Medievil 2 (Sony Playstation)

Eu não joguei muito o primeiro Medievel, passei logo para o seu remake na Playstation Portable. Mas este tinha sido um jogo lançado originalmente para a Playstation original algures em 1998 e teve sucesso suficiente para receber uma sequela 2 anos mais tarde, ainda para a mesma plataforma. O meu exemplar sinceramente já não sei precisar ao certo quando o comprei, mas lembro-me que foi na feira da Vandoma no Porto, tendo-me custado 1,5€.

Jogo com caixa

Enquanto o primeiro jogo decorria na Idade Média, onde um poderoso feiticeiro cria um exército de vampiros e Sir Daniel Fortesque que teoricamente o tinha derrotado uns bons anos atrás, é também ressuscitado como zombie e cabe-lhe a ele o papel de derrotar o feiticeiro. Ora esta sequela já decorre uns quantos séculos depois dos acontecimentos do primeiro jogo, em plena era Victoriana, com um outro feiticieiro a lançar novamente o mesmo feitiço que ressuscita os zombies, e Sir Daniel a ser novamente ressuscitado para uma vez mais ter de confrontar o novo vilão e o seu exército de zombies e outras criaturas tenebrosas.

Este fantasma vai-nos acompanhando ao longo de todo o jogo, para além de nos dar algumas dicas úteis, também é ele que nos permite gravar o progresso no jogo.

Este é então um jogo de acção/plataformas em 3D, onde teremos diversos níveis diferentes para ultrapassar e Sir Daniel poderá a vir coleccionar uma grande variedade de armas, umas melee como espadas ou martelos, outras de médio/longo alcance como pistolas, bestas ou mesmo uma gatling gun que podemos desbloquear mais tarde. Em todos os níveis teremos dezenas de inimigos para defrontar e o jogo encoraja-nos mesmo a que derrotemos o máximo de inimigos possível, pois só assim poderemos apanhar os diferentes cálices espalhados em cada nível e posteriormente desbloquear novas armas. O jogo possui também um foco considerável em resolver puzzles, seja ao procurar itens e usá-los nos locais certos, seja ao manipular objectos como caixas e afins. Por exemplo, um dos níveis leva-nos a uma mansão repleta de vampiros e a única maneira que os temos de os derrotar é encaminhá-los a levarem com luz solar directamente, sendo que para isso teremos muitas vezes de resolver alguns puzzles antes. A certa altura ganhamos também a habilidade de controlar cabeça de Dan separadamente, juntando-a a umas mãos que nos acompanham, permitindo-nos explorar algumas passagens estreitas, algo habitualmente necessário para resolver alguns puzzles.

Os níveis vão sendo bastante diversificados entre si, com a primeira zona a explorar ser o mesmo museu onde Sir Daniel estava sepultado

Infelizmente os controlos não são os melhores, Daniel ataca de uma forma algo atabalhoada e por vezes os inimigos precisam mesmo de levar bastante pancada para serem finalmente derrotados, o que se traduz em muito dano sofrido pelo meio. É verdade que também podemos defender com um escudo, mas este apenas consegue absorver uma certa quantidade de dano antes de partir. Para além disso os segmentos de platforming por vezes são algo frustrantes, com Daniel a ser incapaz de saltar curtas distâncias sem antes ganhar algum balanço.

Alguns dos inimigos são puramente ridículos!

Mas controlos à parte, tecnicamente é um jogo impressionante e muito agradável. Tecnicamente, para uma Playstation 1 achei o jogo muito bom graficamente, com cenários e personagens bem detalhados. Os cenários vão sendo também bastante variados e, apesar de se passar na era victoriana e não na idade média, os cenários continuam com aquele aspecto sinistro, mas não propriamente assustadores. Parece mesmo que estamos num filme do Tim Burton! E depois temos uma vez mais todo o bom humor, que está presente não só na narrativa, mas também nalguns momentos chave do jogo, como o combate entre Frankensteins ser logo aquele que me vem imediatamente à cabeça. A narrativa, para um jogo de PS1 também a achei muito boa e bem humorada!

Este é provavelmente um dos confrontos mais hilariantes que temos no jogo

Portanto devo dizer que até gostei deste Medievil 2, se não fosse por o sistema de combate e platforming não ser o mais convidativo, poderia mesmo ser um grande clássico da Playstation. Entretanto a série viu mais um remake a ser produzido para o primeiro jogo, tendo sido lançado para a PS4 algures em 2019. Ainda não o joguei, mas quem sabe se não teremos um remake deste também?

Assassin’s Creed III Liberation (Sony Playstation Vita)

Voltando à série Assassin’s Creed, vamos ficar com este Liberation, um jogo originalmente desenvolvido exclusivamente para a Playstation Vita e serviria de spin-off do Assassin’s Creed III, pois ambos decorrem mais ou menos na mesma janela temporal e em solo Norte-Americano. Eventualmente a Ubisoft lançou um remaster em HD para uma série de outras plataformas, incluindo o PC cuja versão digital também a possuo na minha conta uPlay, mas preferi jogá-lo na portátil da Sony, da forma que foi originalmente pensado. O meu exemplar foi comprado numa CeX algures no norte do país em Outubro de 2018.

Jogo com caixa, manual e papelada

Se já jogaram algum Assassin’s Creed então já estão cientes da premissa do eterno conflito entre Templários e Assassinos e que é frequentemente usada uma tecnologia que permite reviver memórias dos nossos antepassados que ficaram armazenadas no nosso DNA. Tipicamente alguém no presente usa essa máquina para descobrir algum segredo no passado, e a narrativa vai oscilando entre as memórias do tal antepassado que estamos a reviver, e a história do presente. Bom, neste Liberation as coisas são mais simplificadas. Logo desde o início somos informados que estamos a correr uma simulação gerida pela própria Abstergo, empresa ligada aos Templários, pelo que não teremos grande história por fora da simulação. Já a simulação em si, esta leva-nos ao encarnar numa assassina, a primeria protagonista feminina na série Assassin’s Creed, filha bastarda entre uma escrava e um nobre francês e que decorre principalmente na cidade de Nova Orleães, quando esta era ainda uma colónia francesa. Temas como o escravagismo e o eterno conflito com os Templários serão uma constante.

O combate deverá ser familiar a quem tenha jogado algum dos ACs anteriores

A nível de jogabilidade, este é um Assassin’s Creed que apesar de possuir algumas limitações em virtude de correr numa consola portátil, não deixa de ser fiel à sua fórmula habitual. Estamos então perante uma aventura completamente open world, onde para além das missões da história principal teremos também outras missões opcionais e imensos coleccionáveis para obter, ao explorar toda a cidade de Nova Orleães e os pântanos nas suas imediações. É no entanto uma aventura mais compacta e mais contida. Apesar do pai de Aveline (a protagonista) ter um negócio comercial que nos permite gerir uma frota e trading entre diversos portos, não temos quaisquer missões marítímas como no Assassin’s Creed 3. Apesar de também ocasionalmente termos de defrontar alligators nos pântanos, não temos nenhum foco nas actividades de caça e crafting de itens.

Apesar da área a explorar ser pequena comparando com os restantes jogos na série, ainda teremos muitos coleccionáveis para descobrir e missões adicionais para cumprir

A jogabilidade no essencial está inalterada, embora algumas consessões tiveram de ser feitas tendo em conta que a Vita possui menos botões que um comando de PS3/PS4. A nível de movimento e combate, as coisas são practicamente idênticas aos Assassin’s Creed principais, podemos escalar edifícios e o jogo vai tendo um grande foco na furtividade também. Algumas funções tiveram é de passar para o touch screen da Vita, como a parte de consultar o mapa, ou a parte de gerir o inventário e escolher quais as armas a usar. A parte de assaltar os transeuntes passou a ser realizada através do touchscreen traseiro da Vita, o que sinceramente achei desnecessário. Outra das novidades trazidas para este jogo está no facto que Aveline pode ir assumindo 3 diferentes personas, todas com habilidades diferentes: A persona de Lady é a que nos limita mais os movimentos, mas possui a habilidade de encantar soldados inimigos com o seu charme. A persona de escrava permite-lhe passar despercebida e mesclar-se com os restantes escravos e a personalidade de Assassina é a que possui as habilidades que já estamos mais habituados. De resto este jogo tem ainda mais alguns elementos que utilizam as propriedades do hardware da Vita como a utilização da lente dos templários para descodificar documentos, que nos obriga a usar a câmara traseira da Vita, apontar a consola para uma fonte de luz, e andar por ali a mexer a consola sem saber muito bem o que fazer até que surge um botão no ecrã que pode ser interagido. Sinceramente também achei que fosse um mini-jogo um pouco inútil.

As características do hardware da Vita são usadas nalguns momentos do jogo

A nível audiovisual, eu ainda não conheço a Playstation Vita tão bem assim para saber ao certo quais são as suas limitações. Quando exploramos o mundo à nossa volta, em particular a cidade de Nova Orleães, tudo até que parece bem detalhado. Mas quando vemos alguma cutscene que aproxima as personagens, então aí já vemos que as mesmas possuem modelos poligonais muito pouco detalhados. Mas sinceramente irritou-me bem mais os diversos bugs que foram acontecendo (personagem a ficar presa em paredes, certos eventos não darem o trigger, etc) do que própriamente os seus gráficos mais limitados perante os Assassin’s Creed principais nas consolas domésticas. A nível de voice acting nada a apontar, é bastante competente assim como a banda sonora.

É especialmente nas cutscenes que nos apercebemos que os modelos poligonais das personagens possuem pouco detalhe

Portanto este Assassin’s Creed III Liberation é um jogo interessante na medida que é mais do que um spin off ou expansão do Assassin’s Creed III, pois conta uma história completamente diferente e num outro local. No entanto, tendo em conta que a Ubisoft lançou mais tarde uma remasterização em HD (e que retira alguns elementos mais chatos que usam os touchscreen da Vita), creio que essa versão será bem mais interessante para se jogar actualmente.

Space Quest 6 (PC)

Vamos começar o ano de 2021 com mais uma rapidinha para fechar a série Space Quest, com o seu sexto e último capítulo a ser lançado originalmente em 1995. E tal como todos os outros Space Quest que fazem parte da minha biblioteca no steam, este meu exemplar digital veio através de um excelente bundle que comprei algures neste ano e que continha dezenas dos clássicos do extenso catálogo de jogos da Sierra.

Na aventura anterior acompanhamos Roger Wilco e a sua ascensão para a posição de capitão da sua própria nave espacial. E apesar de uma vez mais ter salvo o universo, nem tudo resultou em boas notícias, pois Roger acaba por ser julgado pela federação StarCon pela sua conduta imprópria e todos os danos causados. Então Wilco acaba por ser despromovido novamente para a posição de empregado de limpeza! Entretanto toda a tripulação da nave onde Roger estava a servir acaba por ter uns dias de folga num planeta próximo, que apesar de ter um aspecto horrível, sempre tinha uns bares e arcades para se divertirem. Entretanto Roger, depois de deambular pelas zonas menos nobres daquele sítio, acaba por ser raptado e tropeçar uma vez mais numa grande conspiração que começa a surgir à sua volta.

Uma vez mais teremos algumas referências a outros filmes e jogos

Portanto, como não poderia deixar de ser, estamos aqui perante mais um jogo de aventura gráfica com uma interface 100% point and click, onde teremos diferentes cursores para desempenhar diferentes funções como andar, falar, observar, interagir, ou usar itens do inventário. Naturalmente que teremos de interagir com diversos objectos para ir avançando no jogo e ultrapassar os puzzles que teremos de enfrentar, o que nem sempre trazem soluções óbvias. Nos jogos anteriores tínhamos sempre um mini-jogo ocasional para ultrapassar e este Space Quest 6 não é excepção. Desta vez temos um clone de Street Fighter, com personagens e golpes algo hilariantes, mas como uma jogabilidade tão notoriamente má que somos mesmo obrigados a fazer batota. De resto, e também como é habitual, teremos algumas situações de game over hilariantes embora desta vez não tenhamos tantos momentos de frustração também.

Eventualmente temos de visitar um mundo de realidade virtual bem retro

No que diz respeito aos audiovisuais devo dizer que estou algo dividido. Por um lado é de saudar o regresso do voice acting, em particular o do narrador hilariante que é o mesmo que ouvimos no Space Quest IV. Este voice acting enriquece bastante a narrativa, particularmente os seus momentos mais cómicos. Mas no que diz respeito aos gráficos propriamente ditos, é certo que estão muito bons para um jogo de 1995, com sprites das personagem muito bem animadas e detalhadas. Os backgrounds são também muito bem detalhados e os poucos CGIs que vamos assistindo têm uma qualidade que não estava nada à espera de ver em 1995. Ainda assim, prefiro de longe os visuais mais cartoon, tanto nas personagens como nos cenários, que foram retratados nos dois jogos anteriores.

É verdade que os gráficos estão muito bem detalhados, mas preferia o aspecto mais cartoon das aventuras anteriores

Fora isso é mais um jogo de aventura bem sólido por parte da Sierra, uma vez mais com um bom sentido de humor e umas quantas referências a outros videojogos e filmes. A partir daqui infelizmente as coisas na Sierra foram mudando e para o pior, pelo que a série acabou por não receber mais nenhum título.