The Simpsons: Bart vs the World (Nintendo Entertainment System)

Durante os anos 90, os videojogos dos Simpsons não eram lá muito famosos, a não ser que estivéssemos a falar do clássico das arcades da Konami. Nas consolas domésticas, as suas aventuras estavam a cargo da Acclaim e as coisas nunca foram lá muito boas. A primeira aventura foi a do Bart vs the Space Mutants, que apesar de ter potencial, os seus controlos deitaram tudo a perder. Com este Bart vs the World sinceramente acho que é ainda pior, mas já lá vamos. Este meu exemplar entrou na minha colecção em 2 fases. No final do ano passado ofereceram-me a caixa original em excelente estado, no mês passado comprei o cartucho a um particular. Acho que me custou uns 10€.

Jogo em caixa

A história começa pelo palhaço Krusty a apresentar os resultados de um concurso no seu programa de televisão, onde quem apresentasse o melhor desenho, poderia participar numa caça ao tesouro pelo mundo, em busca de merchandising raro do Krusty. Acontece que o programa foi patrocinado pelo Mr. Burns que escolheu propositadamente o Bart Simpson como vencedor, de forma a lhe infernizar a vida por todos os problemas que a família Simpson lhe causou. Assim sendo, vamos viajar por locais como a China, Egipto, Pólo Norte ou Califórnia, em busca de action figures raras do Krusty e defrontar parentes distantes do Mr. Burns como bosses.

As sprites na versão NES estão muito fraquinhas. O Bart até parece estrábico

Cada zona está dividida em vários níveis diferentes, sendo alguns níveis de puro platforming, ou mini jogos. Nos níveis de plataformas infelizmente os controlos não são os melhores, o que já era um problema no Bart vs the Space Mutants, ao exigir alguns saltos com precisão cirúrgica. Temos uma barra de vida para manter, um botão para saltar e outro para atirar coisas. Ao longo dos níveis de platforming também poderemos apanhar uma série de power ups que nos podem restabelecer parte da vida, vidas extra, invencibilidade temporária e o fato do Bartman, que nos permite voar durante alguns segundos. E sendo este um jogo que preza a exploração para encontrar o máximo de itens relacionados com o Krusty, a possibilidade de voar temporariamente é muito preciosa.

Ahhhrgg, detesto este tipo de puzzles.

Para além dos níveis de plataformas temos então outros mini jogos para ir jogando nas várias zonas, desde perguntas sobre a série, sliding puzzles, ou daqueles jogos de memória onde temos de virar 2 cartas de cada vez e a ideia é virar 2 cartas iguais em simultâneo. Ou até slot machines! É engraçado haver essa variedade, mas preferia que se tivessem focado num platforming de qualidade.

Em cada área temos uma série de “níveis” que podemos explorar em qualquer ordem, inclusivamente os minijogos

De resto a nível audiovisual este é um jogo que não me enche as medidas. Por um lado as músicas são boas e podemos ouvir várias variantes da música temática dos Simpsons, mediante a região do globo em que estejamos. Por outro lado os gráficos poderiam ser melhores, não necessariamente a nível de cores pois a NES nisso não faz milagres, mas no detalhe em si.

Rise of the Robots (Super Nintendo)

Já que estamos numa de rapidinhas sobre jogos de luta decepcionantes, poucos foram os que desiludiram mais do que Rise of the Robots. Durante os anos 90, este foi dos jogos mais promovidos em revistas que havia memória, muito antes sequer do jogo vir a ser lançado. E prometia muita coisa para 1994: gráficos inteiramente em 3D e melhores que os efeitos cinematográficos vistos no Jurassic Park, uma banda sonora inteiramente composta por Brian May, guitarrista dos Queen, e uma excelente jogabilidade com uma inteligência artificial que aprende o nosso estilo de luta e reage respectivamente. Apesar de ter sido planeado inicialmente para o Commodore Amiga e o PC, com todo o hype que recebeu acabou por receber investimento extra da Time Warner Interactive de forma a que saísse também para practicamente todas as consolas no mercado, o que atrasou bastante o seu desenvolvimento. Este meu exemplar é da versão Super Nintendo, foi comprada há 2 meses atrás num negócio que fiz a meias com um amigo, onde trouxemos um bundle de dezenas de cartuchos de Nintendo 64 e SNES por menos de 1€ cada.

Apenas o cartucho

Bom, tanto hype para o jogo ainda antes de ele ser lançado, originou uma expectativa muito grande à volta do jogo, estando inclusivamente já a equacionar-se toda uma série de merchandise, livros, comics, desenhos animados ou mesmo filmes, à volta do mesmo. E realmente o jogo possui uma história desnecessariamente extensa no manual, mas que pode ser resumida da seguinte forma: uma inteligência artificial poderosíssima apanhou um vírus que lhe deu consciência, fazendo com que se revoltasse e incitasse a revolta de todos os outros robots daquele pólo industrial de onde o jogo decorre. Os humanos não podem fazer nada, a não ser usar o cyborg protagonista do jogo que, pelo seu cérebro humano não foi afectado pelo vírus e é o único capaz de defrontar esta revolta dos robots.

Infelizmente o primeiro jogador tem de usar sempre o mesmo cyborg

Passando ao mais importante, a jogabilidade, já que foi o que mais desapontou. Por motivos da história, apenas podemos controlar o cyborg no modo single player, defrontando todos os outros robots numa ordem fixa. OK, aqui até aceito. Mas se optarmos pelo modo 2 jogadores, o primeiro jogador continua a poder APENAS seleccionar o tal cyborg. Se estivermos fartos de jogar com o mesmo robot, temos de ser o segundo jogador. É estúpido e não faz sentido nenhum. Depois os controlos também não são nada de especial. Não consegui fazer mais nada para além de socos e pontapés e o jogo não é nada fluído, até é bastante lento como um jogo de luta.

Por outro lado, a nível gráfico é de facto um óptimo jogo, tendo ficado muito melhor que a versão Mega Drive, mas ainda longe da versão Amiga e PC. Os robots são muito bem detalhados, sendo sprites digitalizadas de modelos 3D. No início do jogo e entre cada luta, vamos tendo sempre algumas cutscenes em full motion video que nos vão mostrando o progresso na história e apesar de estarem uns furos abaixo do original Amiga e PC, ainda assim ficaram com muita qualidade. A nível de som também é um jogo competente. Os efeitos sonoros como esperado são todos metalizados e a banda sonora, ao contrário do que seria de esperar, apenas possui uma música do Brian May e nem sequer foi originalmente composta para este jogo. De resto as músicas não me pareceram más de todo e na SNES até soaram particularmente bem.

Apesar de serem em baixa resolução, as cutscenes estão excelentes para a SNES

De resto, e apesar de ter sido um dos jogos que mais decepcionou pelas expectativas altíssimas que o público tinha na altura, não o acho um lixo altamente injogável como muitos lhe chamam. É certo que é mau, e para além da jogabilidade lenta e não balanceada existem ali algumas decisões no design do jogo que não fazem lá muito sentido. Mas vai-se jogando! A sequela, Rise 2, dizem que está muito melhor. Talvez um dia lá possa escrever uma breve análise.

Brutal: Paws of Fury (Sega Mega Drive)

Continuando pelas rapidinhas, os videojogos de luta foram uma grande fibre durante os anos 90, muito por culpa de sucessos como Street Fighter II ou Mortal Kombat. Durante esse tempo muitos foram os imitadores que foram surgindo aqui e ali. Alguns com qualidade, outros nem por isso. Este Brutal Paws of Fury tem na originalidade como o seu forte, já a qualidade infelizmente pareceu-me estar aquém das expectativas, como practicamente tudo o que joguei da Gametek naquela altura. Este meu exemplar veio da Cash Converters do Porto, tendo sido comprado no mês passado por 8€.

Jogo com caixa e manual

O que este jogo tem de original é que os lutadores são todos animais algo “humanizados”, as tais personagens antropormóficas muito populares em videojogos e desenhos animados. E como sempre nos jogos de luta, juntam-se todos num torneio para provarem quem é o mais forte, cada qual com as suas razões e motivos para competirem.

Temos aqui algumas componentes de RPG, com o jogo a ter um sistema de passwords à medida em que a nossa personagem vai evoluindo.

O jogo usa um esquema de controlos semelhante aos do Street Fighter, tirando partido do comando de 6 botões da Mega Drive. Os 6 botões faciais servem para dar socos e pontapés fracos, médios ou fortes. No entanto, infelizmente a jogabilidade não é a melhor, o CPU é muito agressivo e os controlos por vezes não respondem quando queremos, Para além disso os golpes especiais vão sendo aprendidos ao longo do jogo, mediante a nossa performance. No entanto os nossos oponentes podem usar esses golpes especiais sem quaisquer restrições o que não é lá muito justo. Um dos golpes especiais que aprendemos é o taunt que para além de humilhar o oponente, também regenera um pouco da nossa vida. De resto esperem pelos modos de jogo do costume, o modo história e um multiplayer para 2 jogadores.

Graficamente não é mau de todo, mas não sou o maior fã da arte aqui usada.

A nível audiovisual é um jogo algo genérico, sinceramente. Foi lançado originalmente para a Mega CD, que pelo que investiguei possuia algumas cutscenes que até foram elogiadas na altura, e isso naturalmente que não está aqui. As músicas também não as achei nada de especial. Mas voltando aos gráficos gostei particularmente de uma arena. A certa altura do jogo, vamos entrar num castelo tradicional japonês, lutando numa série de divisões diferentes. Uma das arenas é uma sala tradicional com aquelas paredes de madeira e de tecido ou papel branco, e sempre que os lutadores ficavam atrás de uma dessas paredes apenas lhes víamos as suas silhuetas. De resto a versão SNES parece-me muito superior.

Pac-Man (Nintendo Game Boy)

Vamos lá a mais uma rapidinha para a Gameboy, sobre um clássico que dispensa quaisquer introduções. Pac-Man é uma das maiores histórias de sucesso dos videojogos, numa fase ainda muito primitiva nesta indústria. A personagem adorável, aliado a uma jogabilidade simples e viciante, levaram a que Pac-Man fosse uma das primeiras “mascotes” dos videojogos, tal era o seu sucesso. Naturalmente que sairam, e continuam a sair, conversões deste jogo para os mais variados sistemas e a Gameboy não ficou de fora. Este meu cartucho foi comprado no mês passado, num bundle de 22 cartuchos que  comprei por 20€ na feira da Vandoma no mês passado.

Apenas o cartucho

A jogabilidade de Pac-Man é clássica e mantém-se practicamente intacta nesta incarnação para a Gameboy. Nós controlamos o Pac-Man, a criatura amarela sorridente cuja única missão é percorrer um labirinto e comer todas as bolinhas que por lá estejam espalhadas, evitando ao mesmo tempo uma série de fantasmas que nos perseguem. Distribuídos pelos quatro cantos do labirinto, estão 4 bolinhas maiores que nos dão invencibilidade temporária, podendo assim perseguir os fantasmas que antes nos perseguiam. Infelizmente esta versão Gameboy teve de sofrer alguns cortes. O mais óbvio é o facto do jogo ter perdido a cor, não sendo agora possível distinguir os fantasmas entre si. O layout do labirinto também não se altera entre cada nível, sendo que é apenas a dificuldade que aumenta, por um lado pela agressividade dos fantasmas que nos perseguem, por outro pela nossa invencibilidade temporária durar cada vez menos tempo.

Pac-Man clássico, agora num ecrã monocromático

Outras mudanças são compreensíveis e prendem-se com o facto de estarmos a jogar numa portátil. Por defeito o ecrã mostra-nos uma visão algo ampliada das coisas, não sendo possível ver o labirinto todo num único ecrã, mas com o jogo a reter algum do detalhe gráfico do original. Existe, no entanto, um modo de jogo que nos permite ver o labirinto todo no ecrã, perdendo assim muito do detalhe gráfico. Existe também uma vertente para 2 jogadores, mas sinceramente essa nunca cheguei a experimentar. De resto os efeitos sonoros são também muito fiéis ao original da arcade, o que sinceramente não é dizer muito pois sempre foi um jogo minimalista.

Bonkers (Sega Mega Drive)

Continuando pelas rapidinhas, agora para a Mega Drive, este jogo Bonkers acabou por me desiludir um pouco. Por um lado também por culpa minha que só conheço a personagem Bonkers precisamente dos videojogos que foram desenvolvidos nos anos 90, por outro porque videojogos da Disney na Mega Drive, geralmente o resultado é muito bom. O que infelizmente aqui não é o caso, mas já lá vamos. O meu exemplar foi comprador algures no ano passado na Cash Converters de Alfragide. Se não estou em erro custou-me à volta dos 10€.

Jogo completo com caixa e manuais

Vamos então por partes. Bonkers é uma personagem de uma série de animação da Disney, que passou originalmente na TVs durante a década de 90 (mas não me recordo se chegou a ser transmitido cá). Essa série tem como Bonkers, como personagem principal. É um polícia trapalhão! Durante os anos 90, sairam então 3 jogos. Para a Game Gear (e Master System apenas no Brasil) temos o Bonkers Wax Up, para a SNES temos um jogo simplesmente intitulado Bonkers, produzido pela Capcom. Aqui os papéis do Aladdin invertem-se, pois o jogo da SNES é um platformer bem mais interessante que este que acabou por sair para a Mega Drive (e desenvolvido por um estúdio interno da Sega of America). Este Bonkers que aqui vos trago é uma espécie de compilação de vários minijogos. Basicamente aqui o Bonkers vê-se compelido a ganhar o prémio de “polícia do mês”, mas para isso tem de perseguir uma série de criminosos conhecidos que se preparam para fazer das suas. Cada aventura para apanhar um criminoso acaba por ser um minijogo diferente. O problema aqui é a repetição das rondas, que varia consoante o grau de dificuldade escolhido. No modo Hard temos de jogar 15 rondas do mesmo mini jogo, com a dificuldade cada vez maior, de forma a podermos avançar para o seguinte.

Para apanhar o Harry the Handbag temos de disparar muitos donuts.

O primeiro, onde temos de apanhar o Harry the Handbag, temos de guardar um museu e impedir que Harry e o seu gang o assalte e leve uma série de tesouros de filmes de animação da Disney, como o chapéu de feiticeiro de Mickey em Fantasia. Este modo de jogo é algo inspirado em Space Invaders, na medida em que nos podemos deslocar de um lado para o outro ao longo de uma base de tiro e atirar donuts para os ladrões que tentam avançar e roubar os objectos que temos de proteger. À medida que vamos avançando nas rondas, os ladrões vão sendo cada vez em maior número, movem-se mais rápido e também nos podem atacar. O segundo bandido é o The Rat que construiu uma máquina para atirar lixo. Aqui nós devemos ir atirando tijolos de forma a fazer um muro que bloqueia o robot que nos vai atirando com coisas e por outro lado vamos tendo o The Rat a destruir o muro que vamos construindo. O terceiro bandido, o Mr. Big, é um bombista que colocou uma bomba num armazém. Para desactivar a bomba, o Bonkers tem de contar com o seu amigo Fall Apart, que como o seu nome indica tem o corpo dividido em várias partes que cairam. Aqui temos de vaguear por um labirinto de caixas e procurar as peças do Fall Apart e no fim levá-lo até à bomba para que a possa desactivar. Geralmente as caixas que abanam possuem as partes do corpo de fall apart, mas temos também de evitar os outros bandidos que nos perseguem. Podemos atirar-lhes com caixas, mas o problema é que eles também nos podem fazer o mesmo.

Contra o The Rat temos de ir atirando tijolos para construir um muro à volta do seu robot.

Por fim temos o último bandido, a Ma  Tow Truck, um camião. Aqui controlamos um carro polícia que vagueia pelas ruas de hollywood. Em primeiro lugar, para tirar da estrada um certo número de carros de bandidos. Com isso feito já podemos avançar para atacar a Ma, usando as mesmas armas que temos ao dispor: poças de óleo que deixamos no chão e bolas gigantes de pastilha elástica que podemos disparar. A menos que joguemos no modo easy, estas munições esgotam-se e temos de ir recolhendo munições extra que vão sendo guardadas em helicópeteros. Em qualquer dos minijogos também vamos tendo 2 coisas: níveis de bónus e outros power ups para apanhar como corações que nos restabelecem alguma vida, novas vidas ou power ups específicos ao minijogo que estamos a jogar, como super tijolos para derrotar o the Rat, ou parar temporariamente o cronómetro nos níveis do Mr. Big. Os níveis de bónus são pequenos segmentos de platforming, ou outros minijogos mais simples, como um onde temos de apanhar todos os corações que são atirados pelo helicóptero sem que os mesmos toquem no chão.

Mediante a dificuldade escolhida vamos tendo mais ou menos bandidos para nos atrapalhar

Se há coisa que não podemos acusar este jogo, é da sua eventual falta de originalidade, pois lá original ele é. Mas termos de jogar alguns daqueles minijogos vezes sem conta para finalmente poder avançar no jogo acaba por cansar bastante. É pena, pois no que diz respeito aos audiovisuais, este jogo é super colorido, possui gráficos bem detalhados, com boas animações e óptimas músicas. Ah se fosse antes um jogo de plataformas…