Prince of Persia: The Forgotten Sands (Sony Playstation 3 / PC)

Vamos voltar uma vez mais à série Prince of Persia para este The Forgotten Sands, lançado para uma série de diferentes sistemas algures do ano de 2010. Depois do flop comercial que foi o reboot Prince of Persia a Ubisoft lá decidiu tentar uma vez mais, desta vez voltando à trilogia The Sands of Time para um jogo que decorre entre o Sands of Time e o Warrior Within. O meu exemplar foi comprado algures no ano passado por 1£, tendo sido trazido do UK uma vez mais por um amigo meu. A versão PC já a tinha há mais tempo em formato digital, tendo sido oferecida pela própria Ubisoft na sua loja digital. Acabei no entanto por optar jogar a versão PS3.

Jogo com caixa e manual

Ora a história decorre então entre os eventos do Sands of Time e Warrior within, onde o príncipe decide visitar o reino do seu irmão mais velho Malik. No entanto quando lá chega apercebe-se que o seu irmão está em apuros, pois a sua nação está a ser invadida por um exército vizinho. Encurralado, Malik decide libertar um antigo e mágico exército de areia que se encontrava aprisionado algures nas entranhas do seu palácio. Pois bem, esse exército não é o que Malik esperava, tendo libertado toda uma série de forças demoníacas e que colocam o mundo em perigo. Caber-nos -á a nós então por um fim a esta ameaça e a nossa personagem irá eventualmente ter a ajuda de uma djinn, que lhe irá conferir alguns poderes mágicos.

Tal como é habitual na série o que não faltam são momentos de platforming desafiantes

A fórmula deste jogo é então muito similar à da trilogia original Sands of Time, na medida em que mistura platforming cheio de acrobacias e armadilhas à espreita, combate e ocasionalmente alguns puzzles para resolver. À medida que vamos avançando na história, o príncipe irá receber toda uma série de novos poderes e habilidades, começando com a possibilidade de, por algumas vezes, poder voltar o tempo atrás (botão R1), seja para corrigir algum salto mal calculado ou algum dano que possamos ter sofrido desnecessariamente. Em seguida ganhamos o poder de poder congelar a água (botão L2), algo que será necessário fazer em muitas das sequências de platforming e alguns puzzles. O poder seguinte é o de podermos fazer um ataque aéreo poderoso (X seguido de círculo), o que uma vez mais terá de ser utilizado em certos desafios de platforming mas pode ser usado no combate também. O último poder que ganhamos será utilizado apenas numa área específica já perto do final do jogo, umas ruínas muito antigas. Este permite-nos lembrar de certas plataformas, pilares ou outras superfícies que existiam no passado, ficando materializadas assim que pressionemos o botão L1. Tendo em conta que o R2 é o botão para correr em paredes, durante os desafios de platforming já perto do final do jogo onde precisaremos de utilizar todas estas habilidades, irão requerer uma grande destreza, pois precisaremos de pressionar em todos estes botões num timing exacto.

O sistema de combate é bastante dinâmico e os poderes que eventualmente aprendemos irão dar muito jeito

O combate é fluído, sendo que temos uma série de diferentes combos que podemos utilizar e todos os botões faciais são necessários. Quadrado ataca, triângulo serve para dar pontapés, especialmente útil para atordoar inimigos que tenham escudos, círculo serve para nos desviarmos e o X para saltar. Os inimigos que derrotamos vão-nos dando pontos de experiência que por sua vez poderão ser utilizados para fortalecer o príncipe (aumentar a barra de vida, de tempo ou simplesmente fortalecer os nossos ataques) ou ganhar (e evoluir) mais habilidades mágicas de uso exclusivo no combate. Essas habilidades são também elementais, com a terra a gerar um escudo que durante alguns segundos nos protegem de dano, o poder de fogo envolve-nos em chamas que queimam os inimigos à nossa volta, o poder de água (gelo) lança vectores gelados que causam dano a todos os inimigos na mesma linha e por fim o poder do vento despoleta um pequeno tornado à nossa volta que causa dano em todos os inimigos que nos rodeiam. Todas estas habilidades de combate ao serem utilizadas gastam o mesmo poder mágico que nos permite voltar atrás no tempo. Espalhados pelos cenários vão estar também toda uma série de objectos destrutíveis como barris ou ânforas que nos permitem regenerar um pouco da nossa vida e os poderes mágicos também.

Os inimigos do exército de areia estão muito bem representados

Visualmente acho o jogo muito bem conseguido, com gráficos bem detalhados para as consolas daquela geração, voice acting competente e uma banda sonora orquestral que resulta muito bem em representar aquela atmosfera algo mágica dos contos das 1001 noites que a série tão bem nos habituou. Não existe no entanto uma grande variedade de cenários em si, visto que iremos estar constantemente a visitar um palácio gigante e umas ruínas subterrâneas de uma outra cidade de outra era. No entanto existe uma variedade considerável de cenários interiores e exteriores em ambos os casos. Os inimigos e as suas animações estão também bem conseguidos.

Portanto este é um bom jogo do Prince of Persia e que recomendo vivamente a quem tenha gostado da trilogia Sands of Time, visto que este jogo utiliza muitas das mesmas mecânicas, adicionando no entanto outros elementos interessantes da sua jogabilidade. A versão PS3, PC e Xbox 360 são semelhantes entre si, pelo que joguem a que mais jeito vos der. No entanto, tal como já referi acima o jogo saiu também para outros sistemas como é o caso da Nintendo DS, Playstation Portable e Wii, sendo todas essas versões distintas entre si, tanto a nível de história como de mecânicas de jogo. Dessas outras versões apenas possuo a da Wii que irei jogar eventualmente.

Far Cry 3: Blood Dragon (PC)

Com o sucesso do Far Cry 3, a Ubisoft não perdeu muito tempo a produzir um DLC para o mesmo. No entanto, este Blood Dragon tornou-se em algo tão diferente do jogo base que a Ubisoft decidiu lançar este título como uma expansão standalone, não requerendo o jogo base para a jogar. Lembro-me de o ver várias vezes na extinta Game do Maia Shopping a cerca de 15€ e eu constantemente à espera que o seu preço baixasse dos 10€ para a comprar, mas isso nunca aconteceu, ou quando aconteceu os jogos já tinham desaparecido das prateleiras. Eventualmente adquiri um exemplar digital no cliente PC da Ubisoft (creio que terá sido oferecido pela própria Ubisoft) e para complementar comprei um exemplar físico na vinted por 5€ ainda neste mês de Fevereiro.

Jogo com caixa, póster, manual e disco de banda sonora. Nada mau para uma expansão.

A história deste Blood Dragon nada tem a ver com o Far Cry 3. Pensem neste jogo como uma paródia a filmes de acção e ficção científica dos anos 80, pois este é mesmo uma espécie de visão futurista digna de um filme de acção dos anos 80. Basicamente somos levados ao “futuro” ano de 2007, após uma guerra nuclear que dizimou o planeta. Controlamos um cyborg super soldado do exército americano, Rex “Power” Colt que, juntamente com o seu companheiro T.T. “Spider” Brown se infiltram numa ilha controlada por um outro super soldado (Coronel Sloan) que se havia revoltado contra a sua nação. As coisas não correm bem e eventualmente lá somos ajudados pela assistente do vilão, que não gosta dos planos de destruição do mundo que Sloan tem em mente.

As cutscenes são sequências de imagens quase estáticas

Basicamente pensem num jogo de mundo aberto como o Far Cry 3 e com mecânicas similares mas numa escala consideravelmente menor, com visuais cyberpunk, armas futuristas, dragões que disparam raios laser, humor, sarcasmo e diálogos cheesy dignos de um filme dos anos 80. A ilha está também repleta de vida selvagem, todos eles versões mutantes ou cibernéticas de animais que enfrentamos no Far Cry 3. A grande excepção vai para os blood dragons, criaturas gigantes capazes de disparar raios laser poderosos. Estes são bastante resistentes e que nos vão dar luta se precisarmos de os derrotar, mas o jogo também nos oferece ferramentas para os distrair e conseguirmos passar despercebidos. Por outro lado, estes dragões são também úteis para serem atraídos para bases inimigas que queiramos conquistar. Tal como no Far Cry 3, depois de conquistar bases inimigas ganhamos acesso a algumas missões opcionais, que se resumem a três tipos: assassinar algum alvo inimigo de maior valor, resgatar cientistas reféns e missões para caçar algum animal especial, como é o caso da missão onde temos de destruir 4 tartarugas que vivem num sistema de esgotos, que por sua vez está repleto de caixas de pizza. A quantidade de armas que teremos disponíveis é bem mais reduzida e os seus upgrades vão sendo desbloqueados à medida em que completamos as missões opcionais.

O bom humor começa logo com o tutorial!

Existe também um sistema de skills, mas este é bem mais contido e não temos qualquer hipótese de customização, pois estas vão-nos sendo atribuídas automaticamente sempre que subirmos de nível. De resto, tal como nos outros Far Cry, temos também toda uma série de coleccionáveis para apanhar caso estejamos interessados em fazê-lo, como é o caso de cassetes de VHS ou televisões CRT, tudo isto acompanhado por diálogos sarcásticos do tipo “espero que a seguir não me peçam para apanhar penas ou bandeiras”. Este humor sarcástico é algo que nos acompanha ao longo de todo o jogo: Rex irrita-se com todo o tutorial, que começa de forma brilhante como “carrega em enter para mostrar que sabes ler”, um headshot é frequentemente acompanhado por frases como “now that’s how you play head games” ou “he was… open minded“, enquanto que se matamos alguém com o arco e flecha podemos ouvir “I really stuck it to him” ou “I think he got the point“. Em suma, todo este sarcasmo é algo que eu adoro e foi das melhores coisas que este Far Cry 3 Blood Dragon nos trouxe.

O sistema de skills está muito mais simplificado desta vez

A nível audiovisual o jogo tem os seus méritos pois retrata perfeitamente visuais futuristas imaginados na década de 80, com todas as luzes neon que nos acompanham ao longo do jogo. No entanto está também limitado por reutilizar muitos dos recursos do Far Cry 3. Por exemplo, o jogo decorre todo à noite e num mundo que aparentemente estaria completamente desolado após um inverno nuclear, a ilha está repleta de vegetação, o que não me parece fazer muito sentido. Assim como todas aquelas ruínas de templos orientais que me parecem um pouco fora de contexto neste jogo. De resto nada de especial a apontar visto que utiliza o mesmo motor gráfico do Far Cry 3. As cutscenes que narram a história utilizam uma série de imagens quase estáticas como se um jogo retro se tratasse, mas essas não escalam muito bem para resoluções maiores. A banda sonora é toda composta por música que usa e abusa de sintetizadores (mais um sinal óbvio dos anos 80) o que resulta muito bem e o voice acting é óptimo, particularmente por todo o humor e sarcasmo que já referi anteriormente.

Apesar de todos os visuais cyberpunk, há aqui várias coisas que não fazem muito sentido, como palmeiras num mundo desolado ou estas ruínas que parecem fora de contexto

Portanto este Far Cry 3: Blood Dragon foi uma óptima experiência. Sendo um mundo open world mais reduzido contribui também para ser uma experiência mais curta, mesmo para quem o quiser completar a 100%. Coleccionei todos os coleccionáveis e fiz todas as missões secundárias e mesmo que quisesse platinar o jogo só me faltaria mesmo o achievement de matar 25 Blood Dragons, o que sinceramente não me apeteceu fazer. Gostava no entanto que o jogo não tivesse tido tanta dependência dos recursos utilizados no Far Cry 3, pois toda aquela vegetação não faz muito sentido no contexto. Foi um jogo que deixou algum legado, estando disponível para ser jogado em várias plataformas mais recentes e apesar de não ter uma sequela directa, possui um jogo no mesmo universo onde jogamos com os descendentes do Rex (Trials of the Blood Dragon) e fortemente inspirado numa uma adaptação para Netflix (Captain Laserhawk: A Blood Dragon Remix).

Far Cry 3 (PC)

Nas últimas semanas tenho estado a jogar este Far Cry 3, um jogo que já tinha em backlog há imenso tempo e finalmente tanto a vontade como o tempo disponível se alinharam. Este título é uma evolução do Far Cry 2, que por sua vez já tinha trazido a série para um open world e com muito para fazer se assim quiséssemos. O meu exemplar sinceramente não me recordo ao certo quando e onde o comprei, mas lembro-me de ter sido barato. Foi numa altura em que jogos em formato físico para PC ainda eram bastante comuns e também eram logo os primeiros a cair de preço, pelo que este título me custou 5 ou 10€, isso recordo-me.

Jogo com dois discos, caixa e manual

Este Far Cry 3 leva-nos a controlar Jason Brody, um norte-americano que quis passar umas férias extremas na Ásia com um grupo de amigos. A certa altura decidem fazer skydiving num arquipélago qualquer de ilhas algures no Pacífico mas quando chegam à terra as coisas não poderiam ter corrido da pior forma, pois todo o grupo acaba por ser raptado por um grupo de piratas que aterrorizava toda a ilha e, para além de pedirem resgates às suas famílias, acabariam por vender os seus prisioneiros para redes de tráfico humano. Eventualmente acabamos por nos escapar do cativeiro com a ajuda do irmão de Jason que é militar, mas infelizmente este acaba por ser assassinado por Vaas, líder dos piratas e que se revela um excelente vilão. Jason acaba por sobreviver ao confronto e é encontrado por Dennis, um ex-militar norte-americano que o introduz à tribo de guerreiros nativos dos Rakyat, grupo rebelde que tenta libertar as ilhas do domínio dos piratas e aos quais nos acabamos por aliar, em busca de vingança e de resgatar os restantes companheiros.

Este é um jogo open world onde, tal como no Assassin’s Creed, escalar certos pontos altos como estas torres de radio permitem-nos “sincronizar” o mapa e revelar os seus detalhes.

Este é então um first person shooter em open world e que também me faz lembrar o Assassin’s Creed em várias instâncias. Por exemplo, explorando o mapa poderemos ver torres de rádio que poderemos escalar e libertar, onde poderemos fazer o “sincronismo” com a área à nossa volta e assim popular o mapa com mais pontos de interesse. Os pontos de interesse mais importantes são bases inimigas que poderemos tentar conquistar, de preferência de uma maneira mais furtiva e ir desactivando os seus alarmes. Uma vez conquistados, esses pontos servem de base que poderemos utilizar para fast travel, desbloqueiam toda uma série de missões secundárias e reduzem fortemente a presença de inimigos nas suas imediações na ilha. Também ao explorar iremos dar de caras com muita vida selvagem, sejam criaturas inofensivas como veados ou porcos, outras herbívoras mas bastante territoriais como búfalos e claro, predadores como leopardos, dragões de komodo, tigres entre muitos outros.

Um dos acessórios que podemos utilizar é uma máquina fotográfica que nos permite “tagar” os inimigos e assim sabermos sempre onde eles estão.

Explorando poderemos encontrar dinheiro, loot e vários coleccionáveis, assim como ao matar inimigos e cumprir missões vão-nos dando experiência. O dinheiro pode ser usado para comprar munições, armas e customizações das mesmas, como adicionar silenciadores, aumentar o número de balas em cada carregador ou vários tipos de miras ópticas. Equipamento especial como pistolas de flares ou equipamento para reparar veículos podem também serem comprados. Ao longo da ilha temos também uma série de plantas que podem ser coleccionadas, assim como as peles dos animais que caçamos, que por sua vez os seus recursos podem ser utilizados num sistema de crafting. As plantas servem para criar injecções que tanto podem servir para nos regenerar a barra de vida, como para nos auxiliar nos combates, na caça ou mesmo para aguentar mais tempo debaixo de água, por exemplo. À medida que vamos progredindo no jogo iremos também desbloquear novas receitas para preparar novas injecções. Por outro lado, as peles de animais podem ser utilizadas para criar novas carteiras e bolsas que nos permitem carregar mais dinheiro ou loot respectivamente, assim como muitas outras bolas que nos permitem tanto carregar mais armas (até um máximo de 4 em simultâneo) assim como poder carregar com mais explosivos como granadas, cocktails molotov, C4, rockets ou até reservas de combustível para o lança-chamas.

Adorei explorar as ilhas mas ocasionalmente poderemos ter surpresas destas

À medida que vamos matando inimigos ou cumprindo missões iremos também ganhar pontos de experiência, pontos esses que poderão ser maiores se conseguirmos executar certas manobras, como headshots, matar vários inimigos em simultâneo ou conquistar um ponto de controlo sem termos sido detectados, por exemplo. Esses pontos de experiência podem posteriormente serem utilizados para evoluir a nossa personagem num sistema de skills que não só nos permitem ter uma barra de vida maior, como desbloquear várias skills de takedown de inimigos de forma silenciosa, mover mais rapidamente, mais silenciosamente, entre muitas outras. Tudo isto aliado às centenas de coleccionáveis opcionais, missões secundárias e outros entretenimentos como corridas de veículos, jogos de poker ou galerias de tiro, fazem com que este Far Cry tenha muito para oferecer. E a jogabilidade é bastante boa, particularmente quando vamos desbloqueando mais habilidades e armas. Por exemplo, mais para o fim, depois de ter comprado a melhor sniper rifle do jogo e lhe ter colocado um silenciador, conquistar os postos de controlo inimigos passou a ser trivial, visto que os atacava silenciosamente e à distância sem nunca ser descoberto. Em combates mais próximos a acção consegue ficar bastante intensa, particularmente quando os inimigos trazem reforços ou alguns animais selvagens decidem aparecer para nos dificultar as coisas.

Felizmente os veículos também existem em abundância e grande variedade

A nível audiovisual acho que este jogo está muito bem implementado. Tal como o seu predecessor, este Far Cry 3 corre num motor gráfico que é uma evolução daquele que foi introduzido com o Far Cry original por parte da Crytek, mas sinceramente acho que este jogo é visualmente muito mais rico que o seu predecessor. Temos toda uma série de ilhas para explorar, repletas de pequenas povoações, florestas, lagos, ruínas de civilizações antigas ou até de bunkers e fortificações japonesas da segunda guerra mundial. O jogo tem um ciclo de dia e noite, bem como um sistema de metereologia dinâmica e que resulta bastante bem em simular uma experiência num clima tropical. Pena no entanto que os NPCs, particularmente os civis, sejam practicamente todos idênticos entre si. Alguns modelos poligonais adicionais seriam muito benvindos! Tive no entanto alguns problemas que creio que não sejam culpa da Ubisoft. É que comprei recentemente um monitor ultrawide e, apesar de o jogo suportar essa resolução, o mesmo não está de todo optimizado para tal. Isto porque a HUD fica com alguma informação sobreposta em alguns momentos, por exemplo quando ganhamos experiência a mensagem fica parcialmente tapada pelo mini mapa. O caso mais grave foi numa sequência de QTE numa missão onde estava constantemente a perder sem entender o porquê. Após um vídeo no youtube, apercebi-me que uma das indicações da tecla que deveríamos pressionar a seguir simplesmente não me aparecia no ecrã por já estar “fora” do mesmo.

Vaas é um grande vilão, só não entendo é porque insiste em usar expressões hispânicas

De resto, a nível de som, nada de especial a apontar à banda sonora que consegue ser bastante eclética. A maior parte do tempo ouvimos temas ambientais, calmos ou tensos mediante o contexto. Sempre que entramos num carro civil há sempre alguma música a tocar na rádio e ocasionalmente até dubstep podemos ouvir. O voice acting por si só é bastante bom, com alguns actores conhecidos a emprestarem a sua voz (e aparência) como é o caso do próprio Vaas. No entanto há aqui algumas inconsistências que me irritaram um pouco. Por exemplo, o Vaas usa muitas expressões hispânicas, que me levaram inicialmente a pensar que o jogo se passava algures nalgum arquipélago na zona da América Central. Mas depois quando vejo dragões de komodo ou tigres na selva, assim como ruínas orientais, já apercebi que o jogo se passava algures no Pacífico, próximo da costa asiática. Mas o problema não é só o Vaas, agora já não me recordo em concreto, mas era capaz de jurar ter ouvido várias expressões hispânicas no início do jogo, o que me confundiu um pouco. Mas tirando essas inconsistências gostei bastante da narrativa, sem dúvida um passo na direcção certa após o mau trabalho que fizeram nesse campo no Far Cry 2. A personagem Vaas está de facto bem pensada e algumas das coisas maradas que ele diz vão fazer sentido na recta final do jogo!

Usar cocktails molotov ou lança-chamas na selva pode ser uma boa estratégia mas que também nos pode tramar.

Posto isto, devo dizer que gostei bastante da experiência deste Far Cry 3. Tirando as inconsistências com o vilão Vaas que referi acima, acho que de facto a narrativa evoluiu na direcção certa e todas as mecânicas open world de exploração resultam muito bem, assim como o combate que é bastante versátil. Ainda assim, com a Ubisoft a lançar novos Far Cry de forma algo recorrente nos anos seguintes, temo que a série se tenha estagnado um pouco, pelo que vou aguardar algum tempo antes de começar o próximo. A excepção será no entanto a do Far Cry 3: Blood Dragon, que planeio jogar muito em breve.

Tom and Jerry in Infurnal Escape (Nintendo Game Boy Advance)

Vamos voltar à Game Boy Advance para uma rapidinha a um jogo que confesso que comprei mais por impulso do que por outra coisa. Veio de uma das minhas visitas à Cash Converters algures no passado mês de Outubro onde encontrei uma série de jogos de Game Boy Advance em caixa, mas infelizmente nenhum deles era particularmente bom. Fiquei no entanto curioso com este Tom and Jerry pois a GBA por vezes tem alguns títulos interessantes baseados em desenhos animados e que acabam por passar bastante despercebidos, como é o caso do Shin Chan, por exemplo. O que não é o caso, pois o jogo foi desenvolvido pela NewKidCo, da qual eu já cá trouxe no passado o Tom and Jerry in Mouse Attacks.

Jogo com caixa e manual

A premissa do jogo até que é algo surpreendente pois no meio das habituais perseguições e confrontos entre o gato e rato, Tom leva com um piano em cima e morre. Sim, morre e vai para o inferno, onde está prestes a passar por tormentas eternas. Mas eis que aparece uma gata anjo que se propõe a salvar Tom, mas para isso ele terá de passar por uma série de desafios. E por desafios entenda-se atravessar níveis cada vez mais labirínticos em busca de objectos ou outros gatos.

A história é contada através de algumas imagens estáticas que acredito terem sido retiradas dos desenhos animados

O jogo está então dividido em dois mundos distintos com vários níveis, começando por visitar uma base militar repleta de bulldogs. O objectivo em cada um destes níveis é o de explorá-lo ao máximo, coleccionar toda uma série de ossos dourados e descobrir a saída do nível. O segundo conjunto de níveis é passado num castelo onde teremos de encontrar e libertar uma série de gatos feitos prisioneiros e posteriormente descobrir a saída. Pelo meio teremos inúmeros inimigos para enfrentar, obstáculos para atravessar e armadilhas para evitar, tudo isto com os níveis a ficarem cada vez mais complexos e labirínticos. Precisaremos também de interagir com alavancas e rebentar com barris de dinamite para activar plataformas ou abrir passagens. De resto as mecânicas de jogo são simples, com um botão para saltar e um outro para atacar e vamos tendo também a hipótese de encontrar diversos itens e power ups como aquários com peixes que nos regeneram vida, itens que nos dão invisibilidade ou invencibilidade temporária, enormes paus que servem para atacar ou um queijo que sinceramente nunca descobri bem para que serve e não tive grande vontade de consultar o manual para entender o seu propósito. Um jogo simples de plataformas 2D portanto, embora os saltos e a detecção de colisões não seja de todo a melhor.

Graficamente até que é um jogo bonitinho, mas poderia ter sido mais polido na jogabilidade

Passando agora para os gráficos, bom o jogo até que é bonitinho com sprites bem detalhadas (se bem que não gosto muito da sprite e animações do Tom para ser sincero) e com níveis muito bem detalhados. No entanto, preferia de longe que os níveis fossem um pouco mais curtos e houvesse maior variedade de cenários, pois temos apenas 2 conjuntos de níveis. É verdade que os cenários vão-se alterando ligeiramente de nível para nível, mas gostava que houvessem mais temas distintos. Depois de todos esses níveis temos também um confronto contra um boss final no inferno, cuja sprite é gigante e muito bem detalhada. Os efeitos sonoros estão repletos daqueles sons típicos de desenhos animados e as músicas sinceramente não as achei nada de especial.

Um detalhe interessante é que se perdermos todas as vidas somos levados a um nível no inferno onde teremos de recolher uma série de almas para ganhar novas vidas e tentar novamente

Portanto este Tom and Jerry é um jogo que apesar de ser graficamente bonito e bem detalhado, apresenta uma jogabilidade algo aborrecida e também um pouco frustrante por vezes, devido aos saltos não serem lá muito fluídos e a precisão dos ataques também não ser a melhor.

Prince of Persia (Sony Playstation 3)

Depois da trilogia que começou com o Prince of Persia: The Sands of Time, a Ubisoft lança, em 2008, um novo reboot da série com este Prince of Persia. Ao contrário do Warrior Within e em certa parte do The Two Thrones que incorporavam mais elementos de acção, este tentou ser uma espécie de regresso às origens, apresentando cenários que recuperaram o misticismo dos melhores jogos da saga e um maior foco na exploração e platforming. Infelizmente o resultado final não foi o melhor como irei descrever em seguida, mas já lá vamos. O meu exemplar foi comprado numa Mediamarkt algures em 2015 por menos de 3€.

Jogo com caixa e manual

Antes de irmos para o que o jogo tem de melhor, convém dar algum contexto da sua história. Aqui nós encarnamos uma vez mais no afamado príncipe, agora relegado a um mero tomb raider, mas acredito que a sua personagem ainda nos traria algumas surpresas caso as eventuais sequelas que a Ubisoft teria planeadas tivessem sido lançadas. É que muito pouco da sua pessoa e seu passado é revelado ao longo do jogo. Aparentemente este regressaria de uma bem sucedida caça ao tesouro mas acaba por se perder no deserto, quando encontra a jovem e bela Elika, princesa de um reino algures no meio do deserto e que estava a ser perseguida por soldados. Lá nos decidimos a ajudar e eventualmente vemo-nos envolvidos numa luta para travar o regresso de um poderoso demónio cujo povo daquele reino agora em ruínas durante muitos anos lutaram para que não acontecesse. Para impedir que tal aconteça teremos de explorar todos os recantos das ruínas imponentes daquele reino e regenerá-los para que todos os traços das trevas que os assolam desapareçam. Pelo caminho a Elika, que nos irá acompanhar ao longo de todo o jogo, irá ganhar novas habilidades que por sua vez nos permitem avançar mais nalgumas áreas.

Os primeiros momentos do jogo servem de tutorial onde iremos aprender todas as mecânicas básicas. Curiosamente é também a única altura onde teremos inimigos humanos para enfrentar

Mas o que o jogo tem de melhor são mesmo os seus audiovisuais. Para mim este Prince of Persia é um dos melhores jogos da sua geração nesse aspecto. Os cenários têm uma direcção artística lindíssima, apresentando-nos inúmeras ruínas que revelam o misticismo daqueles cenários idílicos dos contos das 1001 noites. À medida que avançamos no jogo vamos poder desbloquear uma série de galerias de arte que mostram de forma ainda melhor o que os artistas visionaram originalmente para o jogo. O aspecto do príncipe e da sua companheira Elika têm um look quase de cel shading que também lhes dá um aspecto mais de desenho animado e que a meu ver resulta muito bem. O voice acting é bastante competente e a banda sonora é épica e muito bem conseguida. O jogo tem pequenos detalhes deliciosos pois a Elika segue-nos por todo o lado e ocasionalmente vemos algumas pequenas interacções entre ambas as personagens. Por exemplo, se saltarmos de uma plataforma para o chão e não nos movermos, a Elika saltaria em cima de nós, pelo que o Prince aproveita para a receber nos seus braços e pousá-la em segurança no solo.

Antes de libertarmos cada zona, estas são escuras e repletas de uma gosma negra fatal que nos obriga a viajar com cuidados redobrados

Já no que diz respeito à jogabilidade é que as coisas começam a ficar piores. O jogo está claramente dividido entre duas mecânicas de jogo distintas: a exploração e o combate. Começando pelo combate, este é na sua essência bastante metódico, fazendo até lembrar um pouco o combate do Prince of Persia original onde o deflectir as investidas inimigas e contra atacar no tempo certo são a chave do sucesso. Teremos também uma série de combos que poderemos eventualmente executar, se o oponente nos permitir e os conseguirmos encadear com sucesso. Os botões faciais servem para o príncipe atacar com a sua espada, usar a sua garra (que muito nos ajuda no platforming também), desviar dos golpes inimigos ou chamar a Elika para que esta lance um ataque mágico. Infelizmente não é o sistema de combate mais dinâmico do mundo, tornando os combates bastante lentos e também infelizmente vamos tendo alguns quick time events em certos momentos e a sua implementação também não é a melhor. Isto porque por vezes ou o jogo não regista os nossos comandos devidamente, ou o tempo de reacção é variável. Tenho a certeza de muitas vezes ter carregado no botão certo e falhar, enquanto que noutras vezes também carreguei no botão certo porém pareceu-me ter demorado um pouco mais a fazê-lo e o jogo regista-o com sucesso. É inconsistente, portanto.

O jogo está dividido em quatro zonas distintas (mais o templo central) e interconectadas entre si que nos permite progredir de forma não linear. Poderemos também nos teletransportar para quaisquer zonas que já tenham sido libertadas

No que diz respeito à exploração contem com as habituais acrobacias que teremos de fazer ao progredir em todas as áreas, ao correr e saltar entre paredes, colunas, suportes de bandeiras, ou até portais mágicos que nos transportam de uma ponta do cenário para a outra. Alguns desses portais coloridos (cujos apenas são activados assim que tivermos desbloqueado as habilidades necessárias para tal) até nos dão algum grau de liberdade ao correr em superfícies como paredes ou tectos, ou até voar em caminhos pré-determinados mas onde ocasionalmente nos teremos de desviar de obstáculos. Acima referi que o jogo está dividido em múltiplas áreas que poderão ser exploradas por qualquer ordem e existem duas fases distintas para cada uma dessas áreas. Antes de a “salvar”, iremos encontrar essa área coberta de uma gosma negra que nos mata caso lhe toquemos e teremos então de seguir uma série de caminhos sinuosos até à sua zona central onde, depois de derrotar o boss que a protege, a poderemos então limpar de toda a corrupção e trevas. A partir dessa altura vemos espalhadas por toda a zona umas quantas esferas de luz que poderemos (e devemos) coleccionar, pois são essas esferas que nos irão desbloquear os portais mágicos coloridos que, em certas zonas, são necessários para chegar ao seu centro, derrotar o boss e tudo o resto. Essa liberdade de exploração até foi algo que me agradou.

A maior crítica que o jogo recebeu foi pela sua dificuldade muito branda, ao Elika nos salvar em qualquer situação. Pessoalmente até agradeci que o fizesse em várias alturas!

Agora as coisas más: a opinião geral é que este é um jogo bastante fácil e isso de facto acontece pois não podemos morrer. Seja no platforming com algum salto mal calculado ou no combate, quando algum inimigo nos está prestes a aplicar um golpe fatal, a Elika entra sempre, sempre em cena e safa-nos da morte certa. Bom, sinceramente eu nem achei isto uma má ideia de todo, a Elika é então uma espécie de checkpoint ambulante e, tendo em conta que tal como nos Assassin’s Creed muitas vezes a personagem salta numa direcção completamente diferente do que a que eu tencionava, ter essa ajuda é bem-vinda. Nos Sands of Time poderíamos voltar atrás no tempo e corrigir os nossos erros, aqui a Elika faz-nos isso. E no combate, com os problemas que mencionei acima, ter a Elika como segurança adicional também é uma grande ajuda. Mas neste caso, sempre que ela nos salva, o inimigo recupera um pouco da sua vida também, pelo que teremos mesmo de eventualmente aprender a combater decentemente.

A relação entre ambas as personagens vai evoluindo de uma forma interessante ao longo do jogo, o que ajuda a entender o porquê do jogo ter terminado como terminou

Para mim o pior neste Prince of Persia é mesmo a forma em como o jogo está dividido. Os combates existem em número muito reduzido, sendo na sua maioria os bosses que teremos de enfrentar. Para agravar as coisas, o reino está dividido em quatro áreas principais mais o templo central, onde vamos desbloquear os novos poderes e eventualmente avançar para a recta final do jogo. Em cada uma dessas quatro áreas iremos enfrentar os mesmos bosses em cada um dos diferentes “níveis” dessa área num total de 6 (seis!) vezes cada um. Inimigos normais aparecem de vez em quando nos corredores de transição entre “níveis” e mesmo esses combates poderão ser evitados caso nos coloquemos lá suficientemente rápido para os destruir antes de estes sequer aparecerem! Portanto vamos ter cenários lindíssimos para explorar, mas imensamente vazios e mesmo quando há combates, a sua variedade é muito, muito reduzida. Deveria ter havido, a meu ver, um melhor balanço entre a exploração e o combate.

Os combates podem não ser os mais intuitivos e dinâmicos, mas o facto de acontecerem tão poucas vezes também não ajuda

Mas para mim o que leva a maçã podre no topo do bolo é mesmo o momento Asura’s Wrath. Ora há muita gente que odiou o final deste jogo. Pessoalmente surpreendeu-me bastante pela positiva e gostei do final, apesar de ter ficado no ar aquele momento de “to be continued” que nunca se concretizou. Ora e depois apercebo-me que a Ubisoft lançou um DLC, na altura pela quantia de 10€, que se intitulava de “Epílogo”, continuando assim a história mais um pouco e dando um novo final ao jogo. Por curiosidade fui à Playstation Store ver quanto custaria tal DLC e este já nem sequer estava disponível para ser comprado! Fui então ao youtube ver alguém a jogá-lo do início ao fim e apercebi-me que não perdi grande coisa. Este é apenas uma dungeon gigante com muitos mais obstáculos, apesar de ter agora um novo tipo de portais que não traz nada de realmente novo. Até os inimigos e bosses são os mesmos do jogo base! E sim, o final desse DLC continua a terminar com um momento de to be continued, não acrescentando nada de realmente relevante. Ainda assim, a atitude da Ubisoft em lançar um DLC que continuaria a história do jogo base continua a ser para mim um golpe baixo.

Portanto este Prince of Persia é um jogo que apesar de ter uns audiovisuais lindíssimos acaba por desiludir bastante. Não pelo facto de não ser um jogo difícil devido a nunca morrermos, sinceramente em certas alturas até agradeci essa ajuda, mas sim por ser um jogo extremamente mal balanceado na sua execução. Os cenários são bonitos, porém bastante vazios e os combates (que por sua vez também não são os melhores do mundo) são muito esporádicos e com muito pouca variedade entre si. Ainda assim gostava de ter visto a Ubisoft a continuar esta história pois acho que o jogo até tinha algum bom potencial.