Ms. Pac-Man (Sega Master System)

Ms. Pac-Man é um jogo lançado originalmente nas arcades e que possui uma origem curiosa. Foi lançado pela Midway, que detinha os direitos de distribuição das máquinas arcade do Pac-Man no ocidente, e isto à revelia da Namco, que acabaram por adquirir os direitos do jogo uns anos depois. Como até que foi um lançamento bem sucedido nas arcades, a Namco acabou por considerar este Ms. Pac-Man como um lançamento canónico na série e chegou inclusivamente a produzir algumas conversões anos mais tarde. Naturalmente, com todo este sucesso, o jogo acabou por receber inúmeras conversões para outros sistemas. No caso das consolas domésticas da Sega foi a Tengen que acabou por desenvolver as conversões e este meu exemplar da Master System veio cá parar à colecção após ter feito uma troca com um amigo algures em Novembro.

Jogo com caixa e manual

Na sua essência, Ms. Pac-Man tem o mesmo conceito do Pac-Man tradicional, na medida em que temos de percorrer uma série de labirintos, comer todas aquelas “bolachas” por lá espalhadas e, acima de tudo, evitar os fantasmas que nos perseguem. A menos que comamos uma daquelas bolachas maiores, aí já teremos alguns segundos de invencibilidade e que nos permitem ir atrás dos fantasmas e devorá-los para obter mais pontos. O jogo possui no entanto mais algumas particularidades que o diferem do original. A versão arcade incluía labirintos com layouts diferentes, novos power ups, bem como diferentes padrões de movimento dos fantasmas. De resto temos 32 níveis para completar, com a dificuldade em constante crescendo e os power ups com os efeitos cada vez mais reduzidos. Esta conversão para a Master System inclui ainda mais uma série de extras como algumas variações adicionais nos labirintos, bem como suporte a multiplayer para dois jogadores, com Ms. Pac-Man e o próprio Pac-Man a limparem os labirintos em simultâneo. Temos modos de jogo competitivos e cooperativos e, confesso que não os experimentei, mas acredito que até sejam divertidos.

Algumas das conversões para consolas apresentam modos multiplayer, o que é o caso desta versão que deixa o segundo jogador controlar o Pac-Man em simultâneo

A nível audiovisual é um jogo simples, mas eficaz. O original de arcade tem uma resolução não muito convencional, com proporções mais verticais. Esta adaptação para a Master System, de forma a manter a mesma proporcionalidade dos labirintos e personagens, não apresenta o labirinto completo no ecrã, obrigando assim a algum scrolling vertical. Sinceramente não me fez grande diferença, pois a área visível de jogo é sempre consideravelmente grande. Ocasionalmente vamos tendo algumas cutscenes entre níveis, que vão ilustrando a relação entre Pac-Man e Ms. Pac-Man, como se conheceram e até ao nascimento do Junior Pac-Man, sendo trazido por uma cegonha. São alguns detalhes engraçados que creio que já existiam no original arcade também. A nível de som é bastante minimalista, com algumas pequenas melodias a serem ouvidas entre os níveis, de resto temos apenas os típicos sons do Pac-Man a acompanhar a acção.

Ocasionalmente, vamos tendo algumas cutscenes entre níveis que mostram a história do casal Pac-Man

Portanto esta conversão do Ms. Pac-Man até que me pareceu bastante competente. A versão Mega Drive naturalmente possui um pouco de detalhe adicional nas sprites e melhor música e efeitos sonoros, mas sendo o Ms. Pac-Man um jogo tão primitivo, a sua adaptação para a Master System não ficou nada má.

Dragon’s Revenge (Sega Mega Drive)

Eu não sou o maior fã de jogos de pinball. Para mim têm de ser representações mais fantasiosas e com elementos típicos de videojogos, ao invés de serem simulações fiéis de mesas. E o Dragon’s Fury fez isso na perfeição, com uma temática de dark fantasy, uma boa jogabilidade e excelentes audiovisuais. Este Dragon’s Revenge é uma espécie de sequela desse jogo, mas que não envolve ninguém dos seus autores originais. É que Dragon’s Fury foi uma conversão feita pela Technosoft do clássico Devil’s Crush do PC-Engine, originalmente desenvolvido pela Naxat Soft, mas que acabou por ser publicado no ocidente pela Tengen. O jogo era de facto muito bom e deve ter tido algum sucesso comercial, pelo que a Tengen decide fazer esta sequela por eles próprios. Infelizmente a qualidade já não foi a mesma. O meu exemplar foi comprado na CeX em Julho deste ano, tendo-me custado 8€.

Jogo com caixa e manuais

O objectivo final é o de defrontar o dragão e a feiticeira Darzel, mas primeiro teremos de resgatar 3 guerreiros aprisionados por Darzel: um bárbaro, uma amazonas e uma outra feiticeira. Neste Dragon’s Revenge temos então uma mesa de pinball dividida em 3 níveis, repleta de botões, passagens e alavancas com os quais deveremos interagir, não só para activar multiplicadores de pontos, mas também para activar passagens para algumas mesas de pinball extra. Ali teremos de derrotar todos os inimigos presentes no ecrã, seja para libertar os guerreiros mencionados acima, seja simplesmente para fazer mais pontos. Os últimos bosses, o Dragão e Darzel, são também combatidos numa mesa de pinball extra.

Aqui também temos uma cara laroca no centro da mesa

Mas infelizmente o resultado final não foi o melhor. A começar pela jogabilidade, que apesar de não ser propriamente frustrante, a física das bolas de pinball não ficou lá muito bem implementada, com as mesmas a serem por vezes disparadas a alta velocidade do nada. Já a nível audiovisual, o jogo mantém a mesma identidade visual do seu predecessor, pelo menos em teoria, já que temos dragões, goblins e outras criaturas típicas de ambientes de fantasia. Mas a qualidade dos visuais não é de todo a mesma, os ambientes de Dragon’s Fury eram bem mais negros, na minha opinião. Já o som, bom, também tentam trazer uma sonoridade algo semelhante, com alguns temas mais rock/metal mas não só as composições não são tão boas, como a própria qualidade do som não tem nada a ver com o que ouvimos no Dragon’s Fury, que tem uma das melhores bandas sonoras da era 16bit. A sério, vão ouvir.

É nas mesas de bónus onde poderemos libertar alguns heróis como esta feiticeira

Portanto este Dragon’s Revenge sinceramente nem o considero um mau jogo, joga-se bem e ainda entretém durante algum tempo. Mas não está nada perto do Dragon’s Fury / Devil’s Crush, que é realmente um jogo excelente. Mesmo para quem não gostar de jogos de pinball!

R.B.I. Baseball ’94 (Sega Mega Drive)

Voltando às rapidinhas a jogos desportivos, vamos ficar aqui com mais um desporto americano que não me desperta lá muito interesse e muito pouco conheço das suas regras. Não sendo o futebol americano, só poderia ser então o baseball. E esta série da Tengen até me parece ser das que mais sucesso teve na era das 16bit, mas não levem a minha palavra como certa. O meu exemplar veio de uma feira de velharias algures no mês de Agosto deste ano, tendo-me custado 5€ e é um exemplar new old stock.

Jogo com caixa, manual e papelada na sua versão Genesis (norte americana)

Para além de termos alguém a atirar uma bola, outra pessoa da equipa adversária a tentar acertar-lhe com um taco de baseball e depois ver umas quantas pessoas a correr entre bases, outras a passar a bola de uns para os outros, pouco sei deste desporto. Se quem estiver a dar as bastonadas com o taco conseguir acertar na bola em cheio de tal forma que saia fora do estádio, temos um home run, que nos dão uns quantos pontos extra. Este é o meu conhecimento do baseball, pelo que não fui muito longe aqui. Para além de atirar ou tentar acertar na bola, deveríamos correr entre bases ou tentar apanhar a bola o mais rápido possível, mas sinceramente nunca atinei bem com isto, nem com o manual. Mas é giro iniciar uma partida amigável e colocar o CPU a jogar entre si!

O jogo possui a licença da MLB, pelo que teremos jogadores reais, ocasionalmente com os seus retratos

E este RBI Baseball ’94 traz-nos diversos modos de jogo diferentes, desde as já faladas partidas amigáveis, como diversos modos de temporada, uns mais curtos, outros mais longos (aparentemente o mais longo coloca-nos numa epopeia de 162 partidas). Para além disso temos o Game Breakers que é um modo de jogo onde teremos de vencer alguns desafios específicsos, bem como alguns modos de treino que nos permitem cobrir jogadas defensivas (a tal correria das bases) ou treinar as tacadas.

Os treinadores gesticulam imenso, mas isso é chinês para mim

Mas se o que tenho a dizer da jogabilidade é um redondo zero, posso ao menos falar dos seus audiovisuais com mais certeza. Este R.B.I. Baseball é um jogo de desporto bem competente tecnicamente. As sprites dos jogadores estão bem detalhadas e muito bem animadas e naqueles ecrãs laterais, visíveis na altura do batting, podem incluir imensas animações diferentes, desde a posição dos nossos colegas de equipa nas bases, ou os treinadores a esbracejar veemente as suas tácticas (embora para mim seja chinês) ou mesmo por vezes ver gente à batatada! No que diz respeito ao som também me pareceu um jogo bem competente. Há música durante todo o jogo, tanto nos menus como nas partidas e a banda sonora até que é bem variada e competente. Os efeitos sonoros também me parecem bem competentes com uma série de vozes digitalizadas. Ao navegar pelas opções poderemos activar os crazy sounds, que dá ao jogo uma sonoridade muito cartoon, o que também se revelou numa óptima surpresa.

Gauntlet IV (Sega Mega Drive)

A história por detrás deste Gauntlet IV é no mínimo curiosa. O que começou por um projecto entre amigos (que mais tarde viriam a ser conhecidos por M2 e responsáveis por algumas das melhores conversões de jogos clássicos da Sega) do Gauntlet original para o computador japonês X68000 da Sharp, acabou por ser reconhecido pela Tengen, que contratou a equipa para produzir esta versão para a Mega Drive. O meu exemplar foi comprado no mês passado numa feira de velharias por 10€.

Jogo com manual português. Não sei o que faziam ao manual multi cá, mas nunca apanhei nenhum com esse.

E apesar deste jogo ter Gauntlet IV no nome, é mais do que uma sequela, pois também inclui uma adaptação do original arcade, que já aqui tinha trazido a sua versão Master System no passado, e agora com suporte a 4 jogadores em simultâneo, tal como o original. Aqui teremos uma enorme dungeon para atravessar, com níveis gerados aleatoriamente e dezenas de inimigos para enfrentar. Sobreviver e amealhar tesouros para aumentar a nossa pontuação é o objectivo, pois supostamente é um jogo sem fim. Como referi acima, teremos dezenas de inimigos para enfrentar em cada nível, cujos vão vazendo respawn constante enquanto não destruirmos os seus respawn points. Para além disso, a nossa barra de vida vai decrescendo continuamente à medida em que caminhamos, sofrendo ainda rombos maiores quando formos atacados, pelo que teremos de ter algum cuidado redobrado ao explorar os níveis. Teremos também vários power ups para apanhar e usar, mas temos de ter cuidado para não os destruir, o que não é fácil visto que temos mesmo muitos inimigos para enfrentar.

Para além do novo quest mode, temos aqui também uma conversão do clássico original

Mas vamo-nos focar no Quest Mode, este que é sem dúvida a razão pela qual o jogo se chama de Gauntlet IV. Aqui podemos escolher uma vez mais o nosso guerreiro de entre 4 classes disponíveis, cada qual com as suas características, e é-nos contada a história por detrás do jogo. Basicamente representamos um aventureiro genérico que vai tentar a sua sorte ao explorar um enorme castelo, repleto de inimigos e armadilhas, em busca de uma misteriosa recompensa se conseguir chegar ao final. Para além de ter uma história, em que mais se diferencia este Quest Mode do original? Basicamente incluiram mais conceitos de RPG, como pontos de experiência, lojas que nos vendem equipamento e mais itens especiais para descobrir e usar. Aqui teremos de explorar 4 torres distintas, dedicadas aos 4 elementos de Terra, Ar, Fogo e Água, cada qual com 10 andares, para desbloquear a dungeon final, também com 10 andares. Tal como na versão arcade as mesmas mecânicas de jogo se aplicam, com a adição dos tais pontos de experiência que nos irá permitir evoluir os nossos stats e o facto de podermos comprar/equipar diferentes armas e equipamento. Creio que é um modo de jogo com níveis ainda mais labirínticos e que nos obrigará a mais backtracking para descobrir todos os seus segredos. Isto com multidões de monstros a quererem-nos limpar o sebo, claro.

No quest mode, ao pressionar o botão Start leva-nos para o Camp Menu, onde podemos evoluir a nossa personagem e verificar o equipamento

Para além destes dois modos de jogo, a M2 presenteou-nos com mais conteúdo ainda. Temos também o Battle Mode que é basicamente o multiplayer competitivo de 2 a 4 jogadores e que nos colocará à pancada entre todos, bem como o Record Mode, que confesso que não perdi grande tempo. Parece ser ainda mais focado na pontuação que a versão arcade.

A nível audiovisual confesso que o jogo foi uma boa surpresa. O Gauntlet original não é propriamente um jogo que seja lindíssimo, mas o seu grande número de sprites no ecrã em simultâneo sempre foi algo que impressionou. E esta versão Mega Drive, para além de ser uma óptima conversão do original, inclui também o Quest Mode que possui gráficos um nadinha superiores. Mas o que mais gostei foi sem dúvida das músicas que ficaram excelentes. Nada a apontar aos efeitos sonoros também, que incluem algumas vozes digitalizadas de boa qualidade.

O dinheiro que vamos amealhando pode ser usado para comprar itens e equipamento em lojas específicas

Portanto devo dizer que este Gauntlet IV acabou por se revelar uma óptima surpresa, quanto mais não seja pelo Quest Mode que o aproxima mais de um verdadeiro RPG de acção. Mas mesmo aí é bastante desafiante e temos mesmo de jogar com uma mentalidade de sobrevivência e apenas procurar o conflito quando estritamente necessário.

Rampart (Sega Master System)

Voltando às rapidinhas, hoje ficamos com mais uma adaptação arcade de um clássico da Atari Games, que, como era habitual naquela altura, as suas adaptações para consolas não-Atari ficou a cargo da Tengen, que por si só já era uma derivação da própria Atari Games. É uma história algo complicada. O meu exemplar foi comprado algures em Junho, na loja InGame em São João da Madeira, tendo-me custado cerca de 10€.

Jogo com caixa e manual

Ora quando era miúdo este jogo nunca me cativou porque simplesmente não fazia ideia do que era suposto fazer. Dando-lhe uma nova oportunidade muitos anos depois, até lhe consigo encontrar algum charme e entendo porque o jogo fez algum sucesso nas arcades nos anos 80. É que este Rampart é o original Tower Defense, pois o objectivo está mesmo em montar muralhas que rodeiam vários dos nossos castelos e derrotar forças inimigas, evitando que nos destruam o castelo que tanto trabalho nos deu a manter.

Nos combates, temos de derrotar as forças inimigas o quanto antes, para conseguirmos reparar e expandir as nossas fortificações atempadamente.

Jogando sozinhos, iremos ter de defender o nosso território de navios inimigos, enquanto que se aproveitarmos o multiplayer, cada jogador deve montar/cuidar da sua fortaleza e atacar a do seu oponente. Independente do modo de jogo escolhido, o fluxo é sempre o mesmo. Inicialmente escolhemos qual dos três castelos disponíveis no nosso território queremos tornar como nossa base principal. Uma vez escolhido, teremos alguns seguindos para começar a construir as suas fortificações. Vão-nos sendo atribuidas diversas peças, que fazem lembrar os Tetris, que poderemos rodar e posicionar como bem entendermos. O objectivo é conseguir completar pelo menos uma fortificação à volta do castelo anteriormente escolhido dentro do tempo limite. Uma vez passado esse tempo, teremos de posicionar os canhões dentro da nossa fortificação, logo que tenhamos espaço para eles. O número de canhões que teremos disponíveis dependerá da área da fortificação, quantos castelos protegemos e do grau de dificuldade escolhido inicialmente. Uma vez construídas as defesas, é tempo de passar ao combate. Aqui teremos de guiar um cursor para os alvos que queremos atingir, mas claro que os inimigos também nos irão atacar, danificando as nossas fortificações. Uma vez terminada a batalha, teremos mais alguns segundos para reparar e expandir as fortificações existente, reposicionar canhões e por aí fora. Naturalmente que à medida que vamos avançando, os inimigos vão ficando também mais agressivos, pelo que o desafio está mesmo em aproveitar o máximo do tempo para construir a melhor fortificação possível, o que não é fácil pois as peças que nos saem na rifa são aleatórias e claro, na fase de combate, trucidar as forças inimigas o mais rapidamente possível.

Graficamente estamos perante um jogo muito simples. E mesmo as suas versões 16bit não são muito superiores.

A nível audiovisual é um jogo bastante simples, principalmente a nível de som, pois os efeitos sonoros são básicos e as músicas são apenas pequenas melodias audíveis entre níveis. Graficamente é também um jogo muito rudimentar, embora até ache alguma piada à transição de gráficos 2D enquanto estamos a construir as nossas fortificações e posicionar canhões, para gráficos pseudo 3D durante os combates.

Portanto este Rampart é um jogo muito simples, mas até vejo algum potencial de divertimento, tanto no multiplayer, como jogando contra o CPU que não nos dá tréguas no grau de dificuldade mais avançado. As suas influências para muitos outros jogos de tower defense que vimos florescer nos últimos anos são notórias.