Phantasy Star Online Episode I & II (Nintendo GameCube)

PSO EP I n II coverOriginalmente lançado para a Sega DreamCast, Phantasy Star Online é um ponto de viragem na série. Para além de uma óbvia introdução de uma componente online, a trama dissocia-se quase que por completo da saga clássica.  A minha cópia foi adquirida em 2003, na Worten do MaiaShopping numa altura em que os jogos da GameCube distribuídos pela Infogrames em Portugal estavam todos em promoção. Levei este na altura, e quando voltei à loja no dia seguinte para levar o Skies of Arcadia Legends já todas as cópias tinham sido vendidas… custou-me 20€ na altura (novo, claro).

PSO EPIeII
Caixa, manual e disco

Antes de falar nesta versão do jogo, vou falar um pouco do background do mesmo, como gosto sempre de fazer. Conforme mencionado no primeiro parágrafo, PSO foi lançado originalmente para a Sega Dreamcast nos anos de 2000/2001. Podemos afirmar que foi o primeiro RPG online a atingir uma consola e teve um sucesso considerável, tendo sido para muita gente (principalmente no japão) motivo de compra de uma Dreamcast. Mais tarde saiu uma segunda versão do jogo, chamada PSO v2, tendo também sido lançada para PC. Esta versão acrescentava mais algumas quests, mais items, aumentava o nível máximo de 100 para 200, etc. Em seguida todos nós sabemos qual o destino que a Dreamcast teve, pelo que a série Phantasy Star Online teve de encontrar outras plataformas para evoluir.

Em 2002 acabou por sair para a Xbox e GameCube o jogo Phantasy Star Online Episode I & II, cujo Episode I corresponde ao jogo PSO ver2 da Dreamcast e PC, com um Episode II inteiramente novo, incluindo novos items, novos inimigos e novos modos de jogo offline que mais tarde passarei a descrever. PSO representa uma abordagem inteiramente nova à série clássica. As batalhas passam a ser em tempo real ao invés de batalhas em turno, a história não tem nada a ver com a série clássica e como qualquer RPG online, a própria história passa a ter um cariz mais secundário, o que interessa mesmo é o “grinding“, batalhas incontáveis para ganhar experiência e adquirir equipamento cada vez mais eficiente. Contudo PSO herdou alguma coisa do seu passado. Os items possuem os mesmos nomes na maior parte, bem como várias magias. As raças também existem nalguns jogos da série principal e o conceito de “Bounty hunters” encontrado em Phantasy Star IV foi inteiramente remodelado.

Sem querer entrar na história do Episode II, PSO conta com a seguinte premissa: 2 Naves espaciais de nome Pioneer 1 e Pioneer 2, do tamanho de grandes metrópoles e repletas de colonos  vagueiam pelo espaço em busca de um planeta habitável para que se possam lá estabelecer. Os colonos, oriundos do planeta Coral que após o excesso de industrialização o tornaram inabitável, encontram o planeta Ragol e decidem estabelecer-se lá. Pioneer 1 foram os primeiros a lá chegar e foram construindo a sua civilização. Quando chega a vez de Pioneer 2 aproximar-se de Ragol, eis que se dá uma enorme explosão em Ragol que dizima toda a população de Pioneer 1. Os governantes de Pioneer 2, de forma a saber o que se passou contratam uma equipa de caçadores de prémios (os próprios jogadores) e enviam-nos à superfície de Ragol para saber o que se passou.

Inicialmente é-nos pedido para criar a própria personagem, que é uma mistura entre 3 raças e 3 classes diferentes. A nível de raças temos os Humans, como o próprio nome indica são humanos normais, bastante versáteis, fazem um pouco de tudo. Casts são andróides bastante possantes e não conseguem usar techniques (o equivalente a magia em PSO). Por fim temos os Newmans, que são humanóides geneticamente manipulados. Geralmente são mais frágeis mas bastante aptos a usar techniques. As classes existentes são os Hunters, bastante aptos para o combate físico e próximo, são mestres em usar tudo o que seja armas brancas. Rangers, é uma classe vocacionada para o ataque à distância, com o uso de armas de projécteis. Forces embora frágeis fisicamente, mas são muito poderosos no uso de techniques. O jogador escolhe portanto uma combinação pré-estabelecida de raça, sexo e classe, sendo que depois pode customizar vários aspectos da sua aparência.

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Ecrã de selecção de personagem - versão japonesa - neste caso a personagem seleccionada é uma hunter fêmea da raça CAST

Embora eu nunca tenha jogado o PSO Ep I & II na sua vertente online, cheguei a jogar o PSO ver2 para PC, e a componente online é semelhante nesta versão. O jogador, dependendo do seu nível actual, pode aceder a várias áreas diferentes de Ragol, quer sozinho, quer numa party de no máximo 4 jogadores. Ao contrário de outros MMORPGs, os jogadores não se cruzam no campo de batalha. No campo de batalha apenas se encontra a party e os respectivos NPCs. Para sociabilidade, podem-se conversar com vários outros jogadores nos “salas de espera” na nave Pioneer 2. E mesmo essas salas de espera têm uma lotação limitada… Para além de poder aceder às áreas de Ragol, ir coleccionando items, derrotando inimigos e bosses, também se podem realizar várias quests, quer sozinho, quer numa party.

À pancada com um boss

Offline, a mecânica do jogo é semelhante. A diferença é que só se podem aceder a certas áreas de Ragol após se derrotar o boss da área anterior. Algumas quests que se encontram online também podem ser jogadas offline, de modo a expandir a história oferecida pelo jogo. Após se terminar o jogo num grau de dificuldade, e se alcançar um determinado nível, poderemos rejogar o jogo inteiramente num grau de dificuldade maior, incluindo as quests. Existem 4 graus de dificuldade, desde o “Normal” até ao “Ultimate”. Para além de os inimigos ficarem cada vez mais fortes, a possibilidade de obter items raros aumenta nos níveis de dificuldade acrescida.

Existem também outros modos de jogo, o Battle Mode e o Challenge Mode. Estes modos de jogo apesar de já existirem na versão anterior para Dreamcast e PC, foram introduzidos neste jogo também na componente offline. Battle Mode é uma espécie de “Deathmatch“, onde o “Player Versus Player” é fortemente encorajado. As regras podem ser customizadas. Challenge Mode pelo contrário encoraja o “team play“. Uma equipa tem uma certa missão e tem de a cumprir sem que nenhum elemento da equipa morra. Estes desafios no modo online e nas maiores dificuldades premiavam com items bastante raros.

Multiplayer offline

O Phantasy Star Online Episode I & II para além do Episode II que expande a história do original e apresenta várias novas áreas (bastante vastas) e novos inimigos e bosses, também tem como principal novidade o multiplayer em splitscreen. Para além do jogo online, também se pode convidar no máximo 4 amigos e jogar a quest principal, ou então umas partidas de Challenge Mode e Battle Mode.

Estamos conversados quanto à mecânica do jogo. A nível de gráficos, os cenários do Episode II estão bastante detalhados, tendo em conta que estávamos no ano de 2002. O Episode I estão ao nível dos gráficos já obtidos na Dreamcast. Nada de especial, mas nada que seja injogável, bem pelo contrário. A nível de som não tenho nada de especial a apontar, nunca prestei especial atenção à trilha sonora, mas sempre me pareceu mais música ambiente do que qualquer outra coisa.

Para acabar, Phantasy Star Online é muito viciante, mesmo jogando offline. Porque é que a Nintendo não apostou mais no serviço online na GameCube? Porque são teimosos que nem uma porta. Ainda assim, a Sonic Team não desistiu da plataforma e apesar de PSO Episode I & II também estar disponível na Xbox, o Episode III foi lançado exclusivamente para a consola da Nintendo, novamente com um modo online. Contudo mudaram radicalmente a mecânica do jogo para um sistema à base de cartas. Numa outra altura falarei do mesmo. Hoje em dia é possível jogar online quer na versão PC, DC ou mesmo GameCube, utilizando o servidor não oficial SCHTHACK. Eu recomendaria a compra, mas geralmente hoje em dia costuma ser carote. O PSO Episode I & II tem uma falha de segurança que permite correr aplicativos “homebrew” na GameCube a partir do PC, tornando esta versão algo “apetecível” para os pirateiros e entusiastas de aplicações homebrew. Essas falhas de segurança foram corrigidas numa nova versão deste jogo, intitulada Phantasy Star Online Episode I & II Plus. Essa nova versão para além de corrigir esses bugs traz mais quests e mais items. Infelizmente apenas viu lançamento no território japonês e americano. Uns anos depois saiu para PC (apenas por download) o Phantasy Star Online Blue Burst, que para além do PSO Ep I & II Plus trazia também um exclusivo, o Episode IV. A menos que sejam coleccionadores, na minha opinião a versão definitiva até à data é o Blue Burst. Embora esteja descontinuado pela Sega, existem aí servidores não oficiais que garantem na mesma o divertimento.

Pouco depois a Sega mudou a abordagem da saga Phantasy Star para o Phantasy Star Universe, que apesar de ter muitas semelhanças, tem também várias diferenças que numa outra altura falarei. As incarnações para a Sony PSP “Phantasy Star Portable” também seguem as inovações de PSU. O jogo para DS “Phantasy Star Zero”, apesar de ter uma história que sinceramente não sei bem onde encaixa, tem uma jogabilidade semelhante ao Phantasy Star Online. Recentemente a Sega anunciou para PC, o Phantasy Star Online 2. Vamos ver o que reserva.

Daytona USA C.C.E. (Sega Saturn)

Daytona USA CCE

Conforme mencionado uns posts atrás na análise ao Daytona USA original da Saturn, mais tarde em 1996 a Sega lançou uma versão melhorada do clássico das Arcades. A minha cópia acabou de me chegar a casa há algumas horas atrás, tenho estado a jogar este jogo desde então. Foi comprado no miau.pt por 3€, um bom preço para um clássico.

A minha cópia do jogo – caixa, manuais e cd

Esta conversão não ficou a cargo do estúdio de Yu Suzuki (Sega AM2), mas sim da equipa de Sega Rally, um outro grande clássico tanto das arcades como da própria Sega Saturn, que mais tarde ou mais cedo acabarei por falar neste espaço. A Sega AM3 usou o motor gráfico da conversão de Sega Rally para a Saturn, o que resultou em diversas melhorias gráficas.

Na verdade, o jogo corre nuns 30fps estáveis e apesar dos carros estarem ligeiramente menos detalhados que no predecessor, as pistas em si estão bem mais detalhadas e a draw distance é maior. Para além das 3 faixas do jogo original (que aqui têm nomes próprios ao invés de Beginner, Intermediate e Expert) são adicionadas mais 2 faixas inéditas comparativamente ao original das Arcades e Saturn. São adicionados também mais carros para um total de 5 (mais um ou outro secreto). Infelizmente Daytona USA CCE não trouxe só melhoramentos: a jogabilidade piorou. Daytona USA CCE sofre de uma jogabilidade mais “travada” face ao original.

A nível de opções, temos o Arcade Mode que como o nome indica é idêntico ao jogo nas máquinas. Dispomos de um timer e temos de percorrer cada checkpoint dentro de um intervalo de tempo limite, e consoante a classificação vai-se avançando para outros circuitos. Existe também o Time Attack Mode, que é uma versão mais para “treino”, onde podemos praticar em todos os circuitos de modo a melhorar os tempos. O número de voltas é customizável. Finalmente existe o modo multiplayer que confronta 2 jogadores. Muitas tardes passei eu a jogar isto com amigos meus… Este modo foi uma falha enorme em não ter sido incluido no jogo original.

daytona usa cce title
Ecrã inicial

À semelhança do seu antecessor, Daytona USA CCE possui vários segredos que infelizmente não haviam de ser segredos, deveriam fazer parte das opções normais do jogo. Para além de poder correr nas pistas espelhadas através de um código secreto (X+Y+Z no ecrã de selecção de pista), existem outros códigos para alterar a iluminação das mesmas pistas, podemos jogar à noite, de manhã cedo, durante a tarde, etc. Existem também alguns carros secretos incluindo um cavalo, à semelhança de Daytona USA.

A nível de som, é um jogo competente. Infelizmente a faixa título com os vocais “DAYTOOONAAAAAA” teve os vocais removidos, as restantes faixas são remixes das originais ou então faixas inteiramente novas. Contudo, não deixam de ser músicas agradáveis com um feel muito rock ‘n roll que me agrada. Em relação aos efeitos sonoros, nada a apontar, também não sou um especialista nesse campo.

screenshot
Os danos em veículos continuaram presentes

Este jogo foi sujeito a várias diferentes versões. Nos Estados Unidos, para além de uma versão semelhante à nossa, saiu uma outra em tudo igual, mas com suporte a jogo online usando o serviço Sega NetLink. A versão Japonesa saiu mais tarde no ano de 1997, com o nome encurtado para Daytona USA: Circuit Edition. Para além de incluir o modo online presente na versão americana, os gráficos foram sujeitos a mais melhorias, bem como a jogabilidade, que apesar de mais próxima da versão arcade, ainda não estava perfeita.

A versão japonesa foi mais tarde convertida para PC sob o nome de Daytona USA Deluxe, com a inclusão de um novo circuito exclusivo para essa versão. Os gráficos foram melhorados tirando vantagem das placas aceleradoras 3D que começaram a ser popularizadas na altura.

Para finalizar, quem tem uma Sega Saturn naturalmente deve ser fã de jogos arcade. Daytona USA é um jogo indispensável na biblioteca da plataforma. Daytona USA CCE ganha no quesito gráfico, numa maior variedade de pistas e carros, mas perde na jogabilidade face ao original. Visto serem 2 jogos relativamente comuns, eu aconselharia a comprar as 2 versões. Ou então a versão japonesa que também não é muito cara e já tem uma jogabilidade melhor. Se forem possuidores de uma Dreamcast, então Daytona USA 2001 é a versão definitiva. Agora com licença que vou ali fazer uns drifts

Sonic the Hedgehog 2 (Sega Master System)

Sonic_the_Hedgehog_2_(8-bit)Tempo agora de voltar ao ouriço azul mais rápido do bairro, em mais uma incursão 8-bit. À semelhança da sua prequela que já foi analisada neste espaço, Sonic 2 para Master System e Game Gear não foi desenvolvido por um estúdio da Sega, mas sim por um estúdio independente, cujo resultado final é completamente diferente da versão Mega Drive. Embora não tenha a certeza, penso que o estúdio responsável terá sido a companhia Aspect, responsável pelo desenvolvimento de outros jogos como Sonic Chaos e Sonic Triple Trouble, também para consolas 8bit da Sega. Ao contrário de Sonic 1, esta versão acabou por ter saído antes do irmão mais velho da Mega Drive, tendo este sido desenvolvido em parceria com a Sonic Team e o estúdio americano Sega Technical Institute. A minha cópia foi comprada no Jumbo da Maia algures em 1996/1997, tendo sido o segundo jogo a ficar em minhas mãos.

Sonic 2 SMS
A minha cópia do jogo - caixa e cartucho

Sonic 2 sms manuals
Manuais em português, multilingue e restante papelada

Tendo saído mais cedo que a versão 16bit, este Sonic 2 acabou por se tornar o primeiro jogo com a presença de Miles “Tails” Prower, a agradável raposa de 2 caudas. Infelizmente, ao contrário do jogo da Mega Drive, não conseguimos jogar com Tails, pois aqui a pobre raposa faz o papel da Princess Peach, sendo raptado por Robotnik e cabe ao Sonic resgatá-lo. Fora isso, Sonic 2 melhora imenso o primeiro jogo da série (que também não era nada mau). Os gráficos estão melhores, a acção é mais frenética e os níveis estão mais bem construídos. O que melhorou ao certo então? Face ao original, a versão 8bit está tecnicamente mais avançada na medida em que se podem destruir algumas paredes, a introdução de loopings, algo que sempre me tinha fascinado nas versões Mega Drive e a possibilidade de recuperar os anéis perdidos. Infelizmente o Spin Dash ficou de fora, mas tendo em conta que esse movimento foi introduzido mais tarde na Mega Drive, , até que é aceitável. De moeda de troca ganhamos a habilidade de “conduzir” alguns veículos, desde “mine carts“, asas delta e bolhas de ar, algo inédito comparativamente às versões 16bit.

As esmeraldas têm um papel importantíssimo neste jogo, sendo que apenas possuíndo as 6 esmeraldas se pode aceder à ultima zona, derrotar o verdadeiro boss final e obter o final feliz. À semelhança do jogo anterior, as esmeraldas encontram-se espalhadas nos vários níveis, e somos obrigados a explorar bem os níveis para as conseguir encontrar. Falando em níveis, este jogo contém 7 zonas, cada uma composta por 3 actos, sendo que no 3º acto temos sempre um boss. Curiosamente, Robotnik apenas aparece no último nível. Passo então a apresentar as zonas:

Underground Zone passa-se numa zona vulcânica, onde percorremos túneis recheados de lava em carrinhos sobre carris, vários saltos perigosos, etc. Acho que é uma boa introdução para o jogo. Em seguida permanecemos num local montanhoso, mas desta vez bem perto do céu. Em Sky High Zone somos introduzidos a pilotar uma asa delta, percorrer pontes não muito seguras e andar sobre nuvens. Infelizmente esta zona tem um pouco de trial and error, principalmente quando queremos apanhar a segunda esmeralda. São poucas as nuvens que sejam solo seguro e não há maneira nenhuma de as distinguir de nuvens normais. Ainda hoje não decorei o caminho legítimo para apanhar a segunda esmeralda. Sempre abusei de um glitch em que ao saltar para a asa delta inicial, esta levava-me logo para o topo do ecrã e limitava-me a passear até ver a esmeralda debaixo de mim…

Underground Zone
Underground Zone

Aqua Lake Zone, a típica zona aquática dos jogos do Sonic. No primeiro acto somos finalmente introduzidos a um looping, e à habilidade de Sonic correr sob a àgua, se estiver em alta velocidade. Esta zona também tem alguma exploração subaquática, principalmente o 2º acto, que é um autêntico labirinto subaquático. Aqui também temos a possibilidade de entrar numa bolha de água e controlá-la, de modo a guiar o Sonic enquanto sobe alguns desfiladeiros e evita os perigos. Green Hills Zone regressa aqui, embora sem o charme da original. Vários loopings e saltos de execução precisa esperam-nos aqui.

Segue-se Gimmick Mountain Zone, uma zona industrial, onde as coisas começam a aquecer. Aqui Sonic tem de evitar vários espinhos espalhados pelos níveis, enquanto percorre passadeiras rolantes, plataformas rotativas tanto verticais como horizontais, entre outros. Em Scrambled Egg Zone, o level design começa a ficar algo demoníaco. Os níveis são enormes, e encontram-se vários tubos por onde Sonic tem de passar (tipo os que se vê em Super Mario Bros, mas muito “piores”). Os tubos possuem percursos com muitos zig-zags e existem múltiplos caminhos que devemos ter em conta. Ao passar entre encruzilhadas temos de estar atentos e carregar na direcção em que queremos que Sonic percorra, caso contrário arriscamos a voltar a um ponto bem anterior do nível. Ah, e escusam de perder montes de tempo à procura da esmeralda aqui, posso já poupar-vos o trabalho e informar que a mesma só é adquirida ao derrotar o boss desta zona no acto 3. Este boss é o Silver Sonic, um Sonic robótico que também aparece no jogo da Mega Drive. Esta é uma zona crítica. Se já possuirmos as 5 esmeraldas, Silver Sonic após ser derrotado nos deixa com a 6a esmeralda e podemos prosseguir com o jogo. Caso contrário, o jogo termina aqui com o “bad ending“.

Silver Sonic
O encontro com Silver Sonic

Finalmente, chegamos à ultima zona. E se Scrambled Egg foi um autêntico inferno, então esta zona final deve ser muito pior, não? Por acaso… não é. Em Crystal Egg Zone, os níveis decorrem num mundo feito de cristal. Os níveis são um pouco longos, e apesar de existir uma ou outra parte que requiram alguns saltos com alguma precisão, esta zona tem muito poucos inimigos, pelo que se passa bem. Mas quando chegarmos ao boss final, Dr. Robotnik, vemos que Crystal Egg Zone foi na verdade “a calma antes da tempestade”. O boss final requer bastante prática para se derrotar. Apesar de haver uma safe zone, o timing que temos para acertar no Robotnik e voltar para a safe zone é um pouco complicado de se habituar. Pelo menos foi o que eu achei quando tinha 10 anos.

Boss final
Boss final, preparem-se para ver este ecrã várias vezes

Concluindo, acho que Sonic 2 é um dos melhores jogos de plataformas existentes para uma consola de 8bits, tendo melhorado em todos os campos face ao original. A versão PAL da Master System é possivelmente um dos jogos mais fáceis de se encontrar para a plataforma, pelo que não faria mal nenhum em fazer parte da vossa colecção.

Eternal Darkness (Nintendo GameCube)

EternalDarknessCoverThe Darkness is coming… expressão muitas vezes lida nesta obra-prima de survival horror com o selo da Nintendo (apesar de ter sido produzido por uma ex-second party, Silicon Knights). Um survival horror vindo da Nintendo? Quem diria…

Na verdade nos primeiros tempos da GameCube (desde o seu anúncio ao mundo até aos primeiros anos no mercado) a Nintendo esforçou-se para limpar a sua imagem de empresa voltada para um mercado mais infantil, fama que foi adquirindo ao longo do tempo. Censura em jogos como Mortal Kombat na SNES onde retiraram as fatalities e trocaram a cor do sangue por suor, em Duke Nukem 64 onde retiraram por inteiro o mapa com as strippers, editaram algumas one-liners do Duke e colocaram mais alguma roupa nas jovens que iam aparecendo ao longo do jogo, a popularização de marcas como Pokemon, foram algumas das razões que levaram a Nintendo a ter esta imagem. Com a GameCube as coisas inicialmente foram mudando, Metroid Prime prometia bastante, Resident Evil Remake e Zero estavam soberbos e Eternal Darkness prometia ser bastante aterrador.

Caixa, disco e manual

A minha cópia foi comprada na já extinta GameStage (penso que em 2003) na troca por 2 dos meus jogos, nomeadamente o “Taz: Wanted” e “Virtua Striker III” (este último qualquer dia volto a comprar). A edição é a espanhola com capa e manuais em castelhano, contudo o jogo em si permite ser jogado em vários idiomas, entre os quais o inglês.

Eternal Darkness foi um jogo produzido pela Silicon Knights, conforme mencionado acima e inicialmente esteve para sair para a Nintendo 64. Devido ao ciclo de vida já tardio da Nintendo 64 decidiram lançar o jogo para a GameCube, e ainda bem que o fizeram pois dessa forma o mesmo sofreu vários melhoramentos em todos os níveis.

Comparação gráfica das 2 versões

A originalidade deste survival horror é a componente psicológica. A loucura é uma parte fulcral de todo o conceito do jogo sendo que o mesmo chega a testar os limites da sanidade do próprio jogador. Mas já lá vamos. Eternal Darkness bebe bastantes influências do escritor H.P. Lovecraft, conforme poderemos conferir na trama: Muito antes da raça humana surgir, a Terra era controlada pelos Ancients, uma espécie de seres místicos bastante poderosos e não muito amigáveis. Chatturgah (representado pela cor vermelha) é obcecado pela carne e pelo sangue, representa a destruição e morte. Ulyaoth (representado pela cor azul) é um Ancient muito poderoso em artes mágicas. Xelotath (cor verde) representa a insanidade, é um Ancient mais voltado para o domínio psicológico. Finalmente, Mantorok (cor roxa) representa o Caos. Os 3 primeiros Ancients representam um ciclo equilibrado de poder, tal como os diferentes elementos em vários RPGs (fogo vs água vs terra vs ar). Chatturgah tem vantagem sobre Xelotath mas é fraco perante Ulyaoth. Ulyaoth por sua vez é fraco perante Xelotath. Mantorok fica de fora do ciclo, ele não tem fraquezas perante os outros Ancients desde que o equilíbrio entre os 3 seja mantido. Sem sabendo muito bem porquê, os Ancients acabam por desaparecer, dando lugar à raça humana. Todos os ancients menos Mantorok, que se encontra escondido num templo remoto algures no Cambodja. Os outros ancients encontram-se presos numa outra dimensão e Mantorok está a usar o seu poder para os manter lá aprisionados e manter o equilíbrio entre eles. Os outros ancients não gostam disso e tentam arranjar forma de se libertar… O jogo começa com Alexandra Roivas, uma jovem loiraça, sendo chamada pela polícia de Rhode Island para ir à casa do seu avô reconhecer o seu corpo, após ter sido brutalmente assassinado. A polícia não tem respostas para o crime, pelo Alexandra decide ficar na mansão para desvendar o mistério. Após uma breve exploração encontra um aposento secreto do seu avô com um livro misterioso, o “Tome of Eternal Darkness”. É lendo esse livro que a história se vai desenrolando.

Uma das características mais interessantes de Eternal Darkness é a variedade de personagens e de espaços temporais onde a acção decorre. O “Tome of Eternal Darkness” é um registo das aventuras de várias personagens ao longo da história do jogo, sendo as mesmas jogadas sempre que Alexandra lê um novo capítulo. O primeiro capítulo do jogo remonta ao ano de 26 AC, onde se entra na pele de Pious Augustus, um legião Romano em tempo de guerra. Pious começa a ouvir as vozes dos Ancients a chamar por ele, sendo atraído para o interior de um templo. Após algum tempo a esquartejar zombies e alguma exploração, Pious chega a uma sala com 3 artefactos, cada um representa um Ancient. Aqui Pious toca num dos artefactos e sofre uma terrível transformação tornando-se num lich seguidor do ancient escolhido, bem como um dos principais antagonistas do jogo.

Pious Augustus após a transformação - badass

A escolha do artefacto é uma importante decisão que altera o curso do jogo. Por cada artefacto, a dificuldade do jogo varia, bem como a maioria dos inimigos que vão surgindo. Cada ancient possui uma série de inimigos diferentes, que aparecerão em maior número no jogo consoante o ancient escolhido. Contudo, alguns monstros são exclusivos para cada ancient, dando assim um maior incentivo ao replay (ainda mais porque o verdadeiro final do jogo só é revelado após se completar as 3 escolhas diferentes). Após o capítulo inicial, todos os outros são jogados na perspectiva dos “bons da fita”. O jogo atravessa vários locais, sendo jogados em diferentes anos, com as mais variadíssimas personagens. Monges , arquitectos, bombeiros, jornalistas, etc. O meu preferido é a Catedral de Oublié em França, local que alberga um culto demoníaco relativamente ao ancient escolhido. Esse local na idade média e principalmente no tempo da Inquisição é simplesmente aterrador e fenomenal. Não irei contar mais da história, deixo isso para quem for jogar.

Bishop
Paul Luther e um bispo não muito católico

Para além de uma história bem elaborada, Eternal Darkness prima pela insanidade, conforme já foi mencionado acima. Existem 3 barras de energia: “vida”, magia e sanidade. A barra de vida é auto-explanatória, se chegar a zero é game-over. A barra de magia serve para realizar vários feitiços, cujo mecanismo também é bastante interessante. Para realizar os feitiços é necessário encontrar uma série de “runas” e invocá-las numa certa combinação sendo que cada combinação tem um feitiço diferente. Finalmente, a barra de sanidade. Sempre que um monstro encara a personagem “olhos nos olhos”, alguma da sanidade é perdida. À medida que o medidor de sanidade vai diminuindo, alucinações começam a acontecer. Desde choro de crianças, gritos desesperados, paredes a jorrar sangue, a personagem explodir quando se tentava curar, a sala ficar do avesso, até partidas com o próprio jogador, com ecrãs de game over falsos, o volume da televisão mexer sozinho, etc. Não queria revelar todas estas partidas pois realmente as mesmas resultam bastante bem no desenrolar do jogo, se tiverem curiosidade em saber mais podem consultar a Internet que se encontram listas muito facilmente. Uma outra coisa que adorei, e sem revelar muito da história, num certo ponto do jogo, controlamos um médico que efectua autópsias às criaturas que mata. O médico no fim foi dado como doido e internado num asilo, mas as autópsias podem ser consultadas nos menus do jogo, à semelhança de uma “Pokédex” macabra. As autópsias ainda têm direito a uma narrativa do próprio médico, com o seu discurso insano. Muito bom. Para cada ancient escolhido, as autópsias vão sendo diferenciadas pois os inimigos também mudam. Mais um incentivo ao replay!

Concluindo, que o post já vai longo, Eternal Darkness é uma daquelas razões muito fortes para se comprar uma GameCube usada ou então uma Wii. Todos os que gostam de jogos de horror devem experimentar este jogo fenomenal. Fico no aguardo de uma sequela, embora não saiba muito bem com o que contar. A Silicon Knights já manifestou interesse em fazer um novo jogo para a série, mas penso que os direitos de Eternal Darkness tenham-se mantido na Nintendo. A ver vamos.