Counter Strike 1 Anthology (PC)

Voltando ao PC, vamos abordar brevemente esta compilação do Counter Strike 1 Anthology, que já estava cá em backlog para um artigo há muito tempo. Tal como muita gente da minha idade, joguei bastante o Counter Strike (versão 1.5 ftw) nos meus tempos de Ensino Secundário e não só. Esta compilação para além de trazer o CS original e o Condition Zero, traz também mais uns quantos outros jogos que tinham sido desenvolvidos pela Valve nesse período. O meu exemplar tenho a ideia de ter sido comprado selado ao desbarato na feira da Ladra em Lisboa, por aí em 2014.

Jogo com caixa mais papelada

Deixando os Counter Strike para o fim, vamos começar com os mais desconhecidos desta compilação. Deathmatch Classic, tal como practicamente todos os outros títulos presentes nesta compilação, começou como sendo um mod de Half-Life e é na verdade uma espécie de homenagem ao Quake clássico, pois os seus mapas, armas e jogabilidade frenética estão todos aqui presentes de certa forma. Mas é também um jogo muito simples, onde o único modo de jogo é precisamente o deathmatch. Team Fortress Classic é o original que nos trouxe o Team Fortress 2, ainda bastante popular hoje em dia. Já neste primeiro jogo tínhamos o sistema de 9 classes, cada qual com diferentes armas e habilidades no geral, o que para a altura me pareceu uma inovação bastante interessante. Particularmente os Spies, capazes de se mascararem de soldados inimigos! É um jogo interessante do ponto de vista histórico, mas envelheceu mal e recomendo vivamente a sua sequela, não só pela jogabilidade e gráficos mais refinados, mas também pela maior variedade de modos de jogo.

Já o Team Fortress Classic introduzia as mesmas classes com diferentes habilidades que ficaram mais conhecidas na sua sequela

Ricochet é sem dúvida o jogo mais estranho aqui do conjunto. Com um visual futurista que faz lembrar o Tron, o jogo apresenta arenas em pleno espaço com uma série de plataformas que nos permitem saltar a grandes distâncias para outras plataformas e fazer ricochete em algumas paredes. As nossas armas são meros discos que também podem fazer ricochete em inimigos e é practicamente isso. Acredito que uma sessão deathmatch com muita gente até seja agradável mas poucos são os que jogam Ricochet hoje em dia. Day of Defeat é baseado na segunda guerra mundial, sendo mais um jogo onde podemos escolher jogar por entre diferentes classes, que por sua vez carregam com diferentes tipos de armamento. Os seus modos de jogo são mais na base de conquista/defesa/destruição de diversos objectivos espalhados pelo mapa e o jogo na altura introduziu muitos elementos mais realistas na sua jogabilidade, como o coice das armas, a fadiga dos soldados, entre outros.

Ricochet é um jogo muito bizarro mas também bastante simples na sua jogabilidade (e variedade)

Por fim, vamos aos Counter-Strike, sendo que nesta compilação temos o Counter Strike Clássico e o Condition Zero. O clássico é um jogo multiplayer que torrei imensas horas durante a minha adolescência, onde poderemos optar por jogar como terroristas ou polícias em diversos modos de jogo. O mais famoso, pelo menos para mim e para os meus amigos, sempre foi o bomb defusal, onde o objectivo dos terroristas seria o de plantar uma bomba num de vários locais alvo e garantir que a mesma explodisse dentro de um tempo limite. Já o da polícia é precisamente o contrário, evitar que bombas sejam plantadas e, caso sejam, teremos também de as desarmar a tempo. Outro modo de jogo é o de resgate de reféns, onde os polícias devem localizar e encaminhar uma série de reféns em segurança para o ponto de resgate, já os terroristas devem evitar que isso aconteça. Por fim temos o VIP Escort, onde os polícias devem proteger um VIP e escoltá-lo com sucesso a um determinado ponto no mapa, já os terroristas devem assassinar esse mesmo VIP. Em qualquer modo de jogo no entanto, se todos os jogadores de um dos lados morrerem, será suficiente para vencer um round.

Os cenários de bomb defusal eram de longe os mais divertidos. Tantas horas no de_dust2!

Agora a jogabilidade é simples e assenta sem dúvida na perícia de cada um e no expertise dos diferentes mapas, ao reconhecer os melhores pontos de vantagem. Aqui não há classes e no início de cada round cada jogador tem uma certa quantia de dinheiro para gastar para comprar diferentes armas, munições, explosivos e armaduras. Apenas podemos carregar duas armas de cada vez, uma primária e outra secundária, mas vamos tendo um grande arsenal de diferentes armas para escolher, tanto metralhadoras, pistolas, shotguns, sniper rifles e por aí fora. Dependendo da nossa performance ao longo do jogo, vamos tendo mais ou menos dinheiro disponível para os rounds seguintes, pelo que convém comprar material de forma mais sensata. De resto, tal como referi no primeiro parágrafo, a versão que mais joguei foi a 1.5. A que aqui vem é a 1.6 que eu e os meus amigos nunca gostamos muito, pois introduziram a possibilidade dos polícias poderem usar um daqueles escudos gigantes e sempre sentimos que isso tenha desiquilibrado um pouco as balanças.

O Tour of Duty do CS Condition Zero são uma espécie de partidas com bots glorificadas, onde para além de podermos condicionar o comportamento dos bots teremos também alguns desafios adicionais em cada partida

Por fim vamos abordar o Counter Strike Condition Zero. Anunciado como uma sequela, este jogo teve um ciclo de desenvolvimento bastante complicado e longo, atravessando diferentes estúdios e lançado no início de 2004, cerca de 2 anos depois da data inicialmente prevista. Basicamente temos o mesmo multiplayer mas com gráficos ligeiramente melhorados face ao original, mas confesso que muito pouco tempo perdi com esse modo de jogo. Este Condition Zero traz ainda algum conteúdo single player, como o Tour of Duty e Deleted Scenes, este último disponível como um jogo à parte no steam. O Tour of Duty é um modo de jogo single player, mas que serve de um bom treino para o jogo em si. Isto porque, em conjunto com alguns bots, vamos tendo uma série de missões para concluir, que são na realidade partidas clássicas do Counter Strike, onde jogaremos nos mesmos mapas e com os mesmos objectivos do jogo multiplayer. A diferença é que temos algum controlo sobre os bots, podendo dar-lhes algumas indicações durante os combates e vamos tendo também alguns desafios adicionais para completar, como terminar um round em menos do que um certo tempo, matar inimigos com algumas armas específicas, entre outros. À medida que vamos avançado no jogo, vamos ganhar mais pontos que nos permitem recrutar mais e melhores bots para os desafios seguintes.

O Condition Zero já foi desenvolvido numa versão melhorada do motor gráfico original, apresentando uns visuais algo superiores

Já o Deleted Scenes é uma campanha single player completa, onde iremos encarnar em diversas forças militares e/ou de segurança e cumprir uma série de missões por todo o mundo, desde resgatar reféns, desarmar bombas nucleares, assassinar barões de droga, entre outras. As localizações que iremos visitar são bastante diversificadas, como o médio oriente, as selvas da américa do sul ou mesmo algumas zonas mais urbanas como o Japão ou um arranha céus em Belfast. Aqui já não estamos limitados a carregar 2 armas de cada vez, pelo que iremos ter à nossa disposição um arsenal de armas bem maior em cada missão. É um modo de jogo interessante, mas as missões que jogamos são todas desconexas entre si, não há nenhuma narrativa propriamente dita ou um fio condutor que interligue as missões umas às outras.

O Deleted Scenes já nos leva por dezenas de missões em vários locais no globo, incluindo o Japão

No que diz respeito aos audiovisuais, bom estes são bastante simples. Todos os jogos aqui presentes nesta compilação são baseados no motor gráfico original do Half Life, que se por um lado era bem competente para a altura em que saiu, por outro não envelheceu lá muito bem, ao apresentar texturas de baixa resolução e objectos ainda muito quadrados. A excepção está no Counter Strike Condition Zero (e Deleted Scenes), que usam uma versão já melhorada do mesmo motor gráfico, pelo que as personagens já possuem mais geometria, as texturas já possuem mais detalhe e até há algumas físicas interessantes na destruição de cenários. Nada a apontar ao som no geral, os sons do Counter Strike clássico estarão para sempre implantados na minha memória! Já o Condition Zero Deleted Scenes, como iremos atravessar o globo ao longo do jogo, preparem-se para ouvir um inglês repleto de péssimos sotaques, especialmente o alemão, russo, japonês e espanhol.

Portanto este Counter-Strike 1 Anthology é uma compilação interessante, quanto mais não seja por incluir o Counter Strike clássico e o Condition Zero. Este último em particular teria sido uma boa ideia se o jogo não tivesse atrasado tanto no seu desenvolvimento. Quando foi lançado em 2004, já estavamos a meros meses do lançamento de Half Life 2 e eventualmente do Counter-Strike Source, um outro remake do clássico, mas com gráficos bem superiores face aos que foram apresentados no Condition Zero meros meses antes.

The Orange Box – Team Fortress 2 (PC)

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Não tenho interesse em escrever sobre jogos free-to-play, mas como este Team Fortress 2 para todos os efeitos foi comprado na compilação The Orange Box da Valve, cá vai este artigo. The Orange Box é uma excelente compilação de jogos da Valve que até já foram revistos neste espaço, contendo o Portal, Half-Life 2 e os seus Episode 1 e 2, e este Team Fortress 2 como jogo meramente multiplayer. É um jogo bastante divertido e balanceado e o seu foco em micro transações não retira (grande) competitividade a quem jogue mais casualmente ou simplesmente não queira gastar dinheiro. A minha cópia do The Orange Box foi comprada algures em 2012, no ebay UK, tendo-me ficado por cerca de 15€. Infelizmente é uma edição EA Classics ao invés da edição normal, mas foi um erro do vendedor. Não me quis chatear e optei por ficar com esta versão na mesma.

The Orange Box PC
Compilação completa com caixa e folheto.

Em primeiro lugar devo dizer que ainda não joguei o primeiro Team Fortress, apesar de estar na minha biblioteca do Steam já há bastante tempo. Assim sendo, não tenho a certeza quais serão as reais inovações deste TF2 face ao original (tirando as microtransacções, claro), pelo que irei escrever sobre este TF2 como se não tivesse existido nenhum anterior.

Apesar de virtualmente inexistente no próprio jogo, existe um background histórico por detrás de Team Fortress 2, explicado no site/blogue oficial através dos seus vídeos promocionais ou mesmo banda desenhada que a equipa produtora vai publicando. Basicamente o jogo consiste na rivalidade entre os irmãos Redmond e Blutarch Mann (e posteriormente Gray Mann também entra na disputa), filhos de um notório ricaço britânico com uma poderosa indústria de armas. Podemos jogar então como um mercenário nas equipas Red e Blue, correspondentes a Redmond e Blutard, na sua longa disputa entre os seus territórios, minas e fábricas. Mais tarde surge o irmão perdido Gray Mann, com o seu exército de robots (dando lugar à campanha cooperativa Mann vs Machine). Mas apesar de as comics e vídeos promocionais estarem repletos de humor, no jogo nunca se dá grande importância a isso, no final de contas este é um jogo meramente multiplayer.

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O jogo possui ferramentas para editar vídeos do jogo e publicar na internet

Do que eu mais gostei no Team Fortress 2 foi mesmo do seu sistema de 9 classes, bem balanceadas com os seus pontos fortes e fraquezas características. Existem 3 tipos de classes: ofensivas, defensivas e de suporte, cada uma tendo 3 “profissões” diferentes. Nas ofensivas temos o Scout, bastante ágeis, capazes de saltar duplamente, mas a custo de menos vida; os Soldier, equipados com rocket launchers e com a habilidade de rocket-jump e os meus preferidos, os Pyro, munidos de um lança-chamas e completamente dementes. Nas classes defensivas temos o Demoman, que utilizam vários tipos de granadas e bombas que servem para plantar armadilhas explosivas; os Heavy, basicamente os sacos de porrada do jogo, conseguem absorver bastante dano, apesar de se movimentarem lentamente; e os Engineers, capazes de construir vários tipos de aparelhos, como sentry-bots, portais de teletransporte ou armazéns de munições e pontos de vida. Por fim temos as classes de suporte com os Medics, que como o nome indica conseguem curar os jogadores e possuem a habilidade de Ubercharge, conferindo invencibilidade temporária para eles mesmos e mais um companheiro; os Snipers que dispensam apresentações e por fim os Spies, capazes de se tornarem temporariamente invisíveis, mascararem-se de jogadores da equipa adversária, podendo-os assassinar com facadas nas costas, ou sabotar equipamentos construidos por Engineers inimigos. Cada classe possui uma arma principal, secundária e melee, que vão sendo distintas entre si. Classes como os Engineers, Medics ou mesmo os Spies se bem utilizadas tornam-se uma mais valia para a equipa, fazendo com que um jogo que aparentemente tem um feeling bastante arcade e carefree, também possa ter uma componente estratégica e de cooperação muito forte.

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Existem alguns modos de jogo e arenas especiais para determinados eventos como o Halloween ou Natal

Existem muitos modos de jogo diferentes, alguns foram sendo introduzidos com vários updates ao longo dos anos, como o Mann vs Machine, um modo cooperativo onde uma equipa tem de enfrentar diversas waves de robots e impedir que a enorme bomba que carregam chegue ao seu destino. Variantes dos já conhecidíssimos deathmatch, capture the flag e king of the hill são pontos assente, embora sinceramente nem os tenha experimentado, assim como várias versões de “Control Points“, onde vamos lutando com a outra equipa de forma a conquistar uma série de checkpoints ao longo de uma partida. Mas os modos de jogo que eu sem dúvida perdi mais tempo foram as variantes do Payload. Numa ou jogamos com a equipa defensiva (Red) ou ofensiva (Blue), em que estes têm de carregar um carrinho cheio de explosivos da sua base para a base adversária, ou noutro modo de jogo devem competir entre si, cada equipa levando o seu carrinho e tentando impedir que os inimigos levem o deles avante.

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Muitas arenas possuem a temática de extração mineira, algo que faz parte do background histórico do jogo

O facto de o jogo ter passado a um modelo “free-to-play” deve-se à micro-economia gerada no jogo, com os seus imensos items cosméticos, armas extra e muitos outros que podem ser adquiridos por diversos modos. Embora as armas/acessórios extra possam conter habilidades (e algumas desvantagens), que possam marcar a diferença ao estilo de jogo de cada um, ultimamente o jogo parece-me ser justo, pois muitos dessas armas podem ser adquiridas gratuitamente através de drops automáticas ao longo do jogo, outras por achievements. Para quem quiser gastar dinheiro pode sempre comprá-las na loja própria do jogo, assim como outros items cosméticos, ou pode também se aventurar no sistema de crafting, geralmente requirindo otros items ou metais que possamos comprar, para criar novos items. Outros ainda podem ser adquiridos como items promocionais ao comprar outro jogo, aconteceu-me ter recebido um item cosmético ao comprar o Faerie Solitaire, por exemplo. Infelizmente esta coisa toda dos items leva a que alguns jogadores entrem nalgumas partidas e façam apenas idle de forma a obter os items aleatórios, mas não estraga a experiência. Por outro lado, como o jogo tem um enorme suporte da steam workshop, existe uma enorme comunidade de jogadores a desenvolver mapas para o jogo, alguns deles acabam por sair mesmo em updates oficiais.

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É possível obter as mais variadas armas, acessórios e cosméticos por diversos meios

Visualmente o jogo possui um aspecto bastante cartoonish e colorido, o que na minha opinião acenta perfeitamente no ambiente bem humorado que transmite. O jogo parece decorrer algures nas décadas 60/70, pelo aspecto dos mapas que jogamos. Já estes são na sua maioria mapas industriais, ou de extracções mineiras, o que teoricamente assenta bem no background de história do jogo. Diria até que dos jogos que utilizam o motor gráfico source, este é mesmo o mais bem conseguido, precisamente pelo seu aspecto irrealista. As músicas, quando existentes, geralmente em menus e afins, são excelentes, e mais uma vez parecem mesmo assentar em filmes de acção/espionagem das décadas de 60 e 70. Os efeitos sonoros, como as falas das personagens, são também bastante icónicas do jogo, bem humoradas e agradaram-me bastante.

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Ver o mundo através da pyrovision é só a coisa mais awesome de sempre.

Para todos os jogadores de PC que gostem de bons jogos multiplayer, este é um daqueles jogos obrigatórios de se ter no Steam, até porque é gratuito. Ainda assim, quem gostar de o ter na prateleira e ter as “vantagens” de ser um utilizador premium, existem algumas lojas em Portugal que ainda vendem o jogo em caixa a 5€. Eu diria que é um muito melhor negócio obter logo a The Orange Box, uma compilação excelente que também se encontra a um preço bem agradável nos dias que correm.

Half-Life: Blue Shift (PC)

Half-Life Blue ShiftEnquanto a Valve não nos presenteia com um Half-Life 3, ou mesmo um Half-Life 2 Episode III, esta análise deverá ser a última que faço relativamente à saga. Half-Life Blue Shift estava inicialmente previsto como uma conversão do jogo original para a consola Sega Dreamcast, que incluiria a pequena expansão “Blue Shift” como bónus. Infelizmente, com o jogo já quase pronto, após a Sega ter anunciado a descontinuação da Dreamcast e a sua reestruturação para uma empresa third-party, a Sierra decidiu cancelar o lançamento deste jogo (assim como muitos outros). Assim sendo, Blue Shift não se ficou no limbo, tendo sido lançado posteriormente no PC, versão essa que me chegou às mãos já há uns valentes anos atrás, oferta de um amigo meu de escola.

Half-Life Blue Shift PC
Jogo com jewel case e manual, a big box nunca esteve nas minhas mãos

Blue Shift coloca-nos na pele de mais uma facção presente em Black Mesa na altura do incidente. Desta vez o escolhido é Barney Calhoun, um segurança a caminho para mais um aborrecido dia de trabalho em Black Mesa. Tal como Gordon Freeman, Barney desloca-se para Black Mesa através de uma espécie de comboio que o leva a passear por entre diversos túneis mostrando diferentes partes da base. Barney chega inclusivamente a cruzar-se com Gordon Freeman uma ou outra vez, embora sem chegar a trocar quaisquer palavras. A primeira tarefa de Barney neste dia de trabalho é reparar um elevador que está com alguns problemas. Enquanto Barney faz isso, o incidente em que Gordon Freeman se vê envolvido acontece, fazendo com que o elevador se despenhe e mais uma vez iremos tentar escapar de uma Black Mesa sob ataque de alienígenas de Xen, ou tropas governamentais dispostas a apagar todas as evidências do incidente. Apesar de ser mais um jogo sólido, Blue Shift é uma expansão muito mais curta que Opposing Force, para além de não introduzir nenhum nenhum novo inimigo ou armas (o que até se compreende, pois a Dreamcast e os seus GD-Roms de 1GB não comportariam uma expansão com muito conteúdo para além do jogo original na sua totalidade. Assim sendo recomendo a leitura do artigo Half-Life original, pois este Blue Shift não adiciona nada de novo no que diz respeito à jogabilidade. É uma expansão sólida, mantendo o mesmo balanço de combate e puzzle solving/exploração que a série se tornou conhecida. A única novidade na narrativa é a mesma ser focada na interacção com um NPC (o cientista Dr. Rosenberg) que nos vai indicando os passos que devemos tomar para escapar de Black Mesa vivos.

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Dr. Rosenberg, à direita, é um NPC que muitas dicas nos vai dar ao longo do jogo

Graficamente devo dizer que este jogo introduziu um “High Definition Pack” que melhorou bastante a qualidade gráfica do jogo, tanto na resolução das texturas, como no número de polígonos que os modelos 3D do jogo apresentam. Esse pack é também aplicável ao Half-Life original e a sua expansão Opposing Force, tendo eu jogado ambos com esse pack, embora por lapso não o tenha referido nos artigos respectivos.

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Estes zombies “headcrabbed” sempre tiveram a sua pinta

Assim sendo, não há muito mais a acrescentar sobre este Blue Shift. É uma expansão pequena mas sólida, oferecendo mais uma diferente perspectiva do incidente de Black Mesa e mantendo a boa jogabilidade e narrativa do jogo original. Ainda assim, é uma expansão que apenas os fãs de Half-Life irão apreciar, pois não adiciona practicamente nada de novo à fórmula, inclusivamente oferece uma menor gama de armas disponíveis e inimigos para combater.

Half-Life: Opposing Force (PC)

De volta à aclamada série da Valve para a primeira expansão oficial que Half-Life recebeu. Opposing Force, desenvolvido pela Gearbox (estúdio que nos trouxe Borderlands, Brothers in Arms e coisas não tão boas como Aliens Colonial Marines), Opposing Force tal como o nome indica coloca-nos na pele de um outro lado do conflito ocorrido em Black Mesa, nomeadamente no Cabo Adrian Shepard, membro da força HECU (Hazardous Environment Combat Unit) enviada para Black Mesa com a missão de controlar a invasão alienígena e silenciar todas as testemunhas. Infelizmente, ao contrário das outras versões do Half-Life que possuo, esta expansão apenas a tenho em formato digital, comprada por um preço muito reduzido numa das steam sales em que a Valve vende o seu catálogo a preços baixíssimos.

Half-Life Opposing ForceTal como o jogo original, a acção começa de uma forma algo cinemática, onde Adrian Shepard, acompanhado dos restantes elementos do esquadrão, se encontram a fazer o briefing da sua missão em Black Mesa, a bordo do avião que os transporta. Tudo corre bem até à altura em que estão mesmo a chegar a Black Mesa, onde são atacados por aliens de Xen e o avião despenha-se na base. Após um “blackout” acordamos já dentro das instalações de Black Mesa, onde alguns cientistas sobreviventes nos prestaram os primeiros socorros. O resto não é muito difícil de imaginar, sendo uma aventura paralela aos acontecimentos de Gordon Freeman. Aparições misteriosas do G-Man e o surgimento de tropas especiais “Black Ops” com o intuito de limpar o sebo a tudo o que mexa também fazem parte desta aventura.

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Existem novos modelos de NPCs e inimigos, incluindo este segurança guloso

A jogabilidade é a mesma do Half-Life, pelo que recomendo a leitura da sua análise, pois não me vou alongar muito neste aspecto. Apesar de naturalmente a expansão não ter a mesma duração do original, ainda assim acho Opposing Force um produto bastante completo. Para além de uma campanha relativamente longa por outras localidades de Black Mesa, Opposing Force introduz uma série de novos inimigos e armas, tanto de fabrico humano, como uma metralhadora pesada ou uma sniper rifle, ou outras Xen. Uma das mais interessantes, sendo inclusivamente necessária nalguns puzzles, é uma arma baseada nas criaturas Barnacle – aquelas com uma “língua” comprida, servindo de gancho para alcançar algumas posições longínquas. Apesar de na minha opinião Opposing Force ser um jogo com muito mais tiroteio, a componente de exploração e puzzle-solving para avançar no jogo ainda está muito evidente. O modo como o jogo conta a história continua o mesmo e há algumas incursões bastante interessantes, fazendo uso dos companheiros de armas de Shepard. Médicos para curar outros marines, engenheiros para arrombar portas, são alguns dos exemplos, para além de utilizar os cientistas/seguranças sobreviventes para abrir certas portas de laboratórios.

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Gordon Freeman ainda faz uma breve aparição antes de partir para Xen

Visualmente o jogo continua impressionante para a data, apresentando novas secções de uma Black Mesa muito convincente, como os seus laboratórios de teste em criaturas alienígenas, bem como mais uma pequena incursão ao mundo dos Xen. A narrativa apesar de não ter o mesmo apelo da aventura original de Gordon Freeman, está na mesma muito bem conseguida, mostrando o incidente de Black Mesa por outros olhos, mas ainda repleto de algum mistério, também pelas aparições do G-Man, personagem fulcral no futuro de Black Mesa. Tal como o jogo original, a música é algo que aparece apenas no momento certo, em alturas de maior tensão ou tiroteios mais caóticos. Durante o resto do tempo, somos abandonados numa gigante Black Mesa em ruínas.

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Exemplo de uma das novas armas

Em suma, acho Opposing Force uma óptima expansão, mantendo o mesmo nível de apresentação e mecânicas de jogo do jogo anterior, mas no entanto introduzindo uma série de novos inimigos e armas que acabam por resultar muito bem, bem como uma nova perspectiva dos eventos de Black Mesa. Para além deste Opposing Force e Decay que analisei recentemente para o Half-Life da PS2, existe ainda uma outra expansão chamada Blue Shift, que irei descrever em breve.

Half-Life (Sony Playstation 2)

Half-Life PS2

Após o recente artigo do Half-Life para PC, deixo agora um pequeno complemento sobre a conversão do mesmo jogo para a consola da Sony. Sendo uma conversão quase directa do original, recomendo também a leitura desse artigo. Contudo, este Half-Life da PS2 tem algo que os distingue dos demais: uma expansão pensada para co-op e lançada exclusivamente para esta versão PS2. Decay é o seu nome e foi esta a razão que me fez comprar este port. Não deixa de ser curioso que das 3 versões originalmente planeadas (PC, Dreamcast e PS2), cada uma teria uma expansão exclusiva. O PC recebeu Opposing Force, a Dreamcast iria receber o Blue Shift, versão que acabou por ser cancelada já com a mesma quase terminada, tendo saído posteriormente no PC. Por fim a PS2 manteve-se com este Decay, que apesar de ter chegado ao PC como um mod, não teve um lançamento oficial. A minha cópia foi comprada há umas semanas atrás na feira da Ladra, em Lisboa, por 5€, estando completa e em óptimo estado.

Half-Life - Sony Playstation 2
Jogo completo com caixa e manual

Em relação ao jogo original, ele está aqui todo representado, com uma ou outra diferença mínima na disposição dos mapas. O jogo controla-se como os FPS convencionais na PS2, com um stick para movimentar a personagem e outro para apontar a arma. Para os que preferem jogar no PC e não se habituam de maneira alguma a este esquema, existe uma opção de se fazer lock-on aos inimigos, facilitando bastante a jogabilidade. De resto, o jogo herda o esquema de quick-save e quick-load em qualquer posição do jogo, ao contrário dos checkpoints e saves fixos habituais nos jogos de consola.

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As med-stations sofreram um redesign

Mas vamos focar mais na expansão Decay, exclusiva para esta versão. Aqui a história decorre mais ou menos ao mesmo tempo que a aventura principal de Gordon Freeman, porém controlamos desta vez 2 cientistas femininas, nomeadamente as doutoras Gina Cross e Collette Green. Este é uma expansão pensada para 2 jogadores em modo cooperativo, apesar de ser possível jogá-la com 1 jogador apenas, controlando uma personagem de cada vez. Ao contrário das outras expansões, esta está dividida em missões, sendo que em cada temos um determinado objectivo a cumprir, geralmente ir do ponto A ao ponto B, resolvendo alguns puzzles e trocando uns tiros pelo meio. Aqui, os puzzles que são apresentados naturalmente requerem a cooperação entre os 2 jogadores para serem solucionados, o que por vezes atrapalha um pouco quando se joga sozinho, alternando constantemente de personagem. No final de cada missão a nossa performance é avaliada, podendo depois desbloquear uma missão bónus, onde jogamos não como um humano, mas sim como um Vortigaunt a atacar humanos, invertendo completamente os papéis. De resto existe também um modo Head-to-Head, que é basicamente um deathmatch limitado a 2 jogadores apenas, o que é pena.

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Uma das personagens jogáveis em Decay

O audiovisual do jogo em si é muito parecido ao original (isto comparando com o pack de “alta resolução” de texturas que saiu para o PC juntamente com a expansão Opposing Force), mas ainda assim existem algumas texturas que ficaram pior na PS2, bem como os tempos de loading são bem maiores na consola da Sony. De resto acho uma conversão competente, valendo essencialmente pela expansão Decay que é bastante interessante, apesar de ter um ou outro inconveniente sendo jogada por um jogador apenas.