Heroes of Ruin (Nintendo 3DS)

Publicado pela Square Enix, mas desenvolvido pela N-Space (o mesmo estúdio que desenvolveu o Geist da GameCube e trabalhou em inúmeras conversões de títulos ocidentais, muitos deles para a própria Nintendo DS), eis que em 2012 lançam este Heroes of Ruin. Um action RPG muito similar nas suas mecânicas de jogo a títulos como o Diablo, e também possuiu um grande foco numa vertente multiplayer cooperativa, podendo ser jogado com até 4 jogadores em diversas formas, online ou por rede local. Naturalmente que o joguei sozinho, mas já lá vamos. O meu exemplar foi comprado numa CeX na zona do Porto algures em Dezembro de 2017, tendo-me custado cerca de 5€ após ter feito umas trocas.

Jogo com caixa e imensa papelada inútil… era muito melhor um manual.

A história leva-nos ao reino de Nexus, onde o seu guardião, uma esfinge chamada Ataraxis está às portas da morte. Nós somos então contratados pela coroa lá do sítio para tentar encontrar uma cura para a esfinge e à medida que vamos avançando na história vamos encontrando uma conspiração cada vez maior para desvendar. Mas sinceramente não esperem por uma narrativa muito boa. O ponto forte do jogo é mesmo a sua jogabilidade simples, muito loot based, e a possiblidade de atravessar as dungeons de forma cooperativa com outras pessoas.

Cada classe possui diferentes armas e habilidades. Os gunslingers são óptimos para quem prefere atacar à distância

Mas antes disso temos de criar a nossa personagem que poderá recair numa de várias raças distintas que por sua vez correspondem a diferentes classes. Os vindicators são liontaurs e os típicos guerreiros corpulentos que atacam com espada. Os humanos são gunslingers e usam apenas armas de fogo. Os elfos pródigos em usar ataques mágicos e por fim temos os Savages, guerreiros animalescos que lutam apenas com as suas garras para combates ainda mais próximos. Ao longo do jogo iremos atravessar diversos níveis, completar várias quests principais e side quests, encontrar inúmeras peças de equipamento e, tal como nos Diablos, ocasionalmente encontramos portais que nos permitem teletransportar de volta para a cidade de Nexus, que serve de hub central a todas as diferentes áreas de exploração e combate.

No final de cada dungeon temos sempre um boss para enfrentar.

À medida que vamos combatendo ganhamos também pontos de experiência e eventualmente subimos de nível. Quando isso acontece temos sempre alguns stat points que poderemos distribuir entre ataque, vida ou mana/stamina. Para além disso vamos também ganhando skill points que servem precisamente para desbloquear ou evoluir novas habilidades, algumas inclusivamente passivas. Tal como noutros action RPGs, um dos botões faciais serve para os ataques normais, os outros 3 poderão ter skills associadas. O botão L está reservado para interagir com objectos ou NPCs, o R é usado para desviar ou defender e o d-pad é uma maneira rápida de usar poções de vida ou de mana. É um jogo com uma jogabilidade simples mas perfeitamente funcional.

Os Vindicators são liontaurs, um híbrido entre leão e humano. São também autênticos tanques, podendo aguentar com muita pancada

No que diz respeito aos gráficos, é um jogo competente tendo em conta as limitações do sistema. O mundo de Nexus não é assim lá muito interessante, mas ao menos vai havendo alguma variedade, com níveis com temáticas dos oceanos, florestas, montanhas geladas e uma outra dimensão repleta de criaturas infernais. Ocasionalmente temos direito a algumas cutscenes que por sua vez são também bastante simples com vários desenhos estáticos acompanhados com um voice acting competente, mas não necessariamente interessante ou memorável. Nada de especial a apontar às músicas, servem bem para nos envolver na atmosfera do jogo.

Portanto este Heroes of Ruin é um action RPG sólido, mas que não cria nada de novo. Se forem fãs de jogos do género do Diablo ou Torchlight, este Heroes of Ruin acaba por ser uma boa opção dentro do género na Nintendo 3DS. Não é nenhuma obra prima, mas é um jogo perfeitamente capaz de nos entreter. O seu foco numa jogabilidade mais cooperativa era também um dos seus pontos fortes e estou certo que seria bem mais divertido se fosse jogado com amigos.

Duke Nukem: Land of the Babes (Sony Playstation)

Duke Nukem Land of the BabesVamos lá continuar nas consolas de 32bit, mas agora indo para a concorrência para mais um jogo da primeira Playstation. Sequela de Duke Nukem Time to Kill que por sua vez já era um jogo de acção na terceira pessoa, este Land of the Babes foi também desenvolvido pela mesma N-Space, utilizando a mesma fórmula de jogabilidade do anterior, mas com uma série de melhorias. O que continua é a violência gratuita, humor negro e conteúdo sugestivo, o que para mim nunca representou nenhum problema! O jogo entrou na minha colecção no mês passado, após ter sido comprado por um particular, tendo-me custado algo em torno dos 6€ se a memória não me falha.

Duke Nukem - Land of the Babes
Jogo completo com caixa, manual e papelada

E este Duke Nukem começa da mesma forma que muitos outros, com Duke num clube de strip a mandar uns canecos abaixo, como qualquer homem que se preze até que surge uma jovem rapariga de um portal, seguida por dois pigcops que a assassinam. Claro que Duke não se deixa ficar e enche-os logo de chumbo, entrando no portal para tentar perceber o que se passa. E o que se passava é que esse portal o levou para a Terra no futuro, onde mais uma vez foi invadida pelos aliens que dizimaram toda a população masculina do planeta, começando depois a raptar todas as mulheres e vendê-las como escravas pela galáxia fora. Mas no meio daquele caos ainda havia resistência, através do movimento UBR (Unified Babe Resistance – sim, preparem-se para muitas tiradas destas), um movimento todo feminino que conseguiu arranjarem maneira de viajar no tempo de forma a pedir a ajuda de Duke. O resto não é nada difícil de imaginar e para quem vir o final do jogo verá uma das coisas mais cheesy de sempre, mas que fazem todo o sentido no universo Duke Nukem.

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Durante o jogo podemos resgatar muitas “babes” e logo no ecrã título isso é esfregado na nossa cara, não vá o jogador se esquecer de tal nobre objectivo!

O Duke Nukem Time to Kill foi um jogo em que eu tirei muitos paralelismos aos Tomb Raiders clássicos, com os seus controlos arcaicos, movimentos similares (saltos, agarrar-se em fendas, penhascos, nadar e por aí fora), com muita exploração e platforming À mistura, mas também com uma dose de acção bem maior, afinal era um Duke Nukem. Este Land of the Babes segue o mesmo caminho. Mas ainda assim não deixa de ter algumas coisas novas como o sistema de saúde. Aqui para além dos habituais power ups regenerativos de health points, Duke recupera saúde cada vez que conseguir matar um inimigo – os chamados “ego boost”. Isso acabou por tornar o jogo mais fácil de um ponto de vista meramente de combates, até porque existe também um botão para o autoaim, para além de podermos também utilizar uma perspectiva de primeira pessoa apenas para disparar. De resto, tal como disse no início, podem sempre esperar níveis que requerem alguma exploração, nem que sejam as buscas habituais de chaves ou outros items necessários para completar o jogo.

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Há algo neste jogo que eu não gostei muito. O design dos novos inimigos. Ratazanas falantes e Pigcops mutantes com macacos não foi grande escolha.

Para quem estiver habituado ao arsenal do Duke clássico, aqui também verá muitas armas familiares, a começar pelas “almighty boots”, que para além servirem para dar uns valentes pontapés, também servem para abrir portas “Duke style“. De resto, caçadeiras, metralhadoras, lança rockets, ou outras armas futuristas também marcam presença, assim como uma sniper rifle que podemos tirar partido do seu zoom, ou as habituais pipebombs, a shrinker e a freezer, armas que tornam os inimigos do tamanho de pequenos ratos, ou os congelam, respectivamente. De resto, para além do modo campanha, este jogo traz também um pequeno modo multiplayer, um Dukematch para 2 jogadores. Pobrezinho, mas já é algo. Também existe um modo de treino onde podemos practicar as habilidades de Duke, sejam os seus movimentos ou a nossa pontaria numa galeria de tiro – mais uma tirada à série Tomb Raider clássica.

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Existem algumas cutscenes em CG no jogo, claro que a típica cutscene no bar de strip teria de acontecer

Graficamente é um jogo competente, dentro dos possíveis ditados pelo hardware da máquina 32bit da Sony. Comparativamente ao Time to Kill, as personagens no geral, sejam inimigos, as babes ou o próprio Duke estão mais bem detalhadas e a nível de detalhe e texturas no geral este jogo representa um melhor papel. Como sempre podemos contar com as bocas foleiras que Duke manda para os aliens, os piropos para as mulheres, ou bitaites para o ar só porque sim. Quem gostou de Duke Nukem 3D poderá ouvir aqui algumas boas piadas mas por outro lado também já me soaram um pouco forçadas. A música como sempre tem uma toada mais hard rock como manda a lei e isso agrada-me. No fim de contas este é um jogo que não é nada mau e para os que na altura gostaram do Time to Kill ou mesmo do Zero Hour da Nintendo 64, certamente não irá desgostar deste jogo. Claro que teremos de ter em conta que muitas das mecânicas de jogabilidade e controlos hoje em dia estão ultrapassados, já para não falar do habitual 3D ainda cru que as consolas de 32bit nos proporcionaram.

Duke Nukem Time to Kill (Sony Playstation)

DN Time to KillQuem segue este blogue há algum tempo, já se deve ter apercebido que o saudoso Duke Nukem 3D é um dos meus jogos preferidos. Ora na segunda metade da década de 90 a personagem Duke Nukem estava em alta, pela sua personalidade “macho man”, a violência gratuita e o humor negro que DN3D nos habituou. Após o dito jogo ter sido convertido para as consolas da altura, e enquanto os comuns mortais ainda pouco ouviam falar de um tal Duke Nukem Forever, há que espremer o leite à vaca enquanto a personagem está em alta. Quem também estava em alta era a Lara Croft e os seus Tomb Raider, pelo que a 3D Realms e a N-Space acharam boa ideia fazer um jogo em que unisse os dois universos. E assim nasceu este DN Time to Kill, cuja cópia me veio parar às mãos por intermédio da loja portuense TVGames, tendo-me custado 5€. Infelizmente tem a capa estalada, foi um acidente de percurso.

Duke Nukem Time to Kill - Sony Playstation
Jogo completo com caixa, manual e papelada

O jogo abre com uma cutscene em CG onde Duke Nukem, a bordo da sua moto, vai a caminho do seu strip club predilecto, em plena baixa de Los Angeles. Quando lá chega é emboscado pelos seus velhos conhecidos Pigcops que o atacam e, para ridicularizar as coisas, transformam a sua moto numa bicicleta de menina. Óbvio que o Duke não fica nada contente com isto e o que acontece em seguida não deve ser muito difícil de adivinhar. O jogo começa então no tal clube de strip, onde vemos alguns conjuntos de polígonos que se assemelham a strippers a abanarem-se num varão (um gajo naquela altura tinha de ter imaginação fértil), e após encher uns quantos aliens de chumbo e explorar a baixa de Los Angeles ao seu redor, deparamo-nos com um estranho portal que nos leva a viajar no tempo até ao passado, directamente a um western. Parece então que os Aliens estão determinados em mudar o passado na Terra, de forma a conseguirem ganhar controlo sobre o planeta.

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Existe um modo de jogo multiplayer para 2 jogadores em split screen que me esqueci de referir no texto principal.

O jogo vai prosseguindo então sempre da mesma forma, após alguns níveis numa determinada era e enfrentarmos um boss, voltamos à zona inicial de Los Angeles, onde podemos explorar o cenário um pouco mais e viajar para um outro local. Para além do “Far west“, visitamos também o tempo medieval e romano. Curiosamente o traje de Duke (e dos Pigcops) vai-se transformando de acordo com a era em que nos encontramos, foi um pormenor interessante, assim como vamos encontrando algumas armas que são características desse mesmo período, como dinaminte no Oeste, ou “granadas sagradas” nos cenários medievais. O mesmo se pode dizer das meninas que vamos encontrando ao longo do jogo, há para todos os gostos (literalmente para TODOS os gostos – e mais não digo). E porque referi no primeiro parágrafo que este Duke tinha algumas semelhanças com o Tomb Raider? Bom, em primeiro lugar porque o jogo usa a perspectiva de terceira pessoa, bem como herda os tank controls de Lara Croft nos primeiros jogos.

Mas isso não é o único factor, nota-se perfeitamente a influência “Indiana Jones” que Lara Croft popularizou nos seus jogos, com Duke a mimicar muitos dos seus movimentos, tal como arrastar objectos, explorar exaustivamente os cenários que, principalmente na idade média e romana ganharam proporções bem mais épicas. A própria animação de Duke a nadar é em si muito semelhante à de Lara Croft nos primeiros jogos. O arsenal de Duke é bem maior, herdando algumas armas do Duke 3D, mas apresentando também muitas outras, como os explosivos especiais que já mencionei acima. Existe também alguma interactividade com os cenários e objectos, mas não ao nível que Duke 3D e Shadow Warrior nos tinham habituado previamente. A animação que Duke executa para interagir com as meninas é no mínimo curiosa/pervertida. Infelizmente, devido aos tank controls, o jogo é bem mais desagradável de ser jogado nos dias de hoje, dificultando bastante os tiroteios. A mira de Duke até que tem algum auto-aim para minimizar esse drawback, mas a meu ver foi um downgrade severo na jogabilidade.

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Shake it baby!

Graficamente o jogo não é nada de especial, com muita pena minha. É verdade que muitos jogos 3D da era 32bit envelheceram mal, mas em 1998/1999 já se viam jogos com visuais melhores na plataforma. As texturas têm muito pouca qualidade, sendo bastante pixelizadas. Mesmo sendo um jogo 2.5D, o próprio port do Duke Nukem 3D para a PS1 era bem mais agradável. Não só pela qualidade das texturas em si, mas por haver uma variação bem maior das mesmas nos cenários, aqui as coisas acabam por se tornar bastante repetitivas, com vários corredores iguais ao longo dos mapas, e todos eles muito quadrados. De facto este Duke Nukem Time to Kill também não é um jogo que prima por ter personagens muito detalhadas. Mas nem tudo é mau a nível técnico neste jogo. Acima de tudo ainda é um Duke Nukem e contém a habitual dose de humor, estando mais uma vez repleto de one liners, algumas recicladas de jogos anteriores, outras inteiramente novas. Infelizmente a banda sonora deixa muito a desejar, o jogo contém poucas músicas e as mesmas são bastante simples e curtas, sendo repetidas ad eternum em loop.

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Devo admitir que ver o Duke com um chapéu de cowboy teve a sua graça

Resumindo, acho que Duke Nukem Time to Kill é um jogo que não envelheceu nada bem. A começar pela jogabilidade e os seus tank controls que num jogo de acção como este só atrapalham, passando por uns visuais que poderiam ter sido melhor trabalhados, assim como a sua banda sonora. No entanto, para quem for fã de Duke Nukem, ainda encontrará aqui boas razões para revisitar este jogo. O seu humor continua em alta, onde para além das tradicionais “bocas” que vamos ouvindo ao longo do jogo, existem várias referências escondidas a outros jogos ou filmes. Fico agora a aguardar que o Land of the Babes entre um dia na minha colecção.