Especialmente durante os anos 80 e 90 , certos países europeus tinham censuras bastante rígidas no que toca a alguns videojogos. As palavras Ninja e respectivas armas brancas eram proibitivas no Reino Unido, daí os jogos da NES do Ninja Gaiden se chamarem Shadow Warriors por cá. A série Contra da Konami, um dos maiores clássicos de shooters do género run and gun também sofreu do mesmo mal, desta vez provocado por leis contra os videojogos violentos na Alemanha. A Konami para além de se ter vista obrigada a mudar o nome do jogo para Probotector, também fez algumas modificações no jogo, nomeadamente alterar os personagens principais e alguns dos inimigos para robots. O meu exemplar da NES foi comprado no final de 2016 na feira da Vandoma no Porto por 25€.
Probotector, ou Contra, teve as suas raízes na arcade e a sua adaptação para NES sofreu algumas modificações. Aliás, toda a coisa por detrás do Probotector é se calhar a mudança mais drástica, mas a versão arcade chegou cá com o nome de Gryzor e foi também convertida pela Ocean para uma série de microcomputadores como o ZX Spectrum ou o Commodore 64. Por outro lado a versão de NES também possui algumas inconsistências na história dependendo da região, e nem vale a pena mencionar a conversão para MSX que também é um jogo diferente. Focando-nos aqui no Probotector, a história desta nossa versão até é bem mais próxima do original, ao decorrer no ano de 2633 ao contrário da versão americana que decorre em 1987. Aqui controlamos um dos robots Probotectors com a missão de destruir uma base alienígena, algures numa ilha no nosso planeta. A versão Americana parece-me mais interessante pois a aventura começa por serem 2 soldados contra um exército rebelde, os aliens surgem apenas depois.
No que diz respeito à jogabilidade, creio que não há muito que possa dizer que seja novo. Tanto Contra como Probotector são excelentes jogos de acção e que definiram um género aperfeiçoado por Metal Slug. Jogando sozinhos ou com um amigo de forma cooperativa, o que não falta é acção. O jogo também é conhecido por ser difícil, com cada tiro que sofremos a ser uma vida perdida, e é provavelmente aquele que mais deu a conhecer o famoso Konami Code, que aqui nos presenteia com 30 vidas, ao contrário das 3 iniciais. Depois temos montes de power-ups, incluindo o extremamente útil spread shot, que dispara projécteis em várias direcções em simultâneo. E tal como na versão Arcade, nem todos os níveis são meros sidescrollers, há alguns, nomeadamente o segundo e quarto, que são jogados numa perspectiva pseudo-3D, com a câmara a posicionar-se por detrás dos protagonistas. Mesmo aqui, devido a uma barreira eléctrica que não nos deixa avançar, os nossos movimentos mantêm-se reduzidos a caminhar da direita para a esquerda e disparar para a frente (cima). Quando derrotarmos todos os inimigos no ecrã, então sim, poderemos avançar para o nível seguinte.

Uma das coisas que se ficaram na versão japonesa do Contra era este pequeno mapa que nos mostrava a nossa posição em cada nível
Graficamente é um jogo competente para a época, com bosses bem detalhados, em especial aqueles aliens cuja aparência é uma óbvia influência dos filmes Alien. Obviamente que a versão arcade é graficamente superior, principalmente nos segmentos pseudo-3D que são muito mais dinâmicos e fluídos. A versão japonesa da Famicom é ainda superior, com alguns efeitos gráficos extra e cutscenes entre cada nível. Isso se deve à inclusão de alguns chips adicionais no cartucho, um pouco como foi popularizado durante a SNES. É uma pena que as versões ocidentais não tenham tido a mesma sorte. De resto, o jogo possui também algumas excelentes músicas que perduram até hoje.
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