Tintin: Destino Aventura (Sony Playstation)

TintimVamos voltar agora às rapidinhas para uma análise a um jogo que não é lá muito longo para a Playstation 1. Tintin: Destination Adventure é um jogo de plataformas sobre o intrépide repórter da imaginação de Hergé e é um daqueles jogos com lançamento exclusivo europeu no PC e Playstation 1, já no ano de 2001. Foi comprado na cash de S. Sebastião em Lisboa há uns bons meses atrás, numa altura em que lá fui com o amigo Ivan Cordeiro, tendo-me custado algo em torno dos 4 a 6€, não me recordo ao certo. Até foi o próprio Ivan que me recomendou o jogo ao dizer que é um jogo incomum e não é mau de todo. E realmente ele estava certo, o jogo não é mau de todo e a tiragem com a capa em inglês “Tintin: Destination Adventure” é de facto bastante rara e costuma sempre ser vendida a preços relativamente altos em ebays e afins. Esta é a edição com capa em espanhol/português, aparentemente bem mais comum, mas nada que me incomode.

Tintin Destino Aventura - Sony Playstation
Jogo completo com caixa e manual

Essencialmente o jogo coloca-nos numa sala onde o Professor Girassol em conjunto com Tintim, o Capitão Haddock e várias outras personagens do universo Tintim, tenta apresentar a sua mais recente invenção que sinceramente não percebi muito do que se trata, a não ser mesmo uma TV a cores. De qualquer das formas a coisa dá para o torto, mas depois lá acabam todos a ver essa TV a mostrar as memórias de algumas das aventuras do repórter e o seu fiel cão Milu. Vamos então jogar vários níveis inspirados em livros como A Ilha Negra, Explorando a Lua, ou Voo 714 para Sydney, por exemplo.

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Especialmente nos primeiros níveis, o Milu vai aparecendo para dar umas dicas

A jogabilidade é a de um jogo normal de plataformas, na maior parte das vezes do jogo pelo menos. Apesar de os níveis estarem todos representados em 3D, a jogabilidade não deixa de ser a de um sidescroller em 2D. Ainda assim, alguns níveis têm caminhos alternativos que usam um bocadinho o 3D, mas só mesmo nessa fase de transição. Por exemplo, podemos estar a atravessar um edifício e passar ao lado de um corredor. Podemos depois nos encaminhar para lá, mas a câmara depressa nos coloca novamente numa perspectiva de um sidescroller em 2D. Mas temos também uma série de níveis em que conduzimos veículos num caminho 3D, seja um barco, jipe, avião, entre outros. Tanto nos níveis de plataforma como nos de condução podemos apanhar uma série de tokens do Milu e, se apanharmos tokens suficientes, poderemos depois jogar um nível bónus em cada capítulo com o próprio Milu, onde temos de procurar um determinado número de ossos num intervalo de tempo. Para além disso ainda temos os bosses de cada capítulo que infelizmente poderiam ser melhores. Isto porque todos os combates se dão em salas circulares, com o boss no centro, estático a maior parte das vezes e apenas temos de correr em círculos para fugir dos seus ataques, e atacar no momento certo.

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Infelizmente controlar os veículos por vezes é mais frustrante do que deveria

De resto, e voltando aos níveis de plataforma que são os mais comuns ao longo do jogo, Tintim tem comandos simples, com um botão para saltar, outro para atacar, usar a máquina fotográfica para que, com o flash, paralizem temporariamente os inimigos (ou os assustem se forem pássaros). O problema é que infelizmente o jogo não responde bem aos controlos. Atacar, saltar ou especialmente balancear num ramo de árvore, por exemplo, vai-nos causar muitas frustrações. O mesmo quando temos de conduzir algum veículo, os controlos deveriam responder melhor e é este o grande defeito do jogo na minha opinião, pois tudo o resto é bonitinho e o jogo tinha potencial para ser melhor.

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As cutscenes são em CGI, sinceramente preferia que fossem animadas no estilo clássico do Tintim

Graficamente falando é um jogo bastante colorido e apresenta um bom nível de detalhe, considerando que estamos a falar de uma consola da geração 32bit, com as suas notórias limitações. O único nível em que realmente achei que os gráficos poderiam e deveriam ser melhores é no nível onde conduzimos um jipe pelo deserto, mesmo pelo meio de uma tempestade de areia. Aí a nossa visibilidade é quase nula, e acabamos por bater em tudo quanto é sítio. É óbvio que é suposto a visibilidade numa tempestade de areia ser muito reduzida, mas ainda assim o resultado final não é lá muito bonito para as vistas. A música é bastante agradável e variada, adequando-se bem aos diferentes níveis, por exemplo n’A Ilha Negra ouvimos uma agradável melodia escocesa, enquanto Tintim por sua vez também tem uma fatiota tradicional vestida. O voice acting também é bem competente, onde no início de cada nível ouvimos Tintim e o Capitão Haddock a falar um pouco do que aconteceu nas suas aventuras. Não sei se usa os actores que deram as vozes em inglês nas animações do Tintim, mas soaram-me familiares.

E pronto, Tintim: Destination Adventure é um joguinho interessante, em especial para quem é fã da popular série de banda desenhada belga, como eu. Para além de ter níveis com uns óptimos detalhes visuais e uma boa música a acompanhar, apenas peca por alguns problemas com os controlos que dificultam bastante os saltos ou atacar os inimigos, o que num jogo de plataformas acaba por ser crucial. Ainda assim não deixo de recomendar a sua compra se o virem relativamente barato como eu, até porque não é um jogo que se vê por aí todos os dias.

No One Lives Forever (PC)

No One Lives ForeverVamos voltar aos FPS clássicos do PC para uma análise a um jogo da Monolith, os mesmos que nos trouxeram o fantástico Blood, ou mais recentemente os F.E.A.R.. Este No One Lives Forever, lançado originalmente em 2000 é um excelente FPS, repleto de acção, stealth e bom humor, ao satirizar os imensos filmes de espionagem da década de 60, mais notavelmente a série James Bond, pois também jogamos com um (neste caso uma) agente secreta britânica. Este jogo foi comprado na feira da Ladra há umas semanas atrás, mas já não me recordo se me custou 1 ou 2€. De qualquer das formas foi um óptimo preço visto estar completo e até traz um CD extra com a banda sonora.

No One Lives Forever - PC
Jogo completo com caixa, manual e cd com músicas do jogo e não só.

Cate Archer é o nome da personagem principal, uma agente secreta que trabalha para a organização de espionagem Unity. A nossa primeira missão leva-nos para Marrocos juntamente com o nosso mentor, Bruno Lawrie para proteger um embaixador norte-americano que se encontrava de férias e recebeu ameaças de morte. Mas Cate e Bruno cairam numa armadilha montada por uma misteriosa organização criminosa chamada de H.A.R.M., com o assassino profissional Dmitri Volkov a atacar ambos. Volkov era o principal suspeito de ter liquidado anteriormente um grande número de agentes secretos da Unity, e com este ataque a história vai ganhando outros contornos, com muitas conspirações à mistura e Cate a viajar por todos os cantos do mundo para descobrir mais sobre a H.A.R.M.

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Uma granada disfarçada de baton? check!

E neste NOLF as missões para além de se passarem em localidades completamente distintas, como Marrocos, Alemanhas, Caraíbas e até no próprio espaço ou mesmo debaixo de água. As missões vão tendo também diferentes objectivos, onde muitas vezes o jogo nos tenta persuadir a utilizarmos uma abordagem mais furtiva para irmos passando despercebidos. Outros momentos notáveis como defender um pobre coitado ao assassinar uma série de snipers que o tentam abater, ou matar uns quantos inimigos enquanto saltamos de um avião em plena atmosfera. Vamos descobrindo imensas armas e items ou gadjets que podemos utilizar, desde revólveres, a metralhadoras, sniper rifles e lança-granadas. Como uma boa sátira a filmes de espionagem, vamos tendo também vários gadjets à nossa disposição, onde até poderemos treinar previamente a sua utilização em alguns níveis de treino antes da missão seguinte. Desses temos granadas disfarçadas de batons de senhora, um travessão de cabelo que tanto pode ser utilizado para fazer lockpicking como atacar os inimigos, uns óculos de sol que nos permitem fotografar ou detectar minas ou lasers invisíveis, ou outros aparelhos electrónicos para descodificar códigos de segurança ou desabilitar câmaras de vigilância. O arsenal de Cate é mesmo longo, existem muito mais coisas a descobrir e usar.

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A variedade de itens e gadjets que Cate tem ao seu dispor é impressionante

Apesar de podermos passar a maior parte dos níveis “à rambo” e atirar para tudo o que mexa, o jogo encoraja-nos sempre a seguir furtivamente e em alguns níveis teremos mesmo de passar completamente despercebidos. Para isso temos de ter a preocupação de fazer pouco barulho enquanto caminhamos e evitar que algum inimigo ou câmara de vigilância nos descubra. Outra preocupação é não deixar cadáveres de inimigos à vista e em alguns níveis eles até nos conseguem descobrir pelo rasto de pegadas que vamos deixando. Para além dos habituais silenciadores e do já referido item para desabilitar as câmaras, temos também um pó para decompor os corpos dos inimigos, de forma a que sejam descobertos, ou outras coisas como equipar chinelos fofinhos para fazer menos barulho enquanto se corre. No entanto como já referi, muitas vezes podemos nos safar bem mesmo que tenhamos sido descobertos, embora com mais dificuldade pois os inimigos vão-nos saltar todos em cima. Para além disso este jogo é também dos primeiros, senão mesmo o primeiro a deixar-nos equipar mais de um tipo de balas em certas armas. Para além das balas metálicas normais, temos também as “Dum Dum” que explodem no impacto ou balas fosfóricas que incendeiam os inimigos.

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Ora cá está uma coisa que não se vê todos os dias num FPS. Andar aos tiros em queda livre

Outra coisa também presente neste jogo são os segmentos onde podemos conduzir veículos, são segmentos também relativamente longos, à semelhança dos vistos em Half-Life 2, e são outra mais-valia para a diversidade do jogo. Ou o facto de podermos descobrir documentos secretos que, mesmo não sendo obrigatórios, dão sempre para rir mais um pouco com algumas das mensagens que vamos lendo. De resto, para além deste modo campanha que é longo quanto baste, o jogo tem uma vertente multiplayer que infelizmente possui apenas 2 modos de jogo, o tradicional deathmatch e uma vertente do team deathmatch onde para além de uma equipa tentar aniquilar a outra, temos de fotografar uma série de documentos secretos da equipa adversária. Não que eu perca muito tempo em vertentes multiplayer, mas penso que poderia haver uma maior variedade de coisas para fazer aqui.

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Durante as cutscenes e mesmo ao longo do jogo, podemos ouvir imensos diálogos bem humorados.

Mas na minha opinião o que realmente marca pontos neste jogo é o bom humor. Apesar de não ter o sexismo de um Austin Powers, o jogo está repleto de cutscenes bem cómicas e dei-me por mim muitas vezes a escutar os diálogos dos inimigos por uns  bons minutos antes de aparecer e cravá-los de chumbo. Com isso devo dizer que o voice acting está excelente, com os clichés do costume de sotaques carregados sejam britânicos, alemães ou outros, mas fazem parte e resultam muito bem no conceito do jogo. A música é agradável e mais uma vez vai buscar inspirações ao rock psicadélico dos anos 60 e 70, tal como nesses filmes de paródias a James Bond e companhia, bem como algumas orquestrações mais épicas. Graficamente é um jogo bem robusto para os padrões de 2000, principalmente tendo em conta que corria numa engine proprietária da Monolith e não nos colossos da Unreal Engine ou id Tech 3 que estavam muito em moda em tudo o que fosse FPS.

Para além da versão PC, existe também uma versão PS2 que até não me importaria de jogar num dia destes. Essa versão PS2 contém uma série de novos níveis que servem de flashbacks ao passado de Cate Archer, quando ela era uma simples ladra. Tenho curiosidade em jogar esses níveis. De resto, para todos os fãs de FPS e de jogos com um bom sentido de humor no geral, apesar de não ser perfeito e o stealth ter alguns problemas com a IA dos inimigos, não deixa para mim de ser um excelente jogo a ter em conta.

Sonic the Hedgehog 3 (Sega Mega Drive)

Sonic 3Já há bastante tempo que não escrevia nenhum artigo sobre os jogos clássicos do ouriço azul, mas apesar de já ter na minha colecção o Sonic & Knuckles já há algum tempo, não quis escrever sobre o mesmo enquanto não arranjasse este Sonic 3. E isso aconteceu no mês passado, onde comprei o jogo a um particular, que curiosamente vim a descobrir que é meu colega de trabalho, por 10€, estando em mint condition. No geral acho o Sonic 3 um excelente jogo de plataformas, mas não supera o seu predecessor na minha opinião. Mas irei explicar o porquê.

Sonic 3 - Sega Mega Drive
Jogo com caixa e manual europeu

Ora Sonic 3 começa imediatamente com o final do jogo anterior, com Eggman e a sua Death St… err, Death Egg a despenhar-se de volta na Terra e Sonic e Tails a regressarem alegremente. Tudo parece estar bem até uma nova personagem atacar o Sonic de surpresa e roubar-lhe todas as suas esmeraldas. Essa nova personagem acabou por se tornar em mais um amigo clássico do Sonic, estou a falar claro do equidna vermelho Knuckles. Mas neste jogo Knuckles e Sonic são inimigos, pois Knuckles está sob a influência do matreiro Eggman, que o convence que Sonic planeia roubar a sua Master Emerald, quando na verdade é o próprio Eggman que se quer apoderar da mesma como fonte de energia para a sua nova Death Egg.

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Através do Sonic & Knuckles conseguimos jogar com Knuckles neste jogo. Mas isso é assunto para outro artigo.

A jogabilidade mantém a mesma identidade dos jogos anteriores, colocando Sonic, Tails, ou ambos a atravessar uma série de níveis cheios de obstáculos, caminhos alternativos e velocidade ou os bosses da praxe, mas no entanto acrescenta também uma série de novidades. Essas novidades passam por novos powerups ou habilidades. Agora quando Sonic salta, se pressionarmos novamente o botão de salto enquanto estivermos no ar, Sonic adquire um escudo que o protege durante esse curtinho intervalo de tempo em que está activo. Em relação ao escudo em si, esse foi agora substituido por 3 diferentes escudos: o escudo eléctrico que protege Sonic ou Tails de danos eléctricos sem perdermos o escudo, atrai anéis ou pode também ser usado com o Sonic para dar um salto duplo. No entanto se entrarmos na água, perdemos o escudo. Temos também um escudo de fogo que nos protege contra dano inflingido por calor sem que percamos o escudo, mas ficamos logo sem ele ao entrar na água mais uma vez. Com o Sonic, se carregarmos no botão de salto enquanto já estivermos no ar, este escudo leva-nos como um foguete para a frente enquanto caímos. Por fim temos o escudo de água que naturalmente não se perde quando entramos na água e nos permite ter ar infinito quando estamos submergidos, ao contrário de termos de procurar por bolhas de ar como habitualmente. Como Sonic, também tem a habilidade de nos mandar para o chão com força, impulsionando-nos depois para um salto maior, como se uma bola de basquetebol se tratasse.

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Quem nunca se irritou com esta parte do nível se acuse. Na altura sem internet, levei MESES a perceber como se avançava aqui.

Outra novidade são os níveis de bónus, que agora são bem mais variados. Ao passar num checkpoint, se tivermos mais de 50 anéis em nossa posse, podemos entrar num nível de bónus onde podemos ganhar mais anéis, vidas ou powerups como os escudos. Estes níveis de bónus são bastante originais e com diferentes jogabilidades, indo buscar conceitos a máquinas de tirar pastilhas elásticas, pinball e por aí fora. Por outro lado também poderemos encontrar anéis gigantes em partes escondidas dos níveis, anéis esses que nos transportam para os níveis especiais onde poderemos encontrar as esmeraldas caóticas. Esses níveis especiais são enormes esferas que devemos percorrer, procurando apanhar todas as esferas azuis que nos vão aparecendo à frente, transformando-as assim em esferas vermelhas. Se por acidente tocarmos em alguma esfera vermelha, saímos do nível de bónus e teremos de tentar novamente numa outra ocasião. Tal como os jogos anteriores existem 7 esmeraldas ao todo, podendo nos transformar em Super Sonic se as conseguirmos coleccionar. O Super Sonic é uma espécie de “super sayajin” de Sonic, ficando dourado, rapidíssimo e invencível, pelo menos enquanto tiver anéis para gastar. Caso joguemos o Sonic 3 & Knuckles até podemos desbloquear o Hyper Sonic, mas isso será conversa para o artigo seguinte. De resto o jogo mantém as mesmas mecânicas que todos gostamos, com os tais níveis variados e repletos de loops e malabarismos diversos, conjugando muito bem a velocidade com o platforming, algo que nos jogos recentes tem sido esquecido. Existe também um modo multiplayer (para além do modo cooperativo escondido no jogo principal) que coloca dois jogadores a competir entre si numa corrida para ver quem termina um nível em primeiro lugar. Curiosamente nunca lhe prestei muita atenção, nem mesmo quando jogava estes jogos até ao fim com alguma regularidade.

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Os níveis especiais onde podemos apanhar as esmeraldas.

Tecnicamente é um jogo impressionante com os seus cenários bem variados (como habitual temos secções em espaços verdes, ruínas de civilizações antigas, zonas mais industriais ou tecnológicas) e a atenção ao detalhe que foi sendo dada tanto nos backgrounds, como nas pequenas cutscenes que vão sendo exibidas ao longo do jogo. Ainda assim, continuo a preferir o Sonic 2 porque level design desse jogo é simplesmente fenomenal, apesar de todas as boas novidades que o Sonic 3 introduziu. A nível gráfico, mais uma vez apesar deste jogo ter mais detalhes, as cores no Sonic 2 sempre me pareceram mas vivas e cativantes. A música é excelente e existe um mito urbano que o próprio Michael Jackson esteve envolvido na composição de alguns temas. De resto, é impossível falar no Sonic 3 e deixar de mencionar o facto que este e Sonic & Knuckles são um jogo só, dividido em 2. Esses detalhes ficarão para o artigo sobre o Sonic & Knuckles que deverá ser escrito em breve, mas o facto de estes 2 jogos juntos serem um autêntico colosso também é certamente uma razão de peso pela qual muitos fãs consideram este o melhor jogo da série. Para mim é excelente, mas o Sonic 2 é um nadinha melhor.