Quando comecei a explorar melhor a biblioteca da Mega Drive graças à emulação, um dos jogos que sempre me despertou alguma curiosidade foi precisamente este The Immortal, publicado pela Electronic Arts, mas com as suas origens em computadores como o Apple II GS ou MS-DOS. O que tinha gostado desde cedo era precisamente o aspecto sinistro dos cenários e personagens, no entanto a jogabilidade confusa e elevado nível de dificuldade, acabei por não lhe prestar mais atenção. Entretanto muitos anos se passaram e hoje em dia já consigo apreciar melhor jogos com jogabilidade arcaica e/ou complexa, pois vejo os jogos com “uma lupa” e tento encaixar-me no que havia na época. Mas, como sempre, já estou a divagar, pelo que vamos ao que interessa. O meu exemplar foi comprado a um amigo meu no mês passado, tendo-me custado algo em torno dos 5€.
Neste jogo encarnamos num feiticeiro anónimo, perdido numa sala de uma dungeon qualquer. Ao explorar a sala é que vamos descobrindo que raio lá estamos a fazer: o nosso mentor, o velho feiticeiro Mordamir, está aprisionado algures nos níveis subterrâneos da masmorra e temos de o salvar. Pelo meio vamos interagindo com outras personagens, bem como vamos tendo sonhos premonitórios que vão desenrolar um pouco mais a história e descortinar aos poucos alguns dos mistérios. Temos vários níveis pela frente, todos eles repletos de inimigos e inúmeras armadilhas que nos causam a morte imediata caso caiamos nelas. Os inimigos mais comuns são os goblins e os trolls, que se encontram em guerra uns com os outros, sendo até possível formar uma aliança com uma das raças, mediante as nossas acções ao longo do jogo.
A nível de jogabilidade, bom, este é um jogo com uma perspectiva isométrica, pelo que temos uma jogabilidade pseudo-3D. Os inimigos e algumas armadilhas estão visíveis no ecrã, pelo que temos de nos movimentar com cuidado. Poderemos também abrir baús e inspeccionar cadáveres para obter itens que vão ficando associados no nosso inventário. Temos itens mágicos como livros e pergaminhos que podemos equipar para usar magias on the fly, como é o caso do feitiço fireball, que caso seja disparado e acertemos em cheio num inimigo, conseguimos destruí-lo sem recorrer ao combate corpo-a-corpo. No entanto, quando temos de combater, a perspectiva muda para uma perspectiva de terceira pessoa, com a câmara posicionada nas costas do feiticeiro, deixando de ter qualquer acesso ao inventário. Aqui os controlos já são um pouco confusos pelo que convém ler o manual com muita atenção.
Basicamente temos 2 tipos de ataques, podemos atacar com a nossa varinha mágica com golpes frontais através do botão A, bem como executar ataques “cortantes”, usando o D-Pad para a esquerda e/ou direita para atacar nessa direcção. Por outro lado também podemos e devemos de nos esquivar dos ataques inimigos, usando para isso o botão C em conjunto com o D-pad numa direcção para nos desviarmos correspondentemente. Para além disso, temos no lado de cada intereveniente 2 barrinhas que vão aumentando ou diminuindo. As barras amareladas correspondem às barras de vida de cada interveniente. À medida que vamos atacando, vamos ver uma outras barras cinzentas a começar a crescer. Essas são as barras de fatiga. A ideia passa então muitas vezes por conseguir nos desviarmos dos ataques inimigos até que eles fiquem exaustos, para que depois consigamos nós atacar sem grande oposição. Mas nem sempre é fácil acertar com os timinigs dos controlos para conseguir encadear bem os ataques/desvios. Ao menos apenas enfrentamos um inimigo de cada vez! Podemos recuperar a vida assim que encontrarmos uma sala com uns fardos de palha, que nos permitem dormir um bocado e assim regenerá-la. Também sempre que conseguimos passar um nível é-nos fornecida uma password que podemos usar posteriormente para reiniciar o jogo a partir desse ponto.

Num jogo como este nem sempre é boa ideia remexer em todo o sítio, ou mesmo usar os itens errados na hora errada
A nível audiovisual, graficamente acho este jogo muito competente, com gráficos bem detalhados, óptimas animações, e acima de tudo muito gore. Todas as mortes (tanto as nossas como as dos nossos oponentes) são bastante sangrentas e gráficas, o que dá uma motivação extra para explorar todos os recantos desta aventura. As músicas sinceramente não são más de todo, mas a versão NES na minha opinião acaba por ter músicas mais cativantes. Agora claro, essa versão para além de ter visuais não tão bem detalhados, é também muito menos violenta.