Yakuza 4 (Sony Playstation 3 / Playstation 4)

Continuando pela série Yakuza/Like a Dragon, chegou agora a vez de finalmente jogar este Yakuza 4. E tal como no seu predecessor, este foi um jogo saído inicialmente e em exclusivo para a Playstation 3, tendo posteriormente recebido uma versão remastered disponível nas consolas da geração seguinte e foi precisamente essa versão remastered que acabei por jogar. A minha versão PS3 foi comprada em Março de 2013 numa Mediamarkt por 20€, lembro-me de ter visto o jogo 10€ mais barato no ano seguinte no mesmo local, mas ainda assim tinha achado um bom preço. A versão remastered veio precisamente na Yakuza Remastered Collection que comprei em pre-order em 2020 para a PS4.

Jogo com caixa, manual e papelada

Ao contrário do Yakuza 3 que teve originalmente um processo de localização para o ocidente bastante atribulado, de tal forma que a versão PS3 chegou a ter muito conteúdo opcional removido. Felizmente na sequela a Sega manteve o jogo largamente intacto perante o lançamento original (excepto a inclusão do mini-jogo Answer X Answer mas sinceramente acho que não se perdeu muito ali) e esta versão remastered também manteve a mesma linha. A única diferença relevante desta versão remastered é o facto de um actor diferente dar a cara a uma das personagens principais. Isto porque o actor original viu-se envolvido num escândalo de consumo de drogas e, mesmo depois de ter sido declarado inocente, acabou por abandonar a carreira de actor e a Sega neste remaster lá mudou a sua aparência para outro actor. No Japão estes escândalos são levados muito a sério!

Edição limitada da remastered collection com sleeve exterior de cartão, caixa de cartão desdobrável com uma arte interessante, um pequeno manual, autocolante e uma caixa vazia do Yakuza 5 para a PS3, cujo lançamento físico ocidental nunca se concretizou.

A história decorre então um ano após os acontecimentos do terceiro jogo e pela primeira vez na série jogamos com alguém que não o Kiryu. Na verdade este jogo tem a particularidade de ter 4 personagens jogáveis, sendo eles: Shun Akiyama, um excêntrico agiota que empresta largas quantias dinheiro a qualquer pessoa sem taxas de juro logo que estas passem num teste à sua escolha, Taiga Saejima, o bro de Majima e cujo background é revisitado no Yakuza 0, Masayoshi Tanimura, um detective de Kamurocho e finalmente o Kiryu. Cada personagem vai ter uma secção do jogo inteiramente dedicada a ela e com 4 capítulos cada, sendo que teremos também um capítulo final (que por sinal é excelente) que nos obriga a jogar com toda a gente novamente. Não me vou alongar muito com a história, mas digamos que tudo começa com um assassinato entre membros de facções rivais dos Yakuza. Cada personagem começa por ter todo um subplot próprio, mas rapidamente todas as coisas se começarão a interligar umas com as outras e a narrativa vai evoluindo de um simples homicídio para uma grande conspiração que irá envolver muitas caras novas e outras já conhecidas da série. Para além do capítulo final que achei excelente, props também para o capítulo do Saejima. Depois de ter visto o que Majima sofreu nos eventos pré-Yakuza 0, fiquei contente por esta personagem ter sido introduzida. Sem grandes spoilers, Saejima estava no corredor da morte à espera de ser executado, após ter cumprido 25 anos de pena por um crime grave e o seu primeiro capítulo será passado precisamente para escapar da sua prisão! Em suma, a narrativa continua interessante e sempre com coisas novas e plot twists a acontecer, como é habitual nesta série.

A única diferença notável a nível de conteúdo para a versão remastered é a nova cara e voz de Tanimura, visto que o actor original foi envolvido num escândalo que o levou a desaparecer da praça pública

No que diz respeito à jogabilidade, esperem pelo habitual dos Yakuza clássicos. Temos toda uma secção de Tokyo para explorar livremente e, para além de avançar na história temos toda uma série de sidequests e mini jogos que são completamente opcionais para completar se assim o desejarmos. Casinos ilegais, arcades da Sega (infelizmente sem nenhum clássico conhecido), pescar, jogar golfe, bowling, mandar umas tacadas de baseball, engatar miúdas em clubes ou participar em torneios de luta ilegais são apenas alguns dos passatempos que teremos acesso. O sistema de combate é muito similar ao do Yakuza 3, na medida em que o quadrado é o botão principal de ataque, o triângulo para golpes mais poderosos (incluindo as famosas heat actions), o círculo serve para agarrar/atirar outros oponentes ou objectos espalhados pelas ruas, L1 para bloquear, R1 para nos focarmos apenas num inimigo em específico. Os analógicos controlam o movimento e câmara. Cada personagem pode ter equipada até um máximo de 3 armas cujas podem ser utilizadas em combate ao pressionar uma certa direcção no botão direccional. De resto, vencer combates, comer em restaurantes e acima de tudo cumprir sidequests dá-nos pontos de experiência e de cada vez que subimos de nível poderemos evoluir a nossa personagem e aprender novas técnicas. Algumas técnicas precisam de treinos especiais, sendo que cada personagem possui um mestre distinto que as pode ensinar.

Cada personagem possui técnicas de combate próprias, embora os controlos sejam idênticos

Como seria de esperar, no entanto, cada personagem possui diferentes estilos de luta. O Akiyama é bastante ágil e ataca principalmente com pontapés, já o Saejima é um tanque fortíssimo mas é bastante lento nos seus golpes e requer muito os “charging attacks“, ou seja, manter o botão triângulo pressionado durante alguns segundos após um combo de golpes normais. Infelizmente isto não resulta muito bem e nalguns combates mais desafiantes (o boss da prisão é horrível) vão se tornar algo frustrantes. Saejima, sendo também um prisioneiro que foge da prisão, terá também de ter cuidados acrescidos quando explora Kamurocho e evitar qualquer contacto com polícia, o que também nos pode frustrar um pouco. O Tanimura é também uma personagem ágil e o seu sistema de combate é mais focado em agarrar inimigos bem como um sistema de parrying que os deixa vulneráveis a um contra ataque. Jogar com o Kiryu foi um prazer, porque felizmente a maior parte das suas habilidades são fáceis de desbloquear e acaba por ser uma personagem bem mais directa no seu combate. Cada personagem tem também um “mini-jogo/sidequest” próprio. O Akiyama sendo um gajo rico, naturalmente que tem também um clube nocturno. Então temos aqui um mini jogo de recrutar e treinar miúdas giras para trabalharem lá no clube, o Hostess Maker, que já conhecia do Yakuza 3. O Saejima tem o Fighter Maker onde ajudamos um dojo a treinar jovens lutadores, onde teremos de lhes criar um plano de treino e levá-los a alguns combates regulares para que melhorem a sua técnica, força, resistência física, entre outros parâmetros. O Tanimura e o Kiryu têm uma side quest mais simples. O Tanimura sendo um polícia irá receber pedidos de ajuda por rádio que podemos investigar ou não. Investigar resulta sempre numa luta ou perseguição e uma recompensa monetária no final. Já o Kyriu tem uma série de gangues de rua para combater e derrotar.

Visualmente já o original de PS3 era uma boa evolução perante o Yakuza 3. Para além dos modelos poligonais das personagens serem mais avançados, as texturas, efeitos de luz e partículas eram também superiores.

No que diz respeito aos audiovisuais, o Yakuza 4 original é um título da PS3, pelo que utiliza o mesmo motor gráfico do seu antecessor. Ainda assim notei algumas melhorias nos modelos poligonais, particularmente os das personagens principais e principalmente quando vemos alguma cutscene onde os mesmos estão mais aproximados. A cidade de Kamurocho está também mais bem detalhada e com melhores efeitos de luz, particularmente à noite. A versão remastered foi toda uspcaled para 1080p e tirando a maior resolução não parece ter havido grandes melhorias gráficas. O voice acting é inteiramente em japonês como é habitual e parece-me muito bom, até porque o pessoal da Ryu Ga Gotoku Studios tem investido em actores minimamente famosos no Japão para dar a cara e voz às personagens principais. A banda sonora é também bastante eclética, com músicas com melodias calmas de piano, outras mais jazzy e claro, quando temos de andar à porrada muitas vezes toca uma música mais rock e enérgica. Eu adoro rock e metal, mas confesso que as músicas desse estilo neste jogo em particular não me agradaram tanto.

Subir de nível faz com que possamos desbloquear novas habilidades. Combater, comer em restaurantes ou completar sidequests são tudo exemplos de actividades que nos dão experiência.

Portanto este Yakuza 4 é mais um título bem decente da série Yakuza / Like A Dragon. A introdução de novas personagens jogáveis foi muito benvinda, embora o Saejima seja um pouco mais frustrante de controlar nos combates e durante a exploração normal também ter de fugir à polícia constantemente. De resto, apesar das novas personagens, infelizmente a Sega não investiu muito em novos locais para visitar. A esmagadora maioria do jogo é passada em Kamurocho que já é mais do que familiar nesta altura. Outras localizações como a tal prisão que escapamos com o Saejima ou as praias de Okinawa onde Kiryu vive são zonas que visitamos apenas em certas fases da história. De realmente novo temos aqui toda uma série de subterrâneos e terraços para explorar em Kamurocho, no entanto estas novas áreas não são assim tão vastas quanto isso e não acrescentam muito ao jogo em si, o que é pena.

Yakuza 3 (Sony Playstation 3 / Playstation 4)

Tem-me sabido muito bem recuperar o tempo perdido com a série Yakuza, tendo agora terminado este Yakuza 3, lançado originalmente originalmente em 2009 para a PS3 no Japão e no ano seguinte no resto do mundo. Já tenho o meu exemplar da PS3 há uns valentes anos, comprado em Janeiro de 2013 numa Mediamarkt por cerca de 20€. Pouco tempo depois dessa compra fui viver e trabalhar para Lisboa, pelo que talvez tenha sido essa a razão pela qual não comecei logo esse jogo. Entretanto a Sega lançou os Yakuza 0 e Kiwamis pelo que fiquei algo dividido entre apostar directamente no Yakuza 3 ou voltar atrás à prequela e jogar novamente os remakes, decisão que tomei finalmente no final do ano passado. Entretanto a Sega lança também uma compilação dos Yakuza 3, 4 e 5 nas suas versões Remastered para a Playstation 4, algo que eu comprei em pre-order (a minha primeira em vários anos!) e foi essa versão para a PS4 que efectivamente joguei.

Jogo completo com caixa, manual, papelada, CD com a banda sonora e um código para resgatar alguns DLC que a edição inicial norte americana não incluía

O jogo decorre uns dois anos após os acontecimentos do Yakuza 2, onde Kiryu Kazuma se retira da clã de Tojo, após entregar a “pasta” ao Daigo Dojima e assegurar que Majima o apoia para deixar o clã em boas mãos. Kiryu muda-se então para Okinawa, onde toma conta de um orfanato para ajudar aquelas crianças desafortunadas. Tudo corria às mil maravilhas, tirando o ocasional drama causado por tanta criança junta, até que a certa altura o governo japonês decide investir em dois mega projectos para as ilhas de Okinawa: uma nova base militar em conjunto com os EUA que iria albergar um novo super sistema de defesa aérea e um luxuoso resort de férias. O problema? O orfanato de Kiryu está na localização desse futuro resort, pelo que este começa a ser pressionado para o abandonar. Existe um interesse financeiro de muitos milhões que naturalmente desperta o interesse de organizações mafiosas, tanto de Okinawa, como do próprio clã de Tojo. Daigo Dojima, pelo respeito que tem com Kiryu, decide não perseguir esses interesses financeiros, mas acaba por ser alvejado por uma entidade desconhecida. E o mesmo acontece com o líder de um clã da Yakuza de Okinawa, com o qual Kiryu tinha acabado de travar uma certa amizade. Está então lançada mais uma trama, onde iremos explorar uma pequena zona urbana de Okinawa e uma vez mais a região de Kamurocho em Tokyo para desvendar quem está por detrás de ambos os atentados.

Edição limitada da remastered collection com sleeve exterior de cartão, caixa de cartão desdobrável com uma arte interessante, um pequeno manual, autocolante e uma caixa vazia do Yakuza 5 para a PS3, cujo lançamento físico ocidental nunca se concretizou.

A nível de mecânicas de jogo confesso que foi um pouco estranho pegar neste Yakuza 3. Isto porque eu já vinha habituado a um sistema de combate mais fluído e alguns outros pequenos detalhes de melhoria de qualidade de vida que foram introduzidos nos Yakuza 0 e Kiwamis, como por exemplo a falta de um botão que nos levasse directamente a consultar o mapa da zona que estivéssemos a explorar no momento, ou o facto de termos menos save points. Mas na verdade, tirando uma ou outra mecânica que irei detalhar em seguida, não há assim tanta coisa que muda nas mecânicas de base. Continua a ser um jogo de exploração em mundo aberto em áreas urbanas com combates aleatórios nas ruas, muitas sidequests e conteúdo opcional para explorar se assim o quisermos. Tal como no Yakuza 2/Kiwami 2, não existem múltiplos estilos de luta para alternarmos com 4 categorias distintas a poderem ser evoluídas com pontos de experiência e que nos irão aumentar as barras de vida ou heat (a que nos permite fazer specials), melhorar certos atributos físicos ou aprender novos golpes. A experiência é ganha com combates, comer em restaurantes, ou ao completar sidequests e outros desafios opcionais, como os combates no coliseu, assim que o desbloquearmos.

A história anda à volta de Kiryu e o orfanato que gere em Okinawa que está em perigo de deixar de existir

Uma das mecânicas novas aqui introduzida são as perseguições. Durante várias alturas iremos ter de perseguir algum oponente pelas ruas de Kamurocho, onde teremos de ter cuidado com as outras pessoas ou objectos na rua, pois se colidirmos com eles perdemos segundos preciosos. Teremos também de ter em atenção ao nosso nível de fadiga, que também baixa sempre que colidimos contra alguma coisa ou alguém. De resto contem com imenso conteúdo adicional, como vários mestres espalhados pelo jogo que nos irão ajudar a aprender novas técnicas, podemos ir às arcades jogar qualquer coisa (embora infelizmente sem nenhum jogo clássico da Sega), jogar casino, mahjong, shogi e outros jogos tradicionais ou até pescar em Okinawa! E claro, podemos também engatar hostesses em bares, fazer massagens duvidosas ou até treinar algumas hostesses num clube em Okinawa. Uma versão bem mais aborrecida do que o mini jogo dos Cabaret que a Sega viria a introduzir mais tarde, diga-se de passagem.

Como se já não houvessem distracções que cheguem, alguns dos novos mini jogos consistem no golf e pesca

O lançamento original do Yakuza 3 no ocidente causou alguma polémica pois foi-lhe retirado imenso conteúdo pela equipa responsável pela sua localização para o ocidente, nomeadamente várias sidequests e mini jogos, nestes últimos incluiu-se o mahjong, shogi, as massagens e um jogo arcade chamado Answer X Answer, uma réplica dos quizz games que os japoneses por algum motivo gostam. De certa forma entende-se terem retirado alguns desses mini jogos, pois mahjong e shogi são intrisecamente asiáticos e têm pouca relevância no ocidente, mas visto que os jogos anteriores na PS2 os tinham, poderiam perfeitamente terem sido incluídos na mesma. O dos quizz também se entende pois as questões provavelmente apenas fariam sentido para o público japonês e seria algo difícil de localizar, até porque se as questões fossem mais genéricas de cultura ocidental saía um pouco do contexto. Já as massagens e sidequests achei uma decisão estúpida. Ainda houve mais conteúdo cortado, como as Haruka Requests e modos de jogo adicionais, que acabaram por ser reintroduzidos através de DLCs gratuitos. Já a versão remastered para a PS4 inclui todo esse conteúdo cortado, excepto o jogo dos quizz (que também não existe na versão remastered japonesa) e algumas sidequests novas. A excepção está no entanto num conjunto reduzido de sidequests que envolviam uma mulher trans que perseguia o Kiryu em situações hilariantes e essas foram cortadas nas versões remastered (em todos os territórios) devido ao tema ser algo sensível nos dias que correm. Sinceramente tenho pena que o tenham feito, mas compreendo. Outras das diferenças em relação ao lançamento original está nas hostesses que foram alteradas, visto que as do lançamento original eram baseadas em pessoas reais que tinham licenciado a sua imagem para o efeito.

É sempre um prazer explorar Kamurocho!

A nível visual, bom, suponho que para um jogo de PS3 esteja ok? Este foi outro dos impactos que senti ao pegar neste jogo depois de ter jogado o Yakuza Kiwami 2, que por sua vez utilizava o mesmo motor gráfico do Yakuza 6 e aí já se sentia um feeling bem mais next-gen quando comparado aos lançamentos anteriores. Quer isto dizer, quando comparado com esses jogos, o Yakuza 3 Remastered vai parecer pouco polido, com personagens e cenários com menos polígonos, texturas mais simples e piores efeitos de luz. Mas sinceramente ao fim de algum tempo lá me habituei e acabou por não fazer assim tanta diferença. O Yakuza 0, por exemplo, é um jogo cross-gen que sai tanto na PS3 (no Japão apenas) como na PS4 e restantes sistemas contemporâneos e já aí se notava que as personagens genéricas tinham um detalhe gráfico bem abaixo das principais. Aqui é practicamente a mesma coisa, embora as personagens principais não estejam muito melhores que as genéricas. A nível gráfico, este remaster a única coisa que faz é o upscale para a resolução 1080p e pouco mais. De resto, a banda sonora, apesar de agradável, pareceu-me um pouco mais contida que a banda sonora do Yakuza 0 e Kiwamis. Aqueles temas mais rock que ouvimos principalmente durante as batalhas são menos pujantes. Já a nível de som, absolutamente nada a apontar, pois o voice acting é inteiramente em japonês e pareceu-me bastante convincente.

As hostesses são diferentes da versão PS3 por questões de licenciamento das suas imagens

Portanto, e apesar deste ter sido o Yakuza que menos gostei de jogar até agora, continua a ser um excelente jogo, com uma narrativa empolgante e que dá muitas voltas e uma jogabilidade que já se começa a tornar familiar. Acredito que o impacto de ter jogado o Yakuza 3 na Playstation 3 na altura do seu lançamento tenha sido bem melhor, mas o facto de essa localização para o ocidente ter muito conteúdo cortado acaba por ser um factor determinante para jogar antes esta versão remastered que restaura muito desse conteúdo cortado.

Yakuza Kiwami 2 (Sony Playstation 4)

Finalmente, o outro jogo em que investi muitas horas do meu tempo nas minhas férias que entretanto terminaram foi mesmo este Yakuza Kiwami 2, um remake do Yakuza 2 originalmente lançado para a PS2 em 2006/2008. O meu exemplar sinceramente já nem me recordo bem quando terá sido comprado. Se a memória não me falha foi numa das promoções de “Leve 3 pague 2” da Worten, quando o valor base desta edição andava nos 20€, pelo que ficou ainda mais barato. Talvez um dia a troque pela edição com o steelbook se me aparecer a um preço convidativo.

Jogo com caixa, papelada e um autocolante

A história é a mesma do Yakuza 2, com a narrativa a decorrer um ano após os acontecimentos do primeiro jogo. Com o clã de Tojo numa posição muito fragilizada após os eventos anteriores, o clã rival da região de Kansai, a Omi Alliance, planeia aproveitar essa fragilidade para os atacar em força, com o apoio de uma outra organização mafiosa estrangeira. Apesar de Kiryu ter deixado uma vez mais a vida de Yakuza, acaba por novamente ser arrastado para esta confusão, onde iremos uma vez mais colaborar com o (agora ex) detective Date e outros polícias como é o caso da jovem Kaoru Sayama. Ao contrário do que me aconteceu no Yakuza Kiwami, onde eu ainda me lembrava bem da história do primeiro Yakuza, confesso que deste jogo já me lembrava muito pouco, a não ser a rivalidade que se foi desenvolvendo entre Kiryu e Ryuji Goda (um dos antagonistas da Omi Alliance), pelo que foi bom relembrar uma vez mais toda esta bela história que supostamente fecha ainda algumas pontas soltas do lançamento original. Uma das novidades aqui introduzida é a Majima Saga, uma pequena história dividida em 3 capítulos que vão sendo desbloqueados ao longo da aventura principal, onde jogamos com o Majima e serve de uma espécie de prólogo aos eventos da trama principal.

Os inimigos estão visíveis no ecrã, assinalados como setas vermelhas no mapa, pelo que as batalhas poderão ser evitadas se fugirmos ou simplesmente tomarmos um diferente caminho

No que diz respeito ao jogo, bom, este é então uma aventura open world, onde iremos ter a liberdade de explorar Kamurocho, o distrito dedicado a diversão nocturna em Tokyo e Sotenbori, o mesmo para Osaka. E este é então um jogo de acção com ligeiras mecânicas de RPG, onde poderemos também “perder tempo” a fazer muitas outras coisas enquanto exploramos ambas as localizações, como participar numa série de variadíssimos mini-jogos ou fazer várias side quests. No que diz respeito ao combate, enquanto os Yakuza 0 e Kiwami permitiam-nos alternar livremente entre vários estilos de luta distintos, aqui temos apenas um estilo de luta único, que inclui golpes dos outros estilos dos jogos anteriores. A maneira de evoluir a personagem é também diferente: combater outros bandidos, completar sidequests, comer em restaurantes ou cumprir certos objectivos é-nos recompensado com pontos de experiência, que são distribuídos em diferentes categorias: Força, Agilidade, Espírito, Técnica e Charme. Com os pontos de experiência amealhados, vamos poder desbloquear toda uma série de habilidades e perks, desde novos golpes que poderemos usar em combate, como extender as barras de vida, heat, melhorar ataque, defesa ou outros benefícios, como a experiência recebida, frequência com que os inimigos largam dinheiro ou outros itens após terem sido derrotados, a nossa resistência física para correr mais tempo, entre muitas outras hipóteses. De resto, equipar armas para usar nos combates é uma vez mais possível e sim, as heat actions estão de volta. Agora é também possível entrar num estado de “super heat” que poderemos activar (assim que desbloquearmos tal habilidade) quando a barra de heat estiver cheia, o que nos permite desencadear golpes bastante poderosos, enquanto a barra possuir energia.

Os combates continuam super intensos e as heat actions marcam o seu regresso, sendo estas sensíveis ao contexto, objectos/armas que tenhamos equipado ou golpes que tenhamos aprendido

Mas sim, como devem saber, Yakuza é muito mais do que uma história empolgante repleta de combates brutais, contendo também imenso conteúdo opcional. As sidequests, tal como no Kiwami anterior, foram revistas, existindo umas quantas novas e outras que desapareceram por completo. Os mini jogos também foram revistos, alguns como o Bowling ou as actividades de engate de Kiryu nos clubes de Hostess, ou o reverso onde Kiryu passava ele próprio a ser um host e por vezes ver-se em situações algo embaraçosas, ou o mini jogo das massagens foram também retirados. No seu lugar, temos as arcades com um port do Virtual On e outro do Virtua Fighter 2, assim como o hilariante Toylet, baseado também em “jogos” reais da Sega. Em vez de massagens e engatar miúdas em bares, podemos agora tirar-lhes fotografias em poses arrojadas. Uma das actividades paralelas do Yakuza 2 original era gerir um clube de hostesses, que foi agora alterado para uma nova iteração Cabaret Club Czar, introduzido no Yakuza 0, e que, apesar de algumas diferenças mínimas, continua altamente viciante. Outra das actividades paralelas é o Majima Construction, que é basicamente um tower defense, onde construimos e controlamos uma equipa de um máximo de 9 personagens e teremos de enfrentar várias ondas consecutivas de mobs e bosses que nos tentam destruir algum equipamento. As Bouncer Missions foram também introduzidas, assim como uma série de bosses opcionais e as lutas no coliseu. As primeiras são missões onde não podemos usar itens e temos de derrotar uma série de inimigos dentro de um caminho pré-definido, culminando em combates contra um ou mais bosses, bem como ocasionalmente dentro de tempo limite. Como podem ver, o que não falta é conteúdo opcional e apesar de eu não ter feito tudo o que o jogo tem para oferecer, ainda gastei mais de 50h com ele.

Para além do Virtua Fighter 2 e Virtual On, eventualmente desbloqueamos outros jogos nas casas de banho dos centros arcade

No que diz respeito aos audiovisuais, estes estão um pouco melhor que os que foram introduzidos nos Yakuza 0 e Kiwami, pois o jogo utiliza o mesmo motor gráfico do Yakuza 6, lançado uns meses antes. Existe uma diferença notória (pelo menos pareceu-me) no detalhe que as cidades têm, com texturas mais detalhadas, efeitos de luz mais vibrantes mas o que mais me agradou é a diferença de detalhe gráfico entre as personagens principais e os NPCs genéricos ser mais reduzida. Ainda há uma diferença sim, mas não é tão gritante. De resto nada de especial a apontar ao som, o voice acting continua excelente e claro, inteiramente em Japonês (nem eu quereria outra coisa!) e a banda sonora recicla muitos temas dos títulos anteriores. A excepção está num conjunto de temas principais que foram compostos por uma banda de metal japonesa e, apesar de eu ser um metaleiro convicto, confesso que não gostei assim tanto dessas músicas novas.

O que não falta é conteúdo opcional para investir tempo, incluindo o regresso do simulador de gestão de cabaret que é super viciante e uma óptima fonte de dinheiro

Portanto estamos aqui perante mais um excelente jogo, bastante divertido de se jogar e com imenso conteúdo opcional, que lhe dá uma imensa longevidade para quem o quiser tentar completar a 100%. Temos muito conteúdo novo que foi bastante benvindo, mas tenho pena que tenham retirado alguns dos mini jogos que o lançamento original da PS2 possuía. No entanto, o sistema de combate é bastante superior ao do original e só aí já é uma grande melhoria. Segue-se o Yakuza 3 que o planeio começar a jogar daqui a uma ou duas semanas e irei também optar pela versão remastered também disponível na PS4.

Yakuza 0 (Sony Playstation 4)

Ah, as saudades que eu tinha da série Yakuza! Joguei os Yakuza e Yakuza 2 originais da PS2 em 2012. Só mais tarde é que vim a arranjar as sequelas para a PS3 mas nessa altura com a minha vida profissional mais atarefada fui adiando. Entretanto desde 2015 e o lançamento deste Yakuza 0 que a série tem vindo a ter um certo interesse “revitalizado” no ocidente, recebendo este jogo, remakes dos primeiros Yakuzas, novas sequelas e remasters dos Yakuza 3-5, lançados originalmente na geração da PS3. Então o backlog da série foi crescendo bastante e eu fiquei algo reticente em qual deles começar. Como também possuo os Kiwami na colecção, decidi então recomeçar a jogar a série com este Yakuza 0 que é uma prequela, passando posteriormente para os remakes Kiwami, os remasters dos 3-5 e outras sequelas e jogos secundários. O meu exemplar sinceramente já não me recordo onde nem quando o comprei, muito menos quanto me terá custado. Mas não terá sido caro pois os jogos desta série baixam de preço relativamente rápido depois do seu lançamento.

Jogo com caixa e papelada

Ora como referi acima este Yakuza 0 é uma prequela do primeiro jogo, passando-se algures em 1988 (ano de lançamento da Mega Drive no Japão!) contando com os muito jovens Kazuma Kiryu e Goro Majima como protagonistas principais. Começamos por jogar com Kiryu e no habitual distrito de Kamurocho em Tokyo, e Kiryu acaba por ser acusado de um homicídio que não cometeu. Este decide então sair da família Dojima e limpar o seu nome, agora como civil, onde à medida que vamos progredindo na história vamo-nos apercebendo que Kiryu foi realmente tramado, numa conspiração cada vez maior. Dois capítulos depois somos levados para Osaka e o distrito de diversão nocturna de Sotenbori, onde Majima é o gestor de um cabaret de sucesso. Mas rapidamente nos apercebemos que Majima está em Sotembori de “castigo” por ter traído a sua família yakuza também em Kamurocho, uns anos atrás. Como oportunidade de voltar para a sua antiga família, Majima aceita um trabalho para assassinar uma certa pessoa. As histórias começam de forma independente uma da outra mas à medida que vamos progredindo no jogo, as mesmas vão-se interligando, como seria de esperar.

Cada personagem possuivários estilos de luta. O beast style do Kiryu é simplesmente brutal para enfrentar grandes grupos!

Iremos então alternar entre jogar com Kiryu e Majima a cada dois capítulos, sendo que no capítulo final teremos a oportunidade de alternar livremente entre personagens e ambas as localizações de Tokyo e Osaka. A jogabilidade principal deste Yakuza é a de um misto de um beat ‘em up de rua e de um RPG, na medida em que teremos batalhas aleatórias ao explorar as ruas, bem como poderemos evoluir cada uma das personagens e aprender novas técnicas, assim como equipar diferentes armas, roupa e acessórios que nos modificam os stats ou nos dão outros benefícios. Estou bem ciente que entre o Yakuza 2 da PS2 e este Zero se passaram uns quantos jogos que terão evoluído o sistema de combate, pelo que quando for jogar os Yakuzas 3-5 talvez venha a sentir algumas dificuldades. Ainda assim, o que aqui temos é que cada personagem poderá alternar livremente entre 3 estilos de combate distintos (à medida que forem sendo desbloqueados, claro), com um estilo de combate opcional que poderá ser desbloqueado mais tarde. O dinheiro que vamos ganhando poderá ser utilizado para evoluir cada um destes estilos de combate e para além da barra de vida temos também de ter em conta a barra do “heat” cuja se vai enchendo cada vez que damos porrada com sucesso a alguém e esta poderá ser utilizada para desencadear alguns golpes ultra-violentos e que retiram muito dano aos nossos oponentes. Objectos da rua como cartazes, cones de trânsito, armas deixadas pelos inimigos podem também ser utilizadas no combate, sendo que cada tem também uma ou mais “heat actions” associadas.

A história principal é séria e muito bem escrita. Por outro lado as side quests contrastam bastante, sendo bem humoradas e muitas vezes bizarras!

Tal como os seus predecessores, este é um jogo de acção open world com uma história empolgante e repleta de reviravoltas. No entanto, há muito mais para explorar para além da narrativa principal e cujos objectivos aparecem sempre devidamente assinalados no mapa. Temos também dezenas de sidequests que contrastam bastante o ambiente mais sério proporcionado pela aventura principal: aqui fiz coisas tão bizarras como ensinar uma dominatrix a fazer o seu trabalho, gravar um videoclip com o Michael Jackson e Steven Spielberg ou ajudar a defender um vendedor de cogumelos absolutamente banais que, por ter um aspecto de criminoso e ter a sua loja num beco escuro os seus clientes sempre assumiam que estaria a vender cogumelos alucinogénios e os negócios acabavam sempre em porrada. São bastantes sidequests mas todo o bom humor envolvido fazem com que valha mesmo a pena as fazer. Mas tal como os outros Yakuzas temos também inúmeros mini-jogos opcionais para participar, desde jogar em arcades da Sega, passando por bilhar, dardos, casino, mahjong shogi, entre muitos outros. Para além disso podemos ainda participar em corridas de carros de brincar, pescar, tentar engatar miúdas por telefone entre muitas outras distracções.

Antes do mIRC, aparentemente o que estava na moda eram clubes de telefone para engatar estranhos. E claro que é isso que podemos também fazer

Há pouco referi que poderíamos evoluir as personagens e aprender novos golpes ou simplesmente as fortalecer. No entanto para aprendermos esses novos golpes teremos de gastar dinheiro para os desbloquear, havendo algumas notáveis excepções de técnicas que nos terão de ser ensinadas por diferentes mestres. À medida que vamos tentar evoluir as personagens rapidamente nos apercebemos que a quantidade de dinheiro necessária é bem superior ao que conseguimos ganhar quer por combate, quer por apostas nalguns dos mini-jogos referidos acima. A solução passa por investir algum tempo (e dinheiro) em negócios que ambas as personagens virão a gerir com o decorrer da história. Kiryu torna-se presidente de uma empresa de imobiliária, onde teremos de comprar uma série de edifícios em Kamurocho e eventualmente melhorá-los, para depois podermos colectar uma renda sobre os mesmos. Claro que teremos de defrontar outros bandidos ligados a outras empresas do ramo pelo caminho! Já o Majima terá de gerir um cabaret club, onde não só teremos de contratar (e treinar) raparigas para trabalhar no clube, mas durante os turnos de trabalho em si teremos mesmo muita gestão para fazer: emparelhar os clientes com as raparigas com as características mais adequadas aos seus gostos, assim como atender alguns dos pedidos que vão sendo feitos. Pensem numa espécie de overcooked com turnos de 3 minutos. Ora tanto um negócio como o outro, apesar de serem introduzidos durante a história principal, todo o seu progresso restante é inteiramente opcional, mas altamente encorajado pelos lucros que geram e que nos permitem tornar Kiryu e Majima em lutadores cada vez mais fortes e capazes.

Podemos evoluir cada personagem e os seus estilos de luta ao aprender novos golpes. O problema é que estes são cada vez mais caros!

No que diz respeito aos audiovisuais, este foi o primeiro jogo da série a ser desenvolvido com as consolas da passada geração em mente. Há um bom salto visual perante o pouco que vi dos Yakuzas da geração anterior, no entanto há ainda muita margem para melhorias. Por exemplo, as personagens principais estão bem detalhadas e com óptimas animações faciais, muitas das personagens secundárias apresentam um nível de detalhe bem pobre. Durante a exploração em mundo aberto essa diferença gráfica até pode nem ser muito perceptível, mas nas cutscenes é bem notória. No entanto a atenção ao detalhe por parte da Sega continua incrível! As localizações de Kamurocho e Sotenbori, apesar de a história se passar em 1988, continuam repletas de locais familiares a quem jogou alguns dos títulos anteriores, incluindo muitos dos bares, locais com mini jogos como o bowling, o batting center e as diferentes lojas que poderemos visitar. No caso das lojas de conveniência até podemos explorar as revistas vendidas e ver umas quantas capas de revistas japonesas da época, que eu presumo que sejam reais. Já no que diz respeito ao som, não há muito a dizer: há muitos diálogos, tendo em conta que teremos também imenso conteúdo opcional para experimentar. Portanto, apenas os diálogos mais importantes estão narrados, cuja narração em japonês me parece impecável. A banda sonora é também bastante eclética, com os temas mais rock das batalhas a ganharem, para mim, um maior destaque.

Para ganharmos um bom dinheiro poderemos investir em negócios paralelos. Kiryu torna-se um barão da imobiliária e Majima um gerente de um clube nocturno, que possui um mini jogo associado bastante viciante!

Portanto este Yakuza Zero foi uma óptima experiência que me consumiu mais de 100h do meu tempo e eu não fiz tudo o que jogo me tinha para oferecer. As batalhas do coliseu, os modos de jogo adicionais como o Climax Battle foram dois temas que nem lhes cheguei a pegar e já nem vale a pena referir todos os objectivos de cada mini jogo! No entanto, finalizando a história principal poderemos gravar um save final que tanto poderá ser usado para um New Game Plus como para voltar a Kamurocho/Sotembori depois da história principal ter terminado e fazer todo o conteúdo opcional que quisermos. Portanto, só me resta reafirmar que gostei bastante deste Yakuza Zero e fiquei com o bichinho de jogar os próximos, algo que irei fazer em breve.