Call of Duty: Black Ops Cold War (Sony Playstation 5)

Antes de partir para o meu próximo jogo longo, quis jogar alguns mais curtos pelo meio e um dos escolhidos foi precisamente este Call of Duty de 2020. É já o quinto jogo da subsérie Black Ops e como tem sido habitual aqui, foi mais um jogo desenvolvido pela Treyarch (e com o apoio da Raven), apesar deles terem entrado mais tarde no ciclo de desenvolvimento tendo substituído a Sledgehammer. No entanto, e felizmente ao contrário do Black Ops 4, voltaram a incluir um modo campanha no jogo e ainda bem que o fizeram caso contrário teria ignorado este jogo por completo tal como fiz com o BO4. O meu exemplar foi comprado em Outubro na loja Mr. Zombie por 12€.

Jogo com caixa e folheto publicitário ao Call of Duty Warzone, um free to play que inclusivamente pode ser lançado através do menu inicial deste Cold War.

Mas antes de continuar, permitam-me um pequeno desabafo pois vou precisamente começar pelo processo de instalação do jogo. Ao inserir o Blu-ray na drive o jogo começa a ser transferido para o disco, quer ao copiar ficheiros, quer ao descarregar updates. Até aqui tudo bem, mas eventualmente o jogo questiona-me o que é que quero jogar primeiro, para dar prioridade na instalação: Multiplayer, Zombies ou o Dead Ops Arcade. Mas onde é que está a campanha pergunto eu? Ao ver melhor as opções, o multiplayer tinha também uma descrição de base package, pelo que decidi lá começar por instalar esse na esperança que a campanha estivesse lá incluída. Depois de esperar imenso tempo, o sistema lá me tinha avisado que tinha descarregado/copiado o suficiente para iniciar o jogo. Ora e no menu inicial temos 3 opções: campanha, multiplayer e zombies. Onde é que está o tal dead ops? Bom, penso nisso depois e vamos para a campanha. Ops, afinal é preciso instalar. E como se não bastasse, não é um só download, mas sim três. Toca a deixar a Playstation em standby mais uns tempos e ir fazer outra coisa. Entretanto, o jogo também me pedia sempre que o iniciava para fazer login na minha conta Activision, com a desculpa de poder desbloquear algumas recompensas e ter suporte a cross saving caso quisesse continuar o jogo noutra plataforma. Inicialmente nem queria criar conta, mas por um lado estava curioso pelas tais recompensas e também não queria passar por todo o processo de ignorar o login de cada vez que iniciasse o jogo. As recompensas foram packs de texturas de qualidade superior… para os modos multiplayer e zombies.

Ocasionalmente poderemos escolher as respostas que queremos dar em certos momentos e isso poderá ter algumas consequências.

De resto, quando finalmente terminei a campanha o jogo não perdeu tempo em me perguntar se eu não queria desinstalar a mesma para poupar espaço em disco. Estamos a falar de um jogo que ocupa 277GB. A campanha ocupa 56., ou seja, pouco mais de 20% do jogo inteiro. Eu entendo que a grande parte das pessoas que jogam os Call of Duty é pelas suas vertentes multiplayer, mas esses modos de jogo irão constantemente receber updates. Saber que comprei um disco que me obriga a descarregar o modo campanha é só triste. E os packs de texturas de melhor qualidade, para além de serem uma recompensa apenas para quem registar conta na Activision também não é para mim de bom tom. Qualquer dia até começam a cobrar para ter gráficos melhores num jogo (se calhar até já o fizeram, não me dignei a pesquisar). E deixarem a campanha de fora desse “benefício” é mais um prego para os fãs como eu. Mas pronto, tinha mesmo de tirar isto do sistema! Como devem ter calculado não explorei nenhum modo multiplayer, até porque já há alguns anos que deixei de subscrever a Playstation Plus. Acredito que sejam excelentes e divertidos, mas deixei de me focar em conteúdo multiplayer há muito tempo, pelo que o artigo se irá incidir apenas na campanha. Já o Dead Ops Arcade confesso que até tinha curiosidade em jogar alguns níveis mas não o encontrei. Talvez estivesse perdido nos menus do modo zombies mas como estava um pouco chateado com estas atitudes da Activision nem me esforcei muito em procurar.

Depois da primeira missão, é tempo de criarmos a personagem que vamos controlar e os traços psicológicos escolhidos vão dar perks diferentes

Bom, indo para a campanha propriamente dita a mesma decorre primariamente no início da década dos anos 80, com a Guerra Fria entre os Estados Unidos e a União Soviética ainda bem forte. Bom, algumas missões são jogadas como uma espécie de flashback para o passado, mas o grosso está mesmo no início da década de 80, o que por si só já é excelente dado que é uma década pela qual eu nutro um certo carinho (mesmo só tendo nascido em 1986). Bom, na maior parte do tempo nós encarnamos numa personagem anónima, onde começarmos precisamente por nomeá-la, declarar a nossa origem “continental”, a nossa origem no mundo de agências de espionagem (CIA, MI6 ou ex-KGB) e os nossos traços psicológicos. Ora as primeiras escolhas creio que não influenciam em nada de especial, mas os traços psicológicos (dos quais devemos escolher dois) dão-nos diferentes perks, como a capacidade de suster mais dano, correr mais rápido, disparar armas de fogo com menos coice, entre muitas outras escolhas. A história em si segue uma vez mais aquela unidade de elite de operações clandestinas da CIA que desta vez persegue Perseus, um elusivo e altamente perigoso espião Soviético que aparentemente preparava um plano em larga escala.

Nos segmentos de pura espionagem vamos ter também portas para abrir de forma menos convencional

Ao longo do jogo iremos visitar vários locais como as cidades de Amesterdão ou Berlim (oriental) repleta de stasis, missões em plena guerra no Vietname, um aeroporto na Turquia entre vários outros locais, incluindo localizações Soviéticas como instalações militares na Ucrânia, nas montanhas dos Urais ou mesmo o coração do regime comunista na sede do KGB em Moscovo. A introdução de personagens como Ronald Reagan ou Gorbachev é outro brinde! As missões são practicamente todas de operações clandestinas como é habitual nos Black Ops, tipicamente de espionagem, infiltração e sabotagem, mas com um maior foco em todas as teorias de conspiração e espionagem que muito bem caracterizaram aquela década. Ao longo dos níveis vamos poder encontrar várias provas que podem ser lidas nos briefings de cada missão e temos inclusivamente duas missões secundárias, onde, para o melhor resultado, devemos resolver toda uma série de puzzles com base nas provas recolhidas anteriormente. Desde desencriptar mensagens secretas, ou analisar documentos para identificar suspeitos de espionagem. De resto, para além de tudo isto, a campanha continua cativante como sempre, estando repleta de momentos épicos. A missão em plena sede do KGB, para além de ser bastante não-linear, coloca-nos mesmo numa situação de tensão constante para não sermos descobertos, algo que a série já tinha feito igualmente bem também no Call of Duty WWII. A jogabilidade no geral continua idêntica o que não é necessariamente mau. Podemos carregar duas armas, dois tipos de granadas, equipamento diverso (binóculos ou câmaras, por exemplo), vida regenerativa e progresso salvo em checkpoints regulares.

A campanha em si está muito bem conseguida na minha opinião. E sim, uma missão de espionagem em plena sede do KGB foi muito boa, até pela sua não linearidade

Visualmente é um jogo excelente. Foi um prazer presenciar este revivalismo da década de 80, e todo o seu low tech com as disquetes floppies, terminais primitivos com CRTs monocromáticos, cassetes de fita magnética entre muitos outros detalhes, como as máquinas arcade com jogos da Activision dessa época. Aliás, vamos poder inclusivamente desbloquear esses clássicos (River Raid, Boxing, Pitfall e vários outros) para jogar livremente o que foi um bonito gesto por parte da Activision! De resto, gráficos muito bons e bem detalhados. O voice acting continua excelente e a banda sonora vai também buscar muitas influências dos anos 80, com músicas rock cheias de melodias em sintetizadores a misturarem-se nas músicas mais ambientais ou épicas pelas quais a série é bem conhecida.

Pitfall, e vários outros clássicos da Activision para a Atari 2600 estão escondidos na campanha sob a forma de várias máquinas arcade que podem ser interagidas (e jogadas!)

Em suma, tirando todo o processo desnecessariamente complicado para quem quiser apenas jogar a campanha, a insistência da Activision em forçar-nos para fazer login ou criar conta deles, gostei bastante da campanha deste Cold War. É um óptimo jogo de acção e para quem se interessa pela guerra fria ou simplesmente por histórias de espionagem e teorias de conspiração, este jogo é um excelente exemplo e mais uma entrada bastante sólida na série Call of Duty. Segue-se o Vanguard, que regressa à Segunda Guerra Mundial uma vez mais, mas ainda tenho de o arranjar um dia que me apareça a um preço simpático.

Wolfenstein (Sony Playstation 3)

Vamos ficar agora com o Wolfenstein de 2009, um first person shooter que há muito queria ter arranjado no PC, mas cada vez mais é difícil fazê-lo por um bom preço. Isto porque com a id software a ter sido comprada pela Bethesda há uns tempos, os direitos deste videojogo ficaram algo perdidos entre a Bethesda e a Activision que o tinha publicado originalmente. Mas como o jogo em si foi um fracasso comercial, ninguém se quis dar ao trabalho de o relançar. No PC o jogo foi retirado do Steam e não houve qualquer relançamento em formato físico também, pelo que os que ainda andam em circulação estão cada vez mais caros. A solução foi antes procurar um exemplar da PS3 que andam sempre baratinhos, muitas vezes por menos de 5€. O meu exemplar em concreto veio da Cash Converters por 5€ algures no ano passado.

Jogo com caixa e manual

Este jogo volta a colocar-nos, claro, no papel de BJ Blazkowicz para dar cabo de mais uns quantos Nazis. A cutscene inicial mostra BJ Blazkowicz a sabotar um navio nazi que se preparava para lançar um poderoso míssil com destino à cidade de Londres. Pelo meio do conflito descobre um medalhão misterioso que lhe dá poderes especiais. Depois de destruir o navio, Blazkowicz é chamado pelos seus superiores que traçam as origens desse medalhão como sendo o mítico medalhão de Thule e enviam-no para a cidade de alemã de Isenstadt, onde a Divisão Paranormal dos Nazis estaria a investigar cristais mágicos que melhoram as suas capacidades. Quando chegamos a Isenstadt vamos ser recebidos pela resistência local, mas também iremos encontrar os russos da sociedade secreta Golden Dawn, que também investigava os poderes do medalhão de Thule e nos vão dando algumas missões para cumprir.

Este é um jogo open world, pelo que poderemos interagir com vários NPCs. Pena que a maior parte não tenha nada de jeito para dizer.

Este Wolfenstein é em parte um FPS da velha guarda, na medida em que poderemos manter equipadas todas as armas que encontramos e, tal como habitual na série Wolfenstein, estas vão sendo um misto de armas reais do tempo da segunda guerra mundial, como outras fictícias e experimentais do exército Nazi. Mas também temos uns quantos toques de FPS moderno, como a vida a regenerar automaticamente segundos depois de não sofrer dano e este é também um jogo open world, na medida que poderemos explorar livremente a cidade de Isenstadt, entrar em edifícios para procurar segredos, combater nazis nas ruas e chegar aos pontos de acesso para as diferentes missões que decorrem em mapas separados. No que diz respeito às mecânicas de jogo e controlos, nada de especial a apontar, o esquema de controlo é o standard em jogos deste género. Só me chateou mesmo a parte das granadas, pois não temos nenhuma indicação visual de onde as mesmas irão cair e muitas vezes acabamos por desperdiçar granadas por não cairem onde queremos. Por outro lado, os Nazis para além de terem muita força de braços ao atirar granadas através de largas dezenas de metros nalgumas vezes, caem sempre pertinho de nós. Felizmente que se formos rápidos temos também a hipótese de as atirar de volta.

Espalhados ao longo dos mapas, para além de dinheiro existem também documentos que podemos ler e descobrir um pouco mais da história

Mas a principal mecânica de jogo aqui anda mesmo à volta do medalhão de Thule e dos diferentes poderes mágicos que nos confere. Inicialmente o único poder que temos é a capacidade de entrar no veil, uma dimensão paralela que nos deixa ligeiramente mais rápidos, desbloqueia algumas passagens secretas bem como nos dá uma espécie de visão nocturna, que salienta a localização dos inimigos. Mas à medida que vamos progredindo no jogo iremos desbloquear novos poderes como o Mire que abranda tudo à nossa volta durante uns segundos, um escudo capaz de repelir todos os projécteis que nos atiram ou o empower, um poder que melhora o dano infligido pelas nossas armas, bem como nos dá a habilidade dos nossos projécteis atravessarem escudos inimigos. Não podemos é usar estes poderes durante muito tempo, pois sempre que os activemos temos uma barra de energia que se vai esvaziando ao fim de algum tempo e depois esta vai-se regenerando muito lentamente. Vamos tendo no entanto, espalhados pelo mapas, vários pontos de energia onde o medalhão pode ser recarregado.

No mercado negro poderemos comprar upgrades para as armas. A mira telescópica é um must!

O mercado negro, espalhado ao longo de Isenstadt, é também um ponto de referência, onde poderemos comprar upgrades para as nossas armas e também para o medalhão de Thule. O jogo avisa-nos logo para termos atenção aos upgrades que compramos pois não teremos dinheiro para os comprar todos. O dinheiro, para além do que vamos ganhando ao cumprir missões, está espalhado ao longo dos mapas, muitas vezes bem escondido. Certos upgrades, como a munição extra para as metralhadoras MP40 e MP43, a mira telescópica para a rifle, ou os upgrades para o medalhão de Thule são mesmo muito importantes! Estes vão sendo desbloqueados à medida que também vamos encontrando documentos de inteligência ao longo dos mapas, ou os tomes of power para os upgrades do medalhão.

Usar os poderes do medalhão dá muito jeito nos combates mais complicados

Graficamente é um jogo algo simples. Com uma versão melhorada do mesmo motor gráfico do Doom 3, que por sua vez já tinha sido desenvolvido na geração anterior, não esperem por gráficos super bem detalhados, mas cumprem bem o seu papel. No entanto, como um jogo open world deixa muito a desejar. É certo que é um jogo que decorre em plena guerra, mas atravessar a cidade de uma ponta à outra acaba sempre por ser um sacrifício em vez de um prazer. A cidade não é muito apelativa e a única coisa que vemos nas ruas são soldados inimigos e ocasionalmente alguns membros da resistência que nos auxiliam nos combates (mas muito pouco). Já no que diz respeito ao som, a banda sonora possui aquelas músicas orquestrais típicas dos Medal of Honor e Call of Duty da época, o que num jogo como Wolfenstein, bem menos sério e realista, acaba por não cair tão bem. O voice acting não é nada de especial embora ainda se ouçam aqui e ali algumas referências ao Wolfenstein 3D, como os soldados que gritam “mein leben” quando morrem, o que achei interessante.

Ocasionalmente teremos também alguns bosses para derrotar

Portanto este Wolfenstein até que é um first person shooter com potencial principalmente pelas mecânicas de jogo introduzidas pelo medalhão de Thule, mas a sua implementação não foi de todo a melhor. A experiência como um todo acaba por ser bastante aborrecida infelizmente. E nem sequer falei do multiplayer pois já não está disponível de todo. Felizmente, os Wolfensteins que lhe seguiram, a começar pelo New Order, parecem-me estar muito bons!

Hexen II (PC)

Mais um jogo que joguei bastante back in the day. Tal como o primeiro Hexen, que já cá trouxe a sua conversão para a Sega Saturn, este é mais um jogo na primeira pessoa produzido pela Raven Software, uma vez mais decorrendo num ambiente medieval e repleto de criaturas demoníacas. O meu exemplar foi comprado em Março deste ano no facebook, tendo-me custado 5€. É apenas a caixa de CD em jewel case que eventualmente fez parte da versão em Big Box, que gostaria de um dia a apanhar a um preço em conta.

Jogo com caixa jewel case

Tal como no primeiro Heretic e no primeiro Hexen, este jogo fecha a saga dos Serpent Riders, poderosas criaturas demoníacas que dominavam três diferentes mundos. Aqui teremos de libertar o mundo de Thyrion, que está sob o jugo de Eidolon, o mais poderoso dos Serpent Riders, se bem que também teremos os 4 Cavaleiros do Apocalipse para enfrentar. Tal como no Hexen, podemos escolher uma de várias classes com a qual jogar no início do jogo, como o Paladin, Crusader, Necromancer e Assassin. O Paladin e Crusader são ambas classes mais favoráveis ao combate corpo-a-corpo, embora o Crusader tenha mais pontos de vida e melhor defesa, já o Paladin é totalmente focado no ataque e é a única classe capaz de se mover na água livremente (assim que desbloquearmos a skill Free Action). O Assassin e o Necromancer são personagens mais frágeis fisicamente, mas possuem outras características que podem fazer a diferença. O Assassin ganha habilidades de se esconder nas sombras e os seus golpes são bem mais eficazes caso atinjamos um inimigo pelas costas, enquanto o Necromancer possui muitos pontos de mana e as suas armas são feitiços poderosos.

A temática medieval sinistra está muito bem aqui representada

Portanto, há aqui um ainda maior foco em mecânicas de RPG, pois cada vez que matamos um inimigo vamos ganhando pontos de experiência, subir de nível, melhorar os nossos stats e ocasionalmente lá vamos aprender novas skills também. Para além disso, iremos encontrar imensos itens diferentes, alguns de consumo imediato (que regeneram a nossa barra de vida ou pools de mana), ou outros que poderemos armazenar num inventário e usá-los quando bem entendermos. Estes podem-nos dar invencibilidade temporária, teletransportar para o início do nível, transformar os inimigos em ovelhas, melhorar os nossos stats como a velocidade ou ataque, entre muitos outros. Para além das mecânicas de RPG estarem um pouco mais presentes, a exploração, puzzle solving e backtracking continuam na ordem do dia. Tal como o seu predecessor temos uma série de níveis todos interligados, onde teremos de procurar chaves e outros itens que nos irão desbloquear novas zonas e eventualmente chegar ao boss daquele mundo, para depois repetirmos o processo numa zona completamente diferente. Teremos de passar cada nível a pente fino, à procura de passagens secretas, objectos destrutíveis, botões e alavancas que poderão activar qualquer coisa num outro nível também, daí o tal backtracking estar também muito presente.

No final de cada mundo temos um boss para defrontar

No que diz respeito aos audiovisuais, enquanto o Heretic e Hexen usavam versões melhoradas do motor gráfico do Doom, este Hexen II já possui o motor do Quake por base. Ou seja, teremos níveis, objectos e inimigos completamente renderizados em 3D, o que permite uma maior geometria e criatividade na criação dos níveis. E é isso mesmo o que acabou por acontecer, pois os níveis possuem muitos detalhes interessantes e, mesmo dentro do mesmo hub, acabam por ser algo diferentes entre si. O mundo de Blackmarsh, tem o seu castelo, cidade fortificada com vários estabelecimentos comerciais, um moinho, um palácio, estábulos, entre outros. Já os mundos seguintes têm temáticas diferentes. O domínio da Morte faz lembrar bastante as grandes civilizações da América Central e do Sul, com os seus templos, enquanto o domínio da Peste é um mundo mais próximo do antigo Egipto. Por fim, o mundo da Guerra faz lembrar a Roma antiga, enquanto que quando enfrentamos Eidolon, voltamos aos castelos medievais. No que diz respeito ao som, nada a apontar. As músicas são calmas, porém tensas, o que contribui bem para a atmosfera opressora que o jogo incute. Os efeitos sonoros são os típicos da altura, com os grunhidos das criaturas e da nossa personagem quando ataca ou sofre dano.

Temos diferentes classes para explorar, com habilidades e armas distintas entre si

Portanto este Hexen II é um jogo muito interessante pelas suas componentes de RPG e exploração, mas o backtracking extremo, e a necessidade de passar cada nível a pente fino para procurar passagens secretas e interruptores ou alavancas escondidas irão certamente alienar algumas pessoas. Portanto, quem não gostou do primeiro Hexen por esse motivo, aqui não irá ser diferente. No entanto, para quem gostou do anterior, irá certamente gostar deste também, não só pelas mecânicas de jogo familiares, mas também pelos seus visuais mais apelativos, novas classes e habilidades.

Soldier of Fortune II Double Helix (PC)

SoF IIContinuando com os jogos de PC, a análise que trarei cá hoje será sobre o segundo jogo da série Soldier of Fortune, nomeadamente o Soldier of Fortune II: Double Helix. Mantendo a violência extrema do primeiro jogo, na medida em que podemos disparar sob várias partes do corpo, com diferentes reacções e consequências, mediante a distância e arma escolhida, mas a jogabilidade passou a ser um pouco mais séria e táctica. Onde antes poderíamos ter uma jogabilidade à “Rambo” em certos momentos, aqui teremos de ter muito mais cuidado com cada passo dado. E este jogo entrou na minha colecção algures durante este ano, após ter sido comprado por 1€ na feira da Ladra em Lisboa.

Soldier of Fortune II - PC
Jogo completo com 2 discos, caixa e manual

Mais uma vez tomamos o papel de John Mullins, um veterano de guerra do Vietname que posteriormente virou mercenário, trabalhando para a misteriosa organização “The Shop” cujo objectivo consiste em combater organizações terroristas espalhadas pelo mundo. Uma das coisas que eu não sabia é que John Mullins é uma personagem real, tendo sido militar no Vietname e posteriormente ter fundado a sua própria organização de mercenários, bem como ter servido de conselheiro nestes dois jogos da série. Mas voltando ao mundo fantasioso, aqui começamos a aventura (após um flashback na europa de leste em tempo de guerra fria, com um John Mullins sem bigode) em plena selva colombiana, onde uma remota aldeia foi misteriosamente erradicada com um surto viral. Depressa vamos chegar à conclusão que isso não foi um mero acaso, mas sim obra de mais um grupo terrorista, desta vez chamado de Prometheus e que se encontra a desenvolver um poderoso vírus, com o qual desejam posteriormente utilizá-lo em actos terroristas de forma a angariar muito dinheiro por parte dos governos. A história não se fica só por aí, vamos ter algumas reviravoltas e muitas conspirações à mistura, mas deixo isso para quem for jogar.

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Desde o velhinho Shadow Warrior que não me divertia tanto a disparar com duas Uzis

A primeira coisa que nos deparamos é que neste jogo os tiroteios são bem mais fatais, exigindo da nossa parte uma jogabilidade mais furtiva e cuidada. Isto porque apesar de todo o “realismo” do primeiro jogo, ainda nos podíamos dar ao luxo, pelo menos em certas partes, de ter uma abordagem bem mais à “rambo”, disparando para tudo o que se mexa enquanto corremos que nem uns doidos. Aqui isso não é possível, pois os inimigos para além de serem bem numerosos por vezes, não se importam nada de nos mandarem com granadas ou de nos rodearem. Por outro lado, os NPCs inocentes que no primeiro jogo eram abundantes e teríamos cuidados adicionais para não os matar, caso contrário era um game over, aqui existem na mesma, mas num número muito menor. Outra diferença considerável face ao primeiro jogo está nas armas. Onde antes chegavamos a ter algumas armas high-tech completamente fictícias, aqui todas elas são inspiradas em modelos reais, incluindo a arma high-tech e multifunções OICW. Também como o anterior podemos ir escolhendo o nosso load-out de armas e items a levar, e enquanto o arsenal é vasto, mais uma vez não podemos carregar com tudo. Ainda assim pareceu-me ser um limite mais generoso.

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Vamos tendo um arsenal bastante vasto à nossa disposição

Em relação ao foco maior numa jogabilidade furtiva, existem de facto missões em que a mesma jogabilidade é fortemente encorajada, ou mesmo obrigatória, tal como numa das primeiras missões em que jogamos. Infelizmente essa implementação não é a melhor, pois uma vez soado o alarme (e basta para isso um dos inimigos nos ver, mesmo que uns micro-segundos depois lhe enfiemos uma bala na testa), é impossível desligá-lo, deitando abaixo por completo a nossa abordagem furtiva e em alguns casos até se torna muito difícil progredir no jogo. De resto, para além da campanha single player que é maiorzinha que a do primeiro jogo, temos um”random mission generator” que sinceramente não experimentei e várias vertentes de multiplayer. Destas temos, para além do Capture the Flag e variantes de Deathmatch (como a Elimination onde as mortes são permanentes por round), temos também o modo Infiltration, onde uma equipa tem de proteger uma pasta a todo o custo e a outra terá de a roubar e levar a um determinado extraction point no mapa. A versão Gold deste jogo trouxe ainda o Demolition, mas como a minha versão é a normal, não me alongo nesse assunto.

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As cutscenes utilizam o próprio motor gráfico do jogo.

Graficamente o jogo é francamente superior ao anterior, quanto mais não seja por utilizar a engine id Tech3 do Quake III Arena – mais uma vez a Raven a utilizar os motores gráficos de John Carmack. No entanto, também não é o melhor dos jogos para se correr em computadores modernos. Pelo menos no meu caso, não reconhecia resoluções widescreen, nem 4:3 maiores que 1400×1200, pelo que tive de o jogar com uma resolução algo baixa. De resto, os modelos dos inimigos estão bem detalhados e apesar de não ter visto tripas de fora desta vez, o gore continua presente e desmembramentos com shotguns continuam a ser possíveis. Os cenários são mais uma vez bastante variados, com níveis em selvas, pequenas aldeias, outros urbanos como os mercados de Hong Kong, ou as típicas bases militares espalhadas por vários locais no mundo. A música sinceramente passou-me despercebida, mas o voice acting pareceu-me convincente, assim como os efeitos sonoros no geral.

Para fechar o artigo, Soldier of Fortune II parece-me um jogo superior ao seu antecessor a todos os níveis, apesar de continuar a não ser perfeito. As secções de infiltração poderiam ser melhor trabalhadas e os controlos por defeito não me agradam de todo, mas esses podem ser livremente customizados, tal como qualquer jogo de PC digno dessa categoria. Se gostam de FPS com temas militares, certamente irão apreciar este Soldier of Fortune.

Soldier of Fortune (PC)

Soldier of FortuneVamos voltar aos first person shooters do PC para um jogo que foi bastante badalado para a altura em que saiu pela sua violência over-the-top. Essencialmente é um jogo em que tomamos o papel de um mercenário que luta contra pequenos exércitos em busca de travar um eventual conflito nuclear de proporções catastróficas. O senão deste título é mesmo o sistema de localização de dano, sendo possível decepar os corpos dos nossos inimigos e atingi-los em diversas partes do corpo, provocando várias reacções. Mas já lá vamos. Este jogo entrou na minha colecção algures no ano passado, tendo sido comprado na cash converters da Praça do Chile em Lisboa por 1.95€, tal como se pode observar pelas marcas a marcador na capa (ainda não me dei ao trabalho de passar álcool na capa para a tirar).

Soldier of Fortune - PC
Jogo completo com caixa, manual e papelada.sion

Tal como referi no parágrafo acima, encarnamos então no papel de John Mullins, um mercenário do grupo de elite “Soldiers of Fortune”. Começamos o jogo a resolver um conflito nos subúrbios de Nova Iorque, onde um perigoso gangue tomou de assalto o sistema de metropolitano da cidade e feito uma série de reféns. Ao longo do jogo vamos descobrindo que as coisas não são tão simples assim e esse gangue teria ligações uma facção para-militar que tinha roubado 4 ogivas nucleares de uma antiga base soviética. O resto do jogo leva-nos ao longo do mundo para locais como o médio oriente, Japão, sibéria, entre outros, de forma a localizar as 4 ogivas desaparecidas e destruir essa organização misteriosa.

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Antes de cada nível, podemos escolher as armas e equipamento a levar logo de início, mediante os nossos fundos monetários.

Soldier of Fortune foi um jogo que foi publicitado como sendo “realista”. O facto de termos um imenso arsenal ao nosso alcance como vários revólveres, metralhadoras, lança rockets,a fiel shotgun e outras armas mais “futuristas”, não podemos carregar com tudo de cada vez, o que era algo não usual nos FPS da altura. E claro, o sistema de dano também deu as suas cartas e sim, é delicioso atirar numa perna de um soldado inimigo e vê-lo a ganir de dor, para a seguir dar um tiro num braço e por fim um outro na zona das virilhas para lhe dar um final merecido. Se usarmos uma arma mais poderosa, como uma shotgun, então é possível arrancar membros, cabeças ou deixar tripas de fora num disparo à queima-roupa na zona dorsal. Daí se compreende perfeitamente o porquê de tanta polémica quando o jogo foi lançado devido à sua excessiva violência. Mas apesar desse apregoado realismo, na verdade o jogo acaba por ter a jogabilidade de um Quake II, com imensos inimigos a surgirem de todos os lados e o jogo por vezes exigir uma abordagem bem mais agressiva ao invés de infiltração. Ainda assim é possível jogá-lo de uma forma não violenta, mas teremos de ser mesmo muito precisos. Ao disparar na arma dos nossos inimigos, eles perdem-na e rendem-se, ficando à nossa mercê de fazermos o que quisermos com eles (ou não).

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Como habitual em jogos deste estilo, as cutscenes utilizam o motor gráfico do jogo em si.

Para além do modo campanha que tem uma duração quanto baste, o jogo apresenta também uma vertente multiplayer, como não poderia deixar de ser. E também como não poderia deixar de ser, é algo que não prestei muita atenção. Para além de várias variantes do deathmatch, com as originais “Arsenal”, onde começamos a partida com todas as armas do jogo e temos de matar um inimigo com cada uma das armas e o primeiro a consegui-lo vence a partida, a outra é o “Realistic Deathmatch”, com restrições de apenas podermos equipar uma arma pesada para além do revólver, os danos provocados por tiros serem muito maiores que na vertente single player ou mesmo por existir uma barra de stamina que se vai diminuindo conforme vamos correndo e saltando. Para além dessas vertentes do deathmatch existe ainda um capture the flag que dispensa quaisquer apresentações, o “Assassination” que como o nome indica tem o objectivo de assassinar uma pessoa em específico e por fim temos o “Conquer the Bunker” que é uma variante de modos como os Domination, onde teremos de “conquistar” pelo máximo de tempo possível vários pontos específicos no mapa.

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A shotgun é uma arma que faz muitos estragos

Graficamente é um jogo bastante datado, até porque utiliza uma engine modificada da id Tech 2, utilizada em jogos como o Quake II, o que não é nenhuma surpresa, devido à óptima relação que sempre existiu entre ambas as empresas. De qualquer das formas, com esta engine esperem por modelos ainda muito “quadrados” e texturas simples. Para além do mais é um jogo que tem muitos problemas em correr em sistemas operativos modernos, sendo necessário a utilização de um patch desenvolvido por fãs para lhe tirar o melhor partido possível, incluindo jogá-lo em 1080P. A música, efeitos sonoros e voice-acting são OK, nada de particularmente memorável, mas também não posso dizer que sejam maus.

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Para disparos com precisão cirúrgica, nada como uma sniper rifle.

Como um todo, considero este Soldier of Fortune um bom FPS, que vai buscar elementos de jogabilidade tanto a jogos da velha guarda, mas também começa a incutir algumas outras coisas presentes em jogos mais modernos. Apesar de ser um jogo graficamente datado e com problemas de performance a correr em sistemas operativos modernos, recomendo na mesma a versão PC, pois existem tools disponíveis para o tornar jogável em sistema Windows 64bit. Existem também conversões para a Dreamcast e Playstation 2, mas sinceramente não sei se são boas conversões ou não. Lembro-me que, back in the day, o pessoal queixava-se bastante dos loadings demorados da versão Dreamcast.