Alien Syndrome (Sega Game Gear)

Voltando às rapidinhas, agora para a portátil da Sega, Game Gear, o jogo que cá trago hoje é uma espécie de uma adaptação de um dos clássicos arcade da Sega da segunda metade da década de 80. Depois de uma conversão modesta para a Master System e algo diferente a nível de jogabilidade, que por acaso ainda não a tenho na minha colecção, a Sega lançou em 1992 mais uma adaptação, que na verdade é uma sequela, para a Game Gear. O meu exemplar foi comprado a um particular no mês passado por 5€.

Jogo com caixa e manual

O Alien Syndrome original é um jogo futurista onde encarnamos na dupla de heróis Ricky e Mary, cuja missão é a de libertar os seus colegas a bordo de uma nave espacial que tinha sido invadida por aliens. Em cada nível temos um tempo limite para resgatar todos os reféns e a partir do momento que os salvamos, a saída para o nível seguinte é desbloqueada, sendo que teremos um boss pela frente primeiro. Caso não consigamos salvar as pessoas dentro do tempo estabelecido, entra em acção um mecanismo de auto destruição que não dá lá muito jeito. Isto foi o que tinha acontecido no longínquo ano de 2000, este jogo já decorre ainda mais no futuro, em 2005, mas a história acaba por ser a mesma.

Algumas portas têm mesmo de ser destruídas

Ao contrário da versão Master System, a jogabilidade aqui é bem mais fiel ao original arcade, excepto na parte de não suportar multiplayer para 2 jogadores. Os níveis são practicamente novos relativamente ao original, mas mantêm um design labiríntico e teremos vários power ups de diferentes armas para apanhar, incluindo os lança-chamas e raios laser habituais. A diferença é que agora as armas podem ser melhoradas se apanharmos mais que um power up do mesmo tipo. Para além disso, outra das novidades trazidas nesta versão é o facto de podermos aceder ao mapa do nível a qualquer momento, sem necessitar de encontrar os mapas espalhados pelos níveis. É ao consultar o mapa que podemos ver a localização dos reféns, para além de ter uma ideia da estrutura do nível em si. Os que salvarmos a mais, ajudam-nos a ter uma pontuação melhor. Depois de salvar os reféns lá teremos um confronto contra um boss antes de avançar para o nível seguinte.

Infelizmente os bosses não têm o mesmo impacto visual que na versão original

A nível audiovisual, o original era um jogo interessante, sem dúvida inspirado pelos trabalhos de H.R. Giger e os filmes Alien, com os monstros com um design muito peculiar como Giger sabia fazer melhor que ninguém. Naturalmente que as coisas aqui na Game Gear foram algo simplificadas, e mesmo os bosses, que nas arcades impressionavam pelo seu design, aqui já têm uma aparência um pouco mais modesta. As músicas e efeitos sonoros nada de especial a apontar, cumprem o seu papel.

Portanto, a menos que tenham um X68000 lá por casa, que foi a única plataforma nos anos 90 a receber uma conversão arcade perfect durante os anos 90, esta versão Game Gear é das melhores que podem ter, pelo menos certamente a melhor dentro dos sistemas 8bit.

Bloodshot (Sega Mega Drive)

Voltando à Mega Drive, vamos cá ficar com um jogo que sempre me despertou curiosidade. Desde que descobri o Doom algures na década de 90, fiquei logo com o bichinho por tudo o que fosse first person shooter, pelo que experimentar os FPS em consolas como a Mega Drive despertou também a minha curiosidade. Embora não esperasse por um grand feito tecnológico, é sempre interessante ver consolas que não foram desenhadas para suportar nativamente jogos 3D se safam com este estilo de jogo. E sem o recurso a hardware adicional! O meu exemplar foi comprado algures em Dezembro de 2018 através do Facebook, custou-me 12€.

Jogo com caixa e manual

Bloodshot é um jogo futurista, onde teremos de nos infiltrar numa nave espacial alienígena e repleta de robots e bombas poderosíssimas, cujo destino seria mesmo atacar o nosso planeta. Então a única maneira que os humanos arranjaram para combater essa ameaça é a de levar um space marine a bordo da nave alienígena, com a missão de destruir os seus 12 núcleos e assim neutralizar a ameaça por completo.

A área de jogo é impressionante tendo em conta o Zero Tolerance, mas é verdade que os inimigos poderiam estar melhor caracterizados.

Este é um FPS relativamente simples, os cenários são todos labirínticos, repletos de corredores estreitos e serpenteantes. O objectivo em cada nível é o de procurar o núcleo, destruí-lo e voltar ao ponto de partida, pois a partir do momento em que destruímos o núcleo, é activada uma sequência de auto destruição que destrói todo o andar onde estamos. Não temos desníveis, e todas as superfícies fazem um ângulo de 90º entre si. É então um clone de Wolfenstein 3D, portanto, mas com uma série de particularidades. A primeira é que não vemos a arma que equipamos no ecrã, mas não há problema, certamente a Domark conseguiu ganhar mais uns frames assim. Depois ao olhar para toda a interface gráfica é que nos vamos apercebendo de todas as particularidades deste Bloodshot.

Destruindo o núcleo, temos alguns segundos para refazer o caminho de volta para o ponto de partida

À esquerda de todo temos uma barra de energia que vai diminuindo à medida que sofremos dano, mas pode ser restabelecida ao apanhar alguns power-ups para o efeito. Na parte superior do ecrã temos o resto do que interessa. Da esquerda para a direita vemos duas matrizes, com 9 células cada. A primeira vai armazenando as chaves coloridas que podemos apanhar e que abrem certas portas . A segunda serve para armazenar as armas que vamos apanhando, sendo que o indicador seguinte mostra-nos quantas munições essa arma ainda tem disponíveis. Por defeito temos uma arma fraca com munição infinita, mas que não aparece nesse menu. A partir do momento que vamos apanhando novas armas, deixamos de conseguir usar a arma por defeito, a menos que esgotemos todas as suas munições. Depois essas armas são todas descartáveis, é possível encher aquele quadro só com armas do mesmo tipo, cada qual com a sua munição e a partir do momento que uma dessas armas fique sem munição, a mesma é descartada. Temos uma série de diferentes armas, algumas com rapid fire, outras com tiros em leque, outras que disparam explosivos, uma outra com um mecanismo de lock-on em alvos, entre outros.

Temos também um modo multiplayer para 2 jogadores com split screen vertical

No canto superior direito temos as restantes indicações visuais. Uma é o número de vidas disponíveis, a outra é alusiva a mais uma peculiaridade deste Bloodshot, o sistema bónus. Basicamente se destruirmos um inimigo sem sofrer qualquer dano, é acesa uma luzinha. Se conseguirmos destruir 3 inimigos em seguida sem sofrer qualquer dano, somos presenteados com uma chave branca, que pode ser usada para abrir salas com alguns goodies, sejam boas armas ou medkits. Naturalmente que também teremos outras salas secretas que podemos descobrir ao interagir com as paredes, sendo que essas salas não aparecem no mapa, também do lado direito do ecrã. Os controlos são simples, com o botão direccional a servir para nos movimentarmos, sendo que se mantivermos o botão A premido permite-nos fazer strafing, ou seja, andar lateralmente, muito útil para nos esquivarmos do fogo inimigo. O botão B dispara e o botão C permite-nos percorrer o inventário e seleccionar uma arma. Para além do modo história temos também uma vertente multiplayer em split screen vertical, que eu sinceramente não cheguei a experimentar, mas é uma espécie de deathmatch para 2 jogadores.

Temos algumas cutscenes mas só no início e fim do jogo

Graficamente, é um jogo bem conseguido tendo em conta as limitações da consola para gráficos em 3D nativo, sem recurso a hardware adicional, ao contrário do Doom para a SNES. Já o Zero Tolerance era um FPS para a Mega Drive, desenvolvido sem quaisquer recursos adicionais e o resultado é algo modesto. Este Bloodshot apresenta uma maior área visível de jogo, mas em contrapartida as texturas são mais simples e sem grande variedade ao longo dos níveis. No que diz respeito ao som, nada de especial a apontar a não ser para a falta de música durante os níveis em si, certamente algo a pensar em economizar recursos de hardware para renderizar todo o jogo.

Portanto, e sendo muito sincero, este é um jogo que recomendo apenas aos entusiastas de FPS e curiosos em achievements técnicos em consolas retro. Tecnicamente é impressionante visto que corre numa Mega Drive sem qualquer recurso a hardware adicional, mas o jogo em si é muito repetitivo e envelheceu mal. Mas fica a curiosidade de ser um lançamento exclusivo europeu, visto que nos Estados Unidos o jogo foi disponibilizado apenas no serviço Sega Channel – que por si só já merecia um artigo. De resto temos também uma versão Mega CD, que aparentemente é ligeiramente diferente da versão Mega Drive. Não sei se contém música em CD Audio, mas simplificaram um pouco o jogo, com menos inimigos nos níveis e alguns dos níveis mais pequenos, aparentemente de forma a que cada nível coubesse inteiro na memória RAM do sistema, de forma a evitar tempos de loading a meio da acção.

Ninja Gaiden (Sega Master System)

A série Ninja Gaiden é uma popular série de jogos de acção da Tecmo, bastante popular na NES, e que só bem mais tarde, com a primeira Xbox, é que houve um verdadeiro renascer da série, já completamente em 3D. Pelo meio, as consolas da Sega tinham ficado de fora, mas aparentemente algures nos anos 90 a Sega conseguiu uma licença para produzir as suas próprias versões dos Ninja Gaiden. Para a Game Gear, o resultado foi este, para a Mega Drive havia um jogo em desenvolvimento mas que eventualmente foi cancelado e esta versão Master System, exclusiva em solo europeu, acaba por ser um dos títulos mais fortes da plataforma. O meu exemplar foi comprado em Junho num evento de retrogaming, tendo-me custado 30€.

Jogo com caixa e manuais

A história coloca-nos uma vez mais no papel do ninja Ryu Hayabusa, que vê o seu clã a ser completamente dizimado por bandidos, que roubaram Bushido, uma scroll sagrada que confere enormes poderes a quem a utilizar. Durante o jogo vamos então seguir o rasto dos bandidos e tentar resgatar o Bushido antes que seja tarde demais. Claro que eventualmente teremos de defrontar um ser demoníaco que iria utilizar a scroll para dominar o mundo e essas coisas todas.

Tal como é hábito na série, aqui também temos cutscenes no início e final de cada nível

A jogabilidade deste Ninja Gaiden é bem mais próxima dos originais de NES, sendo um jogo de plataformas exigente e onde teremos de contar com a agilidade de Ryu, que consegue saltar entre paredes e escalar plataformas. Esta versão do jogo é muito generosa com o número de power ups que podemos encontrar, que podem ser armas secundárias, “munição” para as armas secundárias, itens que regeneram a nossa barra de energia, entre outros. As armas secundárias, muitas delas (senão todas) existem também nos Ninja Gaiden de NES, como a possibilidade de lançar shurikens em 4 direcções, lançar bolas de fogo teleguiadas para os oponentes mais próximos, ou um escudo de fogo que nos dá invencibilidade temporária, podendo destruir os inimigos se formos contra eles nesta forma. Cada vez que usamos uma arma secundária gastamos “munições”. No entanto o jogo tem um bug que, se alcançarmos um número máximo de munições de 999, acabamos por ficar com munições infinitas, o que nos facilita bastante a vida nos últimos níveis. Temos também um desperation attack, um ataque muito poderoso capaz de destruir todos os inimigos presentes no ecrã em simultâneo, a custo de alguma da vida de Ryu. É activado ao pressionar os 2 botões faciais em simultâneo, o que pode causar por vezes que seja activado por engano.

Claro que a Sega tinha de deixar o seu cunho pessoal

Não é um jogo tão difícil quanto os da NES, devido à generosidade de power ups que temos, bem como ao facto de os inimigos não fazerem respawn constante. Ainda assim, e principalmente nos níveis mais avançados, teremos alguns bons desafios de platforming que nos obrigarão a usar todas as habilidades de Ryu com precisão, até porque uma vez mais teremos alguns inimigos muito bem posicionados para nos causar dano. E cada vez que sofremos dano, Ryu dá um ressalto para trás, o que em níveis com alguns abismos sem fim pode causar a nossa morte e vidas extra é coisa que não é lá muito comum aqui.

A nível técnico este Ninja Gaiden está muito bem conseguido. Os gráficos são coloridos, bem detalhados e temos imensas cutscenes num estilo manga, como tem sido habitual na série, mas não tão habitual na Master System, o que é excelente. Fica é a perder na questão de não ter scrolling, os níveis são um conjunto de ecrãs estáticos, o que não é lá muito bom. As músicas também são agradáveis, e só consigo imaginar o que seria se este jogo tivesse suporte ao som FM. No entanto nem tudo são rosas e temos aqui muitos typos. No ecrã de introdução de cada nível vemos escrito Ninjya Gaiden, e logo no segundo nível vemos também escrito Pursit in Tokyo, em vez de Pursuit. É pena mas são erros perfeitamente evitáveis, parece que ninguém que sabia minimamente inglês fez o QA do jogo.

No final de cada nível temos sempre um boss para derrotar

Portanto este Ninja Gaiden, apesar de não ser perfeito, não deixa de ser um excelente jogo de acção, mesmo não pertencendo à série principal. Dos Ninja Gaiden em que a Sega trabalhou é facilmente o melhor, e para mim um dos melhores jogos de acçao que a Master System alguma vez recebeu.