que poderá ser contada quando fizer uma análise ao hardware da Nintendo GameCube). Um dos jogos que a Sonic Team lançou foi este Billy Hatcher and the Giant Egg, em 2003. Comprei este jogo por uma pechincha no ano passado, no eBay UK e está impecável.

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O jogo completo

Comprei o jogo meio “às cegas” porque nunca o tinha jogado antes, nem mesmo ver uns vídeos decentes do jogo em acção, conhecia-o de ver algumas imagens na net quando o mesmo foi anunciado. Eu gosto de jogos de plataformas e a Sonic Team para o bem ou para o mal, é um estúdio de renome nessa área.

De que se trata Billy Hatcher and the Giant Egg? Ora, o nosso herói Billy Hatcher é um menino que é transportado para um mundo de fantasia onde vivem galinhas falantes, povo esse que foi invadido por um bando de corvos maléficos que, com base em magia negra conseguem ter a aparência de outros animais bem mais ferozes e perigosos. Sim, a história não faz sentido, mas isto é um jogo de plataformas todo colorido e cutxi-cutxi, não é suposto fazer muito sentido.  A música título é tão idiota, tão idiota que até é viciante e cheguei a andar durante algum tempo a cantarolar “la-la-la-la”.

Ora passando para o jogo em si: O Billy por si só é fraco. Não consegue atacar os inimigos, não consegue correr, etc. Apenas quando segura um ovo, é que tem o poder de atacar e fazer várias manobras com o mesmo ovo. Os inimigos derrotados largam frutas que só conseguimos “apanhar” com o ovo, essas frutas servem para fazer o ovo crescer até estar pronto a eclodir. Existem dezenas de diferentes ovos, cada um contendo items e animais diferentes. Esses animais podem ajudar o Billy a fazer várias coisas, desde atacar inimigos, activar objectos no cenário, ou mesmo poderão servir para levar o Billy às costas, embora sinceramente não tenha visto grande utilidade nisso. Uma coisa que achei curiosa foi as várias “influências” que foram buscar ao Mario 64/Sunshine. O mundo é dividido em várias zonas, cada uma contendo várias missões, decorrendo no mesmo mapa, mas com ligeiras modificações, cada nível é terminado quando se apanha um “emblema” especial, à semelhança das Stars em Mario. Existem também moedas especiais que podem ser coleccionadas, à semelhança das blue coins nos jogos do Mario. Na verdade, em Billy Hatcher também existem blue e red coins, mas servem para uns determinados tipos de níveis. A estrutura dos níveis é a seguinte: Na primeira missão de cada zona deve-se encontrar o galo/galinha chefe daquela região. É um ovo dourado que após o libertar deve-se procurar as frutinhas de modo o fazer eclodir. A dificuldade é que esses ovos dourados partem ao primeiro toque de um inimigo, ao contrário dos normais que partem ao 3º toque. A segunda missão é sempre encontrar o Boss da respectiva área e derrotá-lo. As restantes missões são aparentemente opcionais em quase todas as zonas. Existem sempre missões em que se tem de resgatar 8 galinhas feitas prisioneiras, outras para derrotar 100 inimigos, outras em que temos de coleccionar um determinado número de blue ou red coins, missões para resgatar os 3 amigos do Billy, etc. Existem no total 7 zonas, cada uma com 8 missões (5 para o Billy e uma para cada um dos 3 amigos que podem ser desbloqueados ao longo do jogo), o que perfaz um total de 56 níveis.

Agora a parte pior: a jogabilidade. Eu literalmente acabei de completar as missões todas deste jogo e foi uma autêntica prova de fogo à minha sanidade mental. Para completar o jogo mesmo a 100%, ainda teria de coleccionar todas as moedas, descobrir todos os ovos e mini-jogos (existem alguns mini-jogos que podem ser desbloqueados para se jogar na GBA) e completar TODAS as missões com um rank S (o máximo). No way Jose, não o vou fazer. O jogo começa bem, uma pessoa habituando-se aos controlos vai fazendo as primeiras missões à vontade, até que se chega a um ponto em que as coisas complicam mesmo. A Sonic Team desde os Sonic Adventure na Dreamcast que tem uma estranha fixação por abismos sem fundo. Um descuidozinho e ops, lá se vai o Billy para o c******. Preparem-se para isto acontecer muitas, muitas vezes, e os 1ups não são abundantes. E muitas das vezes quando se cai ao abismo tem-se de recomeçar o nível num sítio bem lá atrás, onde se tem de fazer muitas manobras arriscadas novamente. Muito, muito chato, principalmente quando existem partes em que se tem de fazer saltos ao milímetro de precisão, e isso abunda por aí. Outra coisa que achei chata é o facto de ser muito frequente ao subir uma pequena “ravina” através dum truque com o ovo (é a única maneira de o fazer), o ovo ficar preso na ponta da ravina e o Billy cair ao chão. Se não houver mais ovos na área, não há nada a fazer senão esperar que o ovo que ficou preso volte a ficar disponível no seu local de origem. Isso também me aconteceu muitas vezes, infelizmente.

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Uma das partes "frustrantes" (por acaso esta até é bem simples)

Bottomline, gostam de jogos de plataforma? Têm uma GameCube ou Wii? Acham que eu sou é um mariquinhas que não consegue jogar jogos de plataforma decentemente? Não custa nada experimentar. Aqui em Portugal raramente o vejo à venda por menos de 20€, mas no ebay é comum arranjar por menos de metade. Se vos aparecer uma oportunidade de o comprar baratinho força nisso. Mas preparem-se para muitas horas de frustrações.

Killer 7 (Nintendo GameCube)

No já longínquo ano de 2001, a Capcom fez um importante anúncio,  manifestando o seu apoio à Nintendo GameCube. Para além de continuarem a desenvolver o Resident Evil Zero da N64 para a GC, foi também anunciado que a GameCube iria receber um Remake completamente novo do primeiro jogo da saga, ports directos dos restantes Resident Evil (2, 3 e Code Veronica), bem como o próximo capítulo da saga, o Resident Evil 4. Este apoio da Capcom veio-se a reforçar no ano de 2002, onde foram anunciados os “Capcom Five”, uma série de 5 jogos de “alto calibre” exclusivos para a GameCube:

P.N. 03
Dead Phoenix
Killer 7
Viewtiful Joe
Resident Evil 4

Ora mais tarde a Capcom afirmou que se tinha enganado e apenas o Resident Evil 4 seria um absoluto exclusivo da GameCube (o que acabou por não ser verdade mais uma vez). O P.N. 03 visto não ter sido um sucesso, permaneceu exclusivo para a GC, o Dead Phoenix infelizmente foi cancelado. Os restantes acabaram por receber ports para a PS2.

O Killer 7 foi dos Capcom Five que mais atrasou o seu lançamento, tendo sido lançado apenas em 2005. É o primeiro jogo do controverso produtor “Suda51” a chegar às mãos dos jogadores ocidentais, tendo sido uma colaboração conjunta entre Suda51 e Shinji Mikami, autor de Resident Evil.

E o que podem esperar deste jogo? Bem, é difícil explicar, mas eu diria que é um cruzamento entre a violência de um filme de Tarantino, o horror excêntrico digno de uma BD de Neil Gaiman e o grafismo de Frank Miller, misturado com uma jogabilidade entre aventura on-rails e first person shooter. Confusos? É essa a ideia.

Este jogo desde cedo chamou a atenção pelo seu visual incomum (característica que se veio a repetir no próximo trabalho de Suda51, No More Heroes), os gráficos dão um feel muito comic book na onda de alguns trabalhos de Frank Miller e Neil Gaiman conforme refererido atrás. Killer 7 coloca-nos na presença de um assassino multi-facetado com 7 personalidades diferentes, cada uma com a sua característica especial. O jogo está repleto de cutscenes, ora apresentadas com o próprio motor gráfico do jogo, ora apresentadas num estilo mais anime.

A história ronda bastante entre Harman Smith (líder do grupo) e Garcian Smith, o subordinado que recebe a indicação dos próximos alvos para abater. Em relação à história do jogo em si, é difícil explicar, pois o jogo é tão bizarro e cheio de twists que as coisas deixam de fazer muito sentido. Passa-se num futuro pacifista, onde começam a surgir ataques terroristas de uma organização de nome “Heaven Smile”, liderada pelo arqui-inimigo de Harman Smith, Kun Lan. A organização marca-se por infectar indivíduos com um vírus que transforma os humanos em seres mutantes assassinos, com a capacidade de se explodirem por sua própria vontade. A narrativa do jogo anda em volta da Heaven Smile, o confronto Harman Smith vs Kun Lan, as diferentes personalidades dos Killer 7, um plot político entre o Japão e os USA, etc. Só mesmo jogando para ver.

Uma das coisas que mais deu gozo, foram as cutscenes envolvendo assassinatos/suicídios completamente bizarros, achei genial a luta contra os heaven smiles de 2 políticos japoneses, completamente desfigurados após cada um ter levado um tiro na testa. Eu sei que isto pode soar mal, mas eu gostei. Até porque a luta em si é bastante peculiar. Eles os 2 passam o tempo a vomitar batatas voadoras em relação ao jogador, sim, leram bem. A única maneira de os vencer é dar um tiro no cérebro de cada um, o que não é muito fácil visto eles estarem sempre de frente para o jogador.

Killer7 boss
Boss - Kuruhasi e Akiba

A nível de jogabilidade, o jogo é todo on-rails ou seja, em caminhos pré-determinados. O jogador pode-se movimentar apenas para a frente e para trás num determinado trilho. De vez em quando aparecem “encruzilhadas”, onde se pode escolher um trilho diferente a percorrer, bem como interagir com objectos de modo a resolver alguns puzzles ou adquirir itens. A componente de shooter é toda feita em primeira pessoa, sendo que cada assassino possui apenas uma arma característica, bem como algumas habilidades.

Devido a um visual tão diferente, e uma jogabilidade muito peculiar, o jogo não foi propriamente um sucesso de vendas, tendo adquirido uma plateia de fãs muito selecta. Existem 2 versões do jogo, a original para a GameCube e a conversão PS2. As más línguas dizem que a versão PS2 é um pouco inferior na sua performance, eu apenas possuo e joguei a versão GC pelo que não posso comentar acerca da veracidade dessas afirmações. Concluindo, quem gosta de filmes repletos de violência gratuita e histórias completamente mind-fuck, deveria definitivamente experimentar o Killer 7, seja para que versão for.

Para mais informação, screenshots, vídeos, etc:

http://uk.cube.ign.com/objects/495/495539.html