Battlefield: Hardline (PC)

Ao transitar entre os conflitos militares modernos para um setting mais urbano e com um foco no trabalho da polícia civil no combate contra o tráfico de droga, este Battlefield Hardline foi algo divisivo na sua recepção, tanto pela imprensa, como pela comunidade de jogadores em si. Tal como tem sido habitual neste tipo de jogos, irei-me focar unicamente na sua campanha single-player, mesmo sabendo que o ponto forte da série Battlefield sempre foi a sua vertente multiplayer. E ainda por cima este até traz vários modos de jogo inéditos, mas eu prefiro mesmo em avançar para o jogo seguinte no meu backlog. O meu exemplar foi comprado numa CeX do Norte do país algures em Setembro de 2020 por 15€.

Jogo com caixa, papelada e os seus 5 discos

Ora e nós encarnamos inicialmente num detective da polícia de Miami precisamente na sua luta contra o tráfico de droga. A corrupção na polícia também é um problema com o qual iremos lidar e, sem querer dar grandes spoilers, digamos que na segunda metade do jogo já jogamos do outro lado da lei. Independentemente disso, a primeira grande diferença perante os Battlefield anteriores é que, como jogamos no papel de agentes da lei, há um grande foco no combate furtivo, com apreensão de criminosos e/ou recorrendo a armas não letais como tasers. Por exemplo: lembram-se quando no Battlefield 3 ou BF4 sempre que matavamos alguém nos eram atribuido pontos de experiência, que por sua vez nos iriam desbloquear novas armas e/ou acessórios? Aqui só recebemos pontos sempre que aprisionarmos alguém, ou os incapacitamos com recurso a armas não letais. Para nos ajudar, no entanto, temos um scanner que nos permite fazer tagging de inimigos ou outros pontos de interesse, como sistemas de alarme ou botijas de gás inflamável ou simplesmente caches de munição onde poderemos não só recarregar as nossas armas, bem como trocar de armas ou equipamento, mediante o que já tenhamos desbloqueado.

O foco da campanha está em não usar força letal nos bandidos e uma abordagem mais furtiva

Portanto o jogo vai ter muitos momentos onde teremos de infiltrar armazéns ou mansões repletas de inimigos e sistemas de alarme, encorajando-nos fortemente a usar uma abordagem mais furtiva. Podemos tentar distrair bandidos e afastá-los da sua posição inicial ou rota de patrulha e posteriormente prendê-los ou incapacitá-los com o taser. Se falharmos, começamos a ser atacados, o alerta é soado e tipicamente surgem mais bandidos para combater. Se algum bandido descobre o cadáver ou corpo inanimado de algum colega, também entram num estado de alerta e ficam mais atentos ao que se passa à sua volta. Naturalmente que vai haver momentos onde não há qualquer hipótese de ser furtivo e teremos mesmo de passar à acção, pelo que é sempre bom ter uma arma adicional para além do nosso revólver, como shotguns ou metralhadoras que eventualmente viremos a ter acesso. Para além disso podemos também usar o scanner para procurar outras provas incriminatórias de casos secundários, bem como existem alguns inimigos com mandatos de captura e se os conseguirmos prender, ou incapacitar, recebemos também mais pontos. Confesso que inicialmente não gostei nada das novas mecânicas de jogo, mas quando me comecei a habituar melhor aos controlos, até me deu bastante gozo limpar todas as zonas de inimigos de forma mais furtiva. Mas isto é só a campanha single player. O multiplayer introduziu muitos outros modos de jogo de polícias contra criminosos, como assaltos a bancos e afins. Até devem ser engraçados, mas como referi acima foquei-me apenas no single player.

Temos também uns quantos segmentos de condução e autênticas perseguições policiais

A nível audiovisual o jogo é muito bom, pois usa o motor gráfico do Frostbite 3, que na minha opinião foi dos melhores da geração passada. Contem então com níveis bastante grandes e muito bem detalhados, que exploram não só os subúrbios da cidade de Miami como os seus resorts, estradas e os seus pântanos, mas também certas partes de Los Angeles e um antro de patriotas no interior Norte-Americano. E também temos aqui um bom sistema de partículas e de dano, com as paredes e locais de abrigo a poderem ser destruídos consoante o poder de fogo utilizado. A narrativa não é nada do outro mundo, mas acho que as personagens estão também muito bem representadas e com um voice acting competente. O jogo em si é apresentado como se uma série policial se tratasse, pois os níveis são chamados de episódios e temos sempre um recap do episódio anterior, bem como um preview do episódio seguinte, entre cada nível ou sessão de jogo.

O scanner serve não só para fazer tagging de inimigos e objectos de interesse, mas também para investigar evidências de outros casos policiais

Portanto este Battlefield Hardline foi um jogo que me causou muito má impressão quando lhe peguei. O seu foco na furtividade e combate não letal foi algo que me custou a habituar, até porque inicialmente apenas estamos munidos de uma pistola quando os inimigos começam a ter shotguns e armas automáticas. Depois com o tempo lá me fui habituando às mecânicas de jogo e até comecei a gostar, mas no fim de contas este Battlefield continua a ser um jogo que deveria ter um nome diferente pois é muito distinto dos shooters militares que estamos habituados.

Dead Space 3 (PC)

Já há vários anos que tinha em mente pegar no Dead Space 3, mas o meu velhinho laptop já não se aguenta a correr algo que puxe minimamente pela máquina pelo que acabou por ficar sempre em standby assim como a maioria dos jogos menos modestos que tenho no PC. Nos finais de Novembro montei uma máquina nova, pelo que já poderei retomar o meu longo backlog. Mas entretanto também tenho aproveitado esta fase mais calma da minha vida para ir despachando algum backlog noutras consolas, portanto vamos lá a ver como vou gerir isto daqui para a frente. O meu exemplar foi comprado já há vários anos atrás, sinceramente não sei precisar quando, mas lembro-me que foi numa Worten e custou 5€…. bons tempos onde se ainda arranjavam muitos jogos de PC em formato físico e baratinhos!

Jogo com caixa e papelada

O jogo decorre algum tempo após os acontecimentos do Dead Space 2, onde Isaac Clarke nunca recuperou bem das suas experiências traumáticas anteriores. Entretanto os unitologistas, a facção religiosa extremista que apoiava as experiências com os Markers continuava a combater o governo para levar a sua avante e aparentemente já estariam mesmo perto da vitória absoluta. Clarke acaba por ser forçado pelo último esquadrão militar do Governo a viajar até ao planeta longínquo de Tau Volantis, onde acreditam ser a origem de todos os markers, para eliminar essa ameaça de uma vez por todas. Acontece que já lá estiveram humanos, há 200 anos atrás, a investigar precisamente isso, algo que podemos jogar brevemente no prólogo, e as primeiras áreas que acabamos por explorar, assim que Clarke escapa da sua casa, são precisamente as estações espaciais militares abandonadas, que orbitam Tau Volantis.

Felizmente que temos um “previously on Dead Space” que resume os eventos passados. Eu já não me lembrava!

Nestes primeiros níveis, a jogabilidade é muito semelhante aos Dead Space anteriores, onde vamos explorando naves gigantescas, com alguns passeios espaciais em zonas de gravidade zero, tudo numa atmosfera bastante escura e tensa. Eventualmente lá aterramos no planeta de Tau Volantis e aí, para além de explorar um pouco os seus exteriores gelados, também iremos explorar as bases militares e científicas em ruínas, 200 anos após do desastre que ali houve. Os necromorphs estão de regresso, bem com também termos alguns inimigos humanos para combater ocasionalmente, nomeadamente soldados da facção unitologista. Mas em Tau Volantis, veremos muitas novas criaturas. Os humanos que por lá estavam estão mortos há 200 anos, em elevado estado de decomposição ou mumificação, pelo que quando são transformados em necromorphs o seu aspecto é ainda mais decrépito. Teremos então uma série de novas criaturas para enfrentar, inclusivamente alguns necromorphs alienígenas, fruto da antiga civilização que habitava esse planeta.

O inventário, objectivose logs que tenhamos encontrado continuam a ser projectados holograficamente

Apesar deste jogo ser um pouco mais focado na acção, pois teremos muitos mais momentos de tiroteios intensos, com várias vagas de necromorphs a surgirem pelas condutas, ou simplesmente disparados do gelo, quando estamos a explorar os exteriores. Ainda assim, mantém muitas das mecânicas de jogo dos lançamentos originais, nomeadamente as estratégias de apontar para os membros dos necromorphs em vez do tronco ou cabeça, o uso de stasis para os abrandar ou de telequinese para manipular objectos, incluindo os seus membros afiados, para serem disparados e usados como arma a nosso favor. Ocasionalmente também teremos de resolver alguns puzzles, muitas vezes com recurso ao módulo de stasis para abrandar maquinaria pesada, ou mais alguns hacking games para desbloquear acessos, estes que vêm agora em múltiplos sabores. Mas a grande novidade nas mecânicas de jogo está, a meu ver, na maior customização de armas. Agora poderemos coleccionar uma série de recursos básicos e com esses poderemos comprar armaduras e medkits, mas também criar armas novas e customizá-las completamente, ao incutir diferentes modos de disparo, entre outros. Como poderemos carregar apenas com 2 armas em simultâneo, é importante que, ao longo do jogo construímos 2 armas bastante dinâmicas e que nos safem em momentos mais apertados.

Os passeios espaciais continuam lindíssimos

Para além disto, ao longo do jogo vamos ter a oportunidade de participar nalgumas missões secundárias, que tipicamente nos dão algumas recompensas extra, para além de complementarem a história que está por detrás dos acontecimentos narrados no jogo. Para além dessas missões secundárias, teremos também a possibilidade de, a certos pontos no jogo, de jogar outras missões secundárias, mas desta vez em co-op. Confesso que não cheguei a experimentar isto, até porque os meus amigos na minha conta origin têm estado sempre offline e não lhes ia pedir agora para rejogarem um jogo de 2013 comigo… De resto, o jogo possui também vários DLCs, incluindo a expansão Awakened, que desta vez está disponível também nos PCs, mas eu não a tenho, pelo que não me vou alongar no tema.

Temos agora um forte sistema de crafting para criar e customizar novas armas

No que diz respeito aos audiovisuais, sinceramente acho que estes continuam bem detalhados. Apesar de termos secções no jogo que decorrem na Lua, outras em naves espaciais à órbita de Tau Volantis e outras já no próprio planeta, estes cenários distintos possuem todos a mesma matriz de identidade típica dos jogos deste universo. Nada a apontar nesse campo, tal como nos jogos anteriores. As naves espaciais estão bem detalhadas, passear em gravidade zero continua a ser super excitante as ruínas de Tau Volantis, 200 anos depois, estão decrépitas e cheias de pequenos detalhes que ilustram a insanidade dos seus antigos ocupantes. Os necromorphs, tal como já referi inicialmente, estão ainda mais decrépitos visto a sua maior parte serem de corpos humanos mortos há mais de 200 anos, ou outros que se mantiveram “vivos”, mas estão de tal forma subnutridos que são super frágeis. Embora aqui tenhamos muitos mais momentos de acção pura a atmosfera é, geralmente, bastante tensa e escura, tal como tinha sido habituado nos jogos anteriores. O som é excelente e contribui imenso para essa atmosfera de horror. Já o voice acting, nada a apontar, é bastante competente.

apesar de possuir mais momentos de acção, a atmosfera continua bastante aterradora

Portanto este é um jogo sólido, embora sinceramente continue a preferir de longe o Dead Space original, por toda a atmosfera aterrorizadora que nos introduziu, e todas as mecânicas de jogo originais, que continuam aqui presentes. Aqui temos um maior foco na acção em certas alturas, e exploraram bastante um sistema de crafting que nos obriga ainda mais a racionar certos recursos que poderão ser mais úteis para outras coisas, como criar medkits, munições ou stasis packs. Infelizmente o jogo não vendeu tão bem quanto a EA esperava, pelo que o estúdio da Visceral Games foi desmantelado e a série permanece em stand by desde 2013. A Electronic Arts é assim mesmo…

Dead Space Extraction (Nintendo Wii)

Dead Space ExtractionSaindo agora do reino das portáteis, o jogo que cá trago hoje é um exemplo de coisas interessantes também se faziam na época da Wii. Deixando as grandes produções “hollywoodescas” com gráficos fora de série para os sistemas que foram desenhados para isso mesmo, para a Wii, aproveitavam o nome da franchise e traziam jogos secundários. Tal como o Castlevania Judgement ou SoulCalibur Legends, fizeram o mesmo com o Dead Space. E aqui decidiram tornar o jogo num light gun shooter nada arcade, com níveis longos e um foco maior na narrativa. Este meu exemplar foi comprado algures durante o ano passado na Cash Converters de Alfragide, tendo-me custado 7€.

Dead Space Extraction - Nintendo Wii
Jogo completo com caixa, manual e papelada

Em Dead Space Extraction, a acção decorre um pouco antes dos acontecimentos do primeiro jogo, quando a colónia mineira de Aegis VII descobre o “Marker”, o que faz com que toda a sua população enlouqueça e se transforme gradualmente nos monstrinhos disformes que vimos logo no primeiro jogo, os necromorphs. Vamos vivendo várias personagens que procuram fugir de lá e procurar a sua salvação na nave de Ishimura, onde as coisas não estão também muito famosas, cruzando-nos inclusivamente com Nicole, namorada de Isaac, o herói da série principal.

Lexine é uma das personagens centrais do jogo, afinal até serviu de capa!
Lexine é uma das personagens centrais do jogo, afinal até serviu de capa!

E apesar de ser um light gun shooter muito linear e on rails, conseguiram de certa forma capturar a essência da jogabilidade tradicional dos Dead Space. Herdamos as mesmas armas, desde o pequeno espeta pregos até ao lança chamas devastador e os pontos fracos dos inimigos continuam a ser os membros, não o torso ou a cabeça. O uso de stasis para os abrandar continua a ser essencial, e os outros conceitos como a telecinese, os segmentos em gravidade zero e até mesmo aquela parte em que equipamos canhões para destruir asteróides estão mais uma vez aqui presentes, assim como os logs que podemos encontrar, que dão sempre mais alguma história de background. Mas esses logs, itens comuns como medpacks e munições e outros extras como novas armas ou upgrades das mesmas, têm de ser capturados rapidamente quando se vêm no ecrã, pois o jogo sendo on-rails poucas oportunidades nos dá para fazer. Eventualmente lá temos alguns segundos onde ficamos parados no local e podemos mover o wii mote para onde pretendermos, rodando o ecrã e podendo explorar mais livremente o que nos rodeia. Ocasionalmente também temos a hipótese de escolher alguns caminhos alternativos, mostrando assim alguma não-linearidade que não vai muito mais além disso, pois o desfecho acaba por ser sempre o mesmo.

Espero que tenham gostado do minijogo de disparar sobre asteróides do primeiro jogo... é que aqui temos de repetir a dose.
Espero que tenham gostado do minijogo de disparar sobre asteróides do primeiro jogo… é que aqui temos de repetir a dose.

Temos também uma série de puzzles para resolver que tiram partido dos wiimote e nunchuck. Desde fazer hacking a terminais de computadores onde teremos de interligar alguns circuitos eléctricos, até pregar tábuas de madeira para barrar a entrada de swarms de criaturas famintas, este último ainda me deu algumas dores de cabeça. Isto porque necessita do modo secundário de disparo (onde temos de inclinar o wiimote, disparando uma arma à gangster) e muitas vezes ao fazê-lo o wiimote perdia o sincronismo por alguns segundos, o que poderia ser tempo demais. Os comandos por movimento eram também utilizados noutras coisas, como os golpes melee pelo nunchuck, ou nos segmentos em que andávamos às escuras teríamos de abanar o wiimote para carregar uma lanterna. O mesmo também era feito em alguns quick time events, quando alguns monstros nos agarravam.

Os pontos fracos dos necromophs mantêm-se: os membros
Os pontos fracos dos necromophs mantêm-se: os membros

Para além do modo de história que se alonga em 10 capítulos tínhamos também o challenge mode, onde as coisas já ficam um pouco mais arcade. Nesse modo de jogo revisitamos vários locais do modo de história, com a missão de derrotar o maior número possível de necromophs, com o único objectivo de ter uma pontuação alta. Apesar de ser interessante, não nos oferece mais nenhuma recompensa. A outra recompensa que vamos desbloqueando a cada nível que completemos são capítulos de uma banda desenhada intereactiva, com direito a voice acting e tudo. De resto, convém também referir que o modo história pode também ser jogado de forma cooperativa com um amigo, o que não é nada má ideia.

Por vezes temos alguns segundos para olhar livremente para o que nos rodeia, permintindo-nos reabastecer os nossos stocks de munições e medkits
Por vezes temos alguns segundos para olhar livremente para o que nos rodeia, permintindo-nos reabastecer os nossos stocks de munições e medkits

Graficamente é um jogo muito mais simples que o original, assim o hardware da Wii o exige. Mas não deixam de ser bons gráficos, com as personagens bem detalhadas. E mantêm a essência do Dead Space, com os seus corredores escuros, os fatos e armas high-tech, a tecnologia holográfica dos menus e afins, a demência causada pela exposição ao Marker e claro, os necromorphs e todo o gore habitual. E apesar de ter na mesma músicas mais tensas, acaba por ser um jogo muito menos assustador que o primeiro, até porque é todo “on rails“, não há aquele medo medo de avançar sabendo que pode não ser boa ideia, aqui o jogo avança sempre e o que tiver de acontecer, acontece. Ainda a nível técnico, o voice acting não é mau de todo.

Um dos puzzles que temos de resolver. Soldar circuitos enquanto temos necromorphs à nossa volta
Um dos puzzles que temos de resolver. Soldar circuitos enquanto temos necromorphs à nossa volta

Se não gostarem da Wii poderão também encontrar este jogo na PSN para a PS3. Por acaso até tinha sido o meu primeiro contacto com o Dead Space Extraction, na altura em que comprei a PS3 diverti-me a fazer o download de várias demos para experimentar e este jogo era uma delas. Também vinha incluído gratuitamente para quem comprasse uma edição especial do Dead Space 2 para a PS3. Tenho a ideia que essa versão para a PS3 tinha gráficos um pouco melhores, mas podem ser as memórias a pregarem-me partidas. De qualquer das formas não deixa de ser um jogo interessante para quem gosta de light gun shooters, embora de arcade tenha muito pouco.