Castlevania Advance Collection (Nintendo Switch)

Vamos a mais uma das compilações que a Konami tem vindo a fazer nos últimos anos a séries como Castlevania ou Contra. E se por um lado fico muito contente pela Konami finalmente se lembrar que está sentada sob uma mina de ouro de imensos videojogos clássicos que lançaram ao longo dos anos, por outro lado fico algo triste por precisarem de recorrer a empresas como a Limited Run Games para ter estes lançamentos em forma física. O meu exemplar foi comprado na Xtralife apenas há umas semanas atrás, já que inicialmente não planeava comprar esta compilação visto já ter todos os jogos da Game Boy Advance mas depois lá mudei de ideias.

Compilação com caixa e um pequeno manual. Capa inspirada no Castlevania Dracula X, nome norte americano para o Vampire’s Kiss e a principal razão pela qual acabei por comprar esta compilação.

E as duas razões que me levaram então a comprar esta compilação foram o facto de eu adorar coleccionar (e jogar) para a Nintendo Switch, mas acima de tudo o facto desta compilação possuir um jogo adicional, o Castlevania Vampire’s Kiss, lançado originalmente para a Super Nintendo. Esse é infelizmente um jogo bastante caro nos dias de hoje, pelo que esta compilação acaba por ser uma alternativa bem mais em conta nesse aspecto. Em relação aos títulos da Game Boy Advance (Circle of the Moon, Harmony of Dissonance e Aria of Sorrow), todos eles são excelentes jogos e metroidvanias no mesmo estilo do Symphony of the Night. Poderão ler mais sobre esses jogos nos artigos sobre as suas versões originais nos links deixados acima e aproveitarei os parágrafos seguintes precisamente para escrever um pouco sobre este Vampire’s Kiss.

Finalmente as versões europeias a terem algum destaque!

E o Vampire’s Kiss é uma conversão do mítico Rondo of Blood, lançado originalmente na PC Engine CD, se bem que até ao dia de hoje eu apenas joguei a versão PSP que é um remake 2.5D do original de PC Engine. No entanto o Vampire’s Kiss tem vindo a ser um jogo muito mal amado visto que é uma versão bastante diferente do Rondo of Blood e que perde muitas das características que tornaram esse jogo muito apreciado pelos fãs. Mas para nós ocidentais, nos anos 90 dificilmente teríamos acesso à versão de PC Engine, portanto vou fazer de conta temporariamente que essa versão não existe.

Infelizmente apenas o primeiro nível é que tira grande vantagem das capacidades da Super Nintendo. Os restantes são bem mais contidos.

O Vampire’s Kiss coloca-nos então no papel de Richter Belmont que procura derrotar Drácula e também salvar Annet, sua namorada e Maria, irmã de Annet. O jogo assume-se então como um Castlevania clássico, onde Richter ataca os inimigos com um chicote e toda uma série de armas secundárias que poderemos vir a encontrar como facas, machados, crucifixos tipo bumerangue, água benta, entre outros, todos com diferentes padrões de ataque. No entanto, para utilizar essas armas especiais precisamos de pressionar o direccional para cima em simultâneo com o botão de ataque, o que nos impossibilita de usar essas armas enquanto estamos agachados ou nas escadas, algo que já não acontecia no Super Castlevania IV da Super Nintendo visto haver um botão dedicado para isso. Uma das novidades perante os seus antecessores é a introdução de ataques especiais, directamente associados à arma secundária que temos actualmente equipada e que causam dano em todos os inimigos presentes no ecrã. Outra das novidades é o facto de existirem dois finais distintos, um mau e um bom onde precisamos de salvar tanto a Maria como a Annet, assim como alguns caminhos alternativos que poderemos tomar.

Tal como o original de PC Engine, temos alguns caminhos alternativos a tomar.

Como um todo, este não é um mau jogo de acção e não é um mau Castlevania, no entanto, e comparando com o Super Castlevania IV, é muito mais curto e possui níveis bem mais simples. A nível de apresentação o primeiro nível, onde atravessamos uma cidade em chamas, é o único que realmente tira algum partido das capacidades nativas da Super Nintendo, com bonitas transparências e efeitos gráficos. Os restantes apesar de serem na mesma níveis coloridos, o nível de detalhe é muito inferior. A banda sonora é no entanto bastante boa como tem sido habitual na série.

O posicionamento de alguns inimigos é muito chato neste jogo. Abençoados save states!

Portanto este Castlevania Vampire’s Kiss não é um mau jogo, embora a nível de apresentação e conteúdo esteja uns furos abaixo do Super Castlevania IV e diria que mesmo do The New Generation, que são ambas as referências de Castlevanias 16-bit que nós ocidentais teríamos nos anos 90. No entanto, quando comparado com o Rondo of Blood original da PC Engine CD, então sim, perde-se muita coisa e nem me estou a contar com as cut-scenes anime, vozes e música em CD audio. Muita da estrutura do jogo foi alterada, assim como certas mecânicas e vários níveis que ficaram de fora. Aí sim, esta conversão é uma desilusão maior.

De resto, voltando à compilação em si, o que tem esta para nos oferecer para além dos 4 jogos? Tendo sido desenvolvida pela M2, temos várias funcionalidades de melhoria de qualidade de vida como save states ou rewind. Várias opções de customização de imagem ou de gravar a nossa playthrough estão também aqui presentes. Infelizmente não temos acesso a tantos extras de documentação e entrevistas tal como na Castlevania Anniversary Collection, mas temos acesso a uma galeria com scans de caixas e manuais de todos os jogos aqui presentes, incluindo as suas versões europeias, finalmente! As versões dessas 3 regiões estão também disponíveis para serem jogadas, assim como a possibilidade de ouvirmos as músicas da banda sonora. No caso dos metroidvania temos ainda acesso a uma enciclopédia que lista todos os seus inimigos, itens e poderes. Uma óptima compilação portanto!

Halo: The Masterchief Collection (Microsoft Xbox One) – Parte 6: Halo 4

E vamos fechar a compilação Halo: The Masterchief Collection com o último jogo aqui presente: Halo 4, que acabou por ser o primeiro jogo da série desenvolvido sem a Bungie, com a Microsoft a formar um novo estúdio denominado 343 Industries para continuar a desenvolver videojogos desta série. Foi também o último jogo da série a sair na Xbox 360! Este vai ser no entanto um artigo mais breve pois muito do que Halo 4 nos traz já havia sido feito antes, o que não é necessariamente uma má coisa.

Compilação com caixa

A história leva-nos uma vez mais a controlar o super soldado Master Chief, com a humanidade ainda em confronto com a civilização alienígena dos Covenant. No entanto, coisas acontecem e Master Chief e companhia (a IA Cortana) acabam por explorar um estranho planeta rodeado de um colossal escudo gigante. É aí que entra uma terceira facção em cena, colocando-nos a combater os Covenant, mas também os Prometheans, colocando-nos então com novas armas à nossa disposição e mais uns quantos inimigos diferentes para combater.

Finalmente, inimigos inteiramente novos! E armas também!

A nível de jogabilidade tudo se mantém idêntico na base aos Halos anteriores, com a vida regenerativa e a capacidade de carregar apenas duas armas de cada vez. Ocasionalmente poderemos (e devemos) conduzir uma série de veículos e aquela mecânica introduzida no Halo Reach de equipar diferentes add-ons que nos dão algumas habilidades novas foi reaproveitada neste jogo também. Algumas das habilidades como o jetpack, escudo temporário ou visores diferentes regressam, enquanto outras habilidades novas também foram introduzidas, o que é o caso do pequeno drone que nos ajuda a combater inimigos. Foi algo que utilizei muitas vezes, confesso! De resto o jogo contava também com uma forte vertente multiplayer, mas tal como os restantes jogos da série, apenas me foquei em jogar a sua campanha, que é curta, mas boa. O lançamento original de X360 inclui também um modo chamado Spartan-Ops. Esta é uma pequena campanha que supostamente interliga as histórias de Halo 4 e 5 e apesar de ter sido feito a pensar em multiplayer cooperativo, também poderia ser jogado a solo. Aparentemente esse modo de jogo está “escondido” no modo Firefight desta compilação, mas infelizmente acabei por não o experimentar.

Este jogo tem um foco especial na narrativa entre a Cortana e o protagonista.

Visualmente é um jogo impressionante para a altura e para o sistema em que sai. É certo que a versão presente nesta compilação, e ainda por cima jogada numa Xbox Series X, acaba por ainda melhorar mais a experiência, ao suportar maiores resoluções e taxas de framerate, na verdade mesmo na Xbox 360 era de facto um jogo impressionante. Comparando com o Halo 3 parecem jogos de gerações diferentes, mas não é o caso! A banda sonora continua óptima, alternando como é habitual na série entre temas mais ambientais e ocasionalmente com alguma electrónica, culminando em temas orquestrais e épicos e que bem se adequam à acção que vamos vendo no ecrã. O voice acting é bastante competente como tem sido habitual e as cut-scenes em CGI são de muito boa qualidade. De resto devo notar que pela primeira vez notei alguns bugs nesta compilação: durante a fase final do jogo deixei de ouvir música e voice acting e quando resolvi reiniciar o jogo, infelizmente o checkpoint passou para o epílogo, perdendo assim uma emocional cut-scene que tive de ir depois ver ao youtube, para não dizer que deixei de ter qualquer achievement desde por aí o quinto ou sexto nível…

Visualmente é um jogo incrível e que envelhece ainda melhor na Xbox Series X!

Portanto devo dizer que gostei bastante deste Halo 4. A introdução de uma terceira força acaba por ser muito bem-vinda, pois permitiu à 343 Industries introduzir toda uma série de novos inimigos para combater e armas para utilizar, sendo que muitas delas dei-lhes bastante uso ao longo de todo o jogo. A narrativa também está boa, com o jogo a ter um foco especial na relação entre o super soldado e a inteligência artificial Cortana. O final deixa-nos também com vontade de pegar na sequela logo em seguida, mas supostamente o Halo 5 acabou por ser uma desilusão para muitos fãs. Veremos em breve!

Halo: The Masterchief Collection (Microsoft Xbox One) – Parte 5: Halo Reach

Continuando pela série Halo e pela compilação The Masterchief Collection, lançada originalmente para a Xbox One, foi tempo de jogar agora o Halo: Reach, que serve de prequela à trilogia original. Foi também o último jogo da série Halo a ser desenvolvido pela Bungie, que decidiu tornar-se uma empresa independente em seguida. Tal como o Halo 3 ODST, este jogo foi inicialmente disponibilizado como um DLC desta compilação The Masterchief Collection (pois para todos os efeitos, ambos os jogos não têm a conhecida personagem como protagonista). No entanto, também tal como o Halo 3 ODST, ambos os jogos fazem agora parte oficial da compilação, mas apenas para quem comprar a versão digital. Quem tem a edição física como é o meu caso lá tive de comprar o DLC.

Compilação com caixa

Ora tal como referi acima, este jogo é uma prequela do primeiro Halo, centrando-se num esquadrão de Elite que defende o planeta Reach (colónia humana) de um poderoso ataque dos Covenant. No entanto, ao contrário do ODST onde iríamos controlar vários membros desse esquadrão ao longo do jogo, aqui controlamos sempre o mesmo membro, Noble 6. Na verdade, a narrativa deste Halo Reach acaba por resultar muito melhor que a do Halo 3 ODST e isso é um ponto muito positivo, pois a campanha, apesar de não ser propriamente longa, é bem mais interessante e com um ritmo bem mais frenético.

Visualmente este jogo envelheceu muito melhor que os seus predecessores directos da Xbox 360, Halo 3 e ODST.

A nível de jogabilidade o jogo não foge muito dos restantes Halos que joguei até agora e tal como o ODST, aqui não podemos utilizar duas armas ligeiras em simultâneo. De resto, temos na mesma uma grande variedade de armas para utilizar, tanto de origem humana como covenant e, mesmo apesar deste jogo ser uma prequela, a Bungie incluiu algumas novas armas e inimigos também, o que é sempre uma lufada de ar fresco interessante. O sistema de vida regenerativa é muito similar ao do primeiro Halo, na medida em que temos um um escudo que se vai recarregando com o tempo, mas uma vez com os escudos em baixo começamos a perder vida, que pode apenas ser recuperada ao utilizar medkits. De resto a novidade aqui introduzida nas mecânicas é o facto de podermos equipar dispositivos que nos dão diferentes habilidades ao pressionar o botão X, desde poder correr (isto devia estar sempre activo na verdade), utilizar jetpacks, escudos extra, invisibilidade temporária, entre outros.

Como é habitual na série, não vão faltar momentos onde teremos de conduzir veículos. Pela primeira vez temos no entanto combates espaciais!

A nível audiovisual este jogo está uns bons furos acima do Halo 3 e Halo 3 ODST, com cenários e personagens muito melhor detalhados, geometria com polígonos mais complexos, melhores expressões faciais, etc. Naturalmente correndo isto numa Xbox Series X temos outros benefícios como melhor framerate e resolução superior. O voice acting é bem competente e a banda sonora é também bastante superior à do Halo 3 ODST, embora ainda esteja uns furos abaixo das bandas sonoras da trilogia principal, na minha opinião. Aqui vamos tendo músicas com uma toada mais electrónica ou mesmo rock para alguns combates mais intensos, mas também aquelas músicas mais épicas que a série nos foi habituando.

Um lugar comum desta campanha no entanto são os momentos onde teremos de defender uma certa posição e derrotar todos os inimigos que vão surgindo

Portanto a campanha deste Halo Reach foi uma óptima experiência. Apesar de curta, a narrativa está no ponto e é fácil entender o porquê deste título ser o preferido da série para muitos fãs. Para mim esse troféu vai mesmo para o Halo 2 (particularmente a sua versão Anniversary que está visualmente soberba). Desta Masterchief Collection fica então a faltar o Halo 4, o último jogo da série lançado originalmente na Xbox 360. A ver se o jogo nas próximas semanas.

Galaxy Fraulein Yuna 2 (PC Engine CD)

Há já bastante tempo que não trazia cá nada da PC Engine CD, pelo que foi agora tempo de jogar o Galaxy Fraulein Yuna 2, uma visual novel com algumas ocasionais batalhas dignas de um RPG por turnos. É a sequela do primeiro Galaxy Fraulein Yuna que cá trouxe no ano passado e tal como o seu predecessor, foi um jogo criado pela Red Company/Entertainment (Bonks, Sakura Wars) e publicado pela Hudson. E se o primeiro jogo era impressionante por todo o detalhe que tinha, este consegue ser ainda mais, tendo sido também um lançamento algo tardio da PC Engine, de 1995 para ser exacto. O meu exemplar foi comprado há algum tempo na vinted por cerca de 15€ se a memória não me falha.

Jogo com caixa, manual embutido com a capa e papelada diversa

Ora tal como o seu predecessor este é um título exclusivo do mercado japonês, porém o mesmo grupo de fãs que traduziu a sequela acabou por fazer o mesmo aqui e uma vez mais foi um trabalho de luxo, pois o jogo está repleto de cut-scenes narradas em japonês e sem quaisquer legendas, pelo que tiveram também de injectar texto nas mesmas! A narrativa continua no entanto a ser bastante ligeira. Pensem numa espécie de Sailor Moon, onde a protagonista é a jovem Yuna que acaba por se ver envolvida numa trapalhada e terá de impedir o vinda de uma poderosa vilã que irá destruir o planeta Terra. É uma história muito simples, directa e com algum bom humor, mas notoriamente voltada para um público adolescente.

Esta é uma tradução feita por fãs, de altíssima qualidade e repleta de atenção ao detalhe!

A nível de mecânicas de jogo esta é uma visual novel onde ocasionalmente teremos de escolher que acção queremos fazer a seguir, como observar algo à nossa volta, falar com alguém ou interagir com alguma coisa. No entanto é extremamente linear pois na grande maioria das vezes apenas temos uma acção disponível para desencadear. Pelo meio da narrativa vamos tendo algumas batalhas que são uma vez mais influenciadas pelos RPGs clássicos de batalhas por turnos. As acções que podemos fazer são dadas por um sistema de cartas, sendo que cada figura representa uma acção específica, como atacar, defender (e posteriormente contra-atacar), insultar a adversária (o que faz com que os seus próximos ataques não sejam tão fortes), regenerar vida, ou pedir ajuda a alguma amiga que toma temporariamente o lugar de Yuna na batalha, enquanto esta descansa e recupera alguns pontos de vida em background. As primeiras batalhas vão ser bastante simples, já as seguintes começam a ser gradualmente mais frustrantes, devido à natureza aleatória das cartas que nos saem. No entanto, usar essas habilidades especiais de insultar, defender, curar ou chamar alguém para nos ajudar terão de ser usadas frequentemente para termos sucesso! De resto o jogo possui também alguns mini-jogos em certos pontos da história, bem como vários segmentos onde temos de percorrer labirintos na primeira pessoa, embora com um scrolling longe de ser tão bom quanto o do Phantasy Star.

A história é simples e nitidamente orientada para adolescentes, mas ao menos tem algum bom humor e visualmente está muito bem conseguida

A nível audiovisual este é um jogo excelente e que uma vez mais tira todo o partido das capacidades adicionais oferecidas pela tecnologia Super CD-ROM², que adiciona alguma RAM adicional à PC-Engine. Temos então várias cut-scenes animadas como se fosse um anime (embora nada de full motion video como na Mega CD), tudo muito colorido e bem detalhado, mesmo durante a narrativa normal. Todos os diálogos, e sublinho mesmo todos, são narrados em japonês e a narração parece estar bastante competente, sendo que não entendo quase nada de japonês. No entanto visto que o CD de jogo está carregado de audio de voz, a grande maioria das músicas não são de qualidade CD-Audio (a excepção vai para os temas de abertura e fim do jogo), pelo que a restante banda sonora é toda ela em chiptune, o que não são necessariamente más notícias, visto que a PC-Engine sempre teve um chip de som competente para a sua idade. Tal como o jogo em si, a banda sonora está repleta de músicas agradáveis e com uma sonoridade algo ligeira.

O problema é mesmo as batalhas que dado à natureza aleatória das acções que podemos desencadear poderão se tornar frustrantes a partir da segunda metade do jogo.

Portanto, apesar de muito simples tanto nas acções que temos para fazer como na própria narrativa, este Galaxy Fraulein Yuna é um jogo (90% visual novel) visualmente bastante apelativo para o sistema em que foi lançado e algo agradável de se jogar, pecando principalmente pela aleatoriedade dos combates, que nos poderá trazer algumas frustrações em batalhas mais adiantadas na história. De resto a série Yuna continuou com alguns lançamentos depois deste de 1995. O sistema (fracassado) sucessor da PC-Engine (PC-FX) recebeu um spin-off que creio que não possui ainda nenhum patch de tradução feito por fãs e a Sega Saturn recebeu mais tarde um remake do primeiro jogo, também sem tradução. A mesma consola da Sega recebe também o Galaxy Fraulein Yuna 3, cujo é relançado pouco tempo depois na Playstation com algum conteúdo adicional. Essa versão foi também traduzida pela mesma equipa, pelo que é um jogo que ficou definitivamente no meu radar!

Final Fantasy Crystal Chronicles: Echoes of Time (Nintendo Wii)

Quando cá trouxe no passado o Final Fantasy: The 4 Heroes of Light, mencionei que haviam toda uma série de RPGs que já tinha terminado, ou através de emulação, ou através de outros métodos no caso de portáteis como a Nintendo DS ou Playstation Portable. E sempre que os consigo arranjar para a colecção faço questão de os jogar novamente. No entanto esse Final Fantasy foi a primeira de várias excepções a essa regra, porque simplesmente o tempo hoje em dia é o meu bem mais precioso e esse tinha sido um jogo que não me tinha deixado muito boa impressão quando o joguei inicialmente, pelo que me limitei a ver algumas horas de gameplay para reavivar a minha memória. Há mais alguns RPGs no meu backlog que vou aplicar esse princípio (foram todos jogos que já terminei no passado) e este FF Crystal Chronicles: Echoes of Time é outro desses casos. No entanto ainda joguei umas 2 horas novamente, visto que a versão que havia jogado era a de Nintendo DS. Neste caso, mesmo sendo a versão Wii, o jogo é o mesmo, tirando pequenas diferenças, mas já lá vamos. O meu exemplar sinceramente não me recordo onde e terá sido comprado, mas foi seguramente barato.

Jogo com caixa, manual e papelada

A série Final Fantasy Crystal Chronicles teve as suas origens como um jogo de GameCube, que marcou a reaproximação da Square Enix à Nintendo, após vários anos de ausência desde que o Final Fantasy VII foi movido para a concorrente Playstation. Esse primeiro jogo tinha um certo foco no multiplayer cooperativo, pois um dos seus selling points foi mesmo a integração com a Game Boy Advance, que teria de ser utilizada como um comando para quem quisesse jogar com mais alguém. O jogo poderia ser todo jogado sozinho, embora com alguns inconvenientes, mas acredito que fosse bem mais agradável e divertido se jogado com alguém. O Final Fantasy Crystal Chronicles: Ring of Fates foi o jogo que se seguiu, com uma componente single player mais forte (mas na mesma com multiplayer cooperativo à parte) e foi um jogo que no geral me agradou bastante. Depois de um título digital para a Wii que muito provavelmente nunca mais poderemos obter de forma legítima, segue-se este Echoes of Time, onde a Square Enix decidiu uma vez mais tornar o jogo com um foco mais multiplayer com um twist adicional: o jogo foi lançado em simultâneo para a Nintendo DS e Wii e ambas as versões são compatíveis entre si, ou seja, poderíamos jogar com amigos que tivessem uma consola ou outra. Confesso que uma vez mais não explorei de todo a vertente multiplayer deste jogo, pelo que não irei elaborar nesse ponto.

Tal como o primeiro jogo da série, a história tem uma forte componente multiplayer, a diferença é que tanto utilizadores de DS como de Wii podem jogar em conjunto

De resto, sendo este um jogo onde é possível jogar cooperativamente do início ao fim, a história acaba por ser um pouco mais básica, visto que as personagens que criamos não têm grande impacto na narrativa, o que é pena. Uma vez mais podemos criar personagens de 4 raças distintas, os Clavats, Lilty, Yuke e Selkies, cada qual com diferentes características como mais poder de ataque, magia, defesa ou agilidade (os duplos saltos dos Selkie dão muito jeito no platforming). A nível de mecânicas de jogo muito se mantém igual desde o Ring of Fates, este é um RPG de acção onde teremos várias dungeons para atravessar e side quests opcionais para cumprir de forma a obter mais experiência. No entanto há agora um maior foco na resolução de puzzles para avançar com as dungeons, o que pode uma vez mais ser um problema se jogarmos sozinhos. O jogo recomenda que contratemos mercenários ou criemos os nossos próprios bots que nos acompanham ao longo da aventura e de facto isso é algo que convém nós fazermos pois alguns dos puzzles obrigam mesmo a que existam mais personagens em jogo, como para interagir com múltiplas alavancas ou interruptores. No entanto, como apenas conseguimos controlar uma personagem de cada vez (é possível alternar o controlo entre personagens) e as restantes acompanham-nos sempre, por vezes resulta em situações um pouco frustrantes.

Platforming e perspectiva isométrica nunca combinam bem, mas vai ter de acontecer.

Na Nintendo DS, pelo que me lembro, o jogo controla-se de forma muito semelhante ao Rings of Fate. Mas jogando isto numa Wii, como é que as coisas funcionam? Infelizmente não muito bem. A começar pelo ecrã, visto que a Nintendo DS possui dois ecrãs, no caso da Wii vemos sempre duas janelas, uma correspondente a cada ecrã da Nintendo DS, sendo possível utilizar os botões + e – para as redimensionar. De resto, infelizmente este é um jogo que se controla apenas pelo Wiimote e Nunchuck, com o analógico do Nunchuck a servir para controlar a personagem. O botão A ataca ou interage com outras personagens nas aldeias/cidades. O botão B serve para saltar e o Z para apanhar itens ou carregar tanto objectos como outras personagens/inimigos, com o mesmo botão a servir para os largar ou atirar. O botão C serve para usar magias que, tal como noutros jogos da série, activa uma mira que tem ser direccionada para o seu alvo e pode ser cancelada ao pressionar no B ou Z. Sinceramente não me recordo se isto era possível noutros jogos da série, mas aqui podemos também fazer stacking de vários feitiços, como lançar dois feitiços de cura para um resultado maior, ou simplesmente misturar feitiços diferentes para outros resultados. Isto é feito ao lançar o primeiro feitiço com o botão C, pressionar o botão A para trancar a mira no alvo e lançar outro feitiço novamente com o C e deixar a nova mira em cima da original. À medida que vamos evoluindo as nossas personagens vamos ganhar a habilidade de fazer stacking até 4 feitiços em simultâneo, mas o processo de fazer isto tudo manualmente é aborrecido. Com outros amigos é bem mais simples pois basta que eles activem um feitiço em cima do nosso e caso joguemos com bots poderemos customizar a sua inteligência artificial para fazerem o mesmo feitiço que nós, por exemplo. De resto, o direccional do Wiimote pode ser utilizado para alternar entre feitiços equipados e personagens que controlamos, assim como o apontador do wiimote serve para fazer, replicando o touch screen da Nintendo DS nesse caso.

Outra das novidades da versão Wii é a importação dos Mii enquanto máscaras para as personagens.

A nível audiovisual, para um jogo de Nintendo DS não está nada mau, visto que utiliza o mesmo motor gráfico do Rings of Fate e que por sua vez permitia gráficos em 3D poligonal algo simples, mas com uma boa qualidade tendo em conta as limitações do sistema. A versão Wii utiliza exactamente os mesmos gráficos, talvez para garantir compatibilidade no modo multiplayer entre ambos os sistemas. Estão no entanto ligeiramente mais polidos na Wii, mas é importante não nos esquecermos que estamos a jogar um título de Nintendo DS. Imaginem a Wii como se fosse um Super Gameboy ou Game Boy Player, que nos permitia jogar cartuchos de GB na SNES e Game Cube respectivamente. Sinceramente e independentemente das versões, continuo a achar que estes Crystal Chronicles estão muito abaixo no charme e detalhe gráfico introduzido pelo primeiro jogo, mas lá está, para jogos de Nintendo DS não ficaram nada mal. Ocasionalmente temos algumas cut scenes com mais qualidade mas uma vez mais não esperem por algo que fosse muito diferente do que uma Nintendo DS nos consegue apresentar. Acho que a Square Enix não perdia nada em incluir cutscenes CGI de melhor qualidade nesta versão, mas é o que é. Algumas destas cenas têm voice acting em inglês que me parece estar bem conseguido e a banda sonora é no geral bastante agradável, contendo muitas músicas mais acústicas e relaxantes, mas outras um pouco mais orquestrais e épicas.

Entendo perfeitamente a necessidade dos visuais da versão Wii precisarem de ser o mais próximo possíveis da versão DS, mas ao menos nas cut-scenes podiam ter caprichado mais na versão Wii.

Portanto, apesar de ter achado uma boa ideia, a de um RPG de acção com multiplayer cooperativo mais robusto e com a capacidade de unir jogadores que joguem numa Nintendo DS ou numa Wii, sinceramente acho que ficam melhor servidos com a versão Nintendo DS. Felizmente não há grandes motion controls a ter em conta nesta versão, mas o wiimote é simplesmente um comando desconfortável de usar em períodos longos, pelo que o suporte ao classic controller ou ao comando de GameCube seria perfeitamente exequível. Na Nintendo DS as coisas funcionam melhor! E mesmo sendo possível jogar todo o jogo sozinho, a narrativa não é a melhor e os bots que nos podem acompanhar, apesar de úteis no combate, não deixam de nos introduzir alguns momentos mais frustrantes quando tentamos resolver os puzzles das dungeons. Depois deste jogo a Square Enix lançou ainda um outro título 100% digital e que muito dificilmente será relançado, bem como uma sequela inteiramente desenvolvida para a Wii. E essa já abusa nos motion controls, pelo que a minha vontade de o jogar não é muita. Mas há-de acontecer.