Com o sucesso de jogos como Mario Kart 64 ou Diddy Kong Racing, alguém na Naughty Dog achou que seria boa ideia lançar um jogo de Karts na série Crash Bandicoot. Afinal ambos os seus rivais eram baseados em personagens “mascotes” de jogos de plataformas, tal como o próprio Crash Bandicoot. E o resultado até que foi um jogo bem competente! O meu exemplar foi comprado a um particular algures em Feveiro de 2022, mas vou ter de substituir o CD pois possui algum disc rot. Entretanto como tinha sido desafiado por um amigo a jogar este jogo, lá tive de dar uso ao velhinho mas fiel ePSXe. Poderão ver/ouvir a minha opinião no mais recente episódio do Backlog Battlers, mas deixo cá também algumas notas escritas.
Ora tal como referi acima este é também um kart racer onde poderemos escolher representar uma de muitas das personagens do universo Crash Bandicoot, desde os seus inimigos como alguns aliados e todos eles conduzem karts com especificações algo distintas entre si. O Crash possui um carro com especificações medianas, enquanto temos outros mais rápidos mas pecam na maneabilidade e o inverso também. E dispomos também de vários modos de jogo como Time Trial, Arcade, Versus ou Battle (este último é uma espécie de modo deathmatch onde corremos numa arena), mas onde eu realmente investi o meu tempo foi no Adventure mode. Aqui temos mesmo uma história onde surge um novo vilão, o extra-terrestre Nitro Oxide que planeia invadir o nosso planeta, a menos que o consigamos vencer numa corrida. Antes disso acontecer teremos no entanto de participar em várias outras corridas e eventualmente vencer também outros bosses, mas já lá vamos.
No que diz respeito aos controlos as coisas são relativamente simples e funcionam bem. O analógico esquerdo ou o d-pad servem para virar o Kart, enquanto que os botões faciais servem para acelerar e travar (que também pode ser feito com o analógico direito) assim como utilizar os power ups que eventualmente iremos apanhar. Os botões de cabeceira servem para saltar (R1) e alternar a câmara (L2 e R2. Uma manobra fundamental para ter sucesso é dominar os power slides e turbos. Os primeiros são executados ao manter o R1 pressionado enquanto curvamos, sendo que depois poderemos activar um turbo no momento certo ao pressionar o L1. Esse momento é facilmente identificado através de duas dicas visuais. Uma é uma barra no canto inferior direito que quando fica vermelha durante um power slide nos indica que poderemos activar o turbo, a outra é estar atento aos canos de escape do nosso kart. Quando o seu fumo se torna negro, é sinal que podemos activar um turbo! De resto temos também toda uma série de power ups que poderemos apanhar como caixas de dinamite, bombas ou mísseis teleguiados que podem ser atirados contra os nossos oponentes e dão sempre um elemento extra de caos e diversão às corridas!

Mas vamos então abordar um pouco mais o modo aventura em detalhe: aqui, tal como no Diddy Kong Racing, temos todo um mundo para explorar (de kart, claro) que nos dá acesso a várias corridas diferentes. Inicialmente temos apenas uma área para explorar e apenas duas corridas estão abertas. O objectivo é então o de competir em cada uma dessas corridas e terminar as mesmas em primeiro lugar, com as restantes corridas daquela parte do mapa a serem desbloqueadas em seguida. Tipicamente temos 4 corridas diferentes por “mundo” e uma vez terminadas as quatro desbloqueamos o confronto contra o boss daquela zona. Essas são corridas de 1 contra 1, onde o boss é extremamente agressivo e irá atacar-nos constantemente! Uma vez terminada essa corrida ganhamos uma chave que nos desbloqueia a porção seguinte do mapa, onde teremos de repetir todo esse processo para as corridas seguintes. Eventualmente lá teremos confrontar o próprio Nitro Oxide e se o derrotarmos… bom o final é qualquer coisa como isto: “perdi a corrida mas não me considero derrotado. Colecciona todos os tokens, rélicas e vence os campeonatos gem e defronta-me outra vez!”. Ou seja, se quisermos completar este jogo a 100% teremos mesmo de completar todos estes desafios adicionais que vão sendo desbloqueados à medida que vamos defrontando vários bosses.

Cada corrida normal pode ser jogada novamente para dois tipos de desafios diferentes: os CTR tokens e relics. No primeiro competimos na mesma contra mais 7 oponentes e o objectivo não só é o de chegar em primeiro lugar, mas também de coleccionar as letras C T R que estão espalhadas pelo circuito, muitas vezes em locais não muito visíveis. No segundo desafio já competimos sozinhos e a ideia é a de fazer o melhor tempo possível, existindo 3 tempos a bater: sapphire (fácil), gold (difícil) e platinum (perfeccionista!), sendo que para desbloquear o final verdadeiro teremos de bater os tempos gold no mínimo. Para ajudar, vamos também ter acesso a uma série de caixas destrutíveis com os números 1, 2 ou 3. Sempre que destruímos uma destas caixas, o relógio deixa de contar esses mesmos segundos e, caso destruímos todas essas caixas, temos ainda um desconto de tempo adicional de 10s no final de cada nível, essencial para chegar aos tempos de platinum. Sempre que derrotamos um boss desbloqueamos também um desafio adicional onde numa arena teremos de apanhar uma série de cristais dentro de um tempo limite, também para granhar um token CTR. À medida que vamos amealhando estas medalhas CTR vamos também desbloquear as Gem Cups, que são pequenos campeonatos onde teremos de competir em 4 circuitos seguidos, onde o objectivo é também o de terminar em primeiro lugar. É aqui também onde poderemos desbloquear algumas personagens secretas! Portanto como podem calcular, conteúdo adicional é o que não falta. Se eu fosse novito e tivesse bem mais tempo disponível (e menos jogos em backlog) certamente ainda tentaria completá-lo a 100%, mas decidi não o fazer, pois o jogo obriga-nos a conhecer intimamente todos os circuitos, os seus atalhos e dominar as mecânicas de power slide e boost.

No que diz respeito aos audiovisuais estamos perante um jogo bem colorido e detalhado, como tem sido habitual na série Crash Bandicoot. Os circuitos são bastante variados entre si, desde praias, montanhas e florestas, pistas subaquáticas, ruinas antigas, entre muitos outros. Todos eles apresentam gráficos poligonais bem detalhados, pelo menos para o standard dos sistemas 32bit daquela época e a draw distance até que é bem considerável. A sensação de velocidade, particularmente quando passamos por algum boost está também muito bem conseguida, pelo que é um jogo que apresenta uma boa performance como um todo. A banda sonora é também agradável, possuindo muitas daquelas sonoridades algo características dos primeiros jogos da série Crash, ou seja melodias alegres e com um toque algo tribal, por vezes.
Portanto estamos aqui perante um jogo de karts muito bem executado tecnicamente e bastante divertido de se jogar, com a mecânica do power slide + boost a ganhar o merecido destaque. Creio que foi também um jogo bem sucedido, pois apesar de existirem vários jogos do género na PS1, todos estavam a milhas de distância dos sucessos da Nintendo 64 e este CTR a meu ver até os pode ter superado. Tem também muito conteúdo adicional para quem o quiser completar a 100%, pelo que a sua longevidade pode ser também um factor positivo. De resto convém também mencionar que para além dos sucessores Crash Nitro Kart e Tag Team Racing que saíram para as consolas da geração seguinte, este CTR teve também direito a um remaster em 2019 que sinceramente nunca cheguei a jogar.










