Sonic Adventure DX (Nintendo GameCube)

sonic_adventure_dxO Sonic Adventure original foi um dos jogos de lançamento para a Dreamcast, precisamente um dos mais esperados para a plataforma, pois viria a ser o primeiro jogo da série principal em 3D, após umas aventuras menos conseguidas para a Saturn. Sonic Adventure marcou uma nova era nas aventuras do ouriço azul, um novo visual e novas mecânicas de jogo que vieram para ficar. Após o sucesso da conversão de Sonic Adventure 2 para a Nintendo GameCube, a Sonic Team decidiu lançar uma conversão “melhorada” para esta plataforma, 4 anos após o lançamento original. A minha cópia foi adquirida no ebay, há uns meses atrás, tendo-me custado algo como uns 7€. Infelizmente por distracção minha acabei por comprar uma versão que para além de ser “Player’s Choice”, não vinha com o manual.

Sonic Adventure DX
Jogo e caixa

 

Sonic Adventure teve o seu início como “Sonic RPG”. Desde cedo que a Sonic Team decidiu fazer um jogo bem mais épico do que um simples jogo de plataformas, com vários diálogos, e uma componente de exploração de vários hubs que servem de base para os action stages. Este jogo também de certa forma é responsável pelo infame Sonic cycle, pois muitos dos problemas repetidos dos vários Sonic em 3D começaram por aqui: Vários abismos sem fundo, câmaras terríveis e os amigos do Sonic com jogabilidades muito estranhas. Mas já lá vamos, em primeiro lugar falemos da história por detrás deste jogo: O vilão Dr. Eggman (ou Robotnik, como nos velhos tempos) descobre uma criatura mística que estava adormecida há mais de 3000 anos, de nome Chao. Alimentada pelas 7 Chaos Emeralds a criatura aumenta o seu poder, até se tornar numa autêntica máquina de destruição em massa. Eggman procura então as 7 esmeraldas para usar o poder de Chao para os seus próprios planos de dominação mundial, claro que é aí que Sonic e companhia entram ao barulho. Este jogo inicialmente apenas pode ser jogado por Sonic, mas à medida que o jogo vai avançando várias outras personagens vão sendo desbloqueadas, tais como os já conhecidos Tails, Knuckles, Amy e os novos E-102 Gamma, um robot rebelde do Dr. Eggman, e o Big the Cat, um gato enorme, gordo, burro e com uma fixação qualquer por pesca. Todas as personagens contribuem para a história principal, vendo a acção dos seus próprios olhos e complementando os buracos deixados nas histórias dos outros. Finalizando a história das 6 personagens, o capítulo final com o verdadeiro final é desbloqueado.

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Esta cena é memorável

Cada personagem tem o seu próprio modo de jogo, alguns deles reaproveitados em jogos futuros como o próprio Sonic Adventure 2. Os vários níveis do jogo são também reaproveitados para as várias personagens, apresentando diferenças entre si que se reflectem na sua jogabilidade. Sonic é o que naturalmente apresenta a melhor jogabilidade, com uma boa dose entre a velocidade estonteante e elementos de platforming. Já os níveis de Tails não são assim tão diferentes dos níveis de Sonic. O objectivo é sempre Tails vencer Sonic ou Robotnik numa corrida até ao final do nível, aproveitando a habilidade de Tails voar para aproveitar vários atalhos. Os níveis de Knuckles são de exploração: Knuckles tem de encontrar 3 pedaços da Master Emerald espalhados no nível, com a ajuda de um radar. Os níveis de Amy são um algo chatos, Amy tem de fugir de um robot  de nome Zero que a persegue constantemente. E-102 Gamma apresenta uma jogabilidade interessante que mistura as plataformas com elementos de shooting, já o Big the Cat é sem sombra de dúvidas a coisa mais imbecil que colocaram neste jogo. Todos os seus níveis são uma espécie de simulador de pesca onde o objectivo é pescar o sapo amigo de Big. Pfff… pesca.

Este jogo marca também a introdução de várias novas técnicas para Sonic e companhia, como o homing attack (um ataque parecido com um míssil teleguiado que Sonic pode fazer enquanto está no ar), ou o light dash, onde Sonic corre muito rapidamente por um caminho formado por anéis. Vários power-ups podem ser encontrados ao longo do jogo, que conferem novas habilidades Às personagens, ou melhorias das habilidades existentes. Para além disso, existem vários outros sub-níveis que podem ser jogados e que apresentam jogabilidades completamente diferentes, como os níveis de shooting de Sonic/Tails, ou as corridas de Karts no parque de diversões. Ainda mais, Sonic Adventure possui um simulador próprio de bichinhos parecido ao Tamagotchi, desta vez com os Chao. Este simulador é algo independente do jogo normal, e ainda tem alguma complexidade, podendo criar Chao completamente diferentes entre si, e ainda usá-los em mini-jogos específicos. Sonic Adventure ainda possui também um modo “Trial”, que consiste em rejogar os níveis previamente finalizados com alguns desafios, como completar o nível em x tempo, ou com mais de y anéis, etc.

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Sonic a interagir com humanos - o princípio do fim

Passando para o aspecto técnico, Sonic Adventure é um jogo que saiu originalmente no final de 1998 para a Dreamcast no Japão. Nessa altura era um jogo impressionante graficamente, mas hoje em dia deixa muito a desejar. Sonic e companhia apresentam várias animações faciais nas cut-scenes, já o pobre Eggman deixaram-no sempre com a mesma cara o jogo todo, não sei porquê. Esta conversão para Gamecube apresenta uma ligeira melhoria nos gráficos, nomeadamente nos efeitos de água e nas próprias personagens principais, que estão bem mais “brilhantes” reflectindo melhor a luz que lhes incide. Fora isso é o mesmo jogo da Dreamcast, visualmente falando. O que estraga completamente a experiência é a câmara ser a pior câmara que eu já pude experimentar, e o facto de o framerate ser bastante inconstante, chegando mesmo a sofrer de vários slowdowns em algumas zonas, algo que não acontecia na Dreamcast. A nível de som, felizmente já é outra conversa. Sonic Adventure tem algumas músicas bastante catchy, obviamente que prefiro as mais rockeiras. O voice-acting não é grande coisa, mas para o público alvo do jogo não seria necessário muito mais.

Para justificar a compra deste jogo a Sega incluiu várias novidades para esta conversão, nomeadamente um “Mission Mode” que como o nome indica consiste em fazer algumas pequenas “quests” ao longo do jogo, e interacção com a Gameboy Advance e o Chao Garden dos Sonic Advance. Ao ir progredindo no jogo principal, completar os trials e as missions, vamos adquirindo emblemas. Esses emblemas vão desbloqueando todos os jogos de Sonic e companhia para a Game Gear, sendo esse o maior chamariz desta conversão.

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Checkpoints são essenciais num jogo como este

Sonic Adventure é um jogo algo datado, com várias falhas a nível de jogabilidade e uma câmara horrível. No entanto tem vários níveis muito bons e que merecem ser jogados. A conversão para Gamecube é infeliz, e a inclusão de todos os jogos da Game Gear como desbloqueáveis não é suficiente. Sonic Adventure DX saiu também para PC com os problemas de framerate melhorados. Esta versão foi também lançada no ano passado na XBLA e PSN, embora sem os jogos para Game Gear. Ainda assim, a nostalgia leva-me a preferir a versão original.

Phantasy Star Online Episode III C.A.R.D. Revolution (Nintendo Gamecube)

CapaPreviamente ao lançamento da Dreamcast, a Sega tornou todos os seus estúdios como 2nd party, dando-lhes uma maior independência e liberdade criativa. Os resultados não podiam ter sido melhores, a Dreamcast apesar de ultimamente ter sido um fracasso, recebeu uma série de jogos muito originais como Shenmue, Jet-Set Radio, Rez, Crazy Taxi, Phantasy Star Online, entre outros. Após a descontinuação da Dreamcast e até à Sega ter sido adquirida pela Sammy, os estúdios mantiveram a mesma liberdade criativa e ainda que tivessem sido lançados bons jogos da mesma forma (Panzer Dragoon Orta, Shinobi, etc), também começaram a surgir vários tiros ao lado. Infelizmente Phantasy Star Online Episode III é um deles. A minha cópia foi comprada na FNAC, não me recordo quando mas acho que dei 20€, está em óptimas condições.

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Jogo completo com caixa, disco, papelada e manual

Phantasy Star Online penso que dispensa apresentações. Foi um dos primeiros, senão o primeiro, MMORPG baseado em consolas. Segue os mesmos princípios da série clássica, embora a história não tenha nada a ver. Era um hack ‘n slash simples, porém viciante, se bem que pecava por ter um modo offline com uma história pobre. Quando a Sonic Team anunciou que estaria a desenvolver um terceiro episódio da saga PSO, anunciou várias melhorias à jogabilidade, introduzindo novos elementos e um modo offline com uma história competente. Os fãs gostaram do que ouviram, mas as expectativas cairam por terra quando se veio a saber que a Sonic Team iria abrir mão do mecanismo hack ‘n slash que deu o sucesso ao PSO original, para introduzir uma mecânica de jogo baseada em cartas.

A história começa onde PSO Ep II ficou. A população de Pioneer 2 ainda se encontra na sua nave em órbita de Ragol, quando é descoberta uma matéria prima em Ragol que permite desenvolver uma tecnologia revolucionária de nome C.A.R.D. (Compressed Alernate Reality Data), que permite armazenar armas ou items numa carta de tamanho reduzido (algo como faziam as cápsulas no Dragon Ball). Após a descoberta dessa matéria prima preciosa em Ragol, dá-se um golpe de estado em Pioneer 2 e o novo líder declara a independência de Pioneer 2 do seu planeta natal Coral. Ordena em seguida uma agilização do processo de colonização de Ragol para explorar a matéria prima. Com essa decisão, surge um grupo de rebeldes de nome Arkz contra o novo regime, defendendo a não exploração do meio ambiente de Ragol, uma espécie de Greenpeace armada lá do sítio. Curiosamente, os rebeldes também usam uma variante das CARDs para combater o regime. Phantasy Star Online Episode III permite jogar os 2 lados da história, o lado “bom” do governo de Pioneer 2 e seus Hunters, e o lado “mau” do grupo rebelde. Os diferentes lados para além de terem missões diferentes e uma visão diferente da história (embora as coisas acabem por convergir), apresentam também algumas variantes no gameplay que já explicarei.

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Yes, captain obvious.

Em primeiro lugar há que distinguir a diferença entre o Player Character (commander) e o Story Character. Enquanto que no PSO original a personagem que criamos é a que usamos nas batalhas, no Episode III a coisa é diferente. Podemos na mesma criar um personagem à nossa medida, mas esse personagem é apenas o comandante da batalha, é quem dita as ordens, ou seja, nós mesmos. Apenas controlamos os commanders entre missões, a passear de um lado para o outro na base. Os story character são personagens que vamos encontrando ao longo do jogo e são eles que de facto estão no campo de batalha. Ora e como funcionam as batalhas? Bom, o campo de batalha é dividido em quadrados, tal como um tabuleiro de xadrês (embora a arena da batalha em si não tenha de ser quadrada). Lá são colocados 2 ou 4 story characters para um duelo (para combates 1×1 ou 2×2). O sistema de luta é por turnos, sendo que cada oponente tem um deck de cartas à disposição, e o objectivo é derrotar o(s) player character(s) inimigos. A grande diferença entre os hunters e os rebeldes consiste no tipo de cartas que usam. Para atacar, os rebeldes usam cartas com criaturas (já conhecidas dos jogos anteriores), podendo depois o comandante controlar as criaturas que estejam em jogo. Já os outros usam items para o ataque e defesa (armas, escudos, etc), sendo os mesmos equipados no player character. O commander depois escolhe com que arma deseja atacar. Ambas as facções podem usar cartas de “assist”, sejam ataques mágicos, ou items de regeneração. Resta-me mencionar que cada player character tem um certo conjunto único de atributos e afinidades com certos tipos de cartas, dando a hipótese de desenvolver decks personalizados para cada personagem, de modo a tirar o máximo das suas capacidades. As cartas possuem mais atributos que conferem uma maior profundidade à estratégia a utilizar, mas não vale a pena estar a debruçar nisso agora.

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Uma criatura a fazer das suas

PSO EP III tem vários modos de jogo. No modo online (que nunca cheguei a experimentar), podemos entrar em combates livres, torneios, ou apenas assistir a combates entre outros jogadores. No modo offline também existe o free battle, que pode ser jogado sozinho ou com até mais 3 amigos. É um bom modo de jogo para ir treinando as estratégias. Existe também um modo Tutorial que como o nome indica ensina a base de toda a mecânica do jogo. Por fim temos o Story mode, onde podemos jogar 2 versões diferentes da mesma história, tal como referi atrás.

A nível de aspecto visual, bom, eu sou um grande fã do artwork utilizado na série PSO desde o original para Dreamcast. Aqui seguem a mesma linha, com o bónus de nesta vez no modo story surgirem algumas cut-scenes à medida que o jogo decorre. Não são animações CG nem tão pouco animações usando o própio motor do jogo, são apenas imagens estáticas como se estivéssemos a ler um bom manga. Pode saber a pouco, mas o artwork está bem caprichado, pelo que a mim já satisfaz. Graficamente o jogo encontra-se mais polido que os originais para Dreamcast e a conversão GC do PSO EP I & II, mas ainda não é um supra-sumo gráfico na gamecube. Digamos que são agradáveis. A nível de som confesso que nunca tinha prestado grande atenção à banda sonora do jogo, mas hoje deu-me para pesquisar a OST no youtube e fiquei pasmado com a qualidade das músicas. Certamente que da próxima vez que pegar no jogo lhe darei mais atenção. As músicas são um misto de orquestrais com electrónica, pop e rock, acho que ficaram muito bem conseguidas.

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Exemplo de uma cut-scene

Para concluir, Phantasy Star Online Episode III é um jogo que pode ter desapontado muitos fãs do original, pois perdeu a jogabilidade e a mecânica que tanto sucesso obteve, em detrimento de um sistema de batalha baseado em cartas, por turnos, o que torna o combate muito lento. Contudo, se gostam de jogos de estratégia baseados em cartas, este jogo acaba por distribuir boas cartas. A mecânica é sólida e profunda, acabando por viciar ao fim de algum tempo de aprendizagem. Infelizmente os servidores oficiais fecharam em 2007, mas para quem tiver o Broadband Adaptor pode-se ligar a servidores piratas e jogar online gratuitamente.

Phantasy Star Online Episode I & II (Nintendo GameCube)

PSO EP I n II coverOriginalmente lançado para a Sega DreamCast, Phantasy Star Online é um ponto de viragem na série. Para além de uma óbvia introdução de uma componente online, a trama dissocia-se quase que por completo da saga clássica.  A minha cópia foi adquirida em 2003, na Worten do MaiaShopping numa altura em que os jogos da GameCube distribuídos pela Infogrames em Portugal estavam todos em promoção. Levei este na altura, e quando voltei à loja no dia seguinte para levar o Skies of Arcadia Legends já todas as cópias tinham sido vendidas… custou-me 20€ na altura (novo, claro).

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Caixa, manual e disco

Antes de falar nesta versão do jogo, vou falar um pouco do background do mesmo, como gosto sempre de fazer. Conforme mencionado no primeiro parágrafo, PSO foi lançado originalmente para a Sega Dreamcast nos anos de 2000/2001. Podemos afirmar que foi o primeiro RPG online a atingir uma consola e teve um sucesso considerável, tendo sido para muita gente (principalmente no japão) motivo de compra de uma Dreamcast. Mais tarde saiu uma segunda versão do jogo, chamada PSO v2, tendo também sido lançada para PC. Esta versão acrescentava mais algumas quests, mais items, aumentava o nível máximo de 100 para 200, etc. Em seguida todos nós sabemos qual o destino que a Dreamcast teve, pelo que a série Phantasy Star Online teve de encontrar outras plataformas para evoluir.

Em 2002 acabou por sair para a Xbox e GameCube o jogo Phantasy Star Online Episode I & II, cujo Episode I corresponde ao jogo PSO ver2 da Dreamcast e PC, com um Episode II inteiramente novo, incluindo novos items, novos inimigos e novos modos de jogo offline que mais tarde passarei a descrever. PSO representa uma abordagem inteiramente nova à série clássica. As batalhas passam a ser em tempo real ao invés de batalhas em turno, a história não tem nada a ver com a série clássica e como qualquer RPG online, a própria história passa a ter um cariz mais secundário, o que interessa mesmo é o “grinding“, batalhas incontáveis para ganhar experiência e adquirir equipamento cada vez mais eficiente. Contudo PSO herdou alguma coisa do seu passado. Os items possuem os mesmos nomes na maior parte, bem como várias magias. As raças também existem nalguns jogos da série principal e o conceito de “Bounty hunters” encontrado em Phantasy Star IV foi inteiramente remodelado.

Sem querer entrar na história do Episode II, PSO conta com a seguinte premissa: 2 Naves espaciais de nome Pioneer 1 e Pioneer 2, do tamanho de grandes metrópoles e repletas de colonos  vagueiam pelo espaço em busca de um planeta habitável para que se possam lá estabelecer. Os colonos, oriundos do planeta Coral que após o excesso de industrialização o tornaram inabitável, encontram o planeta Ragol e decidem estabelecer-se lá. Pioneer 1 foram os primeiros a lá chegar e foram construindo a sua civilização. Quando chega a vez de Pioneer 2 aproximar-se de Ragol, eis que se dá uma enorme explosão em Ragol que dizima toda a população de Pioneer 1. Os governantes de Pioneer 2, de forma a saber o que se passou contratam uma equipa de caçadores de prémios (os próprios jogadores) e enviam-nos à superfície de Ragol para saber o que se passou.

Inicialmente é-nos pedido para criar a própria personagem, que é uma mistura entre 3 raças e 3 classes diferentes. A nível de raças temos os Humans, como o próprio nome indica são humanos normais, bastante versáteis, fazem um pouco de tudo. Casts são andróides bastante possantes e não conseguem usar techniques (o equivalente a magia em PSO). Por fim temos os Newmans, que são humanóides geneticamente manipulados. Geralmente são mais frágeis mas bastante aptos a usar techniques. As classes existentes são os Hunters, bastante aptos para o combate físico e próximo, são mestres em usar tudo o que seja armas brancas. Rangers, é uma classe vocacionada para o ataque à distância, com o uso de armas de projécteis. Forces embora frágeis fisicamente, mas são muito poderosos no uso de techniques. O jogador escolhe portanto uma combinação pré-estabelecida de raça, sexo e classe, sendo que depois pode customizar vários aspectos da sua aparência.

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Ecrã de selecção de personagem - versão japonesa - neste caso a personagem seleccionada é uma hunter fêmea da raça CAST

Embora eu nunca tenha jogado o PSO Ep I & II na sua vertente online, cheguei a jogar o PSO ver2 para PC, e a componente online é semelhante nesta versão. O jogador, dependendo do seu nível actual, pode aceder a várias áreas diferentes de Ragol, quer sozinho, quer numa party de no máximo 4 jogadores. Ao contrário de outros MMORPGs, os jogadores não se cruzam no campo de batalha. No campo de batalha apenas se encontra a party e os respectivos NPCs. Para sociabilidade, podem-se conversar com vários outros jogadores nos “salas de espera” na nave Pioneer 2. E mesmo essas salas de espera têm uma lotação limitada… Para além de poder aceder às áreas de Ragol, ir coleccionando items, derrotando inimigos e bosses, também se podem realizar várias quests, quer sozinho, quer numa party.

À pancada com um boss

Offline, a mecânica do jogo é semelhante. A diferença é que só se podem aceder a certas áreas de Ragol após se derrotar o boss da área anterior. Algumas quests que se encontram online também podem ser jogadas offline, de modo a expandir a história oferecida pelo jogo. Após se terminar o jogo num grau de dificuldade, e se alcançar um determinado nível, poderemos rejogar o jogo inteiramente num grau de dificuldade maior, incluindo as quests. Existem 4 graus de dificuldade, desde o “Normal” até ao “Ultimate”. Para além de os inimigos ficarem cada vez mais fortes, a possibilidade de obter items raros aumenta nos níveis de dificuldade acrescida.

Existem também outros modos de jogo, o Battle Mode e o Challenge Mode. Estes modos de jogo apesar de já existirem na versão anterior para Dreamcast e PC, foram introduzidos neste jogo também na componente offline. Battle Mode é uma espécie de “Deathmatch“, onde o “Player Versus Player” é fortemente encorajado. As regras podem ser customizadas. Challenge Mode pelo contrário encoraja o “team play“. Uma equipa tem uma certa missão e tem de a cumprir sem que nenhum elemento da equipa morra. Estes desafios no modo online e nas maiores dificuldades premiavam com items bastante raros.

Multiplayer offline

O Phantasy Star Online Episode I & II para além do Episode II que expande a história do original e apresenta várias novas áreas (bastante vastas) e novos inimigos e bosses, também tem como principal novidade o multiplayer em splitscreen. Para além do jogo online, também se pode convidar no máximo 4 amigos e jogar a quest principal, ou então umas partidas de Challenge Mode e Battle Mode.

Estamos conversados quanto à mecânica do jogo. A nível de gráficos, os cenários do Episode II estão bastante detalhados, tendo em conta que estávamos no ano de 2002. O Episode I estão ao nível dos gráficos já obtidos na Dreamcast. Nada de especial, mas nada que seja injogável, bem pelo contrário. A nível de som não tenho nada de especial a apontar, nunca prestei especial atenção à trilha sonora, mas sempre me pareceu mais música ambiente do que qualquer outra coisa.

Para acabar, Phantasy Star Online é muito viciante, mesmo jogando offline. Porque é que a Nintendo não apostou mais no serviço online na GameCube? Porque são teimosos que nem uma porta. Ainda assim, a Sonic Team não desistiu da plataforma e apesar de PSO Episode I & II também estar disponível na Xbox, o Episode III foi lançado exclusivamente para a consola da Nintendo, novamente com um modo online. Contudo mudaram radicalmente a mecânica do jogo para um sistema à base de cartas. Numa outra altura falarei do mesmo. Hoje em dia é possível jogar online quer na versão PC, DC ou mesmo GameCube, utilizando o servidor não oficial SCHTHACK. Eu recomendaria a compra, mas geralmente hoje em dia costuma ser carote. O PSO Episode I & II tem uma falha de segurança que permite correr aplicativos “homebrew” na GameCube a partir do PC, tornando esta versão algo “apetecível” para os pirateiros e entusiastas de aplicações homebrew. Essas falhas de segurança foram corrigidas numa nova versão deste jogo, intitulada Phantasy Star Online Episode I & II Plus. Essa nova versão para além de corrigir esses bugs traz mais quests e mais items. Infelizmente apenas viu lançamento no território japonês e americano. Uns anos depois saiu para PC (apenas por download) o Phantasy Star Online Blue Burst, que para além do PSO Ep I & II Plus trazia também um exclusivo, o Episode IV. A menos que sejam coleccionadores, na minha opinião a versão definitiva até à data é o Blue Burst. Embora esteja descontinuado pela Sega, existem aí servidores não oficiais que garantem na mesma o divertimento.

Pouco depois a Sega mudou a abordagem da saga Phantasy Star para o Phantasy Star Universe, que apesar de ter muitas semelhanças, tem também várias diferenças que numa outra altura falarei. As incarnações para a Sony PSP “Phantasy Star Portable” também seguem as inovações de PSU. O jogo para DS “Phantasy Star Zero”, apesar de ter uma história que sinceramente não sei bem onde encaixa, tem uma jogabilidade semelhante ao Phantasy Star Online. Recentemente a Sega anunciou para PC, o Phantasy Star Online 2. Vamos ver o que reserva.

Phantasy Star (Sega Master System)

ps1 sms coverTempo agora de escrever sobre mais um jogo da Master System. Phantasy Star foi um dos jogos mais importantes pelos quais o criador de Sonic (Yuji Naka) já passou. Se a Master System não fosse desconhecida practicamente por todo o lado em 1987/1988, talvez tivesse tido mais reconhecimento do que o que teve. Comparativamente aos RPGs para consolas disponíveis nesses 2 anos (sim, também estou a falar do primeiro Final Fantasy e primeiros Dragon Quest), Phantasy Star era superior em todos os quesitos, na minha modesta opinião. Mas já lá vamos. A minha cópia foi comprada já não me lembro em que ano, mas sei que foi no miau.pt e lembro-me que também foi barato (infelizmente não trazia manual).

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A minha cópia do jogo - ninguém me orienta aí um manual?

O primeiro Dragon Quest apesar de ter saído no Japão em 1986, saiu apenas nos Estados Unidos em 1989, e o primeiro Final Fantasy ter saído nos finais de 1987 no Japão e só em 1990 nos EUA, jogos esses que foram bastante bem sucedidos no mercado oriental e abriram as portas aos J-RPGs no mercado ocidental, Phantasy Star sempre esteve na sombra destes lançamentos. Isto por vários motivos: a Master System desde os tempos da SG-1000 que não tinha sucesso no mercado japonês, devido ao domínio da Nintendo Famicom, e também nos Estados Unidos passou muito despercebida face ao domínio monopolista da Nintendo e a uma péssima estratégia de marketing da representante da Sega dos EUA na altura, a Tonka Toys (faz lembrar uma certa Concentra…). Esse facto, aliado ao facto dos jogadores ocidentais só começarem a ligar alguma a J-RPGs com o lançamento de Dragon Warrior e Final Fantasy, deixaram Phantasy Star em segundo plano, apesar de ter recebido boas reviews.

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Ecrã de título com a nossa heroína Alis - belos pixeis

Phantasy Star é um RPG com contornos de ficção científica e fantasia medieval (na medida em que são usadas espadas, machados, magia, etc). A trama decorre no sistema solar de Algol, constituído por 4 planetas: Palma, um planeta semelhante à Terra, rico em recursos naturais, Motavia, um planeta árido, deserto, Dezoris, um planeta gelado e finalmente Rykros, um planeta misterioso cuja órbitra é enorme, apenas é visto pelos restantes planetas de 1000 em 1000 anos. Claro que este facto tem algo maior por detrás, mas deixo isso para quem quiser jogar o jogo. Todos estes planetas, à excepção de Rykros, têm os seus habitantes naturais. Palma é habitado por humanos, Motavia é habitado por colonos de Palma e por uma raça de seres azuis algo semelhantes a corujas. Finalmente, Dezoris para além de colonos humanos, tem nativos os Dezorians, uma raça que se assemelham aos Nameks de Dragon Ball, mas sem as antenas. Ah, e são quase todos uma carrada de mentirosos.

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As diferentes raças de Algol

E qual é a trama de Phantasy Star? O sistema solar de Algol é governado pelo rei Lassic, residente em Palma. Subitamente o rei torna-se num tirano para o seu povo, aumenta drasticamente os imposto, a população vive miseravelmente e quem se ousa opor ao regime sofre severas represálias. O jogo começa desta forma em Palma, onde assistimos a uma “cut-scene” trágica em que Nero, irmão da heroína do jogo Alis Landale, é espancado até à morte pelos guardas de Lassic. Antes de falecer, Nero pede a Alis que o vingue e que liberte Algol daquele tirano. Apos essa cena, a acção decorre em Camineet, cidade natal de Alis e bora lá dar um pontapé no rabo do Lassic. Ao longo do jogo vão sendo conhecidas outras personagens que ajudam Alis: Odin, o típico guerreiro enorme e musculado incapaz de usar magia, Myau, um gato falante e finalmente Noah, um poderoso feiticeiro que até hoje não se percebe bem se é rapaz ou rapariga. A trama vai decorrendo até que Lassic é derrotado e apercebe-se que Lassic estava a ser controlado por uma entidade bem mais poderosa: Dark Falz (Dark Force), uma entidade que representa o mal absoluto e que regressa a cada 1000 anos (aparece novamente nos restantes jogos da série).

A mecânica do jogo consiste no típico sistema de batalhas por turnos à boa velha maneira. As personagens deslocam-se no open world e nas cidades vistas de cima, sendo que as dungeons são passadas na primeira pessoa, simulando um efeito 3D algo impressionante para a época. As batalhas em si também são na primeira pessoa, com sprites detalhadas, conforme podemos ver nos screenshots que vou colocando por aqui. A nível de som, já sabemos que o chip de som original da Master System não é grande coisa, mas a versão japonesa permite o uso do acessório FM, que representa um aumento incrível na qualidade sonora. A sério, vão ao youtube e ouçam a diferença.

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Comparação com os rivais - clique na imagem para ir para a fonte da mesma

As falas do jogo nunca são muito explanatórias, o jogador nunca tem bem a certeza do que deve fazer a seguir, mas se formos a ver, todos os RPGs dos anos 80 eram assim. Phantasy Star não é um jogo fácil, é recomendado que se passe várias horas de “grinding” para se subir alguns níveis e passar as batalhas com mais alguma facilidade. Também é aconselhável a consulta de mapas das dungeons, visto que algumas (principalmente a última) são um autêntico labirinto infernal.

Phantasy Star teve depois uma re-release para Mega Drive exclusivamente no Japão e apareceu em várias compilações de nome “Phantasy Star Collection”: para a Sega Saturn em 1998 (apenas no Japão) contendo os Phantasy Star I ao IV, para a Gameboy Advance em 2002 (contendo apenas os primeiros 3 jogos) e finalmente em 2008 para a PS2 (mais uma vez exclusivo japonês) contendo todos os 4 jogos clássicos, mais os spin-offs de Game Gear e Mega CD. Phantasy Star foi ainda alvo de um remake completo para a PS2 de nome “Phantasy Star Generation:1”  que infelizmente não saiu no ocidente devido às políticas da Sony de desprezo pelos jogos 2D na era da PS2… Saiu também para a Wii na Virtual Console e é um título desbloqueável na compilação Sonic’s Ultimate Genesis Collection para a PS3 e Xbox 360. Como se pode ver, é um título que pode ser adquirido em vários meios, uns bem mais fáceis que outros. Apesar de ser um RPG datado para os dias de hoje, não deixa de ser um bom desafio e porque não um bom motivo para satisfazer a curiosidade de quem quiser ver as origens da série.

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Screenshot do remake para PS2

Infelizmente a Sega até hoje nunca mais pegou nesta série clássica passada em Algol. Phantasy Star Online, Universe e Portable, apesar de herdarem muitas coisas da série clássica, decorrem em locais completamente diferentes (PSO em Ragol e PSU/PSP em Gurhal). A ver se algum dia voltam ao clássico, com um RPG épico ao nível do Phantasy Star 4 da Mega Drive…

Billy Hatcher and the Giant Egg (Nintendo GameCube)

CapaUma das razões que me levaram em 2002, escolher a GameCube como a minha consola da geração anterior, foi o apoio da Sonic Team. Eu sempre fui grande fã da Sega e Nintendo old-school, e se a Sega não tivesse anunciado o fim prematuro da consola há uns tempos, provavelmente até teria comprado a Dreamcast, era bem mais barata e vinha com bastantes jogos (mas isso é outra história que poderá ser contada quando fizer uma análise ao hardware da Nintendo GameCube). Um dos jogos que a Sonic Team lançou foi este Billy Hatcher and the Giant Egg, em 2003. Comprei este jogo por uma pechincha no ano passado, no eBay UK e está impecável.

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O jogo completo

Comprei o jogo meio “às cegas” porque nunca o tinha jogado antes, nem mesmo ver uns vídeos decentes do jogo em acção, conhecia-o de ver algumas imagens na net quando o mesmo foi anunciado. Eu gosto de jogos de plataformas e a Sonic Team para o bem ou para o mal, é um estúdio de renome nessa área.

De que se trata Billy Hatcher and the Giant Egg? Ora, o nosso herói Billy Hatcher é um menino que é transportado para um mundo de fantasia onde vivem galinhas falantes, povo esse que foi invadido por um bando de corvos maléficos que, com base em magia negra conseguem ter a aparência de outros animais bem mais ferozes e perigosos. Sim, a história não faz sentido, mas isto é um jogo de plataformas todo colorido e cutxi-cutxi, não é suposto fazer muito sentido.  A música título é tão idiota, tão idiota que até é viciante e cheguei a andar durante algum tempo a cantarolar “la-la-la-la”.

Ora passando para o jogo em si: O Billy por si só é fraco. Não consegue atacar os inimigos, não consegue correr, etc. Apenas quando segura um ovo, é que tem o poder de atacar e fazer várias manobras com o mesmo ovo. Os inimigos derrotados largam frutas que só conseguimos “apanhar” com o ovo, essas frutas servem para fazer o ovo crescer até estar pronto a eclodir. Existem dezenas de diferentes ovos, cada um contendo items e animais diferentes. Esses animais podem ajudar o Billy a fazer várias coisas, desde atacar inimigos, activar objectos no cenário, ou mesmo poderão servir para levar o Billy às costas, embora sinceramente não tenha visto grande utilidade nisso. Uma coisa que achei curiosa foi as várias “influências” que foram buscar ao Mario 64/Sunshine. O mundo é dividido em várias zonas, cada uma contendo várias missões, decorrendo no mesmo mapa, mas com ligeiras modificações, cada nível é terminado quando se apanha um “emblema” especial, à semelhança das Stars em Mario. Existem também moedas especiais que podem ser coleccionadas, à semelhança das blue coins nos jogos do Mario. Na verdade, em Billy Hatcher também existem blue e red coins, mas servem para uns determinados tipos de níveis. A estrutura dos níveis é a seguinte: Na primeira missão de cada zona deve-se encontrar o galo/galinha chefe daquela região. É um ovo dourado que após o libertar deve-se procurar as frutinhas de modo o fazer eclodir. A dificuldade é que esses ovos dourados partem ao primeiro toque de um inimigo, ao contrário dos normais que partem ao 3º toque. A segunda missão é sempre encontrar o Boss da respectiva área e derrotá-lo. As restantes missões são aparentemente opcionais em quase todas as zonas. Existem sempre missões em que se tem de resgatar 8 galinhas feitas prisioneiras, outras para derrotar 100 inimigos, outras em que temos de coleccionar um determinado número de blue ou red coins, missões para resgatar os 3 amigos do Billy, etc. Existem no total 7 zonas, cada uma com 8 missões (5 para o Billy e uma para cada um dos 3 amigos que podem ser desbloqueados ao longo do jogo), o que perfaz um total de 56 níveis.

Agora a parte pior: a jogabilidade. Eu literalmente acabei de completar as missões todas deste jogo e foi uma autêntica prova de fogo à minha sanidade mental. Para completar o jogo mesmo a 100%, ainda teria de coleccionar todas as moedas, descobrir todos os ovos e mini-jogos (existem alguns mini-jogos que podem ser desbloqueados para se jogar na GBA) e completar TODAS as missões com um rank S (o máximo). No way Jose, não o vou fazer. O jogo começa bem, uma pessoa habituando-se aos controlos vai fazendo as primeiras missões à vontade, até que se chega a um ponto em que as coisas complicam mesmo. A Sonic Team desde os Sonic Adventure na Dreamcast que tem uma estranha fixação por abismos sem fundo. Um descuidozinho e ops, lá se vai o Billy para o c******. Preparem-se para isto acontecer muitas, muitas vezes, e os 1ups não são abundantes. E muitas das vezes quando se cai ao abismo tem-se de recomeçar o nível num sítio bem lá atrás, onde se tem de fazer muitas manobras arriscadas novamente. Muito, muito chato, principalmente quando existem partes em que se tem de fazer saltos ao milímetro de precisão, e isso abunda por aí. Outra coisa que achei chata é o facto de ser muito frequente ao subir uma pequena “ravina” através dum truque com o ovo (é a única maneira de o fazer), o ovo ficar preso na ponta da ravina e o Billy cair ao chão. Se não houver mais ovos na área, não há nada a fazer senão esperar que o ovo que ficou preso volte a ficar disponível no seu local de origem. Isso também me aconteceu muitas vezes, infelizmente.

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Uma das partes "frustrantes" (por acaso esta até é bem simples)

Bottomline, gostam de jogos de plataforma? Têm uma GameCube ou Wii? Acham que eu sou é um mariquinhas que não consegue jogar jogos de plataforma decentemente? Não custa nada experimentar. Aqui em Portugal raramente o vejo à venda por menos de 20€, mas no ebay é comum arranjar por menos de metade. Se vos aparecer uma oportunidade de o comprar baratinho força nisso. Mas preparem-se para muitas horas de frustrações.