Phantom 2040 (Sega Mega Drive)

Tenho uma vaga ideia de ter visto algures durante os anos 90 um pouco dos cartoons do Phantom 2040, onde um super herói vestido todo de roxo era o protagonista. Mas posso estar a confundir com outra coisa qualquer pois não me lembro mesmo se alguma vez estes desenhos animados chegaram a ser transmitidos nos anos 90 na televisão nacional. De qualquer das formas só anos mais tarde é que vim a descobrir que a adaptação desses mesmos cartoons para as consolas 16bit da época eram autênticas hidden gems e de facto quando finalmente lhes dei mais atenção acabei por chegar à mesma conclusão. O meu exemplar foi comprado há uns meses atrás numa feira de velharias, embora tenha sido comprado a um reseller que sabia o que estava a vender, pelo que não foi tão barato quanto gostaria.

Jogo com caixa e manuais

Tal como o nome sugere, o jogo decorre no ano 2040, num futuro distópico e algo cyberpunk, pois o mundo é governado por mega corporações corruptas e o planeta pagou bem caro por toda a negligência ambiental ao longo dos anos. O herói é o protagonista vestido de roxo na capa, o vigésimo quarto Phantom, que seguirá os passos do seu pai na luta contra o crime. De todas as mega corporações corruptas e criminosas, a Maximum é a mais perigosa, pelo que os seus líderes serão os antagonistas principais. Rebecca Madison, actual líder da empresa, tenta fazer de tudo para trazer o seu marido de volta do mundo dos mortos, cujo foi morto pelo Phantom anterior, pai do herói actual.

Visualmente até acaba por ser um jogo bem detalhado, apesar de não ter nada de efeitos gráficos especiais

Agora, este é um jogo de acção em 2D, com uma forte vertente na exploração dos cenários, que estão repletos de segredos, superfícies destrutíveis e múltiplas passagens que interligam as diferentes áreas que poderemos explorar. Para além disso vamos tendo alguma não-linearidade no progresso do jogo, onde poderemos tomar algumas acções que vão mudando o rumo da história, sendo então possível obter diversos finais diferentes, onde uns vão sendo melhores que outros, aumentando bastante só por aí a longevidade do jogo. Logo na primeira missão, na universidade de Metropia, chegamos a um ponto onde temos de escolher em seguir em frente e defrontar um vilão, o potencial primeiro boss, ou voltar atrás e salvar um cientista. A nossa escolha terá consequências na cutscene que seguirá assim que terminarmos esse capítulo, se bem que mais para a frente teremos outras escolhas com influência mais directa no final obtido.

No ecrã de inventário podemos ver as armas e itens que possuimos e usá-los ou equipá-los nos botões A e B

Na parte superior do ecrã vemos duas barras de energia. A superior é a que corresponde à vida de Phantom, enquanto que a outra é o nível de energia que alimentará todas as armas e outros itens que poderemos usar. Inicialmente estamos munidos apenas dos nossos socos, pontapés e uma pistola de energia, mas ao longo do jogo poderemos encontrar muitos outros itens, como armas que disparam explosivos, mísseis teleguiados, ou outros projécteis. Ao longo do jogo poderemos encontrar inúmeros outros itens que podem regenerar ou mesmo extender a vida ou energia de Phantom, vidas extra, medkits que podemos armazenar para usar mais tarde, power ups que nos melhoram algumas das armas que já possuimos, ou outros itens especiais como escudos ou invisibilidade temporária (este último muito importante para atingir os melhores finais). Outro dos itens muito importantes é uma corda que para além de paralisar temporariamente os oponentes, nos permite escalar paredes, algo muito importante visto o grande foco na exploração deste jogo. Pressionando o botão Start poderemos assignar livremente estes diferentes equipamentos aos botões A e B do comando da Mega Drive, com o botão C para saltar. Se usarmos um comando de 6 botões, o botão Z tem sempre assignado o uso da corda de Phantom, o que dá jeito. Ainda assim, o esquema de botões da Super Nintendo está melhor conseguido, pois permite usar os botões de cabeceira para manter Phantom estático no ecrã, podendo assim atacar em diferentes direcções.

Ocasionalmente vamos vendo algumas cutscenes que ilustram o progresso da história

A nível audiovisual, apesar do jogo não usar propriamente grandes efeitos gráficos que o fizesse destacar de outros jogos de acção da época, não deixa de apresentar um mundo bastante consistente e bem detalhado. O facto de ser passado num futuro distópico e muitas das áreas que exploramos serem escuras ou em outdoors nocturnos, acaba também por beneficiar o facto da Mega Drive possuir uma paleta de cores reduzida. As áreas a explorar resumem-se a alguns edifícios como a universidade local, locais da metrópole completamente em ruínas, um museu em construção, diversos locais industriais ou os próprios escritórios da Maximum, bem como um sistema de túneis que interliga muitas destas áreas. Como referido acima, todas elas possuem um bom design e nível de detalhe muito satisfatório. Ocasionalmente vamos tendo direito a algumas cutscenes que contam o progresso da história, algumas delas com breves animações que também me pareceram bem conseguidas. Por sua vez, as músicas são na sua maioria temas com uma toada mais rock que também me agradou.

Portanto este Phantom 2040 acabou por se revelar uma bela surpresa, não só pela sua jogabilidade não linear, que nos obriga a tomar uma série de escolhas que terão consequências no final obtido, mas também pelos seu mundo diverso e amplo e a possibilidade de o explorarmos livremente.

Bugs Bunny Rabbit Rampage (Super Nintendo)

Voltando às rapidinhas, mas agora na Super Nintendo, vamos ficar com mais um jogo dos Looney Tunes, cuja licença, algures no início da década de 90, estava na posse da Sunsoft, uma empresa que habitualmente era sinónimo de qualidade nos seus jogos. Este infelizmente ficou um bocado aquém das minhas expectativas, mas já lá vamos. O meu exemplar foi comprado no passado mês de Novembro, numa Cash Converters em Genebra, na Suíça. Tinha ido lá uma semana em trabalho e lá houve um dia em que consegui espreitar a loja. Ficou-me por cerca de 10€.

Apenas o cartucho

Ora como podem adivinhar, neste jogo protagonizamos o Bugs Bunny, conhecida personagem do universo da Warner Bros. Não estou muito certo da história, mas essencialemente este é um jogo de plataformas onde teremos de ultrapassar uma série de obstáculos e toneladas de inimigos até encontrarmos a saída do nível, ou o seu boss. Os controlos são relativamente simples, com cada botão facial do comando da SNES a possuir funções distintas, como saltar, pontapear, atirar tartes ou usar itens, que podem ser seleccionados recorrendo aos botões de cabeceira.

Infelizmente os ataques normais de Bugs são practicamente inofensivos

Até aqui tudo bem, e o jogo até que possui uns gráficos bem interessantes, bem detalhados e animados. No entanto a jogabilidade deixa um pouco a desejar, principalmente pel dificuldade imposta no jogo. Todos os ataques “normais” que temos, nomeadamente saltar em cima dos inimigos, pontapeá-los ou atirar-lhes com tartes, causam muito pouco dano na maioria dos inimigos, pelo que teremos de os atacar múltiplas vezes até serem derrotados. Ora nos primeiros níveis, com paciência e uma jogabilidade mais cautelosa, até nos vamos safando. Mas noutros, onde para além dos inimigos temos de nos preocupar com objectos que caem do céu, bom aí já fica muito mais complicado e frustrante.

Os bosses para além de grandes, estão bem detalhados

Os itens que vamos apanhando vão sendo mais ou menos úteis. No primeiro nível, onde temos aqueles cães de caça muito chatos, os ossos são armadilhados e se os deixarmos no chão e um dos cães o comer, bom é uma maneira bem mais rápida de os derrotar em vez de recorrer aos ataques normais. Barras de dinamite servem também de explosivos com uma boa capacidade de dano, mas outros como os tomates que podem ser atirados aos inimigos não dão grande jeito. Temos itens que servem também para marcar checkpoints nos níveis e alguns que são exclusivos de alguns níveis. Por exemplo, no nível em que enfrentamos um touro podemos usar as bigornas, que à boa maneira dos Looney Tunes, ficam escondidas atrás de um pano vermelho de toureiro, fazendo o touro espetar-se! Ou os alvos que aparecem no nível Western, que caso um inimigo os pise, leva com um cofre gigante em cima!

Tal como no Comix Zone, o jogo dá-nos sempre a ideia que alguém está a criar e manipular o mundo onde jogamos

Este bom humor dos Looney Tunes acaba por ficar espelhado ao longo dos níveis, estes que até que estão bem detalhados e são variados entre si, comeando por montanhas repletas de neve, passando por um western, uma arena de touros, o conto dos 3 porquinhos (sim, leram bem), o espaço, entre muitos outros. As sprites estão também bem detalhadas e animadas e as músicas correspendem às expectativas, são variadas e assemelham-se bastante ao que estaríamos habituados a ouvir no cartoon.