Ok, confesso, este teve mesmo de ser em emulador e com a ajuda do save state. Mas ainda assim, não deixa de ser um jogo interessante para a época em que o mesmo foi lançado. Produzido pela Interplay, este Swords & Serpents é um RPG dungeon crawler com uma perspectiva de primeira pessoa, com a particularidade de poder ser jogado com um, dois ou quatro jogadores em simultâneo, com recurso ao Four Score adapter. O meu exemplar veio do Reino Unido, tendo sido comprado numa CeX por 12 libras.
A história resume-se a explorar um enorme labirinto subterrâneo repleto de inimigos, tesouros e armadilhas, com o objectivo de derrotar uma serpente gigante no último andar, o -16. Para isso, tal como muitos RPGs ocidentais da época, poderemos escolher uma party de quatro personagens com stats gerados aleatoriamente, e com três classes disponíveis: o guerreiro, ladrão, ou feiticeiro. Se não quiseremos ter esse trabalho podemos ter uma party previamente pré-construida constituida por um guerreiro, um ladrão e 2 feiticeiros. Num jogo multiplayer, cada jogador controla a sua personagem nas batalhas, se bem que apenas um jogador pode navegar pela dungeon – o chamado líder do grupo.
Com o jogo em acção, vemos o ecrã dividido em diferentes partes. Em baixo temos o estado de cada uma das personagens da nossa party, nomeadamente quantos pontos de vida e mana nos restam. À esquerda temos a tal perspectiva da dungeon na primeira pessoa, enquanto que à direita vemos o mapa da dungeon, que se vai preenchendo automaticamente à medida que vamos explorando a mesma. De resto as batalhas são aleatórias, onde cada personagem por defeito vai atacando. Se quisermos usar ataques mágicos, ou tentar fugir de alguma batalha, podemos interrompê-la a qualquer momento e abrir uns menus para esse efeito.
Até aqui tudo bem, tirando a questão do multiplayer, não referi nada que fosse fora de série para um dungeon crawler para consolas, principalmente para uma plataforma com as limitações da NES. No entanto, o jogo está longe de ser perfeito. Por um lado a taxa de encontros aleatórios é muito alta, especialmente se estivermos a “desbravar terreno”, ou seja, explorar partes desconhecidas de dungeons. A funcionalidade de automapping é muito útil, mas a partir do momento em que mudamos de andar, se voltarmos a um andar previamente explorado o mapa desaparece por completo e, a menos que usemos um guia, imagens dos mapas na internet, ou desenhá-los à mão numa folha de papel quadriculado, vamos ter de andar às apalpadelas novamente. Os primeiros níveis são relativamente simples, mas a partir de uma certa altura começamos a ter várias armadilhas como portais que nos levam de novo para o início do jogo, portanto isso pode ser chato.

Quando o ecrã muda para uma batalha, o mapa à direita dá o lugar ao número de inimigos e suas barras de energia
No entanto também pode compensar bastante explorar os mapas ao máximo pois podemos descobrir lojas onde podemos comprar/vender armas e restante equipamento, templos onde podemos descansar e recuperar pontos de vida e de MP, fontes mágicas que nos regeneram MP, ou feitiços escritos em paredes que nos desbloqueiam novas habilidades, como feitiços que regeneram a vida, nos permitem atravessar paredes, voar, entre outras habilidades bastante úteis. Para além dos teletransportes bons ou maus que já referi acima, temos portas trancadas, outras de sentido único, alavancas secretas, falsas paredes, entre outros, pelo que ter um mapa à mão dá mesmo jeito.
A nível audiovisual, este até é um jogo interessante, dentro das limitações de uma NES. As dungeons não são nada de especial, as texturas dos corredores e portas são todas iguais, mudando apenas as cores. O Phantasy Star da Master System também era assim, mas ao menos as suas dungeons eram mais clean. Não há uma grande variedade de inimigos, sendo que temos muitos repetidos, onde apenas mudam a sua cor. No entanto, os poucos inimigos e NPCs que há, estão na minha opinião muito bem detalhados e com algumas animações. No que diz respeito aos efeitos sonoros não tenho nada a apontar, já às músicas essas são muito poucas, mas por outro lado também agradáveis.
Portanto este é um RPG interessante, principalmente para a consola em que saiu e o facto de permitir uma party de até 4 jogadores humanos explorar uma enorme dungeon em simultâneo. No entanto, os combates demasiado frequentes e as limitações técnicas da NES, podem tornar esta experiência algo repetitiva ao fim de algum tempo. Mas tem sem dúvida os seus desafios.