Quake II (Nintendo 64)

Poucos meses antes do Quake II ter saído para a Playstation, numa conversão que achei excelente tendo em conta as limitações de hardware da máquina da Sony, quando a versão PC demonstrava o estado da arte em gráficos 3D, a versão Nintendo 64 foi também lançada. E tal como a versão Playstation, é também uma versão tecnicamente inferior à original, mas não deixa de ser impressionante pois usa muito bem as capacidades da Nintendo 64, principalmente se activarmos o Expansion Pack com a sua memória adicional. O meu exemplar foi comprado a um amigo meu em Outubro do ano passado, tendo-me custado uns 5€ se bem me recordo.

Apenas cartucho

A história é idêntica ao original onde controlarmos um space marine na luta pela sobrevivência da raça humana, perante a ameaça dos Stroggs, uma avançada civilização alienígena. Alguns dos níveis são adaptados do original PC (e suas expansões), enquanto outros foram desenvolvidos especificamente para a Nintendo 64. No que diz respeito aos controlos, por defeito o jogo assume um esquema algo parecido aos habituais nos FPS de hoje em dia, com os botões C a servir para nos movermos e o analógico para controlar a câmara. É ao contrário do que temos hoje em dia, pelo que irá custar um pouco a desabituar velhos hábitos. De resto, o botão Z serve de gatilho, enquanto os A e B servem para alternar entre as armas disponíveis no inventário. Existem outros presets de controlo, mas em FPS deste género recomendo vivamente que usem o poder da emulação, isto porque existe um plugin de controlos muito interessante para o emulador Project 64, que permitem jogar este, e outros FPS com um esquema WASD+Rato, o que é bem mais agradável. De resto, para além da vertente singleplayer temos também o multiplayer, o que no caso desta versão Nintendo 64 resume-se a partidas em split screen com suporte até 4 jogadores em simultâneo, com variantes do deathmatch e capture the flag mas confesso que nunca cheguei a experimentar estes modos de jogo.

As texturas são óptimas para um jogo da Nintendo 64, embora longe da qualidade das originais de PC

No que diz respeito aos audiovisuais, esta é então uma adaptação que achei surpreendente. Os inimigos são modelos poligonais bem detalhados e os níveis, apesar de possuirem texturas de menor resolução como seria esperado numa Nintendo 64, estas são mais fieis ao original do que a versão Playstation, que por sua vez possui texturas melhores, com maior resolução, no entanto algo diferentes do original. De resto o jogo mantém-se num ritmo frenético tal como o original de PC e isso é o mais importante. Já no que diz respeito à música, enquanto as versões PC e PS1 possuíam uma banda sonora muito à base do heavy metal, o que se adequa perfeitamente ao ritmo de jogo e também à imagem dos seus cenários, esta versão Nintendo 64 traz uma banda sonora mais contida, com temas ambientais, um pouco como no primeiro Quake para o PC. Mas ali tínhamos uma banda sonora composta por Trent Reznor dos Nine Inch Nails, aqui a qualidade não é a mesma.

O jogo mantém o seu ritmo frenético e ultraviolento. Ainda bem que assim é!

No fim de contas, apesar de a versão PC ser largamente superior em todos os aspectos, devo dizer que fiquei agradavelmente surpreendido com as conversões que este clássico recebeu para as consolas da sua época. Tanto a versão Playstation como esta versão Nintendo 64 são FPS de óptima qualidade em ambas as plataformas, mantendo uma jogabilidade frenética, fluída e óptimos visuais tendo em conta as limitações de cada plataforma.

Return to Castle Wolfenstein (Sony Playstation 2)

rtcw ps2Return to Castle Wolfenstein é um reboot do “avô” dos FPS (Wolfenstein 3D). Foi lançado em 2001 para o PC, tendo sido convertido para Xbox e PS2 em 2003. A versão PS2 tem o subnome “Operation Resurrection” enquanto que a versão Xbox é “Tides of War”. A minha cópia foi comprada na loja portuense TVGames ainda neste ano, tendo pago uns 3/4€ pelo jogo. Está em óptimas condições.

Return to Castle Wolfenstein Operation Resurrection
Jogo completo com caixa, papelada e manual

Return to the Castle Wolfenstein no PC, apesar de ter um modo single-player competente, foi bem mais famoso pela sua vertente multiplayer, que consistia num modo de jogo guiado por objectivos, e membros de equipa divididos por classes, aspectos que vieram a ser aproveitados posteriormente por muitos FPS modernos. A versão Xbox mantém esta vertente multiplayer, graças à boa qualidade da infraestrutura Xbox Live. Já a Raster Productions, estúdio que tratou da conversão PS2, fizeram um péssimo trabalho em muitos campos. O mais importante foi a não inclusão de qualquer modo multiplayer. Assim sendo, vamos lá focar-nos na vertente singleplayer.

Pelo menos desde Wolfenstein 3D que os jogos da série envolvem o regime Nazi e o seu interesse pelo Oculto. O jogo coloca-nos na pele do agente secreto B.J. Blazkowicz, que enquanto se encontrava no Norte de África a combater as forças de Rommel, recebe uma missão secreta numa qualquer cidadela do Egipto, para investigar umas escavações que estão a ser feitas pelos Nazis. À medida que o jogo vai avançando vamos visitando várias localizações, desde o próprio Castle Wolfenstein, a sua vila, fábricas em ruína, laboratórios secretos na Noruega, etc. Vamos também descobrir que os Nazis planeiam ressuscitar um antigo cavaleiro demoníaco que foi selado uns séculos antes por um herói misterioso. Ao ressuscitá-lo, os Nazis planeiam ter um exército demoníaco ao seu dispor, bem como um outro de criaturas geneticamente (e tecnologicamente) modificadas. Assim sendo Blazkowicz não só tem de enfrentar soldados comuns, bem como vários tipos de zombies e criaturas sombrias fruto de experiências Nazis. O jogo original no PC começa logo no Castle Wolfenstein, com Blazkowicz feito prisioneiro. As conversões para consolas adicionam um episódio novo, logo no início, o tal passado no Egipto, que acaba por explicar como Blazcowitz foi lá parar.

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Sniper rifle - um mimo

O jogo é composto por vários capítulos, cada um separado por cinemáticas que fazem uma espécie de briefing do que é para fazer em seguida. Por sua vez cada capítulo é dividido por uma série de missões, com vários objectivos a serem cumpridos. Objectivos esses que podem passar por procurar documentação secreta, assassinar oficiais importantes, auxiliar membros da resistência, prevenir lançamento de mísseis, etc. Algumas missões também exigem bastante stealth, se formos descobertos é logo game over. Felizmente existem algumas armas silenciosas, desde revólveres, metralhadoras e até sniper rifles. Aliás, armamento é coisa que não falta neste jogo e felizmente podemos carregar tudo ao mesmo tempo. Facas, revólveres, vários tipos de metralhadora, rifles, panzerfausts, granadas, lança-chamas, e as jóias da coroa do exército Nazi – Tesla Gun (arma eléctrica) e Venom (metralhadora pesada).

Mas isto está tudo presente na versão PC (excepto os níveis novos), a equipa que converteu este jogo para a PS2 fez um trabalho mauzinho. A começar pela não inclusão de um modo multiplayer, nem em split screen. Em seguida porque a própria conversão ficou cheia de falhas. Uma coisa que achei mesmo muito má foi a inteligência artificial dos inimigos. Se eles nos ouvirem a fazer barulho, ficam logo alerta e rapidamente nos encontram. No entanto se formos silenciosos, aconteceu-me várias vezes estar a poucos metros dos inimigos e eles impávidos e serenos. Se estiverem 2 soldados a conversar e com um tiro de sniper matarmos um, o outro se não nos vir nem sequer estranha o facto do seu colega ter levado um balázio. Enfim, exemplos de má IA é o que não falta.

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Detestei este gajo - é mesmo melhor dar uso da sniper rifle á distância.

Outro aspecto onde a Raster Productions deixou algo a desejar foi o quesito gráfico. As texturas estão bem mais pobres que a versão PC e Xbox, e o mesmo pode ser dito sobre os modelos dos objectos e os efeitos de iluminação. Mas nada que não nos habituemos ao fim de algum tempo de jogo. A nível de som aí a experiência já está mais bem conseguida. À semelhança de Medal of Honor, em momentos de mais tensão o jogo coloca uma música mais orquestral a condizer com o momento. O voice-acting está competente, mesmo as falas entre os soldados no próprio jogo. Os alemães falam inglês com sotaque alemão, mas preferia mesmo que falassem a sua própria língua e o jogo tivesse legendas. De facto, nenhuma das falas do jogo tem legendas, o que é uma pena, visto haver uma discrepância grande entre os volumes de jogo e das cut-scenes (estas últimas estão bem mais baixas). Para colmatar estas falhas incluiram uma novidade. Return to Castle Wolfenstein possui (à semelhança dos jogos clássicos), zonas secretas espalhadas nos mapas, com munições ou tesouros. Cada zona secreta que se encontra equivale a um ponto na pontuação final do nível. Esses pontos poderão ser trocados por vários bónus, seja uma maior capacidade de armazenamento de munições, mais health points, mais armadura, items restaurativos, etc.

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Yep, zombies da idade média, este jogo tem-nos. Pena que não sejam minimamente assustadores.

Para finalizar, só posso recomendar este jogo a quem não conseguir arranjar a versão PC ou até a versão Xbox. A versão PS2 tem várias falhas, sendo a mais grave a não inclusão da componente multiplayer. Ainda assim, a vertente “história” é competente o suficiente para proporcionar uma experiência minimamente agradável, e tanto esta conversão como a de Xbox têm alguns níveis extra. Fica ao vosso critério.