Star Ocean: Second Evolution (Sony Playstation Portable)

Vamos voltar aos jRPGs para um jogo que eu já havia começado há umas boas semanas atrás, entretanto parei de o jogar e recomecei-o há coisa de uma semana, tendo-o levado finalmente até ao fim. Refiro-me claro a este Star Ocean: Second Evolution, uma conversão (com extras) do Star Ocean: The Second Story lançado originalmente para a primeira Playstation entre 1998 e 2000, mediante o território. O meu exemplar foi comprado há já uns bons anos atrás, tendo vindo da feira da Ladra em Lisboa por 5€.

Jogo com caixa e manual

E este jogo é então uma sequela do primeiro Star Ocean, lançado originalmente (e de forma exclusiva) para a Super Famicom, tendo posteriormente sido convertido e refeito para a PSP sob o nome de Star Ocean: First Departure, herdando o estilo gráfico deste segundo jogo. Aliás, a Square Enix aproveitou e relançou ambos os títulos para a portátil da Sony na mesma altura, algures durante o ano de 2008/2009. Muito mais recentemente (há meros meses atrás), a Square Enix relança novamente este segundo Star Ocean para todas as plataformas actuais sob o nome de Star Ocean: The Second Story R, sendo este título um remake mais a sério, embora mantenha o aspecto gráfico de mundos 3D com personagens 2D e presumo que acrescente toda uma série de novas coisas. Visto que já tinha esta versão PSP por jogar (ainda por cima tendo sido tão barata), decidi que não iria comprar este novo remake.

Esta versão PSP traz toda uma série de novas cut-scenes anime. Pena que a direcção artística não tenha sido a melhor.

Bom, na verdade este é então um JRPG que utiliza todas as mecânicas do seu predecessor, na medida em que apesar de as batalhas serem encontros aleatórios, estas são travadas como um action RPG se tratasse, visto os combates decorrerem em arenas fechadas e onde poderemos controlar uma personagem livremente, enquanto as restantes são controladas automaticamente. Um pouco como na série Tales, portanto, o que não é de estranhar porque a tri-Ace foi precisamente formada por pessoas que trabalharam no Tales of Phantasia. As personagens controladas automaticamente poderão ter os seus padrões de comportamento alterados ao definir uma série de estratégias, como evitar combate, conservar MP, focar em curar, entre outros. De qualquer das formas, a qualquer momento poderemos pausar a acção com o botão círculo e passar a controlar qualquer uma das outras nossas personagens. Pressionar o botão X fazem com que estas ataquem fisicamente, sendo possível no entanto mapear algumas acções especiais para os botões L e R. Ao pressionar o triângulo no entanto podemos seleccionar outro tipo de acções como utilizar um item, magias ou modificar a estratégia de combate automático dessa personagem.

Tudo o que é diálogo importante está narrado em inglês e com retratos a acompanhar

Para além disso, o jogo tem um interessante sistema de evolução de personagens bem como um complexo sistema de crafting. Ao ganhar experiência vamos subindo de nível, ficando automaticamente mais fortes e ocasionalmente aprender novos golpes especiais/magias. Até aqui tudo normal, mas vamos ganhando também skill points, que poderão ser gastas em evoluir toda uma série de skills que poderão ser adquiridas ao longo do jogo. Algumas apenas nos melhoram certos atributos das personagens, outras vão-nos dando múltiplas habilidades de crafting desde criar itens que nos regenerem vida, saúde ou nos curem, criar armas, armaduras e acessórios, cozinhar pratos que também nos poderão curar, escrever livros que podem posteriormente serem vendidos em livrarias e dar-nos algum dinheiro extra, compor e interpretar canções que terão diversos efeitos nas batalhas, ou mesmo outras acções como identificar itens secretos que ocasionalmente poderemos encontrar. Cada personagem terá mais ou menos aptidões para desenvolver cada habilidade e até poderemos evoluir algumas destas habilidades em conjunto com outras personagens, as tais “super especialidades”. Em suma, é um sistema vasto e complexo, porém é necessário ser utilizado. O melhor equipamento e acessórios apenas podem ser criadas através deste sistema e tendo em conta que as últimas dungeons são bastante difíceis, vamos precisar de utilizar todos estes sistemas à nossa disposição (nota: a habilidade mirror blade do Claude faz milagres).

Apenas a exploração do mapa mundo nos leva a gráficos em 3D poligonal, que por sua vez estão ligeiramente superiores aos originais

Outra particularidade desta série e este Star Ocean não foge à regra é alguma não linearidade, a começar pelo facto de podermos escolher representar uma de duas personagens principais possíveis: Claude C. Kenny ou Rena Lanford. Eu escolhi o Claude e a história começa então desta forma: Claude é o filho de Ronyx, uma das personagens principais do primeiro jogo, e que decidiu seguir as pisadas do seu pai, agora Almirante de uma armada militar, servindo inclusivamente sob o seu comando. Ronyx e Kenny investigam uma suspeita fonte de energia que surge num planeta nas suas imediações acabando por descobrir um artefacto estranho. Kenny decide investigar e acaba sendo teletransportado para o planeta Expel, um planeta sub-desenvolvido tecnologicamente é encontrado por Rena, que o confunde como o salvador de uma profecia. Isto porque o planeta Expel está em perigo desde que um estranho meteorito lá caiu, trazendo consigo inúmeros monstros que colocam toda a população em perigo. Em busca de uma maneira de conseguir sair daquele planeta e eventualmente voltar para o seu pai, Kenny decide ajudar Rena e investigar o que está por detrás desses acontecimentos também. A história em si é idêntica independentemente se decidirmos controlar Claude ou Rena, existindo no entanto pequenas diferenças inerentes aos pontos de vista de cada uma das personagens.

As batalhas são em tempo real, permitindo-nos mover livremente pela área de combate. Apenas controlamos uma personagem directamente, com as restantes a serem controladas pelo CPU.

Para além disso temos também a hipótese de recrutar várias personagens distintas para a nossa party. Algumas, como o caso do Leon e Diaz, apenas se juntam a nós se escolhermos mediante se tivermos escolhido incialmente controlar o Claude ou a Rena. Recrutar algumas personagens inibe-nos de recrutar certas outras, como é o caso do Ashton, uma das potenciais primeiras personagens que poderemos recrutar. Se aceitarmos recrutar o Ashton para o nosso grupo, personagens como o Ernest ou a Opera nunca poderão ser recrutadas. Para além disso, a nossa party é constituída por 4 personagens activas mais 4 suplentes, de um total de 12 (ou 13 no caso desta versão PSP), pelo nunca poderemos ter mais de 8 personagens de qualquer das formas. Para além disso, em certas localizações como cidades ou aldeias, poderemos explorar as private actions, que nos levam a certos eventos onde poderemos melhorar a relação que temos com as diversas personagens do nosso grupo. Tudo isto somado (personagens recrutadas e as relações entre todos) resultam em pequenas variações dos finais que poderemos obter (supostamente nesta versão PSP são cerca de 100). Sinceramente não me preocupei muito com isto e sempre que tive a oportunidade de recrutar alguém fiz-lo, assim como em todas as private actions que encontrei.

O facto de termos tanta coisa para comprar não é por acaso pois o jogo tem um complexo sistema de skills e crafting.

Indo agora para os audiovisuais, vamos abordar primeiro os gráficos. O jogo utiliza o mesmo aspecto gráfico da versão original da Playstation 1, na medida em que dentro das localizações como aldeias, cidades e dungeons, os cenários são imagens pré-renderizadas, enquanto que o mapa mundo já é apresentado em 3D poligonal. Infelizmente no entanto, alguns dos cenários pré-renderizados (aqueles que não fazem scroll) tiveram de ser esticados para caberem no ecrã da PSP, em vez de terem sido redesenhados. As personagens são também sprites em 2D dignas de um RPG de Super Nintendo, o que sinceramente não me desagrada de todo, embora infelizmente estas estejam algo desfocadas, o que supostamente foi propositado para esconder um pouco o facto de serem bastante pixelizadas. Sinceramente preferiria ter as sprites tal como elas foram desenhadas! O jogo tem também novas cut-scenes todas num estilo anime e sempre que há diálogos com personagens importantes surge no ecrã um retrato da mesma, com a mesma arte anime utilizada nesta conversão. Sinceramente achei o desenho muito genérico… Já no que diz respeito ao som, não tenho nada de especial a apontar à banda sonora, visto que sinceramente não lhe dei muita atenção. A outra grande novidade desta versão perante o lançamento original de PS1 é tudo o que é diálogo importante está agora narrado, embora apenas tenhamos direito ao voice acting em inglês nesta versão.

As private actions são o que irá contribuir para fortalecer (ou não) as relações entre as várias personagens, levando-nos a um de muitos finais distintos.

Portanto devo dizer que até gostei deste Star Ocean 2, precisamente pelos seus inúmeros sistemas de customização e crafting que teremos acesso. Não gostei muito da direcção artística que utilizaram nesta conversão PSP com todas as personagens a terem agora um aspecto de anime bem mais genérico. A história sinceramente até a estava a achar um bocado aborrecida, até que mais ou menos a meio há ali um acontecimento que me apanhou completamente de surpresa e me deu o fôlego que precisava para voltar a pegar neste jogo e levá-lo de uma assentada até ao seu final. As múltiplas personagens jogáveis, suas sidequests e diferentes private actions que poderemos vir a descobrir são também formas de lhe dar uma maior longevidade, pois precisaríamos de várias playthroughs para ver tudo o que o jogo nos teria para oferecer. Mas para quem nunca jogou este título recomendo vivamente que experimentem o seu recente remake para os sistemas actuais. Para além dos visuais lindíssimos (que mantêm o mesmo conceito do original), existem toda uma série de melhorias de qualidade de vida que o tornam na versão definitiva deste jogo. Um melhor sistema de batalha sem encontros aleatórios, crafting mais intuitivo, um sistema de fast travel são apenas alguns dos melhoramentos trazidos nessa versão mais recente. Quase que me dá vontade de o jogar novamente! O que se calhar vai acabar por acontecer daqui a uns bons anos.

The Nightmare Before Christmas: The Pumpkin King (Nintendo Game Boy Advance)

Vamos agora voltar à portátil da Nintendo Game Boy Advance para mais um jogo que passou despercebido a muita gente, eu inclusive, até me ter sido recomendado por um amigo, que acabou mais tarde por me vender um cartucho do mesmo jogo. É que para além deste ser um dos videojogos baseados no universo de um dos mais aclamados filmes do Tim Burton, é também um metroidvania! Sim, leram bem, um metroidvania.

Cartucho solto

Este The Pumpkin King é na verdade uma prequela do filme, contando a história em como Jack Skellington conheceu o seu arqui-inimigo, Oogie-Boogie. Este último, invejoso por Jack ser a criatura mais temível da vila do Halloween, decide raptá-lo. Mas os seus minions acabam antes por raptar Sally, uma jovem rapariga recém-criada pelo Dr. Filkenstein lá do sítio. Ainda assim, Oogie-Boogie, o “rei dos insectos” decide libertar uma praga de insectos pela vila, o que acaba por semear o caos pelos seus residentes. Lá teremos de os ajudar, localizar e derrotar o vilão para no fim também salvar Sally.

No início e fim do jogo temos direito a cut-scenes destas com uma arte mais detalhada

E este é então um jogo de plataformas onde um botão salta e o outro ataca. É também no entanto um metroidvania na medida em que a exploração é completamente não-linear, obrigando-nos a revisitar áreas assim que tivermos adquirido algum item ou habilidade que nos permitam progredir e alcançar zonas previamente inalcançáveis. Esses itens e habilidades começam logo pelas diferentes armas que eventualmente viremos a coleccionar. Começamos por uma pistola de um sapo com mau hálito, podendo depois disparar morcegos que por sua vez também nos permitem girar algumas alavancas colocadas em sítios mais remotos. Eventualmente ganhamos abóboras que servem de bombas e podem destruir algumas paredes que de outra forma são indestrutíveis, bem como um pimento que nos transformam numa espécie de Super Jack flamejante, onde conseguimos voar temporariamente e destruir outro tipo de superfícies. Outras habilidades como caminhar sobre paredes, usar sanguessugas que nos deixam num estado gelatinoso e assim esgueirarmo-nos por buracos são apenas alguns dos exemplos.

Visualmente este até que é um jogo com um trabalho de sprites fantástico

Eventualmente ganhamos também power ups para a maioria das armas acima descritas, assim como poderemos também encontrar e coleccionar cabeças encolhidas que servem para extender a nossa barra de vida. Outros bónus que iremos desbloquear são também três mini-jogos que poderiam inclusivamente serem jogados em multiplayer fora da aventura principal. De resto este é então um metroidvania competente, embora por vezes seja difícil adivinhar para onde teremos de ir a seguir e muitos dos bosses (particularmente o último) serem autênticas esponjas, com as suas batalhas a arrastarem-se demasiado. Também espalhados pelo mapa (cujas semelhanças com os mesmos dos Castlevania não-lineares não são mera coincidência) encontraremos pontos para fazer save ou regenerar toda a nossa vida.

Quaisquer semelhanças com os mapas de Castlevania são mera coincidência. Ou não.

A nível audiovisual este é um jogo que consegue, numa portátil algo modesta como a Game Boy Advance, incutir toda a atmosfera do filme, ou seja, aqueles cenários spooky tipicamente de Halloween. Todos os cenários estão bem detalhados e ocasionalmente com boas animações de fundo, pelas múltiplas camadas de parallax scrolling que por vezes temos direito. As sprites são também muito bem detalhadas e animadas, particularmente as das personagens principais. A música também se adequa perfeitamente à atmosfera do filme e jogo, com melodias algo carnivalescas mas com aquele toque mais spooky do Halloween. Por outro lado, devo dizer que não sou o maior fã dos efeitos sonoros. Alguns são até bastante irritantes!

Cadeiras eléctricas regeneram-nos a vida e os espantalhos servem para fazer save.

Portanto estamos aqui perante um jogo interessante desenvolvido pela Tose, que para quem não sabe é um dos maiores estúdios fantasma do mundo, tendo trabalhado em centenas de videojogos até à data, na maior parte de forma secreta. É um bom metroidvania, embora ache que teria potencial para ser um pouco melhor, principalmente se não nos sentíssemos tão perdidos em certas alturas. Não deixa de ser um bom jogo, embora a GBA esteja repleta de metroidvanias bastante superiores como os próprios Metroid e Castlevanias que recebeu. De resto só mesmo deixar a referência que este jogo de GBA sai mais ou menos na mesma época que um outro para a PS2 (este já com o selo da Capcom) intitulado de Oogie-Boogie’s Revenge e também ouvi falar bem dele.

Sega Casino (Nintendo DS)

Sega CasinoMais uma “rapidinha” a um jogo que sinceramente não joguei assim tanto, pois não faz mesmo o meu género. Sega Casino é, tal como o nome indica, sobre jogos de casino e foi produzido pela Sega para a Nintendo DS. E daí talvez não, este é um dos imensos jogos e conversões que foram tomadas a cabo pela Tose, um dos developers que mais anda pelas sombras em toda a indústria de videojogos. Mas voltando ao jogo, Sega Casino foi-me oferecido por um amigo meu há vários anos atrás, penso que em 2006, muito antes de eu sequer ter comprado uma DS e quando o fiz, este foi o jogo que me entreteu durante vários dias.

Sega Casino - Nintendo DS
Jogo completo com caixa, manual e papelada

Inicialmente dispomos de Blackjack, Roulette, Baccarat e a variante Texas Hold ‘Em do Poker. Esses 4 diferentes jogos podem ser jogados no free mode que como o nome indica é um modo de jogo meramente casual, ou então no Casino Mode, onde dispomos inicialmente de uma quantia e temos de ganhar o máximo de dinheiro possível para desbloquear outros jogos ou mesas de apostas mais elevadas. Posteriormente podemos então desbloquear várias modalidades de video poker, uma outra modalidade de poker (7 Card Stud), ou outros jogos de pura sorte como o Keno e variantes de jogos de dado. Obviamente que a piada está mesmo em jogos que necessitem de alguma estratégia e não se baseiam puramente em sorte, pelo que me dediquei um pouco mais ao Texas Hold ‘Em, nas viagens de autocarro que na altura fazia entre casa e a faculdade. Só que infelizmente a IA não é lá grande coisa, raramente faz bluff, portanto quando vemos alguns dos bots a apostar, é porque na maioria das vezes têm razões para isso.

screenshot
Os vários modos de jogo que podemos desbloquear.

Graficamente não é um jogo nada de especial, apresentando o mínimo indispensável. Alguns jogos, como a roleta por exemplo, lá apresentam mais algum detalhe, com alguns gráficos poligonais inclusivamente. Se não fossem mesmo os dois ecrãs e a interface touch-screen, diria que era um jogo de Gameboy Advance. Os efeitos sonoros e a própria música não acrescentam nada demais, pelo que também nem vale a pena perder muito tempo nisso. No que poderia realmente perder tempo, se não fosse algo que nunca cheguei a experimentar, seria mesmo a componente multiplayer deste jogo. Aqui é possível jogar localmente com até 5 amigos na mesma rede, bastando apenas um cartucho com o jogo. E seria mesmo na vertente multiplayer que poderíamos jogar o que mais piada teria: as duas variantes do poker e o Blackjack.

screenshot
A roleta é dos poucos momentos em que até vemos algum 3D no ecrã

Posto isto, Sega Casino é um jogo que recomendo apenas aos mais ávidos coleccionadores de produtos da Sega ou mesmo da Nintendo DS, pois como jogo de casino, o que não faltam por aí são outros jogos com essa temática bem superiores. Porque a Sega lançou isto? Talvez para colmatar uma lacuna inicial de jogos deste género na Nintendo DS, é a única desculpa que encontro.