Rampart (Sega Master System)

Voltando às rapidinhas, hoje ficamos com mais uma adaptação arcade de um clássico da Atari Games, que, como era habitual naquela altura, as suas adaptações para consolas não-Atari ficou a cargo da Tengen, que por si só já era uma derivação da própria Atari Games. É uma história algo complicada. O meu exemplar foi comprado algures em Junho, na loja InGame em São João da Madeira, tendo-me custado cerca de 10€.

Jogo com caixa e manual

Ora quando era miúdo este jogo nunca me cativou porque simplesmente não fazia ideia do que era suposto fazer. Dando-lhe uma nova oportunidade muitos anos depois, até lhe consigo encontrar algum charme e entendo porque o jogo fez algum sucesso nas arcades nos anos 80. É que este Rampart é o original Tower Defense, pois o objectivo está mesmo em montar muralhas que rodeiam vários dos nossos castelos e derrotar forças inimigas, evitando que nos destruam o castelo que tanto trabalho nos deu a manter.

Nos combates, temos de derrotar as forças inimigas o quanto antes, para conseguirmos reparar e expandir as nossas fortificações atempadamente.

Jogando sozinhos, iremos ter de defender o nosso território de navios inimigos, enquanto que se aproveitarmos o multiplayer, cada jogador deve montar/cuidar da sua fortaleza e atacar a do seu oponente. Independente do modo de jogo escolhido, o fluxo é sempre o mesmo. Inicialmente escolhemos qual dos três castelos disponíveis no nosso território queremos tornar como nossa base principal. Uma vez escolhido, teremos alguns seguindos para começar a construir as suas fortificações. Vão-nos sendo atribuidas diversas peças, que fazem lembrar os Tetris, que poderemos rodar e posicionar como bem entendermos. O objectivo é conseguir completar pelo menos uma fortificação à volta do castelo anteriormente escolhido dentro do tempo limite. Uma vez passado esse tempo, teremos de posicionar os canhões dentro da nossa fortificação, logo que tenhamos espaço para eles. O número de canhões que teremos disponíveis dependerá da área da fortificação, quantos castelos protegemos e do grau de dificuldade escolhido inicialmente. Uma vez construídas as defesas, é tempo de passar ao combate. Aqui teremos de guiar um cursor para os alvos que queremos atingir, mas claro que os inimigos também nos irão atacar, danificando as nossas fortificações. Uma vez terminada a batalha, teremos mais alguns segundos para reparar e expandir as fortificações existente, reposicionar canhões e por aí fora. Naturalmente que à medida que vamos avançando, os inimigos vão ficando também mais agressivos, pelo que o desafio está mesmo em aproveitar o máximo do tempo para construir a melhor fortificação possível, o que não é fácil pois as peças que nos saem na rifa são aleatórias e claro, na fase de combate, trucidar as forças inimigas o mais rapidamente possível.

Graficamente estamos perante um jogo muito simples. E mesmo as suas versões 16bit não são muito superiores.

A nível audiovisual é um jogo bastante simples, principalmente a nível de som, pois os efeitos sonoros são básicos e as músicas são apenas pequenas melodias audíveis entre níveis. Graficamente é também um jogo muito rudimentar, embora até ache alguma piada à transição de gráficos 2D enquanto estamos a construir as nossas fortificações e posicionar canhões, para gráficos pseudo 3D durante os combates.

Portanto este Rampart é um jogo muito simples, mas até vejo algum potencial de divertimento, tanto no multiplayer, como jogando contra o CPU que não nos dá tréguas no grau de dificuldade mais avançado. As suas influências para muitos outros jogos de tower defense que vimos florescer nos últimos anos são notórias.

Bram Stoker’s Dracula (Sega Game Gear)

Em 1992, Francis Ford Copolla realizou um filme que narrava, de forma mais fiel, a história do famoso vampiro, conforme contada pela obra original de Bram Stoker. E como todos os grandes filmes, acabaram também por produzir alguns videojogos sobre o mesmo, tendo este sido lançado num grande número de diferentes plataformas. As versões 8bit possuem todas o mesmo esqueleto de jogo, tendo sido lançadas para NES, Game Boy, Master System e Game Gear, cujo meu exemplar foi comprado no mês passado a um amigo, por cerca de 5€.

Apenas cartucho

E sendo este um platformer/sidescroller em 2D, baseado em vampiros e outras criaturas sobrenaturais, traçar um paralelismo com os Castlevania clássicos é inevitável, mas infelizmente este jogo fica muito, muito aquém das expectativas. Ao longo do jogo vamos explorando diversos locais, tal como descrito no filme, começando pelo interior da Transilvania, o próprio castelo do Drácula, passando depois por uma série de locais no reino Unido, culminando num regresso ao Castelo do Drácula para o derrotar. Cada nível está dividido em dia e noite, sendo que o objectivo de cada nível é sempre o de chegar à saída do nível dentro do tempo limite. No que diz respeito aos controlos, as coisas são simples, pois temos um botão para saltar e outro para atacar. Por defeito temos equipado uma faca de curto alcance, mas, dos vários itens e power ups que temos à disposição para apanhar, vamos tendo também outras armas de longo alcance como machados ou bolas de fogo, que usam o mesmo botão de ataque. Tal como no Shinobi, se estivermos junto de algum inimigo, atacamos com a faca, se estivermos longe, atacamos com uma dessas armas especiais, enquanto tivermos munições, claro.

Então mas… isto passa-se na transilvânia ou no Mushroom Kingdom?

Outros itens, que estão escondidos em blocos com pontos de interrogação que nos questionam se não estaríamos antes no Mushroom Kingdom, podem incluir tesouros que nos aumentam a pontuação, corações que nos regeneram a barra de vida, vidas extra ou tempo extra. Até aqui tudo bem, mas este é um jogo muito, muito difícil. A nossa personagem até que é bastante ágil, mas os níveis estão repletos de corredores apertados, inimigos e imensas armadilhas que nos irão sugar muito da nossa barra de vida. Os níveis vão tendo também alguns bosses intermediários, alguns, como o caso das noivas de Dracula, apenas nos temos de desviar delas umas quantas vezes, já outros teremos mesmo de os derrotar. A área em que os defrontamos é também muito pequena, portanto vai ser bem difícil não sofrer dano. Para além disso, os níveis também vão sendo algo labirínticos, com imensas passagens secretas e alguns interruptores ocasionais que teremos de interagir para poder avançar no jogo.

Graficamente estamos perante um jogo bem colorido, mas esperava um design mais inspirado

A nível audiovisual, é outra desilusão. Sinceramente não acho os gráficos nada de especial. É verdade que as versões Sega são mais coloridas tendo em conta as capacidades de ambas as suas máquinas 8bit, mas acho que os níveis poderiam ter muito mais detalhe. A versão Game Gear perde para a Master System pelo sua resolução ser mais reduzida, logo temos menos visibilidade nos níveis. As músicas infelizmente são horríveis e, em conjunto com os também péssimos efeitos sonoros, como cada vez que saltamos ou atacamos, só nos dá mesmo vontade de reduzir o volume ao mínimo. Nem a voz assombrosa que diz “Dracula” no ecrã título o salva.

Preparem-se para ver este ecrã muitas vezes.

Este já era um jogo que há algum tempo gostaria de ter na colecção, não por ser um bom jogo, infelizmente está longe disso, mas por eu gostar bastante do filme onde se baseia. Mas sempre estive mais curioso com as versões 16bit, que me parecem bastante idênticas entre a Mega Drive, SNES e Amiga. A ver qual delas me aparece primeiro na colecção! A Mega CD também teve direito a uma versão exclusiva, também um sidescroller 2D mas com gráficos digitalizados. Pareceu-me mázinha. Quanto a esta versão 8bit, tal como referi acima são muito parecidas entre a Master System, NES, GB e GG, mas não me parece que nenhuma delas seja uma obra prima.

Hexen II (PC)

Mais um jogo que joguei bastante back in the day. Tal como o primeiro Hexen, que já cá trouxe a sua conversão para a Sega Saturn, este é mais um jogo na primeira pessoa produzido pela Raven Software, uma vez mais decorrendo num ambiente medieval e repleto de criaturas demoníacas. O meu exemplar foi comprado em Março deste ano no facebook, tendo-me custado 5€. É apenas a caixa de CD em jewel case que eventualmente fez parte da versão em Big Box, que gostaria de um dia a apanhar a um preço em conta.

Jogo com caixa jewel case

Tal como no primeiro Heretic e no primeiro Hexen, este jogo fecha a saga dos Serpent Riders, poderosas criaturas demoníacas que dominavam três diferentes mundos. Aqui teremos de libertar o mundo de Thyrion, que está sob o jugo de Eidolon, o mais poderoso dos Serpent Riders, se bem que também teremos os 4 Cavaleiros do Apocalipse para enfrentar. Tal como no Hexen, podemos escolher uma de várias classes com a qual jogar no início do jogo, como o Paladin, Crusader, Necromancer e Assassin. O Paladin e Crusader são ambas classes mais favoráveis ao combate corpo-a-corpo, embora o Crusader tenha mais pontos de vida e melhor defesa, já o Paladin é totalmente focado no ataque e é a única classe capaz de se mover na água livremente (assim que desbloquearmos a skill Free Action). O Assassin e o Necromancer são personagens mais frágeis fisicamente, mas possuem outras características que podem fazer a diferença. O Assassin ganha habilidades de se esconder nas sombras e os seus golpes são bem mais eficazes caso atinjamos um inimigo pelas costas, enquanto o Necromancer possui muitos pontos de mana e as suas armas são feitiços poderosos.

A temática medieval sinistra está muito bem aqui representada

Portanto, há aqui um ainda maior foco em mecânicas de RPG, pois cada vez que matamos um inimigo vamos ganhando pontos de experiência, subir de nível, melhorar os nossos stats e ocasionalmente lá vamos aprender novas skills também. Para além disso, iremos encontrar imensos itens diferentes, alguns de consumo imediato (que regeneram a nossa barra de vida ou pools de mana), ou outros que poderemos armazenar num inventário e usá-los quando bem entendermos. Estes podem-nos dar invencibilidade temporária, teletransportar para o início do nível, transformar os inimigos em ovelhas, melhorar os nossos stats como a velocidade ou ataque, entre muitos outros. Para além das mecânicas de RPG estarem um pouco mais presentes, a exploração, puzzle solving e backtracking continuam na ordem do dia. Tal como o seu predecessor temos uma série de níveis todos interligados, onde teremos de procurar chaves e outros itens que nos irão desbloquear novas zonas e eventualmente chegar ao boss daquele mundo, para depois repetirmos o processo numa zona completamente diferente. Teremos de passar cada nível a pente fino, à procura de passagens secretas, objectos destrutíveis, botões e alavancas que poderão activar qualquer coisa num outro nível também, daí o tal backtracking estar também muito presente.

No final de cada mundo temos um boss para defrontar

No que diz respeito aos audiovisuais, enquanto o Heretic e Hexen usavam versões melhoradas do motor gráfico do Doom, este Hexen II já possui o motor do Quake por base. Ou seja, teremos níveis, objectos e inimigos completamente renderizados em 3D, o que permite uma maior geometria e criatividade na criação dos níveis. E é isso mesmo o que acabou por acontecer, pois os níveis possuem muitos detalhes interessantes e, mesmo dentro do mesmo hub, acabam por ser algo diferentes entre si. O mundo de Blackmarsh, tem o seu castelo, cidade fortificada com vários estabelecimentos comerciais, um moinho, um palácio, estábulos, entre outros. Já os mundos seguintes têm temáticas diferentes. O domínio da Morte faz lembrar bastante as grandes civilizações da América Central e do Sul, com os seus templos, enquanto o domínio da Peste é um mundo mais próximo do antigo Egipto. Por fim, o mundo da Guerra faz lembrar a Roma antiga, enquanto que quando enfrentamos Eidolon, voltamos aos castelos medievais. No que diz respeito ao som, nada a apontar. As músicas são calmas, porém tensas, o que contribui bem para a atmosfera opressora que o jogo incute. Os efeitos sonoros são os típicos da altura, com os grunhidos das criaturas e da nossa personagem quando ataca ou sofre dano.

Temos diferentes classes para explorar, com habilidades e armas distintas entre si

Portanto este Hexen II é um jogo muito interessante pelas suas componentes de RPG e exploração, mas o backtracking extremo, e a necessidade de passar cada nível a pente fino para procurar passagens secretas e interruptores ou alavancas escondidas irão certamente alienar algumas pessoas. Portanto, quem não gostou do primeiro Hexen por esse motivo, aqui não irá ser diferente. No entanto, para quem gostou do anterior, irá certamente gostar deste também, não só pelas mecânicas de jogo familiares, mas também pelos seus visuais mais apelativos, novas classes e habilidades.