Voltando agora para a Master System, vamos visitar este Heavyweight Champ que era um daqueles jogos que sempre me despertou curiosidade em miúdo, depois de ver um screenshot num daqueles catálogos de jogos que tipicamente vinham incluídos nalguns jogos da Master System. O meu exemplar foi comprado a um amigo meu no passado mês de Março por 5€.
No entanto, este Heavyweight Champ possui uma história curiosa. O primeiro título que a Sega lança com esse nome é um jogo arcade de 1976, ainda num hardware assente em circuitos de eletrónica discreta e sinceramente pouca informação consegui encontrar sobre o mesmo, para além de parecer muito primitivo. Em 1987 sai um novo jogo arcade com o mesmo nome, este já no mítico hardware System-16. Este era um jogo bem detalhado para a época, onde a câmara se posicionava nas costas do lutador que representamos. Em 1991 temos este Heavyweight Champ para a Master System em solo europeu e no Brasil, um jogo com o mesmo nome, mas com jogabilidade diferente dos seus antecessores arcade. Mas um ano antes, em 1990 este mesmo jogo sai nos Estados Unidos sob o nome de James “Buster” Douglas Knockout Boxing, pois nessa altura a Sega tentava obter patrocínios de personalidades conhecidas em todos os seus jogos de desporto. Também em 1991 sai na Game Gear, exclusivamente no Japão, uma versão de Heavyweight Champ. Agora a parte mais curiosa disto tudo é que em 1992 a Acclaim lançou, para uma série de diferentes consolas, um jogo chamado George’s Foreman KO Boxing. As versões Master System e Game Gear desse jogo são, nada mais nada menos que um reskin deste Heavyweight Champ. E de bónus, mais uma curiosidade: a Mega Drive também recebeu um James “Buster” Douglas Knockout Boxing que é na verdade um reskin do Final Blow da Taito, um título arcade que a empresa nipónica converteu para a Mega Drive, tendo saído inclusivamente no Japão sob esse nome de Final Blow em 1990. Outra curiosidade? A versão Mega Drive desse James Douglas sai cá na Europa sob esse nome. Porque não fizeram o mesmo com a versão Master System? Não faço ideia.
Mas vamos para o jogo em si. Aqui nós encarnamos num lutador de boxe fictício (ao contrário da versão norte americana que protagonizava o tal James Douglas) e o objectivo vai ser o de vencermos uma série de combates, contra oponentes cada vez mais poderosos. Os controlos até têm o que se lhe diga, pois o jogo é apresentado numa perspectiva lateral. Os botões 1 e 2 servem portanto para dar socos com o punho esquerdo ou direito, respectivamente, enquanto o d-pad pode servir para nos movimentarmos pela arena (esquerda ou direita) ou para defesa, ao bloquear a cabeça ou o corpo (cima ou baixo, respectivamente). Combinações de botões faciais com o d-pad poderão servir para desencadear outros tipos de golpes como uppercuts. Caso mantenhamos os botões 1 e 2 pressionados em simultâneo, poderemos ver, na parte baixa do ecrã uma barra de energia a encher-se e quando estiver no máximo, soltamos os botões e vemos a nossa personagem a despoletar um super soco, capaz de tirar de uma vez uma percentagem considerável da barra de vida do oponente. Nota que os oponentes podem fazer o mesmo connosco! Apesar de todas estas possibilidades, no fim de contas isto acaba por ser um button masher e esperar que consigamos acertar mais golpes do que o adversário.
Tal como nos combates reais, vencemos o oponente se o conseguirmos mandar ao chão e ele ficar lá estatelado depois da contagem até 10 do árbitro. Nessa altura, se o oponente se levantar, ambos os lutadores recuperam um pouco de energia e voltam à pancada até o tempo se esgotar. Felizmente se formos nós os infelizes a ir ao tapete, não precisamos de fazer nada para que a personagem se levante, isso é automático. No final de cada round os árbitros dão-nos uma pontuação que poderá ser usada como critério de desempate caso a luta se prolongue por 12 rondas sem um vencedor por KO. No final de cada combate, e mediante a nossa performance, vamos recebendo alguns pontos que poderemos distribuir em diferentes categorias, melhorando assim a nossa personagem. P é para power, representando a força, R é para recovery, representando a capacidade de recuperar vida entre rounds ou knock-downs e por fim F corresponde a footwork, ou seja a nossa agilidade em deslocarmo-nos pela arena. Por fim podemos também melhorar a categoria S, que representam a quantidade de vezes que poderemos usar os “super socos” em cada combate. Pessoalmente, apostei as fichas todas na força e resiliência!
Graficamente até que é um jogo bem competente para uma Master System. Não é por acaso que um mísero screenshot me tenha fascinado em miúdo! As arenas são idênticas entre cada combate, mas estão bem representadas perante as limitações da Master System. As sprites dos lutadores também estão bem representadas e mesmo nas pequenas cutscenes entre rondas o jogo mostra artwork distinta para cada lutador. As músicas também são, surpreendentemente, bastante agradáveis, tendo em conta uma vez mais as limitações impostas pelo sistema no som.
Portanto este é um jogo que acaba por ser bastante interessante, mais pela sua história, desenvolvimento e múltiplas versões aliadas a licenciamento de celebridades, do que propriamente pela sua jogabilidade que, apesar de ter algumas boas ideias, acaba por cansar rapidamente. Estou curioso no entanto em comparar melhor esta versão com a que lhe sucedeu, a do George Foreman’s KO Boxing!