Já que estamos numa de rapidinhas, vamos continuar, ao abordar agora a versão Mega Drive do Rise of the Robots, um dos jogos mais hyped dos anos 90. mas que, quando saiu, acabou por ficar muito aquém das expectativas. Já cá tinha trazido a versão Super Nintendo no passado, pelo que recomendo que leiam esse artigo para mais algum detalhe. O meu exemplar da Mega Drive foi comprado a um particular no passado mês por cerca de 6, 7€.
Jogo com caixa e manual
Este é um jogo idêntico à sua versão SNES, ou seja um jogo de luta muito simples onde apenas podemos dar socos e pontapés, mas de uma forma algo atabalhoada, e, por motivos de história apenas poderemos controlar o cyborg presente na capa. Supostamente seria um jogo de luta altamente inteligente, com o CPU a aprender a nossa maneira de jogar e tentar contrariar os nossos movimentos, mas sinceramente o que se nota aqui é uma fluidez lenta e jogabilidade desinspirada.
É a mesma coisa qur nas SNES mas com gráficos menos coloridos
Do ponto de vista audiovisual, os lançamentos originais para DOS e Amiga estão de facto muito bons, repletos de cutscenes em CGI e uma música composta pelo Brian May, guitarrista dos Queen, que toca no ecrã título. Isso transitou tudo para as versões SNES e Mega Drive, embora aqui na Mega Drive as cores estejam muito mais esbatidas. Ainda assim, a cutscene inicial e aquelas pequenas intros a cada novo robot que lutamos, são sem dúvida o ponto alto do jogo. A música do Brian May infelizmente não ficou grande coisa aqui.
E pronto, é isto o Rise of the Robots para a Mega Drive. Uma versão para a Mega CD também chegou a estar em desenvolvimento, mas acabou por não se materializar. Ainda nas consolas da Sega, temos também uma versão 8bit para a Game Gear que mete medo só de pensar. E nesta altura do campeonato ainda não me apareceu nenhum Rise 2 para jogar, mas confesso que também não tenho pressa.
Já que estamos numa de rapidinhas sobre jogos de luta decepcionantes, poucos foram os que desiludiram mais do que Rise of the Robots. Durante os anos 90, este foi dos jogos mais promovidos em revistas que havia memória, muito antes sequer do jogo vir a ser lançado. E prometia muita coisa para 1994: gráficos inteiramente em 3D e melhores que os efeitos cinematográficos vistos no Jurassic Park, uma banda sonora inteiramente composta por Brian May, guitarrista dos Queen, e uma excelente jogabilidade com uma inteligência artificial que aprende o nosso estilo de luta e reage respectivamente. Apesar de ter sido planeado inicialmente para o Commodore Amiga e o PC, com todo o hype que recebeu acabou por receber investimento extra da Time Warner Interactive de forma a que saísse também para practicamente todas as consolas no mercado, o que atrasou bastante o seu desenvolvimento. Este meu exemplar é da versão Super Nintendo, foi comprada há 2 meses atrás num negócio que fiz a meias com um amigo, onde trouxemos um bundle de dezenas de cartuchos de Nintendo 64 e SNES por menos de 1€ cada.
Apenas o cartucho
Bom, tanto hype para o jogo ainda antes de ele ser lançado, originou uma expectativa muito grande à volta do jogo, estando inclusivamente já a equacionar-se toda uma série de merchandise, livros, comics, desenhos animados ou mesmo filmes, à volta do mesmo. E realmente o jogo possui uma história desnecessariamente extensa no manual, mas que pode ser resumida da seguinte forma: uma inteligência artificial poderosíssima apanhou um vírus que lhe deu consciência, fazendo com que se revoltasse e incitasse a revolta de todos os outros robots daquele pólo industrial de onde o jogo decorre. Os humanos não podem fazer nada, a não ser usar o cyborg protagonista do jogo que, pelo seu cérebro humano não foi afectado pelo vírus e é o único capaz de defrontar esta revolta dos robots.
Infelizmente o primeiro jogador tem de usar sempre o mesmo cyborg
Passando ao mais importante, a jogabilidade, já que foi o que mais desapontou. Por motivos da história, apenas podemos controlar o cyborg no modo single player, defrontando todos os outros robots numa ordem fixa. OK, aqui até aceito. Mas se optarmos pelo modo 2 jogadores, o primeiro jogador continua a poder APENAS seleccionar o tal cyborg. Se estivermos fartos de jogar com o mesmo robot, temos de ser o segundo jogador. É estúpido e não faz sentido nenhum. Depois os controlos também não são nada de especial. Não consegui fazer mais nada para além de socos e pontapés e o jogo não é nada fluído, até é bastante lento como um jogo de luta.
Por outro lado, a nível gráfico é de facto um óptimo jogo, tendo ficado muito melhor que a versão Mega Drive, mas ainda longe da versão Amiga e PC. Os robots são muito bem detalhados, sendo sprites digitalizadas de modelos 3D. No início do jogo e entre cada luta, vamos tendo sempre algumas cutscenes em full motion video que nos vão mostrando o progresso na história e apesar de estarem uns furos abaixo do original Amiga e PC, ainda assim ficaram com muita qualidade. A nível de som também é um jogo competente. Os efeitos sonoros como esperado são todos metalizados e a banda sonora, ao contrário do que seria de esperar, apenas possui uma música do Brian May e nem sequer foi originalmente composta para este jogo. De resto as músicas não me pareceram más de todo e na SNES até soaram particularmente bem.
Apesar de serem em baixa resolução, as cutscenes estão excelentes para a SNES
De resto, e apesar de ter sido um dos jogos que mais decepcionou pelas expectativas altíssimas que o público tinha na altura, não o acho um lixo altamente injogável como muitos lhe chamam. É certo que é mau, e para além da jogabilidade lenta e não balanceada existem ali algumas decisões no design do jogo que não fazem lá muito sentido. Mas vai-se jogando! A sequela, Rise 2, dizem que está muito melhor. Talvez um dia lá possa escrever uma breve análise.