Rock ‘n Roll Racing (Sega Mega Drive)

Antes de haver Blizzard, havia a Silicon & Synapse, que acabou por ser responsável por lançamentos como The Lost Vikings ou BlackHawk, por exemplo. Outro dos seus clássicos da era 16bit é precisamente este Rock ‘n Roll Racing, um jogo de corridas futuristas com elementos de combate e claro, uma banda sonora excelente, repletas de hinos do rock e hard rock. O lançamento original é o da Super Nintendo, embora a Mega Drive tenha recebido uma conversão no ano seguinte. Apesar desta versão ter mais conteúdo, sinceramente acho que no geral é a versão da Super Nintendo que acaba por levar a melhor. O meu exemplar foi comprado algures em Maio a um particular, custou-me cerca de 10€.

Jogo com caixa e manual

Inspirado por títulos como o R.C. Pro-AM, este jogo também possui uma perspectiva isométrica e foco no combate entre carros. Inicialmente poderemos escolher uma de diferentes personagens para representar e, com base no grau de dificuldade escolhido, teremos diferentes orçamentos para escolher o nosso carro inicial. Depois lá somos largados nas corridas, cujas decorrem ao longo de 4 voltas e com mais três oponentes, que não nos irão facilitar a vida. Mas nós também possuímos armas para ripostar, tanto frontais (como mísseis) e traseiras (como minas). Estas não possuem munições limitadas, pelo que as devemos usar de forma algo inteligente, sendo que as mesmas vão sendo restabelecidas entre cada volta. Ao longo da pista poderemos encontrar também alguns itens úteis como dinheiro ou medkits que nos regeneram a barra de vida, bem como alguns obstáculos como minas ou poças de óleo que nos fazem perder o controlo do carro. Para além disso os nossos oponentes também podem apanhar os mesmos power ups que nós, o que pode ser um bocado chato.

As corridas são sempre frenéticas pois os nossos oponentes não têm problemas em usar as suas armas. Vá lá que também se atacam entre si!

As corridas estão divididas em vários planetas com paisagens distintas entre si e dois campeonatos por planeta. A primeira, e talvez única, vantagem da versão Mega Drive face à original de SNES é que a segunda volta de corridas decorre em pistas diferentes, enquanto na versão SNES repetíamos as corridas da primeira volta, mas com uma oposição mais feroz. O objectivo é então o de tentar chegar ao fim de cada corrida nos lugares cimeiros, pois vamos recebendo mais pontos e dinheiro consoante a nossa posição no final de cada corrida. E para ir avançando no jogo teremos sempre de atingir um número mínimo de pontos antes de avançar para a segunda volta ou mesmo para o planeta seguinte. Para além disso, o dinheiro dá mesmo jeito para comprar upgrades para os carros, mais armas, turbos ou carros novos. De resto a jogabilidade é relativamente simples, com um botão para acelerar e os outros 2 faciais para usar as armas frontais ou traseiras. Para gastar um nitro teremos de pressionar o botão para acelerar por 2 vezes. Para travar infelizmente temos de pressionar o direccional para baixo, o que pode não ser muito intuitivo. O jogo até suporta comandos de 6 botões, mas os controlos poderiam ser melhor aproveitados nesse caso.

O dinheiro que vamos ganhando deve ser usado para comprar novos carros ou melhorar o carro actual

A nível audiovisual, vamos começar pelo óbvio, as músicas rock. Este jogo possui uma série de músicas licenciadas contendo hinos como a Highway Star dos Deep Purple, Paranoid dos Black Sabbath ou outras igualmente conhecidas como a Born to be Wild ou Bad to the Bone, dos Steppenwolf e George Thorogood, respectivamente. A outra vantagem da versão Mega Drive em relação ao lançamento original é que esta versão traz uma outra música adicional, nomeadamente a Radar Love dos Golden Earring que, apesar de não ser uma má música, preferia que tivessem colocado algo melhor… sei lá, talvez AC/DC? Mas adiante. Naturalmente que as músicas na Mega Drive são completamente chiptune e, apesar de serem agradáveis, é impossível não admitir que as versões da SNES sejam superiores. Para além disso, as corridas vão tendo a narração de um comentador muito efusivo e, apesar das samples de voz possuirem boa qualidade, inexplicavelmente quando o comentador fala, as músicas param, o que é um grande turn off. E isto também não acontece na versão SNES. De resto, os efeitos sonoros não são nada de especial e os gráficos sinceramente também não achei nada demais, mas também não dá para fazer muito melhor num motor gráfico isométrico. A versão SNES possui cores mais vibrantes e gráficos mais detalhados, embora numa resolução inferior.

As armas são importantes, mas investir em nitros também o é

Portanto este Rock ‘n Roll Racing é um jogo divertido, desafiante e com uma excelente banda sonora para quem gostar de rock. No entanto não consigo recomendar esta versão da Mega Drive, cujas únicas vantagens resumem-se a pistas novas e uma música adicional. O original possui gráficos e interpretações das mesmas músicas com uma qualidade muito superior e a própria jogabildade também é mais agradável pois tiram melhor proveito do comando da SNES.

The Lost Vikings (Sega Mega Drive)

The Lost Vikings é, a meu ver, um dos maiores clássicos da era 16-bit. Desenvolvido pela Silicon & Synapse, o estúdio que mais tarde veio a ser conhecido por Blizzard Entertainment, o jogo conta a história de 3 Vikings que são raptados por extraterrestres e que, para fugirem e voltarem às suas casas, têm de atravessar vários níveis em diferentes períodos históricos. É um excelente exemplo de um jogo que mistura o platforming com puzzles, visto que cada Viking possui diferentes habilidades e teremos de tirar todo o proveito das mesmas. Para além disso, a versão Mega Drive é na minha opinião a superior, por incluir mais níveis que as restantes. Mas já lá vamos. O meu exemplar foi comprado algures durante o mês de Abril numa das minhas idas à feira. Custou-me 2€.

Jogo com caixa e manuais

Como já referi acima, os protagonistas deste jogo são três Vikings: Erik, Baleog e Olaf. Foram raptados pelo alien Tomator, líder do império Croutoniano, que colecciona espécimens de seres vivos na sua nave espacial. É ao tentarmos escapar da nave onde vamos aprendendo as mecânicas base de jogo. Erik é o Viking mais ágil, o que corre mais rápido, o único com a capacidade de saltar e consegue destruir paredes ao albarroá-las com o seu capacete. Baleog é o único Viking que pode atacar os inimigos, seja com a sua espada ou com arco e flecha (se bem que este último também pode dar jeito para activar botões e alavancas, por exemplo). Por fim, Olaf, está munido apenas do seu escudo, capaz de bloquear qualquer inimigo ou projéctil, mas que também pode servir de plataforma ou de planador, permitindo Olaf deslizar suavemente em queda livre.

O objectivo de cada nível é o de levar os três Vikings em segurança até à saída.

Para além disso, cada Viking tem uma barra de vida de 3 pontos, bem como a capacidade de armazenar 4 itens, podendo depois trocar de itens entre si, logo que estejam próximos uns dos outros. Logo no início teremos de aprender estas habilidades básicas de cada um para escapar da nave espacial, só que quando conseguimos finalmente fugir, somos transportados para a pré-história, onde teremos níveis cada vez mais complexos para atravessar. Ao longo do jogo iremos atravessar outros períodos como o antigo Egipto ou uma fábrica gigante, onde iremos ter puzzles cada vez mais complexos para resolver. Para chegar ao final de um nível, temos de conduzir os 3 Vikings com segurança até à saída, sendo que para isso teremos sempre vários obstáculos para ultrapassar, inimigos para combater (ou evitar), chaves para procurar ou botões para interagir. Portanto muitas vezes vamos ser obrigados a tentar o mesmo nível novamente, até finalmente conseguirmos sozinhos chegar à sua solução.

Cada Viking possui diferentes habilidades. Olaf, apesar de ser o mais pesado, pode “planar” com o seu largo escudo.

Felizmente também temos vários itens que poderemos usar para nos ajudar. Todos os power ups de comida servem para regenerar parcialmente ou totalmente a barra de vida do Viking que o usa. Outros itens podem ser coisas como bombas capazes de destruir objectos ou outras que destroem todos os inimigos presentes no ecrã. Temos também updates como flechas de fogo, capazes de destruir alguns inimigos previamente indestrutíveis ou que precisassem de vários golpes. Depois temos também outros objectos mais específicos para cada nível, como ferramentas para reparar máquinas (nos níveis da fábrica), ou botas de gravidade para salas sem gravidade.

A nível audiovisual este até que é um jogo muito bem conseguido na minha opinião. Tanto os Vikings, como os inimigos ou mesmo os cenários estão muito bem desenhados, pelo menos o estilo mais cartoon é bastante do meu agrado. Para além disso, o que mais me agrada mesmo são os diálogos repletos de humor e sarcasmo! As músicas são também muito agradáveis e alegres, retendo sempre algo da temática do nível nas suas melodias. Por exemplo, na pré-história a música tem sempre alguns contornos tribais, enquanto no deserto temos ali algumas melodias egípcias. Noutros locais há ali uma mistura interessante entre música electrónica e rock, que também me agrada.

Uma das coisas que mais gostei neste jogo é sem dúvida do seu sentido de humor.

Portanto, no final de contas, este The Lost Vikings é um jogo excelente, misturando de forma brilhante o platforming tradicional dos anos 90 com elementos de puzzle que nos vão dar muito que pensar e obrigar a explorar cada nível ao máximo até alcançar a solução. O jogo acabou por receber uma sequela alguns anos depois em 1997. Das máquinas de 16bit, só a SNES recebeu uma versão, que aparentemente utiliza o mesmo motor gráfico do clássico. O PC, Saturn e PS1 já receberam uma versão tecnicamente mais avançada que gostaria de mais tarde tê-la na colecção.