Psy-O-Blade (Sega Mega Drive)

Tempo de voltar à Sega Mega Drive para uma rapidinha a um jogo bastante obscuro da sua biblioteca. Lançado algures durante o ano 1990, este Psy-O-Blade é na verdade uma conversão de um jogo de computador, lançado originalmente dois anos antes para uma série de computadores nipónicos como os PC-88 e PC-98 da NEC. É uma aventura gráfica ao estilo japonês e recebeu, há uns anos atrás, um patch de tradução feito por fãs, visto que o mesmo nunca havia saído fora do Japão. O meu exemplar foi comprado na vinted algures em Dezembro do ano passado, tendo-me custado menos de 30€.

Jogo com caixa e manual

O seu lançamento original é da T&E Software, a mesma empresa a mesma empresa responsável pela série Hydlide (sim, incluindo o infame jogo de Sega Saturn). Ao contrário desses jogos, que decorrem num ambiente de fantasia medieval, Psy-O-Blade transporta-nos para um futuro distante, num cenário de ficção científica. Aqui, assumimos o controlo de um jovem tripulante da nave espacial Cassowary, enviada numa missão de resgate para recuperar os tripulantes da Septemus 2, uma nave que deixou de responder às comunicações e ficou à deriva no espaço. Há, no entanto, um detalhe curioso a ter em conta: no universo de Psy-O-Blade, a Guerra Fria do século XX nunca terminou. Pelo contrário, as tensões agravaram-se ainda mais com o surgimento de uma terceira potência a ameaçar o equilíbrio mundial – os neo-comunistas! Qual a relevância disto para o jogo? Na verdade, não muita, mas Psy-O-Blade adora oferecer contexto sobre o seu mundo..

O ecrã está dividido da seguinte forma: ao centro o cenário que pode ser interagido, à esquerda a nossa posição no mapa, em baixo um retrato da personagem que está a falar e ao lado a caixa de texto para os diálogos

Em termos de mecânicas, Psy-O-Blade é uma aventura gráfica point and click. No entanto, enquanto esperava encontrar uma interface tradicional dos clássicos japoneses da época, como o Portopia, Famicom Detective Club ou Snatcher, com menus de texto representando acções, fui surpreendido por uma jogabilidade verdadeiramente point and click, com controlo total através de um cursor. O botão A serve para interagir com objectos, personagens ou elementos do cenário, enquanto o B permite cancelar acções ou avançar rapidamente o texto. Já o botão C abre um pequeno menu, normalmente utilizado para mudar de sala ou gravar o progresso do jogo. Nesta curta aventura, a progressão da história exige conversas frequentes com as mesmas personagens e uma boa dose de interacção com os cenários – o que significa, inevitavelmente, alguma caça ao pixel. O jogo é linear e bastante breve, como já referi, mas a narrativa tem os seus bons momentos e consegue manter o interesse. Há também um “jogo dentro do jogo”: a certa altura, somos forçados a jogar um clone de Space Harrier e alcançar pelo menos 200 pontos para avançar. Foi, de longe, a parte mais desafiante do jogo, mas uma surpresa agradável!

Algures a meio de aventura, um shmup tipo Space Harrier porque sim

A nível audiovisual, Psy-O-Blade apresenta um nível de detalhe razoável para um título de 1990. Algumas escolhas criativas são curiosas, como o facto de três dos colegas de tripulação do protagonista serem negros, todos com as mesmas feições, cor de cabelo e uniformes idênticos, um contraste evidente em relação ao resto da tripulação. Sendo esta uma aventura gráfica, os cenários são bem detalhados, ainda que estáticos, e o jogo exibe um forte estilo anime. A banda sonora é algo eclética nos géneros musicais que aborda e tem alguns temas mais rock que me agradam bastante e tipicamente resultam sempre bem no chip de som da Mega Drive. Por fim uma nota em relação à tradução. Confesso que não sei o quão fiel a mesma está ao original, pois temos palavrões nos diálogos, o que não é assim tão usual em jogos de consolas desta época. Além disso, há certas escolhas peculiares, como termos um Robert e um Bob, uma personagem feminina chamada Feminine. A mais curiosa foi mesmo a referência ao filme Alien que me fez soltar uma ligeira gargalhada. Um diálogo algo do género “isto que se está a passar faz-me lembrar o filme Alien, que é um filme do século XX onde um alien infiltra-se numa nave e mata todos os tripulantes. Mas não te preocupes que a personagem feminina sobrevive”.

A progressão do jogo obriga-nos a alguma caça ao pixel até que consigamos finalmente avançar

Eu adoro estas aventuras gráficas num estilo mais japonês, particularmente estas que têm a sua origem em sistemas dos anos 80 ou 90 e Psy-O-Blade, apesar de ser uma experiência curta e bastante linear, acabou por se revelar uma experiência surpreendentemente divertida e cativante.

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Autor: cyberquake

Nascido e criado na Maia, Porto, tenho um enorme gosto pela Sega e Nintendo old-school, tendo marcado fortemente o meu percurso pelos videojogos desde o início dos anos 90. Fã de música, desde Miles Davis, até Napalm Death, embora a vertente rock/metal seja bem mais acentuada.

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