Shadowrun (PC)

ShadowrunShadowrun é uma franchise de culto. Originalmente um jogo de tabuleiro, misturando conceitos futuristas cyberpunk com elementos de fantasia como dwarfs, elfos e magia. O sucesso do jogo de tabuleiro gerou vários livros, jogos de cartas ou claro está videojogos. E de entre os videojogo dispomos de 2 RPGs ocidentais distintos entre si, um para a SNES e um outro para a Mega Drive. Existe também um jogo mais peculiar para a Mega CD que apenas saiu no Japão e desde 1994 que nunca mais se ouvir falar da série. Até que a FASA, empresa mítica responsável por imensos jogos da série Mechwarrior decidiu pegar na franchise. Os ânimos exaltaram-se imenso, mas foi sol de pouca dura quando se descobriu que o novo Shadowrun seria nada mais nada menos que um FPS multiplayer. O Shadowrun entrou na minha colecção no final do ano passado, numa das promoções feitas pela FNAC. Custou-me apenas 1 (um) euro.

Shadowrun - PC
Jogo completo com caixa, manual e papelada

Inicialmente o jogo era para ter uma campanha single-player a acompanhar o multi, mas infelizmente a Microsoft decidiu mandar isso pelo cano devido a “falta de recursos”, pondo assim toda a carne no assador do multiplayer. Ainda assim existe um contexto de história que decorre em background, sendo observada quando jogamos as missões de treino, onde assistimos em primeiro a uma cutscene que nos vai contextualizando do conflito existente. No entanto, não é uma história que faça parte oficial do cânone da saga. Essencialmente é-nos dito que a magia no mundo passa por um processo cíclico, surgindo apenas de 5000 em 5000 anos, voltando ao mundo em 2012. Mas é na cidade de Santos no brasil que o foco maior de magia se deu, e uma multinacional milionária de nome RNA decidiu investigar o fenómeno. Após um acidente com a utilização  da magia ter dizimado a cidade brasileira, as coisas começaram a ficar piores, com a RNA a tomar controlo da cidade e uma legião de rebeldes, os Lineage, começaram a combater a RNA de forma a tornar o uso da magia livre.

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A healing tree é uma habilidade muito útil, porém tanto pode curar os nossos companheiros como os adversários

Apesar de este Shadowrun ser um jogo com pouco conteúdo, nomeadamente poucos mapas e modos de jogo, tem algo de bom: a boa divisão de raças, e as diferentes builds que podemos construir, com uso a várias armas, técnicas e magias. Començando pelas raças, temos os humanos, uma raça “all-around”, sem grandes pontos fracos. Os dwarfs como sempre baixinhos e barbudos, são uma raça cuja habilidade para além de ser uma grande resistência a headshots, absorvem a Essence (leia-se mana) de tudo o que seja mágico à sua volta, desde a mana dos inimigos, dos companheiros de equipa e de outros objectos. Os elfos são uma classe com pouca saúde, porém são bastante ágeis e capazes de regenerar a sua vida se não receberem dano. São assim uma raça ideal para builds mais ninjas. Por fim temos os trolls, os “grandes bichos” do jogo. Os Trolls possuem a maior barra de vida e as suas defesas vão sendo cada vez mais fortes consoante o dano que vão recebendo. No entanto chega a um ponto que a sua mana termina e acabam por ficar vulneráveis. Nos 3 diferentes modos de jogo (que irei detalhar melhor em seguida), o jogo começa como uma partida de Counter Strike, onde a cada round vamos poder comprar armas, techs ou feitiços. E é aí que o jogo até tem alguma piada. Se morrermos, tal como no Counter Strike passamos o resto da partida como espectador, a não ser que um companheiro de equipa tenha o feitiço de resurrection e nos ressuscite. Mas a nossa presença no jogo está completamente dependente da pessoa que nos ressuscitou, pois caso ela morra, nós iremos morrer novamente.

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Os trolls endurecem a sua pele para se protegerem do dano, mas isso usa mana

Existe então uma panóplia considerável de feitiços e apretechos técnicos que podemos comprar, embora só possamos equipar 3 de cada vez. Dos feitiços temos a tree of life, onde podemos gerar uma árvore que nos cura todos os jogadores que se aproximem da mesma (óptima para utilizar como barreira também), o resurrect que já foi falado, outros mais defensivos como o gust que empurra os outros jogadores para trás, ou o strangle, que gera uma parede de cristais mágicos que abrandam e provocam dano a qualquer jogador que se aproxime deles. O smoke torna-nos parcialmente invisíveis e resistentes a qualquer dano (excepto do feitiço gust), o teleport é auto explanatório e por fim temos o summon que nos permite invocar um minion para a arena. A utilização destes feitiços está sempre dependente da quantidade de mana que temos, pelo que tem de ser disciplinada e bem pensada. As techs também utilizam a nossa mana (excepto se formos humanos), e consistem em gliders que nos permitem planar, o enhanced vision que nos permite ver através de paredes e localizar inimigos, o smart link que nos dão zoom às armas, aumentam a precisão dos tiros e não nos deixam dar dano aos nossos companheiros, são alguns dos exemplos. Obviamente que também temos as armas do costume como revólveres, shotguns, vários tipos de metralhadoras, explosivos ou armas melee e isto tudo junto oferece ao jogador e equipa boas possibilidades de customização e estratégia.

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Antes de nos mandarmos para combates a sério, podemos cumprir um tutorial de 6 capítulos que nos explicam as mecânicas de jogo

Isto é o ponto forte deste Shadowrun, pena que tudo o resto seja mauzinho. Os modos de jogo disponíveis não são nada de especial e o mesmo se pode dizer dos mapas que são poucos. O Extraction é um Capture the Flag, onde cada equipa tem de roubar o artifact da equipa adversária e trazê-lo à sua base. No Raid temos sempre uma equipa que defende o seu artifact (os RNA) e os Lineage que o tentam roubar e levá-lo a um extraction point. Por fim temos o Attrition que é um team deathmatch. A jogabilidade em si, falando na versão PC não é nada de especial. Este jogo teve um grande marketing sobre o facto de ser inteiramente crossplay, permitindo a jogadores de X360 e PC jogarem as mesmas partidas. Foi também o mote de lançamento para o Games for Windows Live que começou mal e porcamente. Agora, num FPS onde jogadores com teclado e rato jogam contra gamepads, os jogadores de PC sairiam muito beneficiados. Assim, para balancear as coisas a FASA/Microsoft decidiu incluir algum auto-aim para quem usa gamepad e retirar alguma precisão a quem controla com teclado e rato. Bollocks to that.

Graficamente, com o jogo a decorrer no brasil não deixa de ser interessante em ver alguns grafittis revolucionários com mensagens escritas em português, no entanto os gráficos não são nada de especial. As personagens estão bem detalhadas, o mesmo não se pode dizer das arenas que possuem texturas simples. Devo dizer até que a versão X360 apresenta alguns efeitos gráficos superiores à versão PC, coisa que não se percebe, A FASA também foi preguiçosa ao não ter trocado nada do overlay gráfico da interface do jogo, com os botões do comando da X360 a povoarem todo o ecrã nos menus. As músicas e efeitos sonoros também não são bons de todo.

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O artefacto, objecto azul na foto, é elemento central em 2 dos modos de jogo.

No fim de contas, este Shadowrun é mais um exemplo de como não se deve pegar numa franchise de culto e transformá-la num FPS só porque é um estilo de jogo que esteja na moda. O que resultou brilhantemente em Metroid Prime, não quer dizer que resulte em Syndicate ou neste Shadowrun. Ainda assim gostei do sistema de classes, feitiços e afins, reconheço até que haveria algum potencial para o jogo, mas certamente que não nestes moldes.

Pac-Mania (Sega Master System)

PacMania-SMS-EU-mediumDe volta para a Sega Master System para mais uma “rapidinha”. Antes de Donkey Kong ter feito furor nas arcades por todo o mundo fora, foram jogos como Space Invaders ou Pac-Man que tiveram um sucesso tremendo, com conversões para practicamente todos os sistemas de videojogos da altura. Pac-Man, com a sua personagem bastante peculiar foi o primeiro videojogo a utilizar o conceito de mascote, com o semicírculo amarelo a figurar no mais variado merchandising. O sucesso de Pac-Man fez surgir imensos clones e sequelas, uns tentando fazer algo completamente diferente (como Pac-Land), outros simplesmente evoluíram a jogabilidade do original, onde este Pac-Mania se enquadra. A minha cópia do jogo entrou na minha colecção há algum tempo atrás, não sei precisar quando, tendo sida comprada num excelente bundle que me ficou baratíssimo no já saudoso miau.pt.

Pac-Mania - Sega Master System
Jogo com caixa

A grande diferença entre Pac-Mania e o original está mesmo na perspectiva do jogo que passou a ser quase isométrica, dando assim a impressão que o jogo é em 3D. Para além disso, o Pac-Man tem agora a habilidade de poder saltar sobre os fantasmas, mais uma manobra evasiva ao nosso dispor. De resto o objectivo é o mesmo do jogo clássico: comer todas as bolinhas amarelas espalhadas pelo nível, fugindo ao mesmo tempo de uma série de fantasmas que nos perseguem ao longo dos corredores labirínticos. Há fantasmas mais rápidos que outros e inclusivamente existem uns novos que saltam ao mesmo tempo que nós, sendo assim bem mais difíceis de evadir do que os restantes. Também tal como no clássico existem umas bolas amarelas maiores que ao comê-las dão-nos invencibilidade temporária, onde nos poderemos vingar dos fantasmas que nos perseguem e engoli-los também. As frutinhas que aparecem temporariamente também existem neste jogo e com uma maior variedade, atribuindo-nos mais pontos de bónus se as conseguirmos comer. No entanto uma outra novidade está na inclusão de mais dois power-ups temporários: um torna-nos mais rápidos, o outro duplica a pontuação obtida.

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Desta vez podemos enganar os inimigos ao saltar por cima deles

Pac-Mania é um jogo colorido e bem detalhado. Os níveis estão bem representados, com um efeito 3D convincente. No entanto, com esta nova perspectiva deixamos de ter vista completa para todo o nível, tornando as coisas um pouco mais confusas, mas é algo que faz parte. Existem 4 diferentes variedades de níveis, um conjunto de labirintos feitos por blocos de plástico semelhantes a Legos, outros representações em 3D das arenas do jogo clássico (Pac-Man Park), uma outra num mundo de areia em que as paredes são pirâmides, e por fim temos os Jungly Steps, onde os labirintos não têm paredes, estão divididos por abismos e os fantasmas andam mais rápido que nunca. A versão Master System dispõe ainda de um nível secreto composto apenas por moedas. Os efeitos sonoros são bastante simples, tais como os do jogo original. As músicas também são OK, mas nada que fique propriamente na memória.

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Gostei do design destes níveis em particular.

Em suma Pac-Mania é uma boa conversão da arcade, certamente muito melhor que as conversões que chegaram aos computadores 8bit no mercado. É um jogo simples, mas continua viciante e as coisinhas novas que acrescentaram dão um bom tom ao jogo. Existe também uma versão para a Mega Drive e Amiga que naturalmente são tecnicamente superiores, mas para o jogo que é, a Master System dá bem conta do recado.

Resident Evil Operation Raccoon City (PC)

Resident Evil Operation Raccoon CityA série Resident Evil foi recebendo vários jogos ao longo da sua existência, muitos deles spinoffs da série principal, contando histórias alternativas ou utilizando diferentes mecânicas de jogo. Com a série principal a evoluir para uma vertente puramente de acção e os acontecimentos de Raccoon City cada vez num passado mais longínquo, eis que a Capcom apresenta este Operation Raccoon City, um shooter na terceira pessoa com grande foco no cooperativo, passando-se nada mais nada menos na cidade de Raccoon, when the shit hitted the fan, ou seja, nos acontecimentos de Resident Evil 2 e 3. O jogo entrou na minha colecção algures durante o ano passado, tendo sido comprado na Mediamarkt de Alfragide por 10€.

Resident Evil Operation Raccoon City - PC
Jogo completo com caixa, manual e papelada

Encarnamos num esquadrão de mercenários de elite ao serviço da Umbrella – a USS Delta Team, carinhosamente apelidada de Wolfpack, incumbida inicialmente com a missão de se infiltrar nos laboratórios de William Birkin, o autor do G-Virus introduzido no Resident Evil 2, obter as samples desse mesmo vírus e impedir que Birkin divulgue o T-Virus aos militares norte-americanos. Ao longo do jogo vamo-nos então cruzar-nos com várias personagens e locais que fizeram furor no Resident Evil 2 e 3, como William e Sherry Birkin, Leon, Claire, Ada, Hunk, Nicholai ou o infame Nemesis, que numa das missões teremos de o enfraquecer suficientemente para lhe injectar um parasita que devolve o seu controlo à Umbrella. Infelizmente a história apresenta alguns conflitos com a história da série principal, tornando este Operation Raccoon City em mais uma side-story o que é pena pois eu até acho que teria potencial para ser algo mais.

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Saber por onde temos de seguir é fácil, os indicadores vão aparecendo sempre no ecrã

Operation Raccoon City é então um shooter na terceira pessoa, onde podemos jogar com uma de 6 personagens com caracterísicas próprias numa esquadrão com 4 elementos. É sem dúvida um jogo mais pensado para se jogar cooperativamente, tal como Left 4 Dead, mas o seu resultado infelizmente não é o melhor, especialmente se quisermos jogar sozinhos, mas já lá vamos. As personagens consistem em 6 classes diferentes com habilidades passivas e activas que podemos evoluir com pontos de experiência ganhos à medida em que vamos jogando este Resident Evil. Bertha é a médica de serviço, capaz de carregar com mais Spray Kits, ou curar mais eficientemente os companheiros de equipa. Four eyes é a cientista do grupo, capaz de infectar e controlar inimigos com os vários virus da Umbrella ao seu dispor, Vector sendo a personagem mais stealth, capaz de se tornar invisível por algum período de tempo, Spectre é o espião de serviço, capaz de identificar items e inimigos num maior raio de visão e por fim temos Beltway, especialista em explosivos e Lupo, especialista em armas de assalto, líder do grupo e a minha personagem predilecta.

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Nos laboratórios da Umbrella temos sempre criaturas bonitinhas à nossa espera

Ao longo do jogo vamos tendo várias missões, cujo indicador do objectivo está sempre presente, pelo que avançar no jogo nunca traz dificuldade ao identificar o caminho a seguir, até porque os níveis são lineares e repletos de dead ends. Cada personagem pode carregar 2 armas, uma side-arm e uma arma principal, e ao longo do jogo vamos descobrindo sprays de primeiros socorros, sprays para curar infecções do T-Virus e uma série de diferentes granadas que podemos carregar num inventário naturalmente reduzido. Frequentemente temos de enfrentar enormes waves de inimigos, pelo que era bom que as mecânicas de jogo fossem boas. Sinceramente gostei bastante das personagens, desde as suas habilidades à própria estética dos seus uniformes e claro as suas personalidades, o que me deixa mesmo com pena de a jogabilidade ser mázinha. O jogo assenta muito nas mecânicas de cover, como muitos shooters modernos, mas infelizmente a sua execução não é a melhor. É frequente estarmos em cover quando não precisamos e o contrário. O balanceamento entre munições e o dano provocado nos inimigos é mau. Muitos inimigos são autênticas esponjas, precisando de muitas e muitas balas para finalmente serem derrotados. Se estivéssemos a falar de um boss ou algumas outras B.O.W da Umbrella então até seria compreensível, mas quando os lickers levam tanto tempo a morrer e as munições ficam algo escassas, algo não está bem. Isto para quem joga sozinho é ainda pior, pois a IA é incapaz de nos ressuscitar, para além de não ser lá muito inteligente no geral.

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Os zombies são as únicas criaturas que nos dão realmente a sensação de as nossas armas serem poderosas

Uma mecânica interessante é quando somos infectados pelo T-Virus, vamos perdendo vida gradualmente até nos curarmos com um spray apropriado para o efeito. Se não nos conseguirmos curar, morremos apenas para voltar à vida como zombie, inteiramente controlado pela IA, onde atacamos os nossos companheiros, forçando-lhes a que nos matem para depois nos ressuscitarem. O problema é que num jogo singple player eles não nos ressuscitam, lá teremos de recomeçar num checkpoint.

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Uma grande parte do jogo é também passada nas plenas ruas de Raccoon City, repletas de zombies

Para além do modo campanha, existem ainda outros modos de jogo mais competitivos. Duas variantes de team deathmatch – Team Attack, com uma equipa a jogar pelo Wolfpack e a outra pelo exército norte-americano, o Heroes, onde em cada equipa existirão algumas personagens “lendárias” mais poderosas (Hunk ou Leon, por exemplo), o Biohazard, uma variante de capture the flag, onde temos de encontrar várias amostras do G-Virus espalhadas aleatoriamente no mapa e trazê-las para a base e por fim o modo Survivor. Este modo é mais intenso, pois obriga às duas equipas lutarem freneticamente entre si de modo a garantir um lugar no limitadíssimo helicóptero de resgate.

Isto tudo para descrever genericamente o jogo, pois falando concretamente desta versão para PC, as coisas acabam por ser muito piores devido à fraquíssima conversão para PC. É um jogo muito mal optimizado, para além de utilizar o serviço Games for Windows Live, que já por si só não é muito bom devido aos bugs do mesmo. Mas é frequente que mesmo em bons PCs, o jogo apresente uma performance muito má, forçando o jogador a utilizar resoluções mais baixas para obter um framerate mais estável. Depois convém também dizer que foram muito preguiçosos ao converter toda a interface do jogo. Os menus foram pensados para quem utiliza um gamepad, e os próprios ícones que aparecem no jogo também. As teclas pré-definidas para muitas das acções são muito mal escolhidas, mas felizmente podem ser customizadas. Claro que quero com isto dizer que é dos poucos jogos para PC em que realmente aconselho a jogar com um gamepad, ou mesmo jogarem-no numa consola, se o jogo correr com problemas no vosso PC tal como no meu.

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Enfrentar várias waves de hunters tem sempre o seu nível de desafio

Posto isto, RE Operation Raccoon City é um jogo que na teoria poderia e deveria ser muito melhor do que o que realmente foi. O jogo tem algumas ideias muito boas, a campanha tem os seus bons momentos e gostei realmente da nossa equipa de mercenários. Mas as mecânicas de controlos, a fraca IA e algumas más decisões de design tornam o jogo bem medíocre, ainda para mais na versão PC com todos os seus problemas de performance, fruto de uma conversão apressada e preguiçosa. Ainda assim é daqueles jogos que por 10€ novo ainda dá para entreter, mas vou recomendando as versões para PS360 ao invés desta versão para PC. Esta versão corre no serviço Games For Windows Live que será descontinuado neste ano de 2014,tornando-o obsoleto e inútil para quem quiser jogar online. Até agora não existem notícias que a Capcom vai remover a componente GFWL do jogo e subsituí-la pela Steamworks como foi feito no Bioshock 2, por exemplo, mas não estou convencido que o façam. Existem ainda uma série de DLCs disponíveis, entre os quais uma outra campanha jogada pelos “bons da fita”, uma equipa das Spec Ops do exército norte-americano. Por muito interesse que venha a ter numa campanha dessas, recuso-me prontamente a dar mais dinheiro à Capcom que prefere lançar DLCs para o seu jogo em vez de corrigir os seus problemas de performance.

Winter Heat (Sega Saturn)

Winter HeatNo seguimento do artigo Athlete Kings, aqui fica mais uma “rapidinha” à sua sequela, desta vez focada nos desportos de inverno. O feeling do jogo e o seu conceito geral continua idêntico: é um button masher com alguma estratégia à mistura em alguns desportos, um Track & Field de inverno na era dos 32bit. E curiosamente tal como o Athlete Kings, este Winter Heat também foi comprado algures no ano passado na Cash Converters de Alfragide, juntamente com o Athlete Kings e ao mesmo preço (próximo dos 3€).

Winter Heat - Sega Saturn
Jogo completo com caixa e manuais

Neste jogo contamos com 11 diferentes desportos, entre os quais diversas provas de ski, bobsleigh, snowboard ou patinagem. Tal com no jogo anterior dispomod dos modos Arcade (onde para prosseguir no jogo temos de obter pontuações mínimas em cada desporto), o 11 Eveent Heat, onde podemos concorrer em todos os desportos e no final é atribuída a pontuação global, o Individual Match onde podemos treinar cada um dos desportos e como novidade dispomos do Custom Heat Mode, onde podemos seleccionar um grupo de desportos a competir. Uma outra novidade face ao Athlete Kings é a vertente multiplayer, que permite jogar com um número de até 4 jogadores em simultâneo ou por turnos (depende do desporto em causa), mas sempre utilizando o adaptador multi-tap.

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As personagens presentes no Winter Heat. Algumas caras novas, outras familiares.

Dependendo do evento em questão a jogabilidade também vai alterando. Em eventos meramente de velocidade como o Speed Skiing apenas temos de nos preocupar em clicar no botão para ganhar velocidade o mais rápido possível, isso é algo presente em todos os desportos, mas nos outros temos também algumas peculiaridades. No bobsleigh podemos manobrar o sled, o mesmo com o trenó, no Speed Skating temos também de reduzir a velocidade em curvas mais apertadas. No Ski Jumping temos de ganhar o máximo de velocidade no início, mas saltar no tempo e com o ângulo certo. No Cross Country é uma prova de resistência em Ski, onde temos de gerir bem a velocidade e a barra de fadiga do jogador. Existem ainda outrs desportos mais “livres” como o Slalom em ski, onde temos de manobrar por entre algumas bandeiras e efectuar uns pequenos saltos. No Snowboard também podemos controlar o jogador mais livremente.

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Antes de cada evento temos uma explicação de como as mecânicas funcionam. Claro que podemos sempre praticar num modo próprio para isso.

O jogo dispõe de 8 personagens jogáveis, muitas delas já tinham passado por Athlete Kings, como o russo Aleksei Rigel ou a francesa Ellen Regianni, algumas caras novas surgem como o norueguês Johann Stensen, visto a Noruega não ter participado no jogo anterior. Infelizmente a personagem mais carismática – o britânico Jef Jansen desapareceu, entrando para o seu lugar um outro britânico chamado B.B., um atleta misterioso de cara tapada. E as personagens estão muito bem detalhadas. Winter Heat é um dos jogos que, como o Virtua Fighter 2, utiliza o modo de alta resolução da Saturn, embora de forma parcial (704×240 contra 704×512 do Virtua Fighter 2 PAL). Isto resulta em personagens com um detalhe elevado, embora os backgrounds não o sejam assim tanto. Também, como é tudo “branco”, seria algo difícil este jogo destacar-se mais. Não deixa de ser um bom trabalho no campo visual. As músicas apenas são existentes nos menus e afins, já nas provas apenas ouvimos os barulhos de fundo. As músicas são OK, típico da Sega na altura, mas nada que se chegue perto de Sega Rally. Os efeitos sonoros e o voice acting também estão bem conseguidos e contribuem bem para a atmosfera mais bem humorada do jogo.

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A prova de Slalom tem uns controlos algo apertados, é preciso prática

No geral o Winter Heat parece-me um jogo com menos button mashing frenético que em Athlete Kings, pois coloca sempre uma componente estratégica maior no jogador. Na maioria dos desportos temos de controlar a nossa velocidade, não basta carregar nos botões à maluca. É um jogo divertido, mas sendo um jogo mais arcade, ao fim de algum tempo acaba por não ter muito mais para oferecer. Recomendo mais pela vertente multiplayer.

Athlete Kings (Sega Saturn)

Athlete Kings - Sega SaturnVoltando à consola 32bit da Sega, para mais uma “rapidinha” a uma conversão de um jogo arcade. Athlete Kings, ou conhecido fora da europa como DecAthlete é um jogo sobre o decatlo, a famosa prova de atletismo que consiste num conjunto de 10 provas distintas em que os atletas têm de cumprir ao longo de dois dias. Os desportos consistem nas corridas de 100metros, 110 metros barreiras, 400 e 1500metros, salto em altura, com vara e comprimento e os lançamentos de peso, disco e dardo. Athlete Kings não é um jogo propriamente original, mas sim uma evolução em 3D do clássico da Konami “Track and Field”. Este Athlete Kings entrou na minha colecção algures durante o ano passado, onde o encontrei a cerca de 3€ na cash converters de Alfragide, em conjunto com outros jogos de Saturn que prontamente levei para casa.

Athlete Kings - Sega Saturn
Jogo completo com caixa e manual

E tal como o Track and Field o foi, este Athlete Kings é o rei dos button mashers. Em todos os eventos temos de carregar em botões como um maluco, se bem que com algumas peculiaridades. Nos 100 metros apenas temos de nos preocupar em carregar no botão A ou C para “sprintar”, mas em corridas mais longas teremos de nos preocupar com a stamina do atleta. Nos desportos de lançamento de “qualquer coisa” temos de carregar a barra do “power” e posteriormente com um outro botão alinhar o ângulo de lançamento para o mais próximo possível dos 45º. No caso do lançamento do disco temos inclusivamente que rodar o D-Pad o mais rápido possível, o que resultaria bem melhor com um analógico (não sei se o Athlete Kings suporta o comando 3D da Saturn). No salto em altura e salto à vara também é necessário utilizar o D-Pad em momentos cruciais para melhor passar o corpo do atleta sobre a barra.

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No final de cada corrida podemos fazer umas poses engraçadas.

Athlete Kings possui 2 modos diferentes de jogo, que podem ser jogados sozinho ou com mais um amigo, bem como possui também um Practice mode para que possamos treinar as modalidades. O modo Decathlete é como se fosse mesmo uma prova olímpica, onde vamos participando em todas as modalidades, com a nossa classificação a ser conhecida no final do jogo. O outro modo é uma conversão directa da Arcade, onde participamos em 5 provas de cada vez (provas essas que podemos escolher quais fazer primeiro), e temos requisitos mínimos a cumprir em cada uma, sejam tempos nas provas de corrida, ou distâncias nos saltos/lançamento. Caso contrário é game over.

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O casting completo de Athlete Kings e o Jef Jansens destaca-se claramente.

Graficamente é um jogo bastante colorido, com personagens que embora possuam um aspecto muito cartoon, estão bem detalhadas e animadas. Os 8 atletas de diferentes nacionalidades possuem atributos cómicos ou mesmo esteriótipados, como o enorme penteado afro do britânico Jef Jansens (que levou à sua exclusão na versão americana do jogo) ou a sexyness de Ellen Regianni. A música e os efeitos sonoros também são bastante descontraídos, encaixando-se bem na atmosfera do jogo.

Athlete Kings não é propriamente o jogo mais interessante da biblioteca da Saturn, mas diverte quanto baste, especialmente se jogado a dois, quando andamos a tentar bater os records uns dos outros. Foi mesmo com esse espírito que o joguei back in the day em casa de amigos meus da escola, hoje em dia já não possui o mesmo apelo.