Defender (Atari 2600)

Continuando pelas rapidinhas, vamos ficar agora com um clássico da velhíssima guarda, lançado originalmente nas arcades em 1981 e produzido pela Williams. Naturalmente que uma conversão acabou por ser lançada para a Atari 2600, cujos visuais acabaram por ser algo simplificados, mas o core da sua jogabilidade permanece lá. Este meu cartucho veio de um bundle que comprei no mês passado numa feira de velharias por 25€, mas como eventualmente despachei as coisas que me eram repetidas, acabou por ficar practicamente de graça.

Apenas cartucho

Defender é um jogo que certamente influenciou o que viriam a se tornar nos shmups horizontais que começaram a surgir mais tarde na década de 80. O planeta Terra está a ser invadido por extra terrestres, que sugam os humanos com os seus tractor beams, transformando-os em mutantes agressivos! Nós somos a última esperança da raça humana, ao pilotar uma poderosa e ágil nave espacial, que terá de abater todas as naves alienígenas que se cruzarem connosco.

Defender é um jogo relativamente simples, mas com tantos conceitos interessantes, pelo menos para os padrões 1981, que tiveram de lutar um pouco com as limitações da Atari 2600 e os seus Joysticks com 1 botão para incluir todas as mecânicas de jogo. Tipicamente nós sobrevoamos uma cidade que está a ser atacada por aliens onde teremos de defrontar as naves inimigas e, especialmente evitar que as mesmas raptem os humanos inocentes nas ruas. Com o único botão disponível conseguimos disparar os nossos raios laser e claro, basta levar um toquezinho qualquer para perdermos uma vida. Mas para além dos raios laser teremos à nossa disposição bombas inteligentes capazes de destruir todos os inimigos presentes no ecrã de uma só vez. Mas como as activamos? Bom, temos de descer até ao nível da cidade e quando a nossa nave estiver totalmente escondida, basta pressionar o mesmo botão para detonar uma dessas bombas. Por outro lado, se decidirmos voar até ao topo do ecrã, ao pressionar o botão de disparo faz com que a nossa nave se teletransporte para uma posição aleatória no ecrã, o que pode ser muito útil em momentos de maior aflição.

Graficamente é um jogo com visuais mais simplificados face ao original da arcade, mas cumprem bem o seu papel

Para além disso, o maior objectivo é o de proteger os humanos que estão nas ruas. Certas naves inimigas vão tentar sugá-los com os seus tractor beams e, caso sejam bem sucedidos, os humanos transformam-se em aliens voadores bastante agressivos e difíceis de matar. Caso um humano esteja a ser sugado, se destruirmos rapidamente a nave que o está a sugar ele ainda sobrevive. Caso contrário, se já estiver bem longe do chão, temos de o tentar apanhar e deixá-lo posteriormente no solo. Se não conseguirmos salvar todos os humanos, não temos um game over (isso só acontece quando perdermos todas as vidas), mas deixamos a cidade, somos levados para uma difícil batalha em pleno espaço, antes de voltar novamente à cidade e repetir o processo. De resto, tanto vidas como bombas extra (até um máximo de 3) vão-nos sendo fornecidas a cada 10000 pontos. Este é portanto um daqueles jogos sem fim, onde vamos enfrentando ondas cada vez mais agressivas de inimigos e o nosso objectivo é o de tentar sobreviver e fazer o máximo de pontos possível.

Pode não parecer mas aquele quadrado no solo é um humano

No que diz respeito aos audiovisuais, é um jogo muito simples até porque é um lançamento da Atari 2600. Esperem pelos habituais blips genéricos produzidos pela Atari e gráficos muito simples. No entanto o scrolling até que é bem mais suave do que estava à espera e é interessante que, no topo do ecrã, temos uma espécie de radar que nos indica a nossa posição, a dos inimigos e dos humanos. Claro que o detalhe é super básico, são apenas pontos no ecrã, mas não deixa de ser interessante. A versão arcade possui mais detalhe nas sprites e nos cenários, que são mais complexos, mas esta versão Atari 2600, tendo em conta todas as suas limitações, até que acaba por ser um lançamento bem competente.

Mortal Kombat 3 (Sega Mega Drive)

Continuando pelas super rapidinhas que o meu tempo livre infelizmente anda escasso, o jogo que cá trago hoje é a adaptação do Mortal Kombat 3 para a Mega Drive. O artigo vai ser curto visto que já escrevi sobre a conversão para MS-DOS (que é tecnicamente superior em todos os aspectos) ou do follow-up Ultimate Mortal Kombat 3, pelo que recomendo uma leitura desses artigos para mais detalhes. O meu exemplar foi comprado por fases. Por um lado comprei a caixa numa feira de velharias, depois lá me apareceu o cartucho também. Ao todo isto ficou-me por menos de 7€.

Jogo com caixa e manual

O que diferencia a versão Mega Drive pela positiva é, uma vez mais, o suporte a comandos de 6 botões que num jogo como este faz toda a diferença. Pela negativa temos a parte audiovisual, os cenários e sprites não são tão coloridos e detalhados quanto a versão arcade (ou mesmo a versão SNES!), e as músicas e efeitos sonoros também não têm a mesma qualidade. Mas não deixa de ser uma conversão bem competente dado às limitações de hardware da velhinha Mega Drive.

Temos muitas caras novas, mas também muitas caras conhecidas que desapareceram, como os ninjas.

Nos anos 90,as melhores versões deste jogo eram mesmo as do PC, seja a versão DOS ou Windows. A versão Playstation também anda lá perto, perdendo apenas no facto de ter loadings excessivos, mesmo a meio dos combates. Ainda assim, com todas as suas limitações, a versão Mega Drive continua a ser bastante divertida e competente, embora eu prefira a encarnação Ultimate Mortal Kombat 3, pelo maior número de personagens disponíveis,

Midway Arcade Treasures (Sony Playstation 2)

Midway Arcade TreasuresPara não variar, vamos lá a mais uma rapidinha. E o que cá trago hoje é uma das várias retro compilações que a Playstation 2 recebeu, nomeadamente o primeiro volume da Midway Arcade Treasures. A Midway é uma empresa norte americana com as suas origens nas arcades e com uma história algo rica, até porque muitos dos jogosque vamos encontrar aqui não foram desenvolvidos de raiz pela Midway, como é o caso dos jogos da Williams (empresa que inclusivamente comprou a Midway) ou outros exemplos como o Klax e Gauntlet da Atari Games, cujos direitos foram comprados pela Midway/Williams algures nos tempos. Este meu exemplar foi comprado há uns meses atrás na Cash Converters de Alfragide por 3€ se a memória não me falha.

Compilação com caixa, manual e papelada
Compilação com caixa, manual e papelada

E temos aqui muitos títulos da década de 80 para experimentar, como os Defender, Joust, Spyhunter, Super Sprint, Gauntlet, Rampage entre outros clássicos e jogos bem mais obscuros como o Toobin ou o “simulador de barman” Root Beer Tapper. Os jogos mais recentes que encontramos nesta compilação são o Rampart e Smash TV de 1990. Mas tal como a Activision Anthology, também teremos muito conteúdo extra que a meu ver é o que dá realmente valor a esta compilação. Existem quatro diferentes tipos de conteúdo bónus: uma secção com algum texto da história e desenvolvimento do jogo, outra com imagens como as cabines arcade e os seus panfletos publicitários, uma outra secção de “trivia”, onde são contadas algumas curiosidades sobre os jogos, que podem até ser acompanhadas de respostas gravadas pelos próprios autores dos jogos. Mas a mais importante para mim são mesmo as entrevistas aos autores dos jogos. Infelizmente este conteúdo bónus não está tão uniformemente distribuído, ou seja, embora todos os jogos tenham alguma coisa de extra para mostrar, muitos não têm as tais imagens extra, ou entrevistas, trivia e afins.

Ainda assim não deixa de ser uma compilação interessante. Há jogos que resistiram bem mais ao teste do tempo que outros, pois jogar o Super Sprint com aqueles controlos foi um atrofio completo. No entanto, para quem se interessa por estas retrospectivas esta compilação cumpre bem o seu papel. A ver se consigo encontrar os outros 2 volumes seguintes!

NARC (ZX Spectrum)

NARC_FrontVamos lá a mais uma rapidinha, agora para mais um jogo de ZX Spectrum que cá veio parar à colecção. Na realidade tenho aqui 2 sacos cheios de tapes que ainda não cataloguei pois tenho de as filtrar. Enquanto isso não acontece, aproveito para escrever sobre a conversão deste NARC, um jogo incrivelmente violento nas arcades e cujo meu exemplar (100% original) foi encontrado na Feira da Vandoma do Porto há coisa de uns meses atrás por 2.5€.

Jogo original com caixa e manual
Jogo original com caixa e manual

O jogo originalmente lançado nas arcades pela mão da Williams, era um sidescroller bastante colorido e bem detalhado, onde encarnamos num agente especial da brigada de narcóticos, equipado com uma metralhadora com lança granadas, com a missão de fazer um street cleaning, aos gangues locais, onde vamos passando por vários ghettos, becos obscuros, casas com meninas da noite e até estufas de cultivo de cannabis. Aqui a moral da história sempre foi shoot first, ask questions later, apesar de ser possível prender os inimigos em vez de os arrebentar em pequenos pedaços com um tiro certeiro do rocket launcher incorporado.

Os polícias de capacete fazem lembrar de certa forma os assassinos mascarados de Hotline Miami
Os polícias de capacete fazem lembrar de certa forma os assassinos mascarados de Hotline Miami

E na sua essência, essas mecânicas de jogo foram também reproduzidas no velhinho ZX Spectrum, embora claro, sem todo aquele grafismo impressionante para a época. Aqui os níveis são monocromáticos e embora as coisas se tenham simplificado nos visuais, isso não impede que surjam imensos inimigos no ecrã ao mesmo tempo, mesmo bom para testar o nosso rocket launcher! E mesmo em visuais monocromáticos não deixa de apresentar gore quanto baste, ao vermos torsos e membros a voarem pelo ecrã juntamente com a explosão. Alguns inimigos são também bastante chatos, como os cães que por algum motivo são difíceis de atingir e uns bandidos que teimam em disparar para baixo, pois toparam o nosso esquema de andar agachados para esquivarmo-nos do fogo inimigo. De resto temos 12 níveis que se podem tornar algo repetitivos por estarmos a fazer sempre o mesmo, com uma excepção onde conduzimos um carro a certa altura.

O dinheiro, drogas que apanhamos e apreeensões que fazemos traduzem-se em mais pontos no final do nível
O dinheiro, drogas que apanhamos e apreeensões que fazemos traduzem-se em mais pontos no final do nível

Mas mesmo assim devo dizer que esperava algo ainda um pouco melhor, até porque este é um jogo desenvolvido a pensar no 128K, e a falta de música durante o jogo foi algo que desapontou (apenas a podemos ouvir no ecrã título). Para além disso é um daqueles jogos com multiload, pelo que se o estiverem a jogar no hardware verdadeiro contem com várias pausas para carregarem novamente no play de forma ao Spectrum carregar a memória com mais conteúdo.

 

Ultimate Mortal Kombat 3 (Sega Mega Drive e Sega Saturn)

Ultimate Mortal Kombat 3

Hoje é dia de artigo duplo, mas mesmo sendo duplo será na mesma uma “rapidinha” pois o jogo que trago cá hoje é nada mais que um update a um outro jogo ja aqui analisado, o Mortal Kombat 3, embora para uma outra plataforma. Assim sendo este artigo vai-se insidir mais nas diferenças entre o Mortal Kombat 3 normal e este update, bem como as diferenças entre as versões Mega Drive e Sega Saturn. Ora a versão Mega Drive deste UMK3 chegou-me à colecção algures no ano passado, tendo-me sido vendida a um preço muito simpático por um amigo de infância. Já a versão Saturn custou-me 7€ salvo erro, na feira da Ladra em Lisboa, embora esta não traga manuais.

Jogo com caixa e manuais

Apesar de o Mortal Kombat 3 ter saído originalmente em 1995 para Arcades, a Midway basicamente decidiu de dar uma de Capcom e os seus Super Street Fighter II Hyper Fighting Megamix e no mesmo ano lançou igualmente para as arcades um update do Mortal Kombat 3, remendando algumas queixas que os jogadores tiveram com o jogo original. Para além de um melhor balanceamento de alguns lutadores, introduziram de novo uma data de lutadores favoritos que falharam o jogo anterior, tal como os ninjas Scorpion, Reptile e o Subzero original, ou outros como Mileena e Kitana, bem como mais uma ou outra palette swap dos ninjas – Ermac e Rain por exemplo. O jogo introduziu também um novo nível de dificuldade acrescido, onde regressam as Endurance Battles que podem ir até combater contra 3 inimigos consecutivamente.

Ultimate Mortal Kombat 3 - Sega Saturn
Jogo com caixa

Falando na versão Mega Drive, o jogo herda os mesmos controlos e mecânicas do Mortal Kombat 3, exceptuando uma ou outra questão. A nível de lutadores Sheeva deixou de estar disponível para ser jogada, alegadamente por falta de memória no cartucho. Em seu lugar introduziram as tais palette swaps dos ninjas masculinos – Rain e Noob Saibot são personagens jogáveis exclusivas desta versão do UMK3 (e da versão SNES também). Alguns golpes especiais e fatalities foram modificadas e nesta versão do jogo não existem as animalities, que são uns finishing moves que podem ser desencadeadas após um mercy (onde temos piedade do nosso oponente e damos-lhe mais um pouco de vida para lutar mais um pouco). Nas animalities os lutadores se transformam num animal e acabam com o adversário de formas sempre fofinhas. Mas em lugar das animalities entraram as brutalities, uns combos brutais que acabam por desfazer o oponente em pedacinhos. De resto as babalities e friendships continuam no jogo, embora mais uma vez algumas não sejam idênticas à versão arcade.

screenshot
A presença de Reptile e Scorpion é obviamente mais que benvinda!

A versão Saturn deste jogo infelizmente não é um port directo da versão Arcade, mas sim do Mortal Kombat 3 que tinha saído para a Playstation anteriormente e não para a consola da Sega. Por sua vez, este UMK3 não saiu na 32bit da Sony – que confusão! Mas obviamente que inclui também os extras desta versão Ultimate, nomeadamente os novos lutadores modos de jogo e graus de dificuldade, embora não inclua as brutalities e os lutadores exclusivos Mega Drive/SNES. Apesar de herdar várias coisas da versão PS1 do MK3, nomeadamente menus e afins, a jogabilidade e os próprios gráficos são naturalmente bem mais próximos da versão arcade que a versão 16bit. Infelizmente acho que tem um grande problema: os tempos de loading. Mesmo quando tentamos desempenhar uma fatality, temos sempre um delay de poucos segundos, o que estraga um pouco a coisa. As músicas são no formato red-book, pelo que têm muito mais qualidade que as mesmas nas versões 16-bit e afins. No entanto, as músicas das arenas estão trocadas com a versão original.

screenshot
Sim, a Eurocom nem se deu ao trabalho de trocar o logotipo deste ecrã (versão saturn).

A versão Mega Drive naturalmente não tem o poder técnico de ter os melhores gráficos ou som, até que muitos dos voice-samples presentes na versão arcade tiveram de ser cortados. E isso até que é natural, visto que os cartuchos têm uma capacidade de armazenamento muito limitada e este jogo, apesar de possuir várias palette swaps em lutadores (óbvio que me estou a referir aos ninjas masculinos e femininos), tem um alinhamento de lutadores gigante. Ainda assim, mesmo sem os animalities e Sheeva, continuo a preferir esta versão à de Saturn. O facto de não ter loadings torna o jogo bem mais fluído, e ter de esperar vários segundos só para fazer uma fatality tira a pica toda.

Naturalmente este jogo também faz parte da colectânea Mortal Kombat Arcade Kollection, que por acaso também a tenho na colecção digital e um dia talvez também lhe escreva uma rapidinha. Nessa colectânea encontramos uma conversão practicamente perfeita da arcade, pelo que seria a versão definitiva a comprar deste jogo. Ainda assim, a Midway não achou que este UMK3 fosse suficiente e no ano de 1996 lançaram mais um update ao update, com o Mortal Kombat Trilogy. Mas isso ficará para um eventual post futuro.