Battletech (Sega Mega Drive)

Este jogo traz-me bastantes memórias! Quando descobri o admirável mundo novo da emulação algures no final de 1998, os anos seguintes foram todos passados a procurar obter o máximo de ROMs possíveis para todos os sistemas retro e cujos emuladores o meu velhinho Pentium 133MHz com 32MB de RAM conseguia aguentar. Um dos que joguei várias vezes e sempre me fascinou (apesar de na altura nunca ter avançado muito no jogo) foi precisamente este Battletech, o único videojogo da saga Battletech/Mechwarrior a ter um lançamento na consola de 16bit da Sega. Infelizmente esta versão é exclusiva norte-americana, ao contrário da versão SNES conhecida por Mechwarrior 3050 que essa sim, já saiu cá. O meu exemplar veio da vinted algures no mês passado por 40€.

Jogo com caixa e manual. O selo SEGA Portugal engana pois a caixa é originalmente de um outro jogo. Embora não ponha as mãos no fogo pela Ecofilmes, é bem possível que tenham importado algumas unidades do jogo para o vender cá e o se tenham enganado no autocolante traseiro.

O universo Battletech surge de um jogo de tabuleiro criado pela FASA e como aconteceu com muitos jogos de tabuleiro de fantasia ou ficção científica, adaptações para videojogos não tardaram a surgir, com as primeiras a saírem para o PC e outros microcomputadores contemporâneos e eram, inicialmente, RPGs. Em 1989 surge também o primeiro Mechwarrior que já era um jogo mais de simulação (e que acaba também por receber uma versão SNES em 1993). Algumas sequelas de ambas as séries depois, surge então para a Sega Genesis este Battletech, um jogo que muito me remete para os títulos da Electronic Arts como a sua série Strike. Isto porque o jogo é todo passado numa perspectiva isométrica e muitas das mecânicas aqui introduzidas têm várias similaridades!

Antes de cada missão temos direito a um briefing extensivo que nos detalha os seus objectivos

O jogo está dividido em 5 missões em diferentes planetas hostis onde teremos de cumprir uma série de objectivos. Por exemplo, logo na primeira missão o jogo recomenda-nos destruir primeiros os radares inimigos, em seguida as bases aéreas e só depois os restantes objectivos, que também incluem o resgate de um prisioneiro. Muito similar ao Desert Strike! Mas ocasionalmente também teremos algumas restrições que nos obrigam a cumprir certos objectivos por ordem, levar as instruções à risca ou até termos algum limite de tempo para executar uma determinada tarefa, tudo isto sob a pena de perdermos o jogo em caso de insucesso. Antes de cada missão poderemos equipar o nosso mecha com 3 armas dentro de 9 possíveis, cada qual com tipos de fogo diferente (leve, médio e pesado) e número de munição disponível. Ao explorar o mapa e destruir alvos inimigos poderemos no entanto encontrar power ups que nos restabelecem as munições ou até a energia do nosso mecha. Ao contrário dos Strikes, felizmente não precisamos de nos preocupar com combustíveis.

Ocasionalmente teremos outros mechas para defrontar e estes vão sendo cada vez maiores e mais perigosos

Até aqui tudo bem, mas a meu ver o maior problema do jogo está mesmo nos seus controlos que têm uma curva de aprendizagem considerável. Começando pelo simples: As armas escolhidas são mapeadas para os botões A, B e C e o direccional move o nosso mecha. No entanto, tal como num tanque de guerra, é possível movermo-nos numa direcção e apontar os canhões para outra direcção qualquer. Para o fazermos, devemos primeiro movermo-nos numa direcção e posteriormente manter o botão B pressionado para disparar a nossa arma principal. Enquanto mantivermos o botão B pressionado o mecha irá andar na direcção inicialmente predefinida, podendo depois usar o direccional para disparar na direcção pretendida. No caso de enfrentarmos um mecha inimigo, o jogo dá-nos a possibilidade de fazer o reverso: a direcção de fogo fica trancada ao mecha inimigo e o direccional permite-nos mover livremente. Para isso devemos primeiro parar o mecha e apontar na sua direcção, disparar e manter o botão B pressionado assim que o atingirmos. Ness altura o alvo fica trancado e enquanto mantivermos o botão pressionado ou não o derrotamos, este sistema mantém-se activo. Vamos ter de dominar bem todas as técnicas pois o jogo possui inúmeros inimigos, muitos que fazem spawn constante até destruirmos as bases de onde eles sarem e os itens que apanhamos surgem em número limitado. Felizmente, tal como na série Strike, basta estarmos ligeiramente alinhados com algum inimigo que os nossos projécteis serão disparados na sua direcção. Para além que certos níveis vão ter toda uma série de obstáculos que nos causam dano e que teremos de evitar, o que é especialmente difícil no segundo nível, repleto de gelo que faz com que escorreguemos facilmente. De resto, e ainda na jogabilidade, o jogo possui um modo cooperativo para dois jogadores que achei bastante original, isto porque um jogador controla movimento do mecha enquanto o outro controla as suas armas e direcção de fogo.

As armas principais (tipicamente metralhadoras pesadas ou raios laser) ficam associadas ao botão B e são as que têm munição em maior número. Os botões A e C ficam com munições pesadas ou tácticas associados, com modos de fogo distintos

A nível audiovisual este é um jogo que sinceramente acho que deixa um pouco a desejar, ou pelo menos haveria potencial para ser melhor. A nível de apresentação até não está mau de todo, com uma pequena cutscene inicial que me fazia as delícias em miúdo, diferentes ecrãs de game over e interlúdios consideráveis entre missões, embora não sejam propriamente muito detalhados. A nível gráfico não anda muito longe dos jogos da série Strike, e os 5 níveis são bastante distintos entre si, embora o mesmo não possa ser dito dos inimigos que se vão repetindo. Mas é no som onde haveria um maior potencial para melhorias. Por um lado o jogo está repleto de algumas vozes digitalizadas que até soam bastante límpidas, por outro lado só temos música no ecrã título e interlúdios entre missões e mesmo assim não achei as músicas nada de especial.

Há 25 anos atrás achava esta introdução fantástica!

Portanto este é um jogo muito interessante embora seja incrivelmente difícil pelos seus controlos não convencionais (resultaria perfeitamente como um twin stick shooter nos dias de hoje!), inimigos numerosos e agressivos, bem como alguns objectivos bastante exigentes a cumprir. Por outro lado o modo multiplayer cooperativo deveria ser bastante divertido! De resto, como já mencionei acima, para além do lançamento original de 1994 em solo americano e que se manteve exclusivo nesse território, no ano seguinte o jogo é convertido para a Super Nintendo. Essa versão possui gráficos e som ligeiramente melhores (embora ainda não hajam músicas durante os níveis) e a jogabilidade foi ligeiramente modificada, mas uma vista de olhos rápida pelo manual dessa versão dá-me a entender que não ficou muito melhor.

Batman Returns (Sega Mega CD)

Eu costumo dizer que há 3 categorias de jogos para a Mega CD. A primeira é para aqueles jogos inteiramente baseados em full motion video, algo que era a loucura naquele tempo, toda a gente achava que era o futuro, mas não poderiam estar mais redondamente enganados. A segunda recai nas conversões de jogos previamente lançados na Mega Drive, eventualmente com alguns extras, como música em CD audio, clipes de vídeo e/ou algum nível extra. A terceira categoria são os outros, os “exclusivos” que não abusam das full motion videos, e tipicamente os melhores jogos da plataforma recaem nesta última categoria. O Batman Returns recai na segunda categoria, mas está longe de ser uma conversão preguiçosa, pois inclui muitas novidades. O meu exemplar chegou até mim através de uma troca que fiz com um coleccionador estrangeiro.

Jogo com caixa e manual

Por um lado, esta versão é muito semelhante à da Mega Drive, visto que inclui todos os seus níveis e mecânicas de jogo. Mas para além disso, intercalando com os níveis da Mega Drive, temos também alguns níveis extra de condução de carros ou outros veículos, que mostram todas as capacidades técnicas da Mega CD. Temos no entanto a possibilidade de optar por jogar apenas os níveis da versão Mega Drive, apenas os de condução, ou ambos. Os níveis de condução são compostos por várias etapas, onde o objectivo é o de destruir todos os inimigos em pista, dentro de um determinado tempo limite. Temos uma barra de energia e em baixo vemos a barra de energia total de todos os inimigos presentes na estrada. Depois temos 2 ataques, um de rajadas de metralhadora, com munições infinitas, e um outro onde podemos lançar mísseis teleguiados para os inimigos, estes já com munições limitadas, porém podemos ir encontrando alguns pick ups que nos restabelecem os mísseis, ocasionalmente espalhados na estrada.

Os níveis de condução estão gráficamente muito bem conseguidos

Tecnicamente é um jogo interessante. Por um lado os níveis da Mega Drive parecem-me iguais, por outro quando entramos num nível de condução vemos logo um grande salto na qualidade gráfica, a começar na pequena cutscene onde vemos o Batmobile visto de frente com alguns efeitos de luz interessantes. Logo nesta cutscene vemos óptimos efeitos de rotação e ampliação de sprites, algo muito comum em jogos de Super Nintendo e uma das poucas melhorias gráficas possibilitadas pelo hardware da Mega CD. A partir do momento em que começamos a conduzir, também continuamos a ver esses efeitos gráficos em movimento, resultando numa experiência de condução bastante imersiva. Fico curioso em ver como a Mega CD se adaptaria a algumas conversões a sério de títulos Super Scaler, como o Out Run. De resto, os efeitos sonoros também possuem melhor qualidade no geral e as músicas em chiptune foram substituídas por uma banda sonora em CD Audio, composta por Spencer Nielsen. A banda sonora é maioritariamente rock, o que até me agrada, mas soa algo estranha, num jogo tão noir como este.

Portanto este Batman Returns é para mim um excelente exemplo em como converter um jogo de Mega Drive mas adicionando-lhe novas funcionalidades interessantes para a Mega CD.

Batman Returns (Sega Mega Drive)

Vamos para mais uma rapidinha e voltando à consola de 16bit da Sega. Apesar de já ter trazido aqui o Batman Returns da Master System (que tinha sido produzido pela Aspect), esta iteração para a Mega Drive é um jogo diferente, produzido pela Malibu Interactive. Na verdade este é mais um dos exemplos em que temos diferentes adaptações de filmes para diferentes consolas ou computadores. As da NES e Super Nintendo, por exemplo, foram produzidas pela Konami e são beat ‘em ups à lá Final Fight ou Double Dragon. O meu exemplar foi comprado a um particular algures perto do final de 2018, tendo-me custado 15€.

Jogo com caixa e manual

O jogo segue, de uma forma leve, a história do filme de Tim Burton, onde como Batman teremos de defrontar o Pinguim que está a aterrorizar a cidade de Gotham. O jogo é um misto de sidescroller de acção e plataformas, tal como o da Master System, mas possui uma jogabilidade um pouco mais complexa. Isto porque sim, também temos um botão para atacar e outro para saltar, mas para além disso podemos encontrar e seleccionar entre diferentes armas que podem também ser usadas. Coisas como os habituais bumerangues do Batman, bombas de fumo que paralisam temporariamente os inimigos, uma arma que dispara uma espécie de arpão, entre outros. Estes itens possuem munições limitadas que teremos de descobrir pelos níveis. Tal como o jogo da Master System no entanto podemos planar ao abrir a capa ou disparar um gancho para subir para plataformas longínquas. Os outros power ups consistem itens que nos regeneram a barra de vida ou mesmo vidas extras, estas que vão ser extremamente úteis pois o jogo é desafiante, com inimigos a surgirem de todo o lado e muitas vezes é difícil não sofrer dano.

Graficamente este é um jogo muito sinistro por vezes, gostei disso.

A aventura está dividida em 4 actos, cada qual com diversos níveis e ocasionalmente sub bosses (como é o caso da Catwoman), culminando num boss no final do acto onde o Pinguim marca sempre a sua presença. Como devem imaginar o jogo decorre todo à noite, com os níveis a atravessarem os edifícios da cidade de Gotham, um centro comercial antigo, um circo todo psicopata, culminando nos esgotos, onde acabamos por derrotar o Pinguim de uma vez por todas.

E aqui até devo dizer que não desgostei de todo dos gráficos. Por um lado é verdade que a sprites de alguns inimigos podiam e deviam ter mais detalhe. Mas por outro lado, acho que os níveis possuem um bom nível de detalhe, principalmente tendo em conta os tons escuros que o jogo usa. Há um nível que jogamos num plano inclinado que ficou muito bem conseguido, já no acto com a temática do circo há um nível onde andamos a saltar de carruagem em carruagem num comboio repleto de armadilhas… são dois bons exemplos de originalidade no level design. Já no que diz respeito ao som, este também tem os seus altos e baixos. Isto porque pessoalmente não achei os efeitos especiais nada de especial, mas já as músicas, essas são interessantes pois tanto variam em temas discretos e algo sinistro, como melodias mais mexidas. Para mim foi mesmo uma questão de hábito.

Achei este nível tecnicamente bem conseguido

Portanto temos aqui um jogo que apesar de longe de ser perfeito, até que dá para divertir um pouco. A versão Mega CD é muito semelhante a esta, mas para além de incluir uma banda sonora de melhor qualidade, temos também alguns níveis onde conduzimos o Batmobile e as capacidades técnicas da Mega CD são mesmo postas à prova. Mas isso é tema para um eventual artigo no futuro.

Ex-Mutants (Sega Mega Drive)

Voltando às rapidinhas, o jogo que cá trago agora é mais um jogo de acção para a Mega Drive, o Ex-Mutants. É um jogo baseado numa comic que sinceramente não conhecia, mas que é uma espécie de antítese dos X-Men, pois também está relacionada com mutantes, mas não da mesma forma. O meu exemplar foi-me oferecido por um particular algures em Junho passado. É um cartucho apenas, mas dá para jogar e assim que possível tento trocar por uma versão mais completa. Edit: Recentemente fiz uma troca com um amigo meu que consegui ficar com o jogo completo.

Jogo com caixa e manual

Ora tal como referi acima, este jogo é uma espécie de X-Men mas ao contrário. O mesmo decorre num futuro pós apocalíptico, onde após tanta exposição nuclear da guerra, todos os humanos sobreviventes acabaram por se transformar em mutantes. O Professor Xavier lá do sítio (aqui com o nome de Kildare) é um cyborg programado para devolver a humanidade aos mutantes, onde recruta 6 mutantes para a sua equipa de super heróis e retorna-os a humanos perfeitamente normais, daí o nome Ex-Mutants. Confesso que é um conceito um pouco estranho, mas original. O maior vilão lá do sítio é uma lesma gigante chamada Sluggo que rapta quase todos os Ex-Mutants. Quase todos, execpto Shannon e Ackroyd, que são os heróis que podemos escolher para começar a aventura. Ao longo do jogo vamos atravessando várias áreas urbanas em ruínas, repletas de mutantes e outras armadilhas, salvar os nossos amigos e ir derrotando os minions de Sluggo pelo caminho.

Cada personagem possui as suas vantagens e desvantagens

A jogabilidade é simples, com um botão para saltar e outros dois para atacar. Cada personagem possui a sua própria arma, Ackroyd tem um machado com curto alcance, ataques lentos, porém começa com mais vida. Já Shannon possui uma nunchaku como arma principal, que por sua vez tem um alcance maior que o machado, é mais ágil mas mais fraca. Depois ao longo do jogo vamos poder apanhar vários power ups, desde as tais armas secundárias que geralmente são vários tipos diferentes de explosivos, a outras armas brancas que são lançadas como projécteis automaticamente, de cada vez que ataquemos com o botão normal de ataque. Tanto os power ups de um género como do outro possuem munições limitadas, mas felizmente não faltam power ups para apanhar. Mas o que também não faltam são inimigos, obstáculos e armadilhas, pelo que devemos jogar com alguma cautela e planear os nossos movimentos com algum cuidado.

Ao longo do jogo temos muitos obstáculos pela frente, desde plataformas que desaparecem, lâminas por tudo quanto é lado e até bolas de fogo pelo ar.

No que diz respeito aos audiovisuais, sinceramente até gosto dos cenários, todos eles partes da cidade em ruínas, mas também todos com algumas diferenças entre si, desde os esgotos, o sistema de metro, ou zonas mais urbanas. Também gostei dos pequenos diálogos entre cada nível. Por outro lado acho que as sprites poderiam ser um pouco maiores e melhor detalhadas e a música sinceramente não achei nada de especial. Temos também algumas vozes digitalizadas mas a qualidade das mesmas não é a mais nítida, ainda assim dá para entreter.

Portanto este é um jogo de acção/plataformas até que bastante interessante, principalmente para quem for fã de X-Men e quiser jogar algo numa realidade alternativa onde mutantes são normais, já humanos são uma raridade e ostracizados.