Super Albatross (PC-Engine CD)

Vamos voltar às rapidinhas, ficando agora com mais um jogo desportivo, desta vez para a PC-Engine CD. Este Super Albatross é no entanto mais do que um simples jogo de golf, pois possui também umas quantas sequências anime com voice acting inteiramente em japonês. Ou seja, sem qualquer patch de tradução existente, foi um jogo que eu fui experimentando aos poucos, passo a passo, até entender minimamente como as coisas funcionam. O meu exemplar veio num grande bundle que incluiu uma PC-Engine Duo RX mais quase duas dezenas de jogos.

Jogo com caixa e manual embutido na capa

Ora no ecrã título temos umas quantas opções para seleccionar do menu principal. A primeira diz respeito à criação de uma personagem ao nosso gosto a começar pelo seu nome, a idade e o sexo, o que irá ditar a aparência do avatar (abençoado google lens para traduzir isto on the fly). De seguida podemos experimentar um modo de treino que nos permite practicar em diversos circuitos. A última opção dá-nos a possibilidade de jogar um torneio completo, mas confesso que não perdi tempo com essa. Por fim, a penúltima opção é de todo a mais interessante, pois consiste no modo história.

Para definir a potência da tacada temos de ter em atenção a animação que surge no canto superior direito do ecrã

E neste modo não usamos a personagem que poderíamos ter criado num dos passos anteriores, mas sim o jovem rapaz que figura na capa do jogo. E a história começa de uma forma bastante dramática com a sua mãe a morrer no hospital e as suas últimas palavras tinham alguma coisa a haver com golfe, pois o rapaz larga tudo e vai ter com um velhote que deve ser algum sensei do desporto. Ao longo do jogo iremos defrontar uma série de oponentes todos distintos entre si, incluindo um cyborg, sendo que teremos de obter uma melhor pontuação que eles nas partidas que vamos jogando. As cutscenes são todas do estilo anime e com voice acting em japonês, pelo que não percebi rigorosamente nada do que estava a acontecer.

Quando nos aproximamos do buraco, o jogo apresenta uma vista ampliada da área. Os controlos mantêm-se nesta fase.

Indepentendemente do modo de jogo escolhido, a jogabilidade infelizmente não é a melhor. Começamos por escolher qual o taco que queremos usar naquela jogada e, a menos que sejam profissionais do desporto, dava jeito saber qual seria o alcance máximo de cada taco para ter uma melhor ideia de qual utilizar. Depois de seleccionado o taco podemos também definir qual a zona da bola queremos atingir, para lhe dar algum efeito ou não. Em seguida temos de definir a direcção e aqui surge um cursor que podemos apontar para onde quisermos no cenário e definir o ponto alvo que tentamos alcançar, mas temos também de ter em consideração a força do vento e sua direcção. Por fim estamos prontos para fazer a tacada e aqui surge uma imagem da personagem a preparar o swing. Se quisermos dar uma tacada com toda a potência, temos de manter o botão pressionado até à personagem levantar o taco por completo no ar e largar o botão em seguida. Se quisermos dar uma tacada mais soft, teremos de largar o botão mais cedo.

No modo história, a narrativa começa de uma forma bastante dramática. Pena que não entenda patavina do que estão a dizer.

Já no que diz respeito aos audiovisuais, as partidas de golfe não são nada de especial, com os courts de golfe a terem um aspecto algo genérico, mas com os obstáculos do costume: árvores, água e areia. Já as cutscenes, que têm um aspecto bastante anime como referi acima, parecem-me bem conseguidas. Não têm necessariamente muitas animações, até porque este também é um jogo que usa a arquitectura básica CD-ROM², em vez de usar o upgrade de memória dos jogos Super CD-ROM². Mas dão um aspecto bem mais interessante e aposto que a história é tão bizarra que tenho mesmo pena de não ter entendido nada do que ali se passa. Já as músicas são bastante alegres, às vezes até demais.

Também no modo história, entre cada cutscene temos esta apresentação do nosso adversário. O que é um Bio-Operation Level? Não faço ideia mas deve ser importante

Portanto estamos aqui presentes a uma curiosidade por parte da Telenet Japan, um jogo que não viu qualquer lançamento fora do Japão e é fácil entender o porquê. Como simulador do desporto deixa muito a desejar, mas a sua história bizarra e dramática deixam-me com pena de não entender nada do que estava para ali a acontecer.

Rambo III (Sega Mega Drive)

O Rambo III, para além de ser um dos mais icónicos filmes de acção da década de 80, foi também um dos primeiros jogos que joguei após ter descoberto o admirável mundo da emulação algures no final de 1998 (saudades do KGen98 e Genecyst). E apesar de existir também uma adaptação do Rambo III para a Master System, este é na verdade um jogo inteiramente diferente. O meu exemplar foi comprado numa CeX algures no mês passado de Novembro, tendo-me custado 15€.

Jogo com caixa e manuais

A versão Master System é um light gun shooter similar ao Operation Wolf, enquanto esta versão 16-bit já é um shooter similar a jogos como Ikari Warriors ou Commando. Curiosamente todos esses jogos tiveram como inspiração filmes como este Rambo ou Commando do tio Arnold. Mas enquanto jogos como Commando nos colocam num caminho linear, mas repleto de inimigos para enfrentar e com um boss no final, aqui há também um foco na sua exploração, isto porque numa grande parte dos níveis teremos de explorar bases inimigas e resgatar prisioneiros de guerra, ou destruir depósitos de munições.

Ao usar o arco e flecha devemos manter o botão B pressionado durante algum tempo para o ataque ser mais poderoso

A nível de jogabilidade as coisas são simples. Rambo está munido de uma metralhadora com munição infinita e que podemos disparar livremente em 8 direcções com o botão C. Paralelamente à metralhadora vamos tendo também três armas especiais cujas podemos alternar livremente com o botão A, sendo essas uma faca que naturalmente também podemos usar infinitamente, bem como bombas que detonam após alguns segundos ou um arco e flechas explosivas. Podemos usar estas armas secundárias com o botão B, depois de as seleccinar com o A. As flechas explosivas, para maximizar o seu poder explosivo, devemos deixar o botão B pressionado durante alguns segundos para as “carregar”. De resto, e à medida que vamos matando inimigos, estes vão também deixando alguns itens que podemos coleccionar, desde flechas explosivas, bombas ou mesmo vidas extra que serão preciosas, pois cada dano que sofremos é uma vida perdida. Convém também mencionar que no final de alguns níveis teremos ainda uns segmentos especiais onde teremos de defrontar um boss. E aqui o jogo muda a sua perspectiva para as costas de Rambo onde, tal como no filme, teremos de disparar uma (ou mais) flechas explosivas bem carregadas e atingir um ou mais helicópteros ou tanques, sendo que teremos de nos desviar também dos seus projécteis.

O jogo muda de perspectiva nos confrontos contra os bosses

Graficamente é um jogo algo simples até porque foi lançado ainda no início do ciclo de vida desta plataforma. Vamos ter alguns níveis em plena selva, outros tantos em bases militares inimigas, tanto nos seus pátios exteriores, como nos seus interiores. É também um jogo curto, com 6 missões apenas, embora estas ainda nos irão dar algum trabalho até nos habituarmos bem às mecânicas de jogo. A nível e som, sinceramente não achei assim nada de especial. De resto, principalmente se o jogarmos em dificuldades mais avançadas, é um jogo que irá colocar um maior número de inimigos no ecrã em simultâneo e quando isso acontece, o jogo acaba por sofrer alguns abrandamentos.

O jogo até que segue de forma algo ligeira os acontcimentos do filme

De resto este Rambo III é um jogo curto, porém sólido e que irá agradar aos fãs de shooters do tipo Ikari Warriors, Mercs ou Commando. Para além da sua temática ser semelhante, a sua jogabilidade é também bastante simples como esses jogos, oferecendo na mesma um bom desafio até porque todos os disparos contam.

Golden Axe (Sega Master System)

A versão Mega Drive do Golden Axe a par do Revenge of Shinobi e Streets of Rage, é dos jogos que mais joguei com amigos meus quando era criança e naturalmente dos que me despertam um maior sentimento de nostalgia. Esse jogo, que teve as suas origens nas arcadas, acabou por ter sido convertido para uma grande panóplia de diferentes sistemas incluindo alguns concorrentes da própria Sega na altura. A Master System acabou também por receber uma conversão, mas infelizmente o resultado não foi de todo o melhor. O meu exemplar veio cá parar através de uma troca que fiz com um amigo neste mês de Novembro.

Jogo com caixa e manual

Então o que tem esta versão de tão mau perante a original? Não existe qualquer multiplayer, apenas podemos controlar o Ax-Battler (aqui chamado de Tarik), se bem que ao menos podemos escolher qual o tipo de magias que queremos utilizar, ou seja, apesar de controlarmos o bárbaro, poderemos escolher usar antes as magias da Tyris ou Gilius. Os níveis também são bem mais curtos perante o original e se por um lado as sprites até que são grandinhas e bem detalhadas, isso acaba por ter um grande custo: na sua performance. As sprites têm poucos frames de animação e o jogo acaba por perder muita fluidez por isso. Ao menos as músicas até que ficaram ok, tendo em conta que o velhinho PSG sempre foi o calcanhar de Aquiles da Master System.

Ao menos esta versão possui alguma arte não vista noutras versões. O Conan manada cumprimentos

Portanto este Golden Axe para a Master System, apesar de até ser bonitinho em screenshots, acaba por ser uma conversão que deixa muito a desejar, tanto pela falta do multiplayer, personagens jogáveis, mas acima de tudo pela sua performance atroz. O Streets of Rage, lançado vários anos depois na Master System, acaba por ser uma conversão mais capaz, apesar de também não ter suporte a multiplayer.

Police Quest 3: The Kindred (PC)

Vamos voltar às aventuras gráficas da Sierra para mais um jogo da série Police Quest. Tal como os outros até agora, este também teve o ex-polícia Jim Walls como produtor e narra mais uma aventura na pele do detective Sonny Bonds. Também tal como os outros jogos desta série que cá trouxe até agora o meu exemplar foi comprado num humble bundle inteiramente dedicado à Sierra algures neste ano, tendo ficado a um preço muito apelativo pela grande quantidade de jogos que incluiu.

Tal como referido acima, encarnamos uma vez mais no detective Sonny Bonds que se vê forçado a passar uns tempos novamente como polícia de trânsito ao substituir alguém nas suas férias. Quer isto dizer, infelizmente, que teremos novamente muitas cenas de patrulhamento e condução de veículos, algo que tinha sido aligeirado no jogo anterior. E de facto os momentos iniciais do jogo colocam-nos a patrulhar as ruas de Lytton, mandar encostar condutores prevaricadores e passar multas. Até que Marie, a mulher de Sonny Bonds, é vítima de um assalto violento que a deixa em coma. Nessa altura Sonny volta ao seu posto normal de detective de homicídios e iremos investigar este caso mais a fundo.

Com suporte a maiores resoluções e cores VGA foi possível criarem um jogo ainda mais realista visualmente

No que diz respeito à jogabilidade, vamos começar uma vez mais pelo que gostei menos: os segmentos de condução. Aqui temos uma visão do interior do carro de Bonds, e à direita vemos uma pequena janela do carro em andamento. Uma vez mais, tal como no remake do Police Quest 1, apenas precisamos do rato para conduzir. Ao clicar acima do carro faz com que este acelere, enquanto ao clicar abaixo faz com que abrande. Clicando nos lados faz com que o carro mude de faixa ou mesmo de direcção, quando nos aproximamos de uma intersecção. Podemos também, com os ponteiros do rato, clicar nalguns pontos do cenário, nomeadamente o botão para accionar as sirenes ou accionar um GPS primitivo que nos mostra um mapa básico de Lytton e a nossa posição actual. Uma vez mais, procurar um mapa na internet é altamente recomendado.

O regresso dos segmentos de condução não foram necessariamente benvindos de volta

De resto é um jogo de aventura point and click, agora com uma interface que usa o rato a 100%, podendo alternar o cursor do rato para diferentes acções como andar, interagir, observar ou falar. O protocolo policial está uma vez mais em foco pois teremos de abordar certas situações da forma correcta, caso contrário é game over. Também teremos de recolher provas em cenas de crime, interrogar testemunhas, usar a base de dados policial para obter pistas sobre outros casos e suspeitos e até construir um retrato robot com base no testemunho de alguém.

Um dos puzzles que teremos de resolver é o de criar um retrato robot de um dos suspeitos

Graficamente este jogo já usa uma nova versão do motor SCI, agora para além de suporte a uma interface completamente point and click, também suporta mairores resoluções e um esquema de cores mais rico, permitido pelo standard VGA. Para além disso, a Sierra insistiu num visual mais realista, o que é particularmente notório nalgumas cenas com actores reais digitalizados. As músicas quando entram em acção também continuam com um feeling muito policial, o que se adequa perfeitamente à série e não seria de estranhar, até porque o seu compositor é o mesmo de Miami Vice.

Tal como no remake do primeiro Police Quest temos aqui uma interface completamente point and click

Portanto este Police Quest 3 é um jogo de aventura gráfica sólido, mas que infelizmente traz de volta os segmentos de patrulhamento e condução “realista” pela cidade de Lytton. A preocupação nos procedimentos policiais continua em altas, pelo que não se sintam envergonhados se necessitarem de consultar um guia, pois o jogo assume mesmo que tenhamos de ler todos os manuais policiais que vinham incluídos com a edição física do jogo. A narrativa desta aventura não é tão directa quanto no jogo anterior, aqui vamos tendo algumas pistas esporádicas e aparentemente não relacionadas entre si e só na segunda metade é que a narrativa começa a afunilar-se na caça dos verdadeiros culpados.