Depois de ter terminado um outro jogo para a Wii (e que irei em breve publicar aqui as minhas impressões), não me apeteceu desligar a consola e em jeito de celebração do lançamento da compilação dos Another Code para a Nintendo Switch, aproveitei para finalmente jogar este Another Code: R, uma sequela do primeiro Another Code da Nintendo DS. O meu exemplar foi comprado na Cex de Gaia algures em Novembro de 2021 por 12€.
A história leva-nos uma vez mais a controlar a jovem adolescente Ashley Mizuki Robins, agora com 16 anos. E depois do reencontro com o seu pai durante o jogo anterior, este volta a ficar ausente, até que, subitamente, convida Ashley a passar um fim de semana com ele e acamparem num parque próximo do seu local de trabalho. Bom, o pai continua muito ausente mesmo com a Ashley lá, mas à medida que vamos explorar o parque do Lake Julliet, Ashley vai-se lembrando algumas memórias muito ténues da sua mãe, que a levou àquele parque há 13 anos atrás, quando Ashley tinha ainda apenas 3 anos. À medida que vamos explorando e avançando no jogo, vamos então nos lembrando de mais coisas do passado de Ashley e da sua mãe, assim como ir resolvendo outros mistérios que entretanto nos vão surgindo. Como é o caso de Matthew Crusoe, um jovem de 13 anos que foge da casa do seu tio em busca do seu pai que havia desaparecido misteriosamente há 5 anos atrás. Bom, na verdade este é um mistério que fica ainda algo em aberto (desculpem lá o pequeno spoiler) pois aparentemente a Cing pretendia dar continuidade à história, mas com Matthew como protagonista. Infelizmente tal nunca aconteceu pois a Cing acabou por fechar portas pouco depois do lançamento do seu último jogo, o Last Window.

Tal como os outros jogos da Cing, este tem muito de exploração, pois à medida que vamos desbloqueando o acesso a novos cenários como entrar em diferentes divisões ou edifícios, podemos investigar e comentar muitos dos objectos à nossa volta. A maneira como exploramos os cenários é que não é a mais agradável, no entanto. Tirando um puzzle em particular que nos obriga a pegar num nunchuck, todo o jogo é jogado recorrendo apenas ao wiimote. Para nos movimentarmos entre áreas, devemos usar apenas o direccional, o que é um pouco estranho pois o jogo está todo representado como um mundo em 3D. No entanto devemos seguir caminhos bidimensionais, como seguir uma estrada, onde em certas bifurcações poderemos alterar a nossa direcção de movimento ao pressionar para cima ou para baixo. Sempre que chegamos a uma área que tenha algum ponto de interesse, podemos usar o wiimote para apontar um cursor para essa área de interesse e seleccioná-la com o botão A, onde a câmara depois aproxima-se dessa área e assim podemos melhor inspeccionar os objectos à sua volta. Quando estamos dentro de alguma divisão fechada podemos usar o direccional para Ashley mudar a câmara (tipicamente em ângulos de 90º.

Como muitos jogos de aventura point and click vamos precisar de inspeccionar, interagir, coleccionar e combinar toda uma série de objectos, assim como resolver vários puzzles, tipicamente para desbloquear o acesso a qualquer coisa. E sendo este um jogo de Wii, muitos desses puzzles obrigam-nos a usar o wiimote nas mais variadíssimas maneiras. Infelizmente nem todas funcionam bem e por vezes tornavam os puzzles bem mais frustrantes do que seriam se pudéssemos utilizar um comando normal. De resto, algumas mecânicas interessantes deste jogo prendem-se com o uso de certos acessórios. Por exemplo, no Another Code original Ashley tinha uma DAS, um sistema portátil em muito igual à própria Nintendo DS e que serviria não só como uma espécie de PDA onde poderíamos consultar mensagens, gravar o nosso progresso no jogo ou tirar e manipular fotografias (e há puzzles que nos obrigavam a isso). Esse aparelho foi novamente aqui introduzido e com algumas funcionalidades adicionais, como permitir consultar imagens de câmaras de video vigilância. Mas também introduziram o TAS, um aparelho na forma de um wiimote. A principal utilização deste aparelho é para fazer hacking a certas fechaduras electrónicas e confesso que esses puzzles até ficaram bastante originais.

A nível audiovisual este é um jogo consideravelmente simples. Os gráficos são todos renderizados num estilo semelhante ao cel-shading o que até acaba por resultar bem, particularmente em sistemas como a Nintendo Wii ou consolas da geração que a precedeu. É um jogo bastante colorido e que mantém o estilo artístico do seu predecessor, pecando no entanto, a meu ver, por não incluir qualquer voice-acting, pois existem muitos diálogos que teremos pela frente. Já que toco nos diálogos, ocasionalmente também poderemos dar respostas diferentes a perguntas que nos fazem, mas estas escolhas acabam por não ter qualquer consequência para a história. Por fim a banda sonora é algo eclética, possuindo imensas melodias simples, relaxantes e agradáveis o que se adequa bem à aventura, pois passamos a maior parte do tempo em plena natureza e durante o dia.
Portanto este Another Code R é um interessante jogo de aventura e para quem tenha gostado da prequela da Nintendo DS, então por um lado até recomendaria que o jogassem pois dá continuidade à história de Ashley e sua família. No entanto, sendo um jogo da Wii, a Cing incluiu muitas mecânicas à base do controlo de movimento que o wiimote nos permite. Infelizmente muitos destes puzzles acabaram por ser frustrantes, não só pelo wiimote não responder bem ao movimento pretendido, ou por vezes não ser tão claro o que seria necessário fazer. Os puzzles de destrancar portas foram no entanto bastante originais! A outra razão que levo a não recomendarem jogarem esta versão específica é o facto de a Nintendo ter lançado, muito recentemente uma compilação/remake de ambos os Another Code para a Switch. Visto que tenho ambos nos sistemas originais, não era um lançamento que estava a ponderar comprar, mas já ouvi feedback que os remakes possuem conteúdo adicional/diferente e que compensem serem rejogados, mesmo para quem já tivesse jogados os originais. Estou curioso para saber especialmente se o subplot que envolve o Matthew terá também um outro desfecho!
























