Não é segredo nenhum que Alex Kidd foi uma das várias tentativas da Sega em criar uma mascote para as suas consolas. E se por um lado o Miracle World até que é um jogo de plataformas bem competente, os que lhe seguiram nem tanto, até porque muitos deles foram inclusivamente adaptados de outros videojogos que não tinham nada a ver com o Alex. É o caso do High Tech World, por exemplo. E depois do Alex Kidd in the Enchanted Castle para a Mega Drive, onde de certa forma voltaram às raízes do primeiro jogo, a Sega lançou um último título para a Master System, este Shinobi World, que como o nome indica, vai buscar muitas influências aos Shinobi, também da Sega. O meu exemplar foi comprado a um amigo meu no passado mês, custou-me algo em torno dos 5€.
A história segue o cliché do costume: a namorada de Alex foi raptada por uma entidade maligna, o ninja Hanzo! Vamos então percorrer uma série de níveis e enfrentar uns quantos ninjas pelo caminho! Felizmente o Alex Kidd herdou também os poderes do espírito do guerreiro que derrotou Hanzo 10000 anos antes, pelo que teremos novas habilidades para usar – sim, porque jogar pedra, papel e tesoura com ninjas não deve ser lá grande ideia.
Portanto Alex ataca agora com uma espada, se bem que ao longo do jogo poderemos encontrar outros power ups que nos dão novas habilidades. Temos corações que regeneram e/ou extendem a nossa barra de vida (que infelizmente faz reset sempre que entremos num conjunto novo de níveis), bem como podemos apanhar uma espada mais poderosa ou kunais que podem ser atiradas à distância. Sempre que apanhamos um desses power ups, acabam por substituir a arma que tínhamos equipada anteriormente. Mas também é algo que faz reset quando avançamos um nível. O que sobra, para além de vidas extra, é um outro power up que transforma Alex num tornado invencível durante alguns segundos. Para além disso, o ninja Alex possui ainda a habilidade de saltar entre paredes (como no Ninja Gaiden), ou rodopiar sobre si mesmo em postes, varões ou barras horizontais, saindo depois disparado como uma bola de fogo, capaz de derrotar inimigos e destruir alguns blocos especiais. O maior problema do jogo, para além de não ser propriamente difícil, é mesmo pela sua curta duração. Temos apenas 4 “mundos”, com 3 níveis cada, sendo que o terceiro é sempre o confronto contra um boss.

Podemos subir a postes e rodopiar sobre os mesmos a alta velocidade, até sairmos disparados como uma bola de fogo invencível
E falando nos bosses, esses são paródias de outros bosses do Shinobi original. O primeiro, Kabuto, é uma paródia ao Ken-Oh, o primeiro boss do primeiro Shinobi. Com a sua armadura de samurai, é ir atacando até que ele de repente diminui bastante de tamanho! Bom, como assim? Isso não acontecia no Shinobi. Na verdade, este jogo esteve para ser chamado de Shinobi Kid, e era para ser uma paródia da série Shinobi assim como Dracula Kid o é para o Castlevania. E este primeiro boss nessa versão inicial chamava-se Mari-oh e tinha um bigode farfalhudo. Era portanto uma pequena alfinetada à Nintendo, e explica o facto dele encolher depois de sofrer alguns ataques. Na versão final esta sprite foi alterada, o que é pena pois acho que tinha ficado sensacional.

O jogo começou o desenvolvimento como Shinobi Kid, e o primeiro boss seria uma sátira ao Mario da Nintendo
A nível audiovisual é um jogo colorido, bem detalhado e com músicas muito boas, mesmo para a Master System que, sem o FM-Unit que se ficou apenas pelo Japão, possui um chip de som muito fraquinho e por isso são poucos os jogos desta consola que possuem músicas realmente boas.
Portanto, mesmo sendo um projecto reciclado, este Alex Kidd in Shinobi World acaba por ser uma óptima despedida a uma mascote infelizmente fracassada. Só peca mesmo pela sua curta duração!