R.I.P. Trilogy (PC)

Continuando com as rapidinhas que o tempo é cada vez mais curto, desta vez trago 3 rapidinhas numa. A trilogia R.I.P. é uma série de shoot ‘em ups completamente medíocres ou mesmo mauzinhos, que nem sei como a Meridian4 ainda os comercializa actualmente. Como tal este será um artigo relativamente curto porque os 3 jogos acabam por não ser assim tão diferentes uns dos outros. E estes 3 jogos chegaram à minha conta do Steam algures durante o ano passado, onde se a memória não me falha comprei um indie bundle da Indie Gala ou Groupees dedicado à malta da Meridian 4, com estes 3 R.I.P. incluídos.

RIP Trilogy PCO primeiro R.I.P. lançado em 2006 coloca-nos na pele de uma de três personagens, todas elas antiheróis que procuram defender o inferno de forças comandadas pelos humanos, que procuram assassinar a Morte de forma a obter imortalidade. Yeah, right. Podemos jogar então com a própria Morte, o Halloween, um tipo com uma abóbora enfiada na cabeça, e Rock ‘n Roll, um diabo que gosta de heavy metal. Mas infelizmente as diferenças entre as personagens são muito poucas, já falando do jogo em si. Essencialmente neste jogo estamos numa “turret” fixa no solo, e teremos de nos defender de torrentes de inimigos que nos estão constantemente a atacar, onde podemos rodar 360º livremente, trocar de armas e subir de nível de forma a desbloquear algumas skills. Essas skills tanto nos podem aumentar o rate of fire, o dano infligido pelas armas, aumentar a defesa ou os pontos de experiência absorvidos. Depois temos skills especiais para cada personagem, como névoas de veneno em volta de Death, a capacidade de congelar inimigos do Halloween, ou a regeneração de vida de Rock ‘n Roll. Os inimigos vão sendo cada vez mais e teremos de utilizar estas skills de forma algo inteligente se quisermos sobreviver. Felizmente também poderemos apanhar diversos powerups que nos ajudam, como medkits, granadas, ou slow motion para os inimigos.

screenshot
Para além de todo o aspecto amador, o maior defeito do RIP 1 é mesmo estarmos fixos numa posição do ecrã.

Graficamente é um jogo bastante simples. Os inimigos têm pouquíssimo detalhe e os níveis consistem apenas numa textura de chão, algumas rochas que nos refletem as balas e os inimigos pequenos e pouco detalhados que vão invadindo o ecrã. A música não é nada de especial, apesar de ir sendo variada.

screenshot
Em todos os jogos podemos ligar um modo censura, que substitui todo o sangue que fica espalhado no chão por flores

R.I.P. 2 Strikes Back é o segundo jogo desta trilogia e foi lançado no mesmo ano de 2006. O resultado não é muito diferente do que se viu no primeiro jogo. Os heróis são os mesmos e eles nem se deram ao trabalho de mudar as suas descrições e habilidades – sim, as skills são as mesmas  mudaram apenas as de experiência para velocidade. A história também é parvinha, com o jogo a decorrer no ano de 2222, num planeta Terra governado por um tirano de um ditador global. Algures no deserto do Sahara é aberto um portal para “o outro mundo” e os 3 anti heróis visitam o nosso planeta para salvar os humanos do seu ditador tirano.

A grande diferença está na jogabilidade, onde agora podemos andar a pé livremente. Mas também teremos níveis onde usamos as turrets giratórias do primeiro jogo, bem como outros veículos, como tanques e helicópteros de combate. As coisas melhoraram ligeiramente agora, até porque temos bosses e tudo, mas o grande desafio por vezes é mesmo as grandes waves de inimigos que vão surgindo. Os inimigos são mais variados, embora continuam com muito pouco detalhe e muitos deles são reciclados do primeiro jogo. Os mesmos powerups do primeiro jogo também existem aqui, embora agora a variedade é maior, com items que nos chamam um dragão que provoca dano a todos os inimigos, outros que os transformam em ovelhas, ou outros que nos teletransportam para outro local do mapa, por exemplo. De resto, graficamente continua um jogo fraquinho e as músicas até me pareceram as mesmas!

screenshot
A grande novidade do R.I.P. 2 está mesmo em podermos andar a pé ou conduzir outros veículos

Por fim temos o R.I.P. 3: The Last Hero, lançado no ano seguinte em 2007. Aqui as coisas já mudaram para melhor. A história é que continua algo estúpida, com mais uma vez um tirano que controla a terra e para além dos 3 anti heróis do costume, podemos também jogar com 2 personagens humanas e um robot, representando os rebeldes terrestres. As skills básicas e das 3 personagens que já conhecíamos mais uma vez permanecem essencialmente a mesma coisa, tendo agora algumas mais para as restantes 3 personagens. O arsenal de armas que podemos utilizar também foi expandido para mais de 20 armas, em que várias delas são secretas. O mesmo pode ser dito dos veículos, que já são uns 10. Infelizmente mais uma vez reciclaram a maioria dos inimigos dos jogos anteriores, mas pronto. A jogabilidade essa é muito semelhante à do R.I.P. 2, e apesar de continuar a ser um jogo medíocre, já vi um esforço maior em tornar as coisas um pouco mais apresentáveis, com cenários mais bem detalhados, melhores efeitos gráficos e acima de tudo, uma jogabilidade mais fluída.

screenshot
É só no último jogo em que as coisas começam a ficar mais interessantes.

Enquanto os primeiros 2 jogos apenas tinham 2 modos de jogo: o história e um rush mode onde enfrentariamos várias hordes de inimigos consecutivas, este R.I.P 3 apresenta outros modos de jogo como um cooperativo onde jogamos localmente com um amigo e um multiplayer, que não cheguei a experimentar. Posto isto não consigo dizer que recomendo vivamente estes jogos, principalmente os primeiros 2. Só mesmo se gostarem muito de shooters e não tiverem mais nada de interessante para fazer. Ou então saltem logo para o R.I.P. 3 que é certamente o melhor do conjunto.

Mega Games I (Sega Mega Drive)

Mega Games ISe me perguntarem qual o jogo mais comum da Mega Drive, pelo menos em solo português, responderia logo de caras esta compilação Mega Games I, ou então o primeiro Sonic the Hedgehog, pois foram 2 dos lançamentos que acabaram por ser agrupados juntamente com as consolas. No entanto esta Mega Games I é na minha opinião a compilação mais desinteressante da biblioteca da consola 16bit da Sega, e onde nas outras compilações eu tento sempre ter os jogos na sua versão standalone, nesta aqui provavelmente apenas o Super Hang-On me desperta interesse suficiente para isso. Os outros 2 jogos são o Columns e o World Cup Italia 90, e irei analisar brevemente cada um. Esta compilação entrou na minha colecção algures no ano passado, quando comprei um bundle de uma Mega Drive mais alguns jogos. Eventualmente comprei uma versão completa por 2.5€.

Jogo completo com caixa e manuais

O World Cup Italia 90 é um jogo parecido à sua versão Master System, cuja já analisei aqui neste blog. É sem dúvida um dos primeiros, senão o primeiro mesmo, jogo de um campeonato do mundo de futebol devidamente licenciado pela FIFA, onde podemos jogar com uma de variadas selecções em 2 modos de jogo distintos: Test Match – jogo amigável que pode er jogado contra um amigo ou o CPU, ou o modo Campeonato do Mundo que é uma vertente singleplayer, onde temos de escolher uma selecção e levá-la desde a fase de grupos até ao derradeiro jogo final. De fora ficou o modo de treino de Penalties, cujos apenas acontecem caso algum jogo amigável ou na fase final da competição termine empatado. Mas também tal como a versão Master System, cada selecção possui os seus pontos fortes e fracos, que podem ser vistos nas suas estatísticas. Para além de escolhermos o país a representar, teremos depois de construir a nossa equipa com base em 11 jogadores, também eles com as suas estatísticas próprias. Infelizmente este jogo possui uma jogabilidade mázinha, com a sua vista aérea, passos longos infalíveis e os guarda-redes difíceis de controlar como o raio. Nos audiovisuais, os gráficos são bastante primitivos e o jogo possui apenas duas músicas, portanto… de qualquer das formas não deixa de ser um jogo altamente nostálgico para mim, pois foi das primeiras coisas que tive o prazer de jogar na minha infância.

screenshot
Faltas? Mas quais faltas??

Columns é uma versão algo primitiva de jogos como o Bejeweled, Puyo Puyo ou outros clones. Indo buscar ideias ao Tetris e a sua disposição de blocos, a diferença é que as peças são sempre um trio colorido e vertical e o objectivo não é preencher uma linha no ecrã, mas sim juntar pelo menos 3 “pedrinhas” da mesma cor numa linha horizontal, vertical, diagonal ou “ambas”. Mas tal como o nome do jogo indica, todas as peças são colunas e não podem ser rodadas, apenas a ordem das 3 pedrinhas que compõe o bloco podem ser alteradas. Tal como em muitos outros jogos, se ultrapassarmos o limite do “balde” para onde podemos atirar os blocos é gameover, mas no entanto aqui também é possível ver uma série de “combinações” em cadeia, que são sempre bonitas de se ver e agradáveis para a pontuação. Existem 2 modos de jogo distintos: o Arcade, cujo objectivo é fazer a melhor pontuação possível antes de encher o ecrã com blocos, e o Flash Columns. Aqui já temos o ecrã semi-preenchido com alguns blocos e temos de o “limpar” e chegar a um bloco brilhante no fundo do ecrã, fazendo-o desaparecer, juntando-lhe a outros blocos de uma qualquer cor. Os visuais e a música têm todos uma toada da Grécia antiga, temática que é também utilizada para descrever as origens do jogo. No fim de contas, apesar de ser um jogo ainda algo primitivo em alguns aspectos quando o comparamos com muitos dos clones coloridos que vemos por aí, não deixa de ser um jogo bastante viciante.

screenshot
Sempre achei mais piada a estes jogos de puzzle que brincam com as cores do que ao Tetris

Por fim resta escrever sobre o Super Hang-On, que por sua vez é mais um jogo de um passado longínquo de Yu Suzuki, onde era practicamente o rei indisputável dos jogos de corrida nos salões arcade. A versão Mega Drive deste jogo possui essencialmente 2 modos de jogo distintos: o Arcade e o Original, este desenvoldido de raiz a pensar na versão caseira. O modo arcade coloca-nos a correr num de 4 continentes, onde temos de correr contra o relógio e alcançar o checkpoint seguinte (ou a meta) dentro de um tempo-limite. O nível de África é o mais simples com 6 etapas, seguindo-se a Ásia, América do Norte e por fim Europa, cada um com mais 4 etapas que o anterior. Apesar de nos cruzarmos com imensos outros motociclistas, aqui não existe nem um primeiro nem último lugar, mas sim garantir que cheguemos ao fim da corrida. O Original Mode já traz mais conteúdo, colocando-nos a competir directamente contra um outro piloto numa série de 9 pistas. Se vencermos pelo menos 5, poderemos enfrenar o piloto seguinte. Neste modo de jogo podemos fazer vários upgrades às motos, trocando diferentes peças como pneus, travões, motor ou mesmo o mecânico que contratamos poderá ser trocado por um melhor. Infelizmente não existe qualquer vertente multiplayer neste jogo. Graficamente as motos estão muito bem detalhadas, já as pistas acho-as mázinhas, com poucos detalhes e com apenas o fundo a ir convencendo. Outrun é um jogo bem melhor neste aspecto. Os efeitos sonoros não são nada de especial, principalmente o Turbo, mas já as músicas são bem competentes.

screenshot
As várias peças das motos que podemos trocar

No fim de contas, apesar de não achar esta compilação de jogos da Mega Drive propriamente brilhante – essa honra vai para quem teve a feliz ideia de colocar o Streets of Rage, Golden Axe e Revenge of the Shinobi no mesmo cartucho, não deixa de ter jogos minimamente competentes. World Cup Italia 90 é um jogo assim-assim, mas jogado com 2 pessoas é divertido quanto baste. Columns é sem dúvida o jogo que melhor se aguenta sozinho, embora não seja propriamente um jogo que me cative por aí além, e Super Hang-On é um jogo bonzinho, especialmente pela preocupação em que tiveram ao introduzir um novo e mais extenso e profundo modo de jogo. Em muitos outros jogos da Sega Saturn não tiveram essa preocupação…

Love (PC)

De volta aos indies e para mais uma rapidinha pois o jogo também não é muito longo. Love é mais um de vários jogos de plataforma indie, com um look retro e com uma dificuldade bem acima da média, embora este nem seja de todo dos “piores” nesse campo. A minha cópia entrou na minha colecção digital do Steam algures no mês passado, num dos bundles da malta dos Indie Gala, tendo sido uma pechincha.

Love PCLove é um jogo de plataformas bastante minimalista, tanto no seu aspecto, que tanto vai buscar coisas aos tempos da Atari 2600, ou a computadores mais primitivos como o Commodore 64 ou ZX Spectrum, como na jogabilidade simples. O objectivo é simples: atravessar 12 níveis repletos de obstáculos, abismos sem fim, plataformas que desaparecem e espinhos, espinhos everywhere. As “diferenças” aqui face a outros jogos como Super Meat Boy ou VVVVVV está nas 100 vidas que dispomos até chegar ao fim do jogo, bem como os “respawn points” que podemos colocar sempre que quisermos, em qualquer plataforma estável. Caímos num abismo a meio do nível? Se formos inteligentes tinhamos deixado um desses respawn points antes de tentar atravessar essa parte mais perigosa. No entanto claro que isto dos “checkpoints à lá carte” também poderá ser abusado de forma a facilitar mais o jogo, mas também pode correr mal. Não foi a primeira nem segunda vez que por engano coloquei um desses checkpoints num local onde a cada segundo saía um espinho, ou caía uma gota de ácido a cada meio-segundo, custando-me assim um monte de vidas até ter saído dessa situação.

screenshot
Estas plataformas azuis aparecem e desaparecem alternadamente. Uma secção chatinha no início, mas depois de se aprender o padrão torna-se bem mais fácil

No entanto com um bocadinho de prática conseguimos acabar por superar as dificuldades do jogo. Existe um nível de dificuldade ainda mais fácil que nos dá vidas infinitas, bem como outro bem pior onde em vez de 100 vidas temos apenas uma para nos durar o jogo todo. Este Love é também um jogo de plataformas que prima pela competividade em speedrunning. Os seus 12 níveis podem ser completados em menos de 10minutos por pessoas talentosas e que não queiram perder uma vida sequer. Infelizmente eu não tenho tempo, e o meu backlog de mais de 600 não me deixam perder mais tempo que o necessário num jogo. Com isso devo dizer que não experimentei o editor de níveis que vem com o jogo.

screenshot
Os gráficos são bastante minimalistas, mas tal como VVVVVV têm o seu charme

No que diz respeito ao audiovisual, tal como referi no início este é um jogo que vai buscar muita coisa aos primórdios da década de 80, mas claro com uma jogabilidade bem mais fluída do que qualquer jogo de plataformas pré-Super Mario Bros oferecia. Os efeitos sonoros são retro enough, mas as músicas são bastante viciantes. Se gostaram da banda sonora retro, porém moderna de jogos como Super Meat Boy, certamente irão achar piada a esta do Love. No fim de contas este é um pequeno jogo de plataformas que apesar de pequeno em conteúdo, é bastante divertido e se o apanharem nalguma promoção ou bundle, recomendo que lhe peguem.

Doom 3 (PC)

Recentemente escrevi para a PUSHSTART uma análise à edição “vanilla” do Doom 3, tal e qual como se estivéssemos em 2004, sem expansões ou “conversões HD”. Doom 3 é um jogo marcante na série, pois mistura 3 conceitos completamente distintos: uma maior atenção ao que se passa à nossa volta como em Half-Life, a escuridão e atmosfera constantemente tensa e imprópria para cardíacos e, embora mais contida, a acção e violência frenética pela qual os primeiros jogos ficaram sobejamente conhecidos. A minha cópia é uma versão ainda em CD ROM, numa altura em que ter um leitor de DVD no PC ainda não era para todos. Foi comprada algures neste ano na feira da Ladra em Lisboa por 1€.

Doom 3 - PC
Jogo com 3 CDs, caixa e manual

Poderão ler a minha análise na íntegra aqui.

Heavy Rain (Sony Playstation 3)

Heavy RainHá algum tempo atrás analisei o Fahrenheit, um dos primeiros jogos que a QuanticDream desenvolveu. Já na altura o estúdio procurava fazer algo bastante fora do convencional, aproximando o conceito de videojogo quase com o de um filme interactivo, com grande foco na narrativa, emoções e as nossas decisões que iriam moldar as personagens e o desenrolar da história. Apesar de ter boas ideias, tinha também várias falhas de jogabilidade que eu apontei. Heavy Rain é o jogo que o estúdio desenvolveu em seguida, já para a Playstation 3. Será que aprenderam com as falhas do primeiro jogo? Veremos em seguida. A minha cópia foi comprada algures no ano passado (ou no início deste) na (New) GAME do Maiashopping, por 10€. É a Move Edition, que nunca cheguei a utilizar.

Heavy Rain - Sony Playstation 3
Jogo com caixa, manual e origami

Começamos a aventura no papel de Ethan Mars, um arquitecto bem sucedido a começar o dia na sua mansão e aguardar que a sua mulher e filhos regressem a casa. É o aniversário do miúdo mais velho, Jason, então é tempo de passar umas horas a brincar com eles na sua festa. No dia seguinte, após uma simples ida a um shopping a abarrotar de gente, Ethan perde Jason de vista. Quando o finalmente encontra, Jason encontra-se a atravessar sozinho uma rua muito movimentada e acaba por ser atropelado, com o seu pai Ethan ainda assim a tentar salvá-lo. Jason morre e Ethan passa 6 meses em coma. O jogo decorre 2 anos depois deste incidente, com Ethan deprimido, separado da sua esposa e a viver numa casa bem mais pobre e com o seu outro filho Shawn com um relacionamento distante. Entretanto nesses 2 anos que passaram um misterioso assassino em série apareceu em cena. Apelidado de “Origami Killer”, raptava rapazes de 10 anos, com os mesmos a aparecerem dias depois afogados e com uma orquídea e origami consigo. Coisas acontecem e Ethan perde agora o seu filho Ethan, aparentemente desta vez tendo sido raptado pelo Origami Killer. Mas Ethan não desiste e tenta o tudo por tudo para salvar o seu filho, tendo para isso de se submeter a uma série de provas sádicas exigidas pelo raptor.

screenshot
Para fazer algumas acções por vezes temos de deixar alguns botões pressionados sequencialmente

Prefiro mesmo não divulgar mais da história e mesmo isto que escrevi até poderá ser demasiado. Mas para além de Ethan, controlaremos também outras 3 distintas personagens: Norman Jayden, um agente do FBI enviado para auxiliar a polícia local a descobrir a identidade e paradeiro do Origami Killer. Norman é um agente todo high-tech e possui uns óculos de realidade aumentada e uma luva especial, que utilizados em conjunto permitem-lhe analisar on-the-fly uma série de pistas forenses que nos serão úteis. Outra personagem, podemos referir o Scott Shelby, um ex-polícia, agora detective privado, que também se encontra a investigar o Origami Killer. Ao contrário de Norman, Scott é um detective “à antiga” que não se importa nada de meter as mãos na massa. Por fim temos a personagem feminina, a Madison Paige, uma Jornalista que também estava a investigar o assassino e se cruza no caminho de Ethan. Pareceu-me a personagem mais fraca do jogo, nem para sex-symbol serviu, apesar das cenas de nudez em que aparece.

screenshot
Os QTEs são mais dinâmicos e não tão cansativos como no Fahrenheit

De resto, a jogabilidade é algo parecida à do Heavy Rain, mas felizmente mudaram algumas coisas para melhor, já outras infelizmente deixaram estar na mesma. O jogo está divivido por vários capítulos, que por sua vez poderão ser re-jogados de forma a tentar obter um final diferente, pois este é um daqueles jogos em que muitas das nossas decisões, abordagens a um capítulo, ou performance, podem alterar bastante o rumo de história, incluindo algumas personagens principais morrerem, ou certas pessoas serem incriminadas por coisas que não fizeram, por exemplo. A movimentação e interação é algo semelhante, porém também diferente, do Farenheit. Para a personagem se movimentar, teremos de carregar em R2 e posteriormente com um dos analógicos controlamos o movimento. O outro, poderia servir para controlar a câmara, mas apenas serve para movimentar a cabeça, olhando para outros objectos que possamos interagir. Isto acaba por trazer mais uma vez o problema de uma má movimentação, em certas alturas, especialmente em locais mais apertados, o simples facto de tentar virar a personagem para onde quisermos pode trazer alguns problemas, o que não devia acontecer num jogo deste calibre. Naquela parte em que temos de levar alguém por um túnel de esgoto então… A câmara também é outra das minhas queixas, pois não pode ser controlada livremente e por vezes torna-se difícil adivinhar para onde o jogo quer que a gente vá, em algumas situações de pânico em que temos de agir com rapidez.

 

Screenshot
Em momentos de pânico não conseguimos ver bem quais as nossas opções de diálogo devido às letras tremelicarem todas.

Os objectos são interagidos com movimentos do analógico direito, tal como em Fahrenheit. Por exemplo, imaginem que temos em cima da mesa um prato, uma bola de futebol e um barco à vela (exemplo propositadamente exagerado). Para mexermos em cada um dos objectos teremos de movimentar o joystick direito com o movimento indicado em cada um, desde simples movimentos unidireccionais a semicírculos e afins. Para além disso temos na mesma várias sequências de quick time events, desde coisas completamente banais como subir um muro, ou sequências de acção e tiroteios onde teremos de simplesmente pressionar os botões que surgem no ecrã. Estas sequências são bem mais dinâmicas que em Fahrenheit, muitas vezes a indicação do botão a pressionar segue inclusivamente o movimento das personagens, pelo que por vezes é algo difícil ver bem qual o comando a seguir. O sixaxis (não vou falar do Move porque até ao momento ainda não o tenho) também pode ser requerido nesses QTEs, obrigando-nos por vezes a abanar o comando em certos movimentos. Outro dos “QTEs”, consistem em manter uma série de botões pressionados de forma sequencial.

screenshot
Jayden é um agente do FBI todo Hightech. Quando equipamos os óculos e luva, podemos pesquisar o terreno por pistas forenses

E a jogabilidade de Heavy Rain é isto. A narrativa tanto nos coloca a fazer coisas mundanas como preparar uma omelete, ou por um bébé a dormir, como nos coloca bem a meio de situações bem tensas em que temos de agir rápido e escolher bem o que dizer. Existem bem mais finais que no Fahrenheit e a história como um todo está muito melhor. As decisões que tomamos podem mesmo influenciar fortemente o final que iremos encontrar, e apesar de existirem algumas incoerências com a história (pelo menos com base no final que eu alcancei), devo dizer que a mesma está muito bem conseguida. Não gostei foi nada de saber quem é o Origami Killer, era a minha personagem preferida do jogo…

Graficamente é um jogo muito bom para uma PS3. Mais uma vez a QuanticDream deu-se ao luxo de gravar todas as animações, incluindo animações faciais, a partir de actores reais e o resultado foi bom. Só não digo que foi muito bom pois ainda assim achei que algumas expressões faciais ficaram um pouco estranhas, especialmente nas personagens femininas que por vezes faziam caras mesmo parvas em situações que não tinham nada a ver. Os cenários são excelentes e variados, embora como este jogo é propositadamente passado no Outono, a chuva e paisagens melancólicas e deprimentes são uma constante. Ainda assim acho que fizeram um bom trabalho como um todo, o jogo está repleto de alguns momentos cliché, é verdade, como o good cop e bad cop, mas também tem algumas personagens que mesmo que sejam completamente secundárias ou mesmo acessórias à história, estão muito bem conseguidas. Como um certo médico, por exemplo. A música também vai sendo variada, como se um filme se tratasse. Se formos a uma discoteca vamos ouvir música electrónica, em algumas situações com o Scott já ouvimos algum smooth-jazz, mas como este é um jogo algo deprimente, muitas músicas, incluíndo a música principal, são músicas mais soturnas e tristes. O voice acting é excelente, e a QuanticDream contratar actores talentosos para fazer as vozes tem realmente os seus frutos. Obviamente que estou a falar das vozes originais e não do voice cast português que sinceramente nem me dei ao trabalho de ouvir.

screenshot
A Madison parece-me de longe a personagem mais fraca do jogo. Embora tenha alguns capítulos interessantes e não me estou a referir às cenas de nudez.

No fim de contas, acho este Heavy Rain um excelente jogo de aventura, com uma óptima história e que todos os donos de PS3 que gostem do género devem experimentar. Tem claro as suas falhas, como alguns problemas com os controlos ou câmara que na minha opinião não deviam de existir num estúdio tão talentoso como este, e mais alguns problemas ou picuinhices minhas menores, mas no fundo acho este Heavy Rain um excelente jogo com uma boa história, embora tenha alguns plot-holes do tamanho de Júpiter.