No seguimento do primeiro Police Quest e seu remake, aproveitei também para jogar a sua sequela. Tal como o Larry II, este jogo usa também o motor gráfico SCI0, que suportava uma maior resolução, mas ainda um número limitado de cores devido ao standard EGA nos PCs. Felizmente as cenas de condução foram simplificadas bastante, o que me levou a gostar bem mais deste jogo! O meu exemplar foi comprado num Humble Bundle algures em Maio deste ano por um valor bem baixo tendo em conta a quantidade de jogos que trouxe incluidos.
E este segundo jogo coloca-nos uma vez mais no papel de Sonny Bonds que tinha começado a sua carreira por ser um polícia de trânsito, tendo sido depois promovido para detective na área dos narcóticos, ainda durante o primeiro jogo. Nesta nova aventura Sonny Bonds é agora um detective na área dos homicídios e eventualmente descobrimos que Death Angel, o barão da droga que aprisionamos no primeiro jogo, acabou por conseguir fugir da cadeia e planeia vingar-se de todos os que contribuiram para a sua prisão. Sinceramente achei a narrativa deste jogo bem mais apelativa!
Felizmente que desta vez as secções de condução estão todas automatizadas!
No que diz respeito às mecânicas de jogo, estas ainda são as de um jogo de aventura gráfica, mas com suporte ao rato muito limitado, pois ainda teremos de escrever comandos para desencadear as acções pretendidas. Ou seja, ainda teremos aqueles momentos um pouco frustrantes em que não sabemos bem que palavras usar, ou teremos de estar numa localização pixel-perfect para o comando ser válido. Mas felizmente todas as secções de condução foram agora simplificadas, pois basta entrar no carro e escrever drive mais a localização pretendida. A restante jogabilidade e puzzles ainda se baseiam muito na correcta utilização dos protocolos policiais, mas já não os achei tão aborrecidos quanto no primeiro jogo. É verdade que continuamos com muitas maneiras de perder o jogo, afinal isto é uma aventura gráfica da Sierra, mas achei a história como um todo e os seus desafios bem mais interessantes. Uma coisa que me esqueci de mencionar no artigo anterior é que os primeiros 3 Police Quest foram produzidos por Jim Walls, um ex-polícia, logo a história foi baseada nalguns factos reais e daí o jogo ter também um grande foco em realismo para a época. O mesmo acontece nesta sequela.
Continuam a haver muitas formas de game over, e teremos de continuar a seguir o protocolo policial, especialmente nos confrontos armados e análise forense
Graficamente é um jogo que corre num novo motor gráfico, que suporta maiores resoluções, logo mais detalhe no ecrã. Ao contrário da série Larry, esta Police Quest sempre quis ter uns visuais mais sérios e realistas e este novo motor de jogo permite-lhes isso, embora ainda com a limitação de poucas cores no ecrã devido ao standard EGA que na época ainda era o topo de gama nos PC. Mas apesar de eu não ter desgostado de todo do aspecto mais realista deste Police Quest II (por outro lado não gostei nada da versão realista do Larry) continuo a apreciar mais o primeiro jogo por ter visuais mais minimalistas e com um pixel art mais cativante na minha opinião. Por outro lado este lançamento já suportava algumas placas de som e as músicas têm todas um feeling muito à Miami Vice, que sinceramente apreciei bastante.
Com o novo motor gráfico os visuais são mais realistas embora ainda com poucas cores. Sinceramente continuo a preferir o look mais minimalista do primeiro jogo!
Portanto devo dizer que gostei bem mais deste segundo Police Quest em relação ao primeiro, principalmente por terem descartado as secções de patrulhamento e pela história ser mais interessante como um todo. A ver como evoluiu a série no Police Quest III, que teve ainda a produção a cargo do ex-polícia Jim Walls.
Vamos voltar à PSP para um jogo que tem sido a minha companhia para umas sessões rápidas antes de ir dormir. E este é nada mais nada menos que o Sonic Rivals, um de muitos jogos do Sonic lançados após a restruturação da Sega e que acabou por cair no esquecimento, e com razão. O meu exemplar foi comprado algures no verão de 2015 numa cash converters por 3.5€.
Jogo com caixa e manual
E qual o conceito deste Sonic Rivals? Lembram-se dos modos multiplayer do Sonic 2, 3, e Knuckles na Mega Drive, onde dois jogadores controlavam o Sonic ou um dos seus amigos e corriam numa corrida até ao final do nível? Pois, é isso mesmo outra vez, mas agora sem split screen, com gráficos 3D e com mais umas quantas personagens jogáveis.
E aqui dispomos de vários modos de jogo, tanto em single player como no multiplayer. Começando pelo modo história, aqui iremos enfrentar Eggman (e o Metal Sonic) que se envolveu uma vez mais num esquema ridículo para conquistar o planeta. Desta vez construiu uma câmara que transforma pessoas ou objectos em cartas coleccionáveis e, no caso do Sonic, transformou os seus amigos Tails e Amy em cartas. Já se jogarmos com o Knuckles, este procura reaver a Master Emerald da sua Angel Island. Poderemos jogar o modo de história com Sonic, Knuckles, Shadow e Silver que terão todos os mesmos níveis para atravessar e uma história com algumas variações entre todos. Ao contrário dos outros jogos do Sonic do mesmo período que tenham múltiplas personagens jogáveis, ao terminar o modo história de cada uma, não desbloqueamos nenhuns níveis extra, nem o “verdadeiro final”, mas sim o Metal Sonic para ser jogado noutros modos de jogo.
A história muda ligeiramente consoante a personagem que representamos, mas também não se ganha grande coisa com isso
Mas antes de abordar os restantes modos de jogo, vamos então entender melhor como isto funciona. Cada nível é uma corrida do ponto A ao ponto B e ganha quem chegar em primeiro. No caso dos confrontos contra bosses, ganha quem infligir mais dano ao Robotnik. Os níveis são muito lineares, oferecendo apenas pequenas derivações de caminhos em certos pontos. E este é um daqueles jogos em que o foco está todo na velocidade, não propriamente na exploração. Todas as personagens jogáveis podem usar o spin dash e o homing attack e os níveis estão repletos de inimigos, obstáculos e speed boosters para aproveitar. Podemos e devemos também atrapalhar o progresso do nosso oponente, tanto ao atacá-lo directamente bem como usando uma série de power ups que iremos encontrar espalhados pelos níveis. Estes terão usos defensivos ou ofensivos mediante a nossa posição na corrida, podendo-nos dar velocidade extra, escudos, congelar temporariamente os inimigos, entre outros. Algumas elementos da fórmula clássica do Sonic foram mudados aqui, como o facto de não perdermos todos os anéis quando sofremos dano, mas sim apenas 10 de cada vez. Se sofrermos dano sem anéis ou se caíssemos num abismo, perderíamos uma vida, já neste jogo apenas perdemos alguns segundos pois fazemos respawn. E no contexto das corridas esses segundos podem ser preciosos!
Ao longo do jogo vamos encontrando power ups que nos podem ajudar ou atrapalhar os oponentes. Mas estes também os usam contra nós!
Para além do modo história, ainda dispomos de mais 2 modos de jogo adicionais na vertente single player, todos eles com as mesmas mecânicas das corridas de base. O Challenge coloca-nos a competir numa série de corridas sendo que teremos uns quantos objectivos múltiplos para cumprir em cada nível, como terminar o circuito dentro de um tempo limite, com um certo número de anéis coleccionados, atacar o oponente umas quantas vezes, entre outros. O outro modo de jogo single player é o Cup que são umas quantas corridas contra o CPU e o objectivo é ganhar mais corridas que o nosso oponente. A vertente multiplayer, que sinceramente não explorei, mas usava apenas o modo de rede ad-hoc, isto é, entre jogadores fisicamente próximos entre si e permitia-nos competir em corridas singulares, ou pequenos campeonatos. O outro modo é o Card Trade que permitia trocar cartas entre jogadores. Estas cartas são o grande coleccionável deste jogo e talvez a única desculpa para repetir os modos de jogo single player, pois teremos 150 para coleccionar, com figuras das personagens e inimigos de toda a série Sonic the Hedgehog desde 1991 até 2006. Acho piada ao factor nostálgico de ver ali o artwork de alguns inimigos dos primeiros jogos, mas não me dei ao trabalho de as coleccionar todas.
No confronto contra os bosses ganha quem causar mais dano ao Eggman
A nível audiovisual o jogo até que é bom tendo em conta que corre numa PSP. Eu sinceramente não sou grande fã do conceito do jogo em si, mas gostei do trabalho que apresentaram nos seus gráficos e som. Os níveis são todos renderizados em 3D, mas apenas nos podemos movimentar em 2 dimensões, o que para um jogo cujo foco está inteiramente na velocidade e não exploração, resulta melhor assim. Mas não pensem que é só andar para a direita, pois teremos alguns obstáculos e inimigos para evitar/derrotar. Mas adiante, os níveis estão bem detalhados para o que a PSP é capaz, e temos alguma variedade nos cenários, embora alguns temas sejam obrigatórios num jogo do Sonic. A primeira zona é um clone da Green Hill Zone com as suas colinas verdejantes e solo com o padrão axadrezado que tão bem conhecemos. Pelo meio temos também o habitual nível nocturno com padrões festivos e no final somos levados para o espaço num conjunto de níveis mais high-tech. As músicas vão oscilando entre temas mais rock ou com alguma electrónica ligeira e sinceramente até as achei agradáveis. Os diálogos possuem muito pouco voice acting, as personagens apenas dizem uma palavra de cada vez e o resto aparece como texto. Mas sinceramente, num jogo do Sonic e tendo em conta que a história é completamente parva, também não se perde nada.
Para quem quiser-se dar ao trabalho, há 150 cartas para coleccionar. Só pelo valor nostálgico não vale a pena o esforço.
Portanto, no fim de contas devo dizer que não gostei muito deste Sonic Rivals pelo seu conceito. Não é um jogo de plataformas a sério, mas sim um jogo de competição directa com alguém e eu prefiro de longe um jogo de plataformas mais tradicional. Mas para quem gostar apenas de tentar passar o mesmo nível de forma mais rápida possível, talvez até lhe agrade. Com um jogo desta natureza, o respawn e o facto de não perdermos os anéis todos sempre que soframos dano foram coisas bem pensadas, mas há ali um ou outro ponto que não gostei nada nas mecânicas de jogo. O primeiro é o facto do spin dash perder velocidade após alguns segundos, bem como os QTEs que surgem quando contactamos com alguns boost pads específicos. Bom, independentemente da minha opinião o jogo deve ter vendido o suficiente pois no ano seguinte a Sega lançou uma sequela. Mas essa, confesso que não a planeio jogar tão cedo assim, talvez para 2021!
Há uns meses atrás comprei um bundle muito interessante que incluiu imensos clássicos da Sierra no steam. Alguns jogos eu já tinha jogado como foi o caso dos Phantasmagoria, mas os lançamentos clássicos de séries como King’s Quest, Police Quest e Space Quest nunca os tinha jogado antes. Decidi começar pela série Police Quest, que nesta colectânea inclui os seus primeiros quatro títulos. É curioso que esta série apesar de ter começado com aventuras gráficas point and click, acabou por evoluir para a série SWAT, com shooters tácticos como os Rainbow Six.
Tal como o primeiro Larry e outras aventuras gráficas da Sierra, o primeiro Police Quest foi lançado em 1987 usando o motor gráfico AGI da Sierra, ou seja, um pouco como nas aventuras de texto de antigamente, teremos de escrever comandos para interagir com os cenários, como “open door“, “look“, “talk to man” ou “take uniform“. Portanto não só temos o desafio de procurar usar as palavras certas para cada acção, bem como temos de estar localizados no sítio certo, muitas vezes com uma precisão pixel perfect. Para além disso este era um motor gráfico ainda algo primitivo, que suportava apenas cores EGA. Nos anos 90 a Sierra decidiu lançar remakes de alguns dos seus jogos mais antigos no novo motor SCI, que suportava cores VGA, maior resolução e um interface verdadeiramente point and click, onde teremos de alternar os ponteiros do rato para ícones que representam diversas acções como falar, mover, observar ou interagir. Esta compilação inclui ambas as versões, pelo que irei abordar brevemente ambas.
O original é ainda daqueles jogos onde temos de escrever comandos com as acções que queremos fazer
Independentemente da versão que escolhermos jogar, a história base é a mesma. Nós encarnamos no agente policial Sonny Bonds que vive e trabalha numa cidade fictícia algures no estado da Califórnia. Era uma pequena cidade pacífica, mas nos últimos anos a criminalidade tem vindo a crescer, particularmente crimes relacionados com tráfico de droga. E nós começamos como um polícia que vai fazendo patrulhas de carro pela cidade, passar multas por excesso de velocidade, apreender bêbedos e entretanto a história vai evoluindo e lentamente iremos no encalço dos traficantes locais.
Como é habitual nos jogos da Sierra, o que não faltam são situações de game over, principalmente se não seguirmos à risca todos os protocolos policiais
Eu sempre gostei de aventuras gráficas policiais tipicamente pelas suas histórias repletas de mistérios e reviravoltas, mas devo dizer que já não gostei tanto deste Police Quest, porque se baseia muito mais em seguir o protocolo policial, do que propriamente pela sua trama. Por exemplo, sempre que sairmos da esquadra temos de revistar o nosso carro antes de o usar. Caso não o façamos é game over porque um dos pneus afinal estava vazio. Ou quando nos preparamos para aprisionar alguém, temos de ter em conta que o devemos algemar e revistar antes de o levar para a cadeia, caso contrário as coisas podem correr mal. No remake, quando o levamos para a cadeia temos ainda de digitar uma série de códigos policiais referentes às infracções que o suspeito tenha cometido, como por exemplo o código 21603 corresponde à infracção “Driving under the influence of intoxicants“. Estes códigos estão todos incluidos no manual, que felizmente temos acesso a uma versão digital de alguns destes documentos. Compreendo que este tipo de técnicas eram usadas como mecanismo de protecção anticópia, mas torna a experiência bem mais aborrecida.
O remake possui muito melhor detalhe gráfico, mas confesso que gosto mais do pixel art minimalista do original
E ainda nem mencionei na questão das patrulhas das ruas. Tanto no original como no remake temos de percorrer as ruas de Lytton num carro patrulha, principalmente na primeira metade do jogo, literalmente à espera que algo aconteça. Seja através de contactos pelo rádio, uma chamada do rádio a avisar-nos para ir a qualquer sítio, ou simplesmente termos apanhado alguém a cometer uma infracção. E percorrer as ruas de Lytton é um martírio, em primeiro lugar porque temos de seguir as regras: manter uma condução dentro do limite de velocidade, estar atento a sinais vermelhos e tentar não embater noutros carros ou casas, senão é game over. Para além disso a navegação é confusa, pois o mapa é grandinho e é difícil saber para onde nos teremos de dirigir. O ideal será procurar um mapa na internet, particularmente na primeira versão do jogo, visto que no remake o interface de condução foi todo remodelado para usar apenas uma série de ícones e aqui poderemos também ver os nomes das ruas, bem como observar os edifícios, o que já será uma ajuda.
As secções de condução no remake também têm agora uma interface completamente point and click. Ao menos podemos agora usar o rato para saber que edifícios correspondem ao quê
No que diz respeito aos audiovisuais, tal como aconteceu no primeiro Larry, apesar do remake possuir cenários e personagens bem mais coloridas e detalhadas, eu acabo por preferir o charme do pixel art mais minimalista do primeiro jogo. Até os diálogos ficaram melhor no original, na minha opinião. Por outro lado, o primeiro jogo foi lançado em 1987 e apenas suporta o PC Speaker como interface de som, pelo que este estará repleto de bips e bops. No remake já são suportadas uma série de placas de som, pelo que já teremos músicas e efeitos sonoros de melhor qualidade.
Portanto devo dizer que fiquei um bocado desiludido com este Police Quest, pelo seu maior foco em ser quase um “Police Simulator” do que uma aventura gráfica policial. A exagerada obrigação em seguir protocolos confesso que me deixou frustrado e é certo que terá sido certamente uma mecânica de jogo original para a época, mas eu não consegui mesmo apreciar. Mas estou bastante curioso em ver como a série evoluiu ao longo dos anos, pelo que deverei jogar a sua sequela em breve.
Voltando à Mega Drive, vamos ficar com mais um jogo da marvel que infelizmente não achei tão bom assim. Combinando os universos de Spider-Man e os X-Men juntos na luta contra mais alguns super vilões da banda desenhada, o jogo até que era ambicioso ao introduzir várias personagens jogáveis, cada qual com diferentes habilidades. Mas o efeito Acclaim (a Flying Edge era uma subdivisão da Acclaim) leva a melhor e o resultado final deixou-me muito a desejar, mas já lá vamos. O meu exemplar foi comprado a um particular algures em Agosto, tendo-me custado uns 25€.
Jogo com caixa
A história é relativamente simples: começamos por controlar o Spider-Man que vê o Gambit dos X-Men a ser raptado pelo vilão Arcade. Ao segui-lo chegamos às imediações da base do Arcade onde jogaremos o primeiro nível como Spider-Man. Uma vez finalizado esse nível, teremos mais 2 níveis pela frente tanto para o Spider-Man, mas também com o Wolverine, Storm, Cyclops e Gambit, sendo todos os níveis distintos para cada personagem e também com objectivos diferentes entre si e naturalmente que os teremos de terminar todos.
O jogo possui umas pequenas cutscenes na introdução e final
E o primeiro problema que vejo é que nem sempre é claro o que temos de fazer em cada nível, pelo que o manual ia dar muito jeito. Mas vamos por partes e abordar primeiro o Spider-Man, cujos controlos usam os botões faciais do comando da Mega Drive para saltar, atirar teias, tanto como projécteis para atacar os inimigos, como para nos balancear pelos tectos e edifícios. Logo no primeiro nível com o Spider-Man temos o objectivo de coleccionar uma série de objectos e só depois a saída fica desbloqueada. Mas nos níveis seguintes do aranhiço o objectivo é o de explorar os níveis até encontrar um boss e derrotá-lo. O Wolverine tem a habilidade de regenerar a sua barra de vida naturalmente, mas isso apenas acontece quando tem as suas garras retraídas. Os seus controlos consistem num botão para saltar, outro para atacar e um outro para activar/desactivar as suas garras. Os níveis de Wolverine também são relativamente simples nos seus objectivos: percorrer os níveis até enfrentar um boss, se bem que o segundo nível coloca-nos num confronto contra o Juggernaut que é incrivelmente doloroso (abençoados save states!).
Como homem aranha, podemos e devemos usar as suas teias para alcançar locais de difícil acesso
O Cyclops possui um botão de salto, outro para pontapés e um outro para disparar os raios ópticos a partir do seu visor. Os seus níveis são subterrâneos e algo labirínticos, sendo que em certas alturas teremos de viajar num minecart sobre carris electrificados e destruir umas quantas minas antes que estas nos destruam a nós. No final de cada nível temos um boss também para defrontar. A Storm possui níveis subaquáticos, onde o objectivo é o de destruir algumas comportas para fazer o nível de água subir e por fim conseguir encontrar a saída. O design dos níveis é labiríntico e temos de ter especial atenção ao seu nível de oxigénio, o que será mais difícil sem dúvida. A Storm possui um botão para lançar raios eléctricos e outros dois para despoletar tempestades ou tornados, mas esses necessitam de power ups. Por fim sobra-nos o Gambit, que tem dos níveis mais difíceis pela quantidade absurda de inimigos e obstáculos. Com o Gambit temos um botão para saltar, outro para atacar na forma de atirar cartas que existem em número limitado e um outro botão para activar um special. Portanto como se os níveis do Gambit não fossem difíceis o suficiente, temos de ter constante atenção ao número de cartas disponíveis pois caso se esgotem ficamos indefesos. Finalizando todos este níveis, teremos ainda mais um pequeno nível de transição com cada personagem antes do confronto com o boss final.
Os níveis do Wolverine são… pura e simplesmente… feios!
Portanto este até que é um jogo variado, tanto nos níveis, como nos seus objectivos e mecânicas de jogo. Mas a dificuldade é muito acima da média e o número de vidas disponíveis é partilhado por todos os heróis o que também não ajuda. Ocasionalmente teremos a hipótese de ganhar vidas extra ao coleccionar alguns itens e estas serão mesmo preciosas. O confronto contra o Juggernaut por parte do Wolverine é muito doloroso, com a Storm é muito fácil afogarmo-nos, não só pela natureza labiríntica dos níveis, bem como porque cada vez que sofremos dano, perdemos ar também. Com o Cyclops basta embater numa mina ou cair nos carris eléctricos que já fomos, os níveis do Gambit estão repletos de inimigos que nos atacam de todos os lados pelo que já estão a ver o quão frustrante este jogo será.
Para sobreviver nos níveis da Storm temos de encontrar alguns locais onde podemos respirar
A nível audiovisual este jogo tem também resultados mistos. Por um lado a música é excelente, com alguns temas mais rock que inicialmente até nem posso ter gostado muito, mas acabaram por crescer em mim. Mas nos gráficos sinceramente acho que ficou muito a desejar, com sprites pequenas e cenários com pouco detalhe. Parece mais um jogo 8bit bem musculado do que um jogo 16bit! Os cenários são variados de personagem para personagem, mas com pouco detalhe. Os do Wolverine com aquele tema mais circense são especialmente maus, na minha opinião. Aliás, as próprias cores do Wolverine neste jogo não me parecem nada bem.
Portanto estamos aqui perante um jogo que até tinha potencial para ser interessante, principalmente pelas diferentes personagens que jogamos, com diferentes mecânicas de jogo entre si. Mas a sua dificuldade exagerada borra mesmo a pintura e os seus gráficos algo primitivos também não contribuem. Existe também uma versão para a SNES que me parece muito idêntica a esta, bem como versões 8bit para as portáteis da Sega e Nintendo mas confesso que não fiquei com muita vontade de as experimentar.
Depois de ter jogado as iterações desta série para a PSP e não ter ficado propriamente impressionado, estava com a esperança que, para a Playstation 3, a Sony se tivesse esmerado muito mais, até porque este Untold Legends Dark Kingdom é um título de lançamento desse sistema. E não desmerecendo a PSP que apesar de ser uma excelente portátil para a sua época, não deixa de ser uma portátil, pelo que as expectativas para um jogo de lançamento de uma consola caseira nova seriam bem mais elevadas. E infelizmente nesse campo este jogo desilude bastante, mas já lá vamos. O meu exemplar foi comprado algures numa loja de usados na zona do Porto, já não sei precisar quando mas não terá custado mais de 5€.
Jogo com caixa e manual na sua versão norte americana.
Já lá vão uns 3 anos desde que joguei os da PSP, mas não me parece que a história deste jogo seja um seguimento da dos anteriores, se bem que a história e narrativa nunca foi um ponto forte desta série e aqui não é excepção, infelizmente. Basicamente começamos a aventura por encarnar num de três heróis que representam as diferentes classes: um guerreiro todo musculado mas lento, uma rogue mais ágil mas mais frágil e um velho feiticeiro. Estes são enviados pelo rei lá do sítio para investigar uma rebelião na fronteira do reino com forças bárbaras e ao regressarem deparam-se com a surpresa de que afinal era o seu próprio rei um tirano corrompido pelas forças do mal. Ao longo do jogo iremos então atravessar cenários bastante variados entre si e lutar contra uma série de vilões, culminando numa batalha contra o rei para salvar o que resta daquele reino.
O jogo tem um sistema de combos para manter os combates mais interessantes
Ora o primeiro pecado deste jogo é de facto não nos deixar customizar a nossa personagem, a não ser na cor das suas roupas. Temos aquelas 3 personagens e é tudo. Naturalmente que cada uma possuirá diferentes armas e habilidades para desbloquear, mas para um RPG ocidental esperava uma maior liberdade de customização. À medida que vamos combatendo, vamos ganhando pontos de experiência que nos irão fazer subir de nível, e ao subir de nível poderemos gastar alguns pontos em melhorar livremente alguns dos nossos stats, como a vida, força, defesa, entre outros. Também vamos ganhando skill points que poderemos atribuir para aprender ou melhorar uma série de skills mágicas disponíveis, skills essas que poderão posteriormente serem mapeadas para os botões faciais do comando da PS3 e serem usadas em conjunto com o botão L1. Durante os combates, os botões faciais servem principalmente para desencadear golpes físicos fracos ou fortes, interagir com objectos ou saltar. E durante os combates o jogo por vezes nem parece um action RPG mas sim um hack and slash mais puro, pois até podemos fazer alguns combos melee o que torna as coisas um pouco mais interessantes. O jogo teria também uma componente online, que creio que permitiria jogar cooperativamente, mas os servidores há muito que estão desligados, pelo que nos resta o single player apenas.
Nunca trocamos de arma ao longo de todo o jogo, mas podemos customizá-la com estas esferas mágicas que vamos apanhando
Ao longo da aventura vamos ter de combater inúmeros inimigos, que vão começar a surgir em mobs cada vez mais numerosas, poderosas e agressivas, pelo que bloquear, encontrar as melhores skills de cada personagem e evoluí-las será também uma prioridade. Algumas áreas também nos obrigarão a resolver pequenos puzzles, sendo que aqueles já na recta final do jogo serão algo frustrantes pela inteligência artificial dos NPCs. Ocasionalmente também teremos um ou outro desafio de platforming e aqui infelizmente achei a mecânica de saltos terrível. Ou talvez o meu problema seja por ter escolhido o warrior que salta muito menos que a scout, por exemplo. Outra das coisas que não gostei tanto é que por vezes vamos tendo alguns obstáculos especiais para evitar como abismos sem fundo ou lâminas que nos matam de uma vez só. E se isso acontecer é game over e só nos resta continuar do último save manual ou checkpoint. E por mim não haveria problema nenhum em recomeçar do último checkpoint, mas estes só são despoletados quando passamos por um save point, ou seja, na mesma altura em que poderemos gravar manualmente se assim quisermos. O que não faz sentido nenhum e torna estes segmentos do jogo ainda mais frustrantes, porque vamos falhar principalmente pelo mau controlo de salto e má câmara.
À direita vemos o save point, que para além de ser o mesmo sítio onde os checkpoints automáticos são despoletados, podemos comprar novas armaduras. Pena que não possamos vender as que tenhamos em excesso.
A câmara deste Untold Legends é para mim o ponto mais fraco de todo o jogo. É verdade que a podemos controlar com o analógico direito e poderemos inclusivamente alternar entre uma perspectiva de terceira pessoa algo próxima da personagem como num hack and slash, ou uma perspectiva vista de cima mais próxima de jogos como Diablo. Em zonas mais apertadas, a câmara vista de perto é absolutamente horrível e mesmo alternando para a câmara mais distante nem sempre resolve o problema. Outro ponto que não gostei nas mecânicas de jogo é o item management. O inventário que temos permite-nos carregar um número reduzido de armaduras que poderemos encontrar após combates, ou comprar nos save points. Mas as armaduras antigas não podem ser vendidas, pelo que teremos de as descartar.
No que diz respeito aos visuais, bom, é verdade que este é um jogo de lançamento da PS3 e é verdade que mesmo na PSP a série Untold Legends nunca primou pelo seu grafismo excelente. Mas estamos a falar de um jogo da Sony para a Playstation 3, uma consola que foi hypada até ao infinito por alturas do seu lançamento. E apesar de não ser necessariamente um jogo feio, está longe de parecer realmente um jogo “next gen” quando comparado com alguns outros títulos de lançamento da PS3 e o que as consolas da geração passada seriam capazes. Fica ali no meio! O pouco cuidado na sua apresentação, nas cutscenes e narrativa muito básica também não abonam nada a seu favor. No entanto possui uma variedade considerável de cenários que me surpreendeu agradavelmente. Nada de especial a apontar ao voice acting, só mesmo à narrativa e história desinspiradas. As músicas também não são nada de especial, mas não desgostei de todo, sendo maioritariamente orquestrais.
Estas plataformas não deviam ser um desafio mas são.
Portanto resumindo este Untold Legends Dark Kingdom é um jogo mediano. A sua jogabilidade possui alguns problemas muito irritantes como a má câmara ou mau controlo nos saltos nalguns segmentos de platforming que felizmente não são assim tão comuns. Por outro lado os combates nem são tão aborrecidos porque o jogo possui um interessante sistema de combos para os golpes de corpo-a-corpo. E do ponto de vista audiovisual é um jogo muito genérico, mesmo tendo sido lançado ainda no início do ciclo de vida da consola. A história e narrativa básicas, aliadas aos poucos cuidados na apresentação também não abonam nada a seu favor. É fácil entender o porquê da série Untold Legends não ter ressurgido novamente.