A série Ninja Gaiden é uma popular série de jogos de acção da Tecmo, bastante popular na NES, e que só bem mais tarde, com a primeira Xbox, é que houve um verdadeiro renascer da série, já completamente em 3D. Pelo meio, as consolas da Sega tinham ficado de fora, mas aparentemente algures nos anos 90 a Sega conseguiu uma licença para produzir as suas próprias versões dos Ninja Gaiden. Para a Game Gear, o resultado foi este, para a Mega Drive havia um jogo em desenvolvimento mas que eventualmente foi cancelado e esta versão Master System, exclusiva em solo europeu, acaba por ser um dos títulos mais fortes da plataforma. O meu exemplar foi comprado em Junho num evento de retrogaming, tendo-me custado 30€.
A história coloca-nos uma vez mais no papel do ninja Ryu Hayabusa, que vê o seu clã a ser completamente dizimado por bandidos, que roubaram Bushido, uma scroll sagrada que confere enormes poderes a quem a utilizar. Durante o jogo vamos então seguir o rasto dos bandidos e tentar resgatar o Bushido antes que seja tarde demais. Claro que eventualmente teremos de defrontar um ser demoníaco que iria utilizar a scroll para dominar o mundo e essas coisas todas.
A jogabilidade deste Ninja Gaiden é bem mais próxima dos originais de NES, sendo um jogo de plataformas exigente e onde teremos de contar com a agilidade de Ryu, que consegue saltar entre paredes e escalar plataformas. Esta versão do jogo é muito generosa com o número de power ups que podemos encontrar, que podem ser armas secundárias, “munição” para as armas secundárias, itens que regeneram a nossa barra de energia, entre outros. As armas secundárias, muitas delas (senão todas) existem também nos Ninja Gaiden de NES, como a possibilidade de lançar shurikens em 4 direcções, lançar bolas de fogo teleguiadas para os oponentes mais próximos, ou um escudo de fogo que nos dá invencibilidade temporária, podendo destruir os inimigos se formos contra eles nesta forma. Cada vez que usamos uma arma secundária gastamos “munições”. No entanto o jogo tem um bug que, se alcançarmos um número máximo de munições de 999, acabamos por ficar com munições infinitas, o que nos facilita bastante a vida nos últimos níveis. Temos também um desperation attack, um ataque muito poderoso capaz de destruir todos os inimigos presentes no ecrã em simultâneo, a custo de alguma da vida de Ryu. É activado ao pressionar os 2 botões faciais em simultâneo, o que pode causar por vezes que seja activado por engano.
Não é um jogo tão difícil quanto os da NES, devido à generosidade de power ups que temos, bem como ao facto de os inimigos não fazerem respawn constante. Ainda assim, e principalmente nos níveis mais avançados, teremos alguns bons desafios de platforming que nos obrigarão a usar todas as habilidades de Ryu com precisão, até porque uma vez mais teremos alguns inimigos muito bem posicionados para nos causar dano. E cada vez que sofremos dano, Ryu dá um ressalto para trás, o que em níveis com alguns abismos sem fim pode causar a nossa morte e vidas extra é coisa que não é lá muito comum aqui.
A nível técnico este Ninja Gaiden está muito bem conseguido. Os gráficos são coloridos, bem detalhados e temos imensas cutscenes num estilo manga, como tem sido habitual na série, mas não tão habitual na Master System, o que é excelente. Fica é a perder na questão de não ter scrolling, os níveis são um conjunto de ecrãs estáticos, o que não é lá muito bom. As músicas também são agradáveis, e só consigo imaginar o que seria se este jogo tivesse suporte ao som FM. No entanto nem tudo são rosas e temos aqui muitos typos. No ecrã de introdução de cada nível vemos escrito Ninjya Gaiden, e logo no segundo nível vemos também escrito Pursit in Tokyo, em vez de Pursuit. É pena mas são erros perfeitamente evitáveis, parece que ninguém que sabia minimamente inglês fez o QA do jogo.
Portanto este Ninja Gaiden, apesar de não ser perfeito, não deixa de ser um excelente jogo de acção, mesmo não pertencendo à série principal. Dos Ninja Gaiden em que a Sega trabalhou é facilmente o melhor, e para mim um dos melhores jogos de acçao que a Master System alguma vez recebeu.